High School Manual escrita por Bird


Capítulo 24
Parece que sempre criei vocês para isso, então não me decepcionem.


Notas iniciais do capítulo

MUITAS EXPLICAÇÕES PARA QUEM FICOU CONFUSO TANTO QUANTO A THALIA NO ÚLTIMO CAPÍTULO
Se comentar o dedo não cai!
Espero que gostem ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/699549/chapter/24

Eu e Jason saímos da escola em direção ao meu carro. Momentos atrás eu estava chamando Jason para vir comigo, enquanto ele alegava estar ocupado demais conversando com Leo sobre uma possível festa. Finalmente, Luke deixou escapar que Nico me ligou, e ele preferiu explicações de meu pai do que preços de bebidas. 

— O que você acha que ele está tramando? – Perguntou-me. 

— Sinceramente, eu não faço ideia. – Olhei o sinal verde e acelerei. – Mas não me parece nada bom. 

O resto do caminho seguimos em silêncio. Na fachada de nossa casa havia um caminhão e o carro do meu pai. Era claramente um caminhão de mudanças e Jason me olhou quase desesperado e preocupado com o que eu faria no momento em que fechei a porta do carro com raiva e procurando Zeus no meio das pessoas que tiravam os móveis da minha casa e colocavam no caminhão. 

Quando encontrei o homem grisalho minha vontade era de chegar com os dois pé na cara, mas eu me contive, e COMO me contive. Ele estava de costas para mim, conversando com quem eu achei que fosse o dono do caminhão que patrão dos homens e colocavam os móveis no caminhão.  

— Pai? – Cruzei os braços acima do peito. – Que bagunça toda é essa. 

— Oh. – Ele sorriu. Se ele quer jogar esse jogo, vamos lá. – Rob, quero que conheça Thalia e Jason, meus filhos. Crianças, esse é Rob que está responsável pela nossa mudança. 

Assenti encarando o homem moreno e grande. 

— Pai, será que podemos conversar... – Jason começou e encarou Rob. 

— A sós. – Completei e Zeus assentiu, sendo guiado por nós até dentro de casa. 

Quando Jason fechou a porta eu encarei Zeus. 

— Mas que merda está acontecendo?! – Me exaltei levantando os braços. 

— Estamos nos mudando, Thalia. Não grite comigo. – Ele disse. 

— Gritar? Eu deveria berrar aos quatro cantos do mundo o quanto você é louco. – Gritei. 

— JÁ FALEI PARA NÃO GRITAR THALIA, NÃO ME DESAFIE. – Ele veio para cima de mim, mas Jason apartou. 

— Ia fazer o que?! Me bater? – Perguntei em tom mais baixo, mas ainda inconformada.

Ele não respondeu e relaxou as mãos que estavam em punhos. 

— Eu e Hera estamos indo para Berlim. – Disse mais calmo. – E vocês terão de ir conosco. 

Balancei a cabeça. 

— Eu não vou. – Disse. 

— Vai sim, é o melhor para todos. – Me encarou. 

— Você está fugindo. – Olhei em seus olhos, idênticos aos meus. – Do que tem tanto medo, o que faz o todo poderoso Zeus abandonar suas filiais aqui para começar do zero na Europa? 

Ele se apoiou em um criado mudo e passou a mão na testa, como se estivesse cansado. Pela primeira vez em anos eu notei o quanto meu pai estava exausto. Com olheiras fundas e barba por fazer. Ele parecia quase doente. 

— Você não tem nem ideia, Thalia. Do quanto isso, ficar aqui, vai me fazer mal. Não vou abandonar as filiais, mas eu não posso mais ficar nessa cidade. E Berlim nos recebeu tão bem, que eu pensei "por que não?". 

— Pai. – Jason se pronunciou pela primeira vez. – O que está acontecendo? 

Respirei fundo tentando engolir o nó que se formou em minha garganta. 

— A mãe de vocês voltou. – Disse simplesmente. E nos encarou cansado. Aquele olhar, aquele momento. Eu sabia que ia guardar aquilo para sempre comigo. 

— Ela voltou? – Jason perguntou? – Mas ela não pode sumir durante 16 anos e aparecer assim do nada. 

Jay estava com raiva. Meu pai estava triste. E aos poucos, tudo parecia se encaixar na minha cabeça. Ele ia embora por causa de Beryl. Durante dezesseis anos, a ferida que minha mãe causou nele ainda não havia se curado, e agora parecia mais aberta e perigosa do que nunca. 

— Eu sei que ela não pode. Mas ela fez. – Zeus respondeu. – E é por isso que eu sempre penso que ela se parece com você, Thalia. 

Me encarou durante alguns segundos, até voltar o olhar triste para o chão. Me aproximei dele e toquei seu ombro. Ele me olhou e em seguida me abraçou, sendo correspondido. 

— Vocês vão. – Eu falei. 

Ele se afastou devagar e me encarou confuso. 

— Como assim, filha? 

Filha. A última vez que ele me chamou assim foi antes de Jay nascer.  

— Você e Hera. – Eu disse. – Vão para Berlim, fortaleçam a empresa, formem o império que ela é aqui. E eu e Jason ficamos aqui. 

Ele olhou e eu soube que no exato momento ele ia negar, por isso, continuei a argumentar. 

— Eu já sou maior de idade e estou no último ano, Jay está no penúltimo. Eu posso começar em algum emprego, e nós ficamos com a casa. – Sorri confiante com o plano e Jay se aproximou concordando.  

Zeus pensou. 

— Qual é pai, me fale um aeroporto que vai deixar Thalia embarcar com essa cara de psicopata que ela tem? – Jason disse e nós três rimos. 

— Vocês podem ficar aqui. Mas terão de seguir algumas regras e não precisa arranjar emprego Thalia, eu mandarei dinheiro mensalmente, esse é um assunto em que não precisaram se preocupar.  

Nós três sorrimos. 

[...] 

— Sem festas, ou pelo menos, sem festas que incomodem os vizinhos e atraia o interesse da polícia. – Ele começou. – Quero receber seus boletins e notas por e-mail. Thalia, eu e você ainda temos muito a conversar sobre sua faculdade, e vou te ligar assim que pisar em terra firme. 

Nós dois assentimos e ele sorriu para nós. 

— Meus dois filhos. Já tão adultos. – Disse orgulhoso. – Acho que valeu apena todas as brigas e desentendimentos dentro de casa. Vocês se tornaram pessoas fortes, e graças a todos os meus erros, vocês se tornaram pessoas boas também.  

Sorri concordando com ele. 

— O senhor vai nos visitar né? Seria agonizante não ouvir seus gritos pela casa. – Jason perguntou.

— Virei visitar e pretendo sempre manter contado com vocês. – Ele abraçou Jason e em seguida me abraçou antes de entrar no carro. – Vocês vão se dar bem sozinhos. Parece que sempre criei vocês para isso, então não me decepcionem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem!