POV Thalia

— THALIA ACORDA LOGO. – Ouvi a voz de Annabeth.

Meu corpo inteiro parecia ser feito de concreto e meus olhos custaram abrir.

— Thalia Grace é a última vez que eu te chamo, se não levantar agora vou te deixar aqui sozinha.

Murmurei algo sem nexo e levantei.

— Annabeth você não tem noção do quanto te odeio. – Ouvi sua risada irônica.

— Afrodite chega de viajem hoje e se ver a casa dela nesse estado vai ter um ataque. Temos que sair antes que ela chegue, Thals.

Assenti e saímos do quarto. Como Annie disse, a casa de Silena e Piper estava destruída. Cortina de macarrão, cinzas de cigarro e um fedor horrível de sexo e álcool por todo canto.

— Antes de sairmos, será que consigo achar um remédio para ressaca? – Perguntei em baixo tom por culpa da dor de cabeça.

— Eu já tinha pensado nisso. – Ela sorriu e tirou uma pílula do bolso.

— Esqueça o que eu disse, não te odeio nem um pouco. – Engoli o remédio e saímos da casa indo em direção ao meu carro.

— Com licença, vocês são amigas das minhas filhas? – Uma mulher nos interrompeu. Era alta e loira. Pela sua beleza, tive certeza que era Afrodite.

— Sim, nós somos. – Annabeth respondeu mais rápido e sorriu simpática. – Meu nome é Katie e o dela é Emily. tocamos a campainha mas ninguém atendeu, achamos que elas estariam dormindo.

Sorri simpática para Afrodite, tentando esconder minha cara de surpresa pela mentira enorme de Annabeth... A convivência dela comigo me surpreendia cada vez mais.

A mulher sorriu.

— Se quiserem falar com elas, eu posso acordá-las.

Annabeth me olhou tipo "agora é sua vez".

— Bem, estávamos de passagem, outra hora encontramos elas.

— Não garotas, eu insisto.

— Muito gentil da sua parte, mas realmente preferimos conversar com elas depois.

— Ok, tudo bem então. Tenham um bom dia.

Sorrimos falso mais uma vez e andamos apressadas até o carro.

POV Luke.

Ouvi um grito e franzi a testa.

— Quem é a condenada que está gritando uma hora dessas? – Ouvi Clarisse, em algum canto reclamando.

O grito vinha ficando mais próximo, então resolvi abrir os olhos. Uma mulher loira parecia furiosa e gritava aos quatro cantos do mundo.

— Caralho. – Murmurei.

— O que está acontecendo? – Ouvi Leo perguntar com a língua enrolada

— Quando eu gritar todo mundo levanta e corre. – Eu mandei

— Estamos na casa da Sailena e da Paiper? – Senti vontade de rir, mas apenas fiz um "uhum" baixo para Afrodite não escutar.

Ela andou com os saltos gigantes até o outro lado da sala e entrou no quarto das meninas. Foi aí que eu gritei e todos levantaram e correram. Pessoas saíam pelas janelas e pela porta. Corremos em direção a esquina mais longe e olhei para o lado. Vi Percy enrolado num lençol, ele parecia extremamente cansado.

— Leo me ajuda. – Ele pediu ao elfo que corria desajeitado do seu lado.

— Cara, só vai. – Percy soltou o lençol e correu só de cueca.

Alguns ao nosso redor riram, mas continuaram correndo. Conseguimos ouvir o grito do padrasto das meninas e isso só nos incentivou a correr mais rápido.

Quando chegamos na esquina, cada um foi em uma direção. Eu fui para casa e com sorte, meus pais já teriam saído para trabalhar e eu poderia trocar de roupa e ir para escola.

POV Annabeth

— Vamos Annabeth, estamos quase atrasadas. – Thalia me avisou com a voz abafada do outro lado da porta.

Acabei de me vestir e saí do banheiro. Ela segurava um cigarro acesso e me olhou surpresa soprando a fumaça.

— Uau Annie, isso tudo é para o Percy? – Revirei os olhos.

— Para com isso Grace, e vá logo tomar seu banho.

Ela arqueou uma sobrancelha e sorrindo, se dirigiu ao banheiro.

O quarto estava com cheiro de cigarro, graças a Thalia. Fui até a janela e a abri respirando ar puro. Senti meu celular vibrar no bolso e a abri uma mensagem de Luke

L: Cadê a Thalia?

A: Bom dia pra você também.

L: Desculpe, é só que não vi ela durante a fuga.

A: "Fuga"?

L: Longa história.

A: Estamos na minha casa, talvez cheguemos na terceira aula.

L: Ok, vejo vocês aqui.

Ouvi a porta do banheiro abri.

— Finalmente consegui tirar todo o fedor de bebida do meu corpo. – Ela suspirou meio aliviada e eu ri.

— Ok, vamos logo senão vamos chegar mais atrasadas do que já estamos... Aliás, e a sua mochila? – Perguntei.

— Nem se preocupe, já mandei mensagem pedindo para o Jason levar. – Ela sorriu. – Vamos.

[...]

POV Thalia

O sino do intervalo finalmente tocou. Juntei meus livros e saí da entediante aula de matemática avançada.

Infelizmente, essa aula era a que eu fazia sozinha, sem ninguém da Galera, e isso era meio ruim visto que em todas as aulas eu tinha companhia de algum deles.

Guardei meus livros no armário e fui para o pátio. Peguei meu lanche e fui para a nossa mesa. Não era nossa, mas nós sempre sentávamos lá, era como se fosse nosso território. Era nosso Olimpo, onde nós podíamos rir e conversar todos juntos e em "paz".

Sentei perto de Annabeth e dei um "oi" a todos.

— Meio desanimada, Thalia? – Silena perguntou comendo sua maçã.

— Acho que a aula de matemática acabou com ela. – Riu Charles.

— Não fale de mim como se eu não estivesse aqui Beckendorf. Sou menor que você mas consigo fazer alguns estragos antes de ir para o túmulo. – Disse sorrindo.

— Ameaçou mesmo. – Leo riu.

— É melhor mesmo ficar longe dessa garota, Charles. Ela é louca. – Luke disse como uma advertência na hora em que chegou e se sentou.

— Já disse que não gosto que me chamem de Charles. – Ele revirou os olhos.

— Vejo que Thalia não é a única louca aqui. – Luke disse e nós rimos.

— Espere aí. – Silena disse. – Você nunca reclama quando te chamo de Charles.

— Prevejo um casal. – Clarisse disse. E Beckendorf enrubesceu.

— Mudando de assunto, o treinador Hedge me chamou para um teste na seleção de basquete... – Luke comentou.

— Isso é bom, não é? – Percy perguntou. – Nossa escola vai sempre muito bem nos campeonatos.

— Sim é bom... Mas estou com um pouco de receio, vocês sabem como é o treinador.

— Você vai se sair bem. – Disse Annabeth. – O Jason também não faz parte do time, Thalia?

— Faz sim, e eu acho que você vai conseguir passar. – Disse comendo uma batata.

Ela deu um meio sorriso e ficou mexendo no celular.

Minutos depois, senti o meu celular vibrar no bolso e o olhei estampando um sorriso irônico.

L: O que acha de ir ver meu teste hoje?

T: Pode ser, que horas?

L: Depois das aulas.

Dei um sorrisinho e recebi o olhar de Annabeth no melhor estilo "depois você vai me contar tudinho".

[...]

Eu já tinha a plena certeza que eu ia desisti de todo curso envolvendo exatas. Eu era mais ou menos nas provas, mas sei que ia surtar se tivesse que estudar isso mais do que o necessário.

Quando o sinal tocou dei um suspiro pesado e saí da sala indo em direção ao ginásio, mas precisamente, as arquibancadas. Tinha uma menina lá também. Com feições meio asiáticas e uma roupa estilo prostituta. Ela era bonita, do tipo de menina que consegue todos os meninos que quer.

Quando Luke entrou, me deu um sorrisinho e fez seu teste, que basicamente era jogar a bola na cesta alguns milhões de vezes. A menina olhava para ele com um olhar do tipo "me coma" e fazia algumas tentativas de olhar sexy, que para mim parecia mais uma grave dor de barriga.

Quando o teste de Luke terminou, ele conversou um pouco com o treinador, se despediu e veio até mim sorrindo. Pelo visto, ele tinha passado.

— Parece que vocês tinham razão. – Ele tentou me abraçar.

— Espere aí Castellan, você está todo suado. – Reclamei e nós rimos.

— Bem, eu não tenho problema com suor. – A menina que agia como vagabunda se aproximou e disse. Olhei para ela com o melhor olhar estilo "não acredito que ela disse isso" e Luke deu um riso sem jeito.

— É... Qual seu nome mesmo? – Ele perguntou por pura educação.

— Drew Tanaka, mas pode me chamar só de Drew. – "E de vagabunda também se quiser" pensei.

Ela se aproximou mais dele, quase passando os seios nele.

— Eu sou Luke, Drew. E essa é minha namorada, Thalia. – Eu não sei quem se assustou mais com a intitulação "namorada" eu ou a vagabunda.

Ela se afastou bruscamente dele e deu um sorrisinho sem jeito.

— Eu acho que já vou indo, fez um ótimo teste. Bem vindo ao time – E foi embora.

Nós gargalhamos.

— Não acredito que disse isso. – Cobri meu rosto rubro com as mãos.

— Não acredita em o que? – Ele perguntou se fazendo de confuso.

— Que você disse a ela que nós namoramos, seu idiota. – Ele riu. – Vão todos pensar que namoramos mesmo.

— E não é quase isso? – Ele me abraçou de lado e me deu um selinho.

Senti meu rosto esquentar. Aí, Luke você não facilita nada a situação pra mim, não é? Pensei.