High School Manual escrita por Bird


Capítulo 2
Regra número um


Notas iniciais do capítulo

Thaluke..?



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Depois de algumas ruas, Luke apontou para uma casa amarela. Estacionei o carro e enquanto ele abria a porta, eu ergui Annabeth que agora estava um pouco mais acordada. 

— Onde... Porra! Que dor do inferno. —  Ela resmungou.

Luke indicou a porta do seu quarto e eu empurrei a loira lá pra dentro. Uns posters de banda, umas blusas bagunçadas e algumas fotos. Vi uma porta branca perto da sua escrivaninha e supus que fosse um banheiro. Banho. Era disso que Annabeth precisava.

Fui dar uma olhada e estava certa. Trouxe ela para dentro do banheiro e tranquei a porta. 

— Annabeth agora eu preciso que você me ajude, ok? 

Ela parecia tonta e seus olhos ainda estavam vermelhos por causa do choro. Tirei a blusa dela, desabotoei seu shorts e liguei o chuveiro. Ela murmurou alguma coisa, acho que reclamando da água gelada. Depois de um tempo ela parecia bem melhor, como se sua embriaguez fosse para o ralo junto com a água do chuveiro. 

Peguei uma toalha que estava lá e desliguei o registro. Ela se enrolou na toalha e me olhou. 

— Você deve me detestar bem mais agora. — Sorriu melancólica.

— Na verdade, acho que comecei a gostar de você. —  Dei um meio sorriso. 

— Fala sério... 

— Sinceramente, eu achei que você nunca seria capaz de quebrar meia regra sequer. Mas depois de ver você totalmente embriagada sem se aguentar em pé na escola, vi que você tem uma coragem que eu admito admirar. —  Ela riu. —  Vamos logo sair daqui.

Saímos e eu vi uma camisa de Luke em cima da cama que não estava aqui antes de entrarmos no banheiro.  

— Ele deve ter escutado o som do chuveiro e deixou isso para você se trocar. —  Comentei.

Ela pegou a camisa e observou o quarto.

— Desculpe, mas onde eu estou e quem é ele

Quase ri de mim mesma por não ter me dado conta que Annabeth não fazia a mínima ideia de quem era o deus grego Luke Castellan. Logo depois senti um frio na barriga. E se eles se conhecessem e começassem a se gostar. Tipo, gostar. Eu não conhecia Luke. Mas o pouco que conheci, eu já amei. Sua generosidade e hospitalidade... Além do fato de que Percy negou me ajudar e ele, sem nem me conhecer, ofereceu tudo para mim e Annabeth, que somos completas estranhas. 

— Vou procurar ele. Enquanto isso, se troque. —  Disse e saí do quarto.

A casa não era uma mansão. Mas era bem fácil uma convidada de primeira viagem se perder por aqueles corredores. Finalmente vi o balcão da cozinha americana e Luke no fogão. Senti o cheiro de café e me aproximei mais. Ele não sabia que eu estava ali até meu celular tocar no bolso. Ele se virou, me olhou, e voltou sua atenção para o café. Podia ver a sombra de seu sorriso. 

— Alô? 

Onde você tá? 

Percy. E agora? Dizer a verdade e esfregar na cara dele que ele foi um babaca e deixou sua melhor amiga sozinha? Sinceramente, eu estava cansada de Percy. Da sua voz, de tudo. Se existisse uma cota de idiotice, Percy já teria batido ela a muito tempo. 

Por fim, desliguei o celular sem lhe responder e o coloquei no silencioso. Voltei a me aproximar de Luke ficando do seu lado. 

— Você e a loirinha... São amigas?  

Sua voz estava aveludada. Ele parecia tão calmo e eu estava prestes a perder a cabeça. 

— Na verdade, nessa manhã eu fui uma grossa com ela. Nunca gostei de Annabeth. Mas não podia deixar ela lá pra ser apedrejada. 

Ele deu um sorriso discreto e foi até o balcão, colocando o café numa caneca. 

— Acho que ela vai se sentir melhor tomando um pouco de café.

— Você está certo. Eu entrego pra ela. Luke... Eu queria te agradecer por tudo que fez por ela. E por mim também. Nem sei como te agradecer... 

—  Sei como pode me agradecer.

Ele chegou mais perto, nossos narizes quase se tocando. Eu sentia que meu corpo podia entrar em combustão a qualquer momento. Sentia nossos hálitos se misturando. Desejava tanto poder beijá-lo.

Mas eu não podia. Meu celular vibrou em meu bolso e eu tinha certeza que era uma mensagem de Percy. Abaixei minha cabeça e apoiei uma de minhas mãos no peito de Luke. 

— O café vai esfriar se eu não levar logo para ela.

Ele deu um leve sorriso e eu saí da cozinha. Eu não sabia o que sentia pelo Luke. Só sabia que era maior do que qualquer sentimento que eu tive pelo Percy. Mas mesmo assim, eu não podia ficar com o Luke sem ter acabado tudo com o Percy. 

E falar em Percy, levando em conta que ele está furioso comigo, ele não pode nem sonhar que eu estou na casa de Luke e que eu quase beijei ele porque eu queria beijar ele. 

Bati na porta do quarto e entrei, vendo Annabeth já vestida, deitada na cama. Ela parecia bem, mas um pouco zonza. 

— Pegue. – Lhe entreguei a caneca. —  Vai se sentir melhor.

— Não sei nem como te agradecer, Thalia.

Lembrei do que aconteceu agora a pouco na cozinha. Será que Annebeth ouviu alguma coisa ?

[...] 

Perto de uma lareira vi uma foto de Luke. Parecia ter seis anos. Desenhava contos de fadas com giz no batente de casa. Outra foto: Luke e sua família no natal. Ao fundo podia ver uma árvore cheia de presentes. 

— Tudo parecia tão fácil nesse tempo. Presentes de um velho gordo. —  Ouvi sua voz atrás de mim e ri um pouco.

— Essa é sua mãe? —  Apontei para mais uma das fotos. Ela era magra, loira. Parecia baixinha. 

— Sim. —  Sorriu se aproximando. —  E esse. —  Apontou para outra foto. —  É meu pai.

— Vocês parecem que se entendem. —  Comentei olhando ele. 

— A gravidez da minha mãe não foi planejada, sabe. Sempre fomos bem humildes... Eles sempre tentaram me dar o mundo com apenas alguns dólares no bolso.  

— É bom ter pais assim... —  Sentei-me em uma poltrona.

— É... – Pareceu acordar. —  E os seus? 

— Meu pai era rico e adorava assistir peças. Minha mãe atuava bêbada. Ela era muito bonita... Por fora. Depois de alguns meses, eu nasci. Eles até tentaram ficar juntos. Pareciam se amar. Logo, veio a segunda gravidez. Minha mãe deixou Jason na maternidade e foi embora. 

— Embora... ? —  Ele perguntou.

— Isso. Nunca mais voltou. Jason cresceu sem mãe. Com um pai que lhe oferecia tudo menos amor. Desculpe. —  Limpei a porcaria de uma lágrima caindo. —  Preciso de um cigarro. 

— Vou esperar a loirinha descer. —  Ele meteu a mão no bolso e tirou o isqueiro.

Peguei o isqueiro da mão dele e fui para o batente de sua casa. Acendi um cigarro e traguei. Sentei e tirei o celular do bolso. 

Enquanto lia umas mensagens de Percy, pensei que se eu não tivesse perguntado sobre a família de Luke, não teria de envolver a minha. Poucas pessoas sabiam sobre a história que tinha contado a Luke. Perguntei a mim mesma o que tinha naquele sorriso que me fazia confiar tento nele. 

Ouvi a porta se abrindo e se fechando em seguida. Vi Luke e Annabeth em pé. Ela não estava mais com a blusa dele, e sim com a roupa dela. Isso me deixou estranhamente confortável.  

— Vamos ?  

— Sim. —  Ela respondeu.

Dei um abraço apertado em Luke e me despedi. Entrei no carro com Annabeth e mudei a marcha, saindo de lá. 

— A aulas já acabaram. —  Ela disse.

— Eu te deixo em casa.

Ela me guiou e pediu para que eu parasse em uma casa grande.  

— Annabeth... 

— Oi? 

— Peço que não conte ao Percy que estávamos na casa de Luke. Ele já está furioso demais comigo.

— Tudo bem, Thalia... Acho que vou indo, e mais uma vez, obrigada por tudo.

Ela saiu e entrou em casa. 

Regra número um, pensei: Nunca beba na escola


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Notas finais do capítulo

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