— VAMOS LÁ GALERA, PODEM ENTRAR. – Chris gritou do volante e Clarisse abriu a porta do furgão. – CLARISSE TROUXE BEBIDAS! 

Ri e entrei sendo seguida pelos outros. Peguei uma das latinhas de cerveja na caixa de gelo e a abri bebendo um pouco. 

— O que planejaram para essa noite, crianças? – Perguntei deitando minha cabeça no colo de Luke que bebeu um pouco da minha cerveja e acariciou meus cabelos. 

— Estávamos pensando em comemorar em um bar... – Chris começou a falar um pouco alto por conta da música que soava e mudou a marcha, acelerando em seguida. 

— Mas achamos que isso seria previsível e nem um pouco privado... – Clarisse procurava alguma coisa na caixa de gelo. 

— Então decidimos apenas ficar no porão da casa de Clarisse bebendo, o que acham? – Chris olhou para nós quando o sinal ficou vermelho. 

— Se lá não tiver só essa cerveja horrível, eu vou. – Clarisse jogou uma pedra de gelo em Percy que o fez gritar e nos rimos. 

— Não fale mal da minha cerveja, Jackson. – Ela o ameaçou. 

— Enfim, acho que vai ser uma ideia legal. – Silena concordou 

Leo engasgou. 

— Se a rainha da beleza falou, tá falado! Mas espero que lá tenha muita bebida, Cla! – Ele se empolgou. 

[...] 

Consegue imaginar a cena que se seguiu? Todos nós vestidos para o baile no porão da Clarisse, bebendo e rindo de qualquer coisa. Luke e eu dividimos algumas bebidas e cigarros. Leo e eu misturávamos algumas bebidas, vinho, vodca, tudo que imaginar, e virávamos em um shot só. Luke me disse para não fazer isso, mas eu não dei ouvidos. 

O resto da noite passou como um borrão na minha cabeça. Me lembro de dançar alguma música com Annabeth e de cair no colo do Luke. Lembro de fazer um brinde à Chris e Silena, os vencedores, e também lembro de derramar bebida no meu vestido. 

Por fim, eu apaguei. E senti as fibras de um colchão que claramente não era o meu. Quando abri os olhos, e vi paredes que claramente não pertenciam ao meu quarto. Mas quando olhei para o lado, encontrei Luke dormindo

Ele havia trocado minha roupa, e pelo cheiro do meu cabelo, havia me dado banho também. Sorri para sua figura dormindo tranquilamente e levantei da cama. Mas quando pisei os pés no chão frio, foi quando a dor de cabeça me invadiu. Suspirei pesado. Por que não pensei duas vezes antes de beber todo aquele álcool? Eu simplesmente odeio ficar de ressaca. 

Pensei em ir fazer um café da manhã para ele, como agradecimento por cuidar de mim na noite passada, mas nem sequer sabia se havia alguém em casa. Não pensei mais nessa possibilidade e caminhei até a cozinha. Na pia havia duas xícaras de café ainda quente, seus pais haviam acabado de sair para trabalhar. Olhei a hora no relógio da parede, eram 9:00. Me perguntei se chegamos muito tarde, e se seus pais perceberam que eu dormir na casa deles. 

Abri alguns armários e encontrei uma caixinha de remédios. Ele não tinha remédio para ressaca, mas um comprimido para a dor de cabeça já ajudava muito. Por fim, peguei uma frigideira e fiz o café da manhã. Acredite, a única coisa que eu sei fazer no quesito comida são ovos e bacon, que Jason um dia me ensinou em um tedioso acampamento de verão. 

também fiz café e coloquei em duas canecas. Quando estava quase tudo pronto, vi em uma pequena dispensa, uma daquelas mesinha para café da manhã na cama e pensei "por que não?". Coloquei nossa comida ali e levei a mesinha até seu quarto, apoiando ela no criado mudo enquanto o acordava enchendo seu rosto de beijinhos. 

— Não existe forma melhor de acordar. – Ele deu um sorriso sonolento e me puxou para um abraço, me deitando em cima dele. – Prometa que vai me acordar assim para sempre. 

— Eu prometo. – Revirei os olhos sorrindo. 

— Que cheiro é esse? Fez o café? 

— Fiz. – Sorri orgulhosa. 

— O cheiro está ótimo e eu estou faminto. 

Ele ia se sentar, mas antes que levantasse, coloquei a mesinha do café em seu colo e ele me olhou surpreso. 

— Café na cama? – Ele sorriu. – Onde está a verdadeira Thalia? Com certeza essa é uma sósia – O olhei sorrindo. 

 – É só uma forma de agradecer a você. 

— Pelo o que? – Perguntou com um pedaço de bacon na boca, me fazendo rir. 

— Por cuidar de mim na noite passada... – Sorri. – Mas mudando de assunto, quando eu desci dei a sorte de não encontrar com seus pais. Acho que nem contou a eles que eu dormir aqui. 

— Minha mãe nos ouviu chegando, mas não contou nada para meu pai. – Ele sorriu.  

— Por que está sorrindo? – Perguntei comendo meu bacon. 

Ele me encarava sorrindo, e poucos segundos depois eu notei que talvez eu estivesse horrível, com o cabelo bagunçado e o sorriso amarelo. Fiquei sentada na cama por alguns segundos, estática, tentando encontrar uma solução rápida... 

— Você nem percebeu que está com minha camisa. – Parei meus pensamentos e olhei para a camisa branca de alguma banda indie. – Está linda com ela. 

Suspirei e sorri aliviada.  

— Obrigado. – Levantei da cama e dei um beijo em sua bochecha. – Mas agora eu preciso tirar todo esse cheiro de bebida de cima de mim com um demorado banho. 

Ele assentiu e bebericou seu café. 

[...] 

Passei a toalha em meu cabelo molhado e saí do banheiro. Não encontrei Luke em seu quarto, mas quando desci para a cozinha o vi lavando a louça. 

— Pensei que a regra fosse quem suja lava. – O abracei e dei um beijinho em seu ombro coberto pelo pijama. 

— Mas existem exceções quando minha namorada faz um café na cama incrível para mim. – Ele enxugou as mãos e se virou para mim, beijando o topo da minha cabeça. – Eu gostaria muito de passar essa tarde toda com você, mas... 

— Mas nada, eu quero passar a tarde toda com você. – Descansei a cabeça em seu peito e o ouvi rir

— Prefere passar a tarde aqui ou ir para casa agora e se arrumar para nosso show? – O olhei. 

Me surpreendi ao perceber que havia esquecido completamente do show.

— Vou pegar minha bolsa lá em cima. – Dei um selinho nele e subi novamente as escadas.