Hamartia escrita por helo


Capítulo 1
Tell me wheres your hiding place


Notas iniciais do capítulo

Olá, minha primeira fanfic neste site, então espero que gostem :)



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Eu mudei de ideia. Não quero mais entrar. Não quero estudar nessa escola. Vamos voltar pra casa. Pode deixar que eu explico tudo pro velho... 

Stefan prosseguia atravessando o corredor, conforme puxava pela mão a garota em meio a protestos, em direção as grandes portas de carvalho que davam entrada ao salão principal, poderia parecer uma tarefa fácil, dentre o que estava acostumado a fazer no seu ramo de trabalho, mas viajar com uma bruxa adolescente de 13 anos irritadiça, estava sendo mais difícil e perturbador do que quando teve de recuperar o ovo de dragão de ouro e diamantes que mercenários Russos haviam roubado de seu chefe, também conhecido como pai da criatura com quem ele fora destinado a cruzar o país.  
Um leve flashback invadiu sua mente, lembrava-se de quando terminara, até então seu último serviço antes de tirar merecidas férias depois de cerca de dois anos e meio trabalhando sem parar, Stefan consagrara-se no mundo bruxo como auror, mas nunca gostou de trabalhar no ministério da magia, falava dos fatídicos cinco meses que passara no antro dos bruxos como uma das piores experiências de sua vida. Não era de nenhuma família importante. E era muito duro para bruxos sem parentes influentes ou sobrenomes de peso fazerem uma carreira no ministério, quando ninguém nem ao menos sabia quem eles eram. As melhores missões que caras como ele conseguiam em seus primeiros meses no ministério era buscar por corujas perdidas. E como já havia dito, levou cinco meses para descobrir que não era aquilo o que ele queria, pediu demissão do ministério, e encontrando-se mais uma vez livre, teve a sorte, ou talvez azar, debatia esse fato mentalmente até os dias de hoje, de numa noite em que vagava sem ruma pelas ruas frias de Brinxton encontrar um senhor com problemas em seu carro voador, por falta de algo melhor para fazer, decidiu ajudá-lo e depois de o carro já estar no ar, descobriu que estava carregado de ouro, e seu dono, um dos caras mais importantes e notados do mundo bruxo, ninguém mais, ninguém menos do que Bruce Mccallister. Veja bem, os Mccallister, eram uma daquelas famílias de bruxos tradicionais e riquíssimas, foram eles os fundadores do banco dos bruxos, e eram eles que abasteciam as riquezas do mesmo, eram investidores em tudo o que fosse lhes render alguns milhões a mais de galeões, e faziam isso com muito mérito, já que deveriam ocupar as três primeiras posições numa tabela diagnosticando a riqueza de cada família bruxa do Reino Unido, e talvez do mundo.  
Stefan sairá de seu encontro com Bruce com algumas barras de ouro encantado e um cargo de confiança na proteção do patrimônio e bens dos Mccallister.  
— Stefan... - Sobressaltou-se com o chamado repentino de seu nome. - Stefan, eu tô falando com você. Será que você pode olhar pra mim pelo menos uma vez como uma pessoa normal e não como um Troll treinado pelo meu pai? - Seus pensamentos acabaram sendo absortos quando ouviu mais um dos desaforos da menina, olhou-a diretamente nos olhos, assistindo-a devolver o olhar com a mesma intensidade.  
— O que foi agora Mccallister? Já tá na hora de trocar a frauda de novo? - devolveu a ofensa.  
—Emma! Já lhe disse para me chamar de Emma. - Ela respondeu ignorando o outro comentário, deixando Stefan sem saber se era ponto para ele ou para ela, no placar imaginário de pequenas discussões que vinham travando desde que deixaram a mansão dos Mccallister.  
— Você não vai falar logo de uma vez? - indagou Stefan perdendo a pouca paciência que ainda lhe restava.  
Assistiu a expressão facial da menina mudar subitamente. O rosto se fechou demonstrando que sofria. Ela olhava para os sapatos muito bem engraxados, e mexia um dos pés desconfortavelmente. Chegou a sentir pena da pobre garota. Por trás das atitudes individualistas e das palavras certeiras que usava, sempre com uma resposta a tudo, demonstrando que sabia exatamente o que queria, e que não desistiria sem alcançar aquilo o que almejava, havia uma garota solitária e com sérios problemas para confiar nas outras pessoas e nela mesma. A mãe de Stefan sempre lhe falava quando contava da filha do chefe, que crianças assim que são criadas com tudo na verdade não tem nada.  
— Me diz qual o problema, Emma, por Merlim, nosso tempo juntos está chegando ao fim. - Ele disse por fim, mudando o tom de voz, fazendo-se soar o mais confortador possível.  
— Ah, Stefan... - Podia ter apenas 28 anos de idade completos, e desses, trabalhava há oito para os Mccallister, o que o fazia conhecer Emma Mccallister desde que a menina era um projeto de ser humano, não poderia dizer que era apegado a ela, longe disso, mas havia um carinho, ele sentia um enorme carinho pela garota. E ao vê-la desarmada, sem palavras para explicar o que a afligia, deixava-o comovido.  
— Olha, eu não faço ideia de como você deve estar se sentindo agora, mas eu sei que deve ser uma droga mudar de escola, e deve ser uma droga ainda mais se for do jeito que aconteceu com você. - Ele respirou para continuar. - Eu te disse, eu também não sabia dessa decisão dos seus pais, cara, eu estava de férias, se você aparecesse ontem à noite na minha casa e me dissesse que hoje eu estaria atravessando a Inglaterra só para te levar pra escola, eu com certeza... - Pausa dramática. - Acreditaria. Seu pai já me pediu para fazer coisas piores em situações mais inesperadas ainda.  
— Você fala como se tivesse sido um estorvo todo o tempo que passamos juntos. - Ela dizia ressentida, mas ele podia jurar ver um sorriso pronto a se formar no canto da boca rosada da menina.  
— É claro que foi, garota, acabei de te falar que eu estou de férias! - Ele mantinha um tom divertido na voz. - Agora, é sério, para com isso, cara, você está em Hogwarts, a melhor escola de magia e bruxaria da Inglaterra, e eu arrisco dizer, do mundo. Em nenhum momento você chegou a perguntar, mas eu estudei aqui Emma, foram os melhores anos da minha vida, e eu só posso esperar que sejam os seus também. - Aquele sorriso já estava impregnado no rosto da menina. - E você já tem amigos aqui, não é mesmo? Tem aquele garoto Malfoy, como é mesmo o nome? Jake? David?  
— Draco! - Emma ria da confusão de Stefan.  
— Ele gosta muito de você, e... 
— Talvez porque sejamos primos! - Emma o interrompeu, o fazendo soltar uma leve risada em meio a desespero da menina em justificar a união e companheirismo dos dois amigos, ela sempre ficava assim, em todas as poucas vezes em que falaram sobre o menino Malfoy.  
— Calma aí. - Ele ainda ria. - O que eu estava querendo dizer é que Draco estará sempre aqui para você, assim como Hogwarts também estará.  
— Eu sei. Ou pelo menos deveria saber. - Ela disse lhe sorrindo, e como era bom poder ver aquele sorriso.  
— Bom, acho que esse é aquele momento em que eu digo, comporte-se e não mate ninguém com seu mau humor. - Stefan finalizou depositando um beijo na testa da menina, sem saber exatamente se aquilo poderia ou não ser contra o regulamento, e não dando a mínima para nada disso.  

* * *  

Emma não fazia ideia de que horas deveriam ser, nem se poderia estar atrasada para o grande jantar de boas-vindas que ocorria na primeira noite de todo início de ano letivo em Hogwarts, como ficou sabendo por Stefan, mas chegara a conclusão que deveria estar atrasada, ao contrário, não estaria atravessando um enorme corredor sem fim, cercado de estudantes que ocupavam todos os lugares disponíveis em cada uma das quatro mesas de madeira, tão grandes quanto o próprio corredor, como pode observar pelo canto dos olhos. Stefan a conduzia com uma mão firma no meio de suas costas, talvez dando forças para que ela continuasse, ou talvez com medo de que ela mudasse de ideia novamente e voltasse para casa.  
Poderiam ter se passado anos, séculos, vidas, mas só haviam se passado alguns míseros minutos, até alcançarem uma quinta mesa que ficava no lado oposto a porta do salão comunal, nenhum de seus ocupantes parecia com um aluno, acreditou que essa deveria ser a mesa dos velhos, mais tarde descobriria serem esses seus novos professores. Foram recebidos por um bruxo de sorriso simpático e óculos de meia-lua sob um nariz torto, alguém a quem ela conhecia no salão, que não fosse Stefan. Era Alvo Dumbledore, e no mundo mágico, só se você tivesse tomado muito suco de abóbora, a ponto de congelar seu cérebro, para não saber quem ele era.  
Ele a recebeu levantando a mão direita, que Emma apertou envergonhadamente, enquanto Stefan fazia o mesmo, porém com maior intimidade, e menos vergonha também, comprimentos e brincadeiras referente ao atraso dos dois não foram deixados de lado.  
— Se vocês não tivessem cruzado as portas de entrada desse salão nesse segundo, eu juro pela minha varinha que daria início ao banquete agora mesmo. - Alvo e Stefan pareciam velhos amigos aos olhos de Emma, e nesses aproximados dois minutos em que conhecia finalmente em pessoa o enigmático Dumbledore, pode perceber que ele era um homem que não desperdiçaria uma boa piada, mas também não perderia a oportunidade de lhe lançar uma maldição imperdoável se você o merecesse, atrasando o jantar, por exemplo.  
— Mas não vamos mais perder tempo. - Dumbledore agitou-se correndo os olhos pela mesa dos professores até encontrar a quem procurava. - É, Minerva, você poderia... - Não foi preciso terminar, uma bruxa usando belíssimas vestes negras com detalhes em esmeralda levantou-se ajeitando o chapéu torto na cabeça e vinda na direção deles. Antes, de se juntar aos três, a bruxa Minerva, parou para pegar um banco com um chapéu tão velho quanto a própria Hogwarts, os trouxe deixando ambos de frente a Emma.  
— Bom, Sr. Kanes, faremos a seleção da casa que a jovem Mccallister estará destinada a estudar em Hogwarts, como o Sr. bem sabe. O Sr. gostaria de acompanhar? Posso pedir que se junte a nós no jantar dessa noite? - Alvo era tão cordial e atencioso com quem quer que fosse que ocorreu a Emma desejar que ele lhe desse maior atenção do que estava dando a Stefan.  
— Agradeço muito pelo convite, professor. Mas deixemos para outra data. Por mais que eu queira saber em qual casa a Mccallister vai ficar, estou a serviço hoje, e só vim acompanhá-la em seu primeiro dia mesmo. Espero que o Sr. compreenda. - Stefan usou tantas palavras para se justificar que Emma não conseguia acreditar que o vocabulário dele fosse tão extenso assim mesmo, ou se ele só estava querendo se mostrar.  
— Entendo. Mas não deixe de voltar, sim. As portas de Hogwarts estarão sempre abertas para o Sr.  
Eles terminaram de se despedir e Stefan ainda deu um afago confortador em um dos ombros de Emma, antes de partir pela mesma porta pela qual entraram. Agora, via-se diante do banco e do chapéu, também sentia-se mais propensa a sair correndo e chorando todo o segundo após a partida de Stefan, a professora Minerva tinha o chapéu velho e remendado em mãos e indicou o banco para que Emma se sentasse. Ela o fez. E pela primeira vez desde que entrara naquele salão, encontrava-se defronte a todos aqueles milhares de alunos, dois olhos em casa um deles, era o mesmo que adagas afiadas perfurando sua pela frágil e pálida, isso se não fosse pior. Procurava os olhos acinzentados de Draco por todo o lado, sem sucesso. 
Sobressaltou-se quando, sem aviso prévio, o chapéu mais velho do mundo bruxo foi colocado sob seu longos cabelos louros.  
"- Por Merlim, em quantas cabeças esse chapéu já esteve?" foi o primeiro de seus pensamentos.  
— Por muitos Mccallister, inclusive pela de seus pais. - O susto não foi maior porque Minerva tinha uma mão depositada em seu ombro.  
"- Como assim? O chapéu acabara de falar? Mas espera aí, ele falou, falou, ou só falou na minha cabeça? Isso é estranho demais, até mesmo para um bruxo." Muitas indagações surgiram de repente na mente de Emma.  
— Vejo que você sabe tanto sobre nossa querida Hogwarts quanto o Sr. Longbottom, sou o chapéu seletor, Mccallister, e sou eu quem decidi para qual casa você irá.  
"- Mas que injusto, se eu quisesse estudar numa escola militar teria ido para Durmstrang!"  
— A sua mente é revolucionaria demais, e já atrasamos por demais o jantar. Vamos ao que interessa. Tem coragem? Tem sim. E é narcisista também.  
"- Ei!" - protestou.  
— Calma menina, está tudo aqui, na sua cabeça. Eu sinto que posso lhe encaixar em qualquer uma de nossas casas. Você vai se adaptar, vai criar laços para a vida toda, e também não faria diferença alguma, porque você não saberia me dizer o nome de nenhuma das casas, nesse instante, nem se sua vida dependesse disso. - O chapéu tomou ar, antes de prosseguir com seu monólogo. - O que eu espero que você aprenda Emma Mccallister, vai além das salas de aula, e é por isso que digo. Sonserina.  
E Emma, que até então estava quieta, ouvindo atentamente cada uma das palavras proferidas pelo chapéu, levantou-se instintivamente conforme a professora Minerva tirava o chapéu seletor de sua cabeça e indicava que ela deveria seguir até a última mesa do lado esquerdo do salão, onde alunos eufóricos aplaudiam sabe-se-lá-deus-o-que. Caminhava lentamente e olhando para os próprios pés com medo de que eles parassem de trabalhar a qualquer instante. Era timidamente exaustivo ser o centro das atenções em meio a pessoas que ela jamais vira a vida toda.  
— E por fim. Que sirva-se o banquete!  
Ouviu Alvo Dumbledore proclamar assim que ocupou um lugar vago na mesa da Sonserina, em meio a cumprimentos de alguns de seus novos colegas que estavam sentados próximos de onde estava. E Por mais clichê que isso possa soar, foi como num passe de mágica que surgiu em sua frente um dos maiores banquetes que já vira na vida, todo o tipo de comida enchia a sua mesa e todas as outras. Era quase uma pena dizer que não sentia fome. Ainda podia sentir os olhares que lhe eram lançados. Nervosa, pensou inúmeras vezes em se levantar e deixar o salão, e quando estava prestes a o fazer, mais uma vez fora surpreendida.  
— Ei, baixinha.  
Não era preciso se virar para saber quem a chamara, reconheceria o timbre de voz de Draco Malfoy até mesmo nas profundezas do tártaro.
— Draco. - Ele já ocupava um lugar a seu lado.  
— Acho melhor eu já dizer agora, então, da próxima vez que você decidir mudar pra minha escola, seria legal me avisar antes, acho que deve ser isso o que os amigos fazem, ou estou errado? - Emma queria muito rir, mas ainda estava muito traumatizada com tudo o que havia acontecido naquelas poucas horas, desde que atravessara os portões de entrada de Hogwarts.  
— O que aconteceu? Você foi expulsa de Beauxbatons ou o que? - Draco tornou a perguntar, já que Emma parecia atônita encarando-o. - Emma? - Ele a chamou, achando estranha a atitude da amiga. - Está tudo bem? 
—Draco. - Foi tudo o que ela disse antes de abraça-lo e se esconder em meio aos braços do amigo, que logo correspondeu ao abraço e afagou suas costas, do jeito que sabia que ela gostava, seu único amigo, o único que tinha naquele lugar, e em todos os outros também. Não se pode dizer que Emma era uma menina muito sociável, porque ela realmente não o era. Antes desse fatídico dia em que fora transferida para a escola de magia e bruxaria de Hogwarts, estudara por dois anos na Academia Beauxbatons, no Sul da França.  
Pode-se até dizer que tinha um amigo, ou um parceiro de crime, como gostava de se referir a Jack, até hoje não sabia por que cargas d'água se tornaram amigos e porque ele parecia gostar tanto dela e de todas as maluquices sem fim que Emma propunha fazer afim de tirar o tédio do colégio interno. Ele sempre fora leal e verdadeiro. Qualidades dificílimas de encontrar nas pessoas em tempos como esses, parecia ser mais fácil pegar o sapo de chocolate enfeitiçado no primeiro pulo dele para fora da caixa de chocolate do que ter amigos de verdade.  

* * *  

Era sua primeira noite no castelo de Hogwarts, sentia como se fosse dormir fora de casa, contra sua vontade, e que no dia seguinte quando acordasse voltaria para casa, sua verdadeira casa, Beauxbatons, pensava em quantas saudades sentiria de sua vida no antigo colégio, da diretora Madame Maxime e de todo o amor que ela dispunha em dar a seus estudantes, passara os dois últimos anos, procurando integrar Emma em alguma aula optativa na qual a garota não colocasse fogo na sala ou nos colegas, e de Madame Clarissa Dalloway, professora-chefe de sua casa, com suas tentativas e pretensões de por juízo na cabeça de Emma, lastimaria pela falta do Palácio de Merselha das ilhas de Beauxbatons (onde a escola estava localizada), e mais ainda de sua verdadeira casa, Noble, nenhum desses projetos de casas em Hogwarts chegaria algum dia se quer aos pés do sistema de seleção de Beauxbatons, que pesar seria não ter o vermelho da casa Noble em seu uniforme. Lembranças de Rocco, o elfo doméstico que sempre lhe arranjava tortinhas de limão a qualquer hora do dia, do coral de ninfas e suas cantorias durante o jantar, e das aulas de equitação nos cavalos alados, não sabia se haviam cavalos em Hogwarts, não ouvirá ninguém falar a respeito, nem vira nenhum cavalo pela propriedade, a única possibilidade estava no gigante guarda-caça do colégio, talvez fosse ele quem cuidasse dos cavalos alados, parece que o chamavam de Hagrid, mas não tinha certeza, e se esquecera de perguntar isso a Draco, de qualquer forma Draco parecia detestá-lo, inclusive, parecia que Draco odiava muitas pessoas na escola, não entendia porque ele estava tão infeliz com os colegas, pelo o que lhe falara e pelo pouco a que Emma realmente ouviu, a Sonserina, por Draco, era a melhor casa da escola, e tinha rixas com todas as outras, a maior delas era com a Grifinoria, ele falou de traidores do sangue e sangues ruins que tinham aos montes nessa casa, e daí ele começou a falar do torneio de quadribol da escola que ocorria todos os anos e de como a equipe da Sonserina tinha tudo para vencer. Desse momento em diante Emma já não ouviu mais nada. Não entendia nada de quadribol, e desistirá pra sempre numa vez em que Draco lhe implorara para jogarem uma partida no jardim da mansão dos Malfoy e Emma que nunca conseguia dizer não para nada do que o melhor amigo lhe pedia aceitou, o problema era que também nunca fora lá muito boa numa vassoura, se desequilibrou e caiu de uma altura de uns bons metros do chão.  
Pensava sobre tudo o que Draco havia lhe dito da escola e dos estudantes, a maioria dos comentários eram negativos, decidira não formar opinião nenhuma quanto a nada por enquanto. Seus pensamentos vagavam por todas as lacunas que haviam em sua mente, como o porquê de estar em Hogwarts? O que fora aquilo? Do dia para a noite seu pai decidirá que a França era distante demais e que ela deveria mudar de escola? E o por que de Stefan lhe acompanhar? O que tinha que ela não poderia ter vindo de trem como todos os outros alunos de Hogwarts? E o mais importante: por que ninguém lhe falava nada a respeito? Deveria estar rolando e enrolando há mais de duas horas em sua nova cama de dossel no dormitório das meninas da Sonserina. As outras garotas pareciam ter pego no sono depois de uma conversa incessante sobre caras gatos da escola, falaram tanto de um tal de Diggory que Emma sentia saber tudo sobre ele sem nem ao menos conhecê-lo. E tinha mais essa, além de tudo ainda dividiria seu dormitório com mais quatro garotas, em Beauxbatons normalmente os alunos possuíam um room mate apenas, e as vezes nem isso, Emma, por exemplo, tinha um quarto só seu. Não sabia ainda como lidar com isso ainda mais porque tinha consciência do quão ciumenta e egocêntrica poderia ser com suas coisas. Derrotada, após um dia de fracassos eminentes, e sem sono algum, vestiu o roupão por cima do pijama, e saiu do quarto decidida. A sala comunal da Sonserina, sem sombra de dúvidas era incrível, tinha uma decoração clássica, com móveis em tons escuros e detalhes em verde ou prata, as cores símbolo da casa. Haviam sofás e poltronas de couro preto, espaçosos e confortáveis distribuídos ao redor da grande sala, sendo as melhores localizadas, próximas a lareira, que crepitava emanando um calor aconchegante em meio a noite fria, nas paredes, quadros de avisos e estantes cobertas de livros, nos cantos haviam mesas com quatro ou cinco cadeiras, criando um espaço de estudo para os estudantes Sonserinos, e por fim, um piano de cauda, mantinha-se icônico no centro de todo o ambiente. 
Por mais acolhedora e nostálgica que a sala comunal pudesse ser, Emma não tinha pretensões de ficar ali, pensou em dar uma volta pelo castelo, e quando já estava na altura de cruzar a porta, ouviu. 
— Pretende arrumar uma detenção logo no seu primeiro dia, Mccallister. - ele disse. 
— Eu preciso de um pouco de ar, oras. - respondeu carrancuda. 
— Não sei como que era na sua antiga escola, mas aqui, aluno fora da cama é punido com detenção, você vai ter que ir pegar lenha na floresta proibida. - Draco falava com aquele sorriso irônico, tão dele, no rosto. 
— Então quer dizer que eu tenho que passar a noite trancafiada numa sala? Isso aqui está ficando pior do que a caça às bruxas. - Draco riu. 
— É, seguindo a constituição da escola, os alunos não podem deixar a sala comunal de suas casas a noite. Mas quem é que dá a mínima? - Ele ainda ria quando pegou uma das mãos de Emma e saiu puxando-a porta-a-fora. 
Draco lhe dissera que não poderiam fazer barulho, deveriam manter-se atentos a qualquer movimentação, porque o zelador da escola, Sr. Filch costumava varrer os corredores com sua gata Madame Nora, a procura de alunos fora da cama. Ele a levaria para conhecer a sala de troféus, e depois fariam uma visita a cozinha, Emma não pode deixar de agradecê-lo por isso, depois de não ter comido nada durante o jantar, estava faminta. Não poderia dizer que a sala dos troféus foi tão fascinante quanto Draco disse que o seria, basicamente o ouviu falar mais um pouco sobre as glórias da casa Sonserina, e ainda não sabia se ele estava fazendo isso porque sabia que o coração de Emma era vermelho cereja, cores de sua casa em Beauxbatons, a casa Noble escolhera-a em seu primeiro ano, Emma se identificou com os valores e a história de Noble, era toda Noble. E não tinha certeza se algum dia sentiria por Sonserina algo próximo do que tinha com Noble. Algumas horas atrás o próprio chapéu seletor dissera que não faria diferença em qual casa colocá-la e ele estivera certo, nenhuma casa a faria se sentir realmente em casa, porque sua casa não era ali.  
Ficou potencialmente mais animada quando Draco sugeriu que fossem de uma vez as cozinhas e depois retornassem ao dormitório, porque já era muito tarde. Tiveram de usar um caminho alternativo porque Pirraça, o Poltergeist de Hogwarts, estava badernando pelo corredor principal. Ficou pensando no quanto Draco deveria perambular a noite pela escola, ele parecia conhecer todas as rotas e os melhores caminhos, enquanto para Emma a cada corredor que emergiam lhe parecia o mesmo.  
Draco conduziu-a por todo o caminho segurando-lhe a mão, ele sempre fora cuidadoso com ela, deveriam se conhecer desde que ainda estavam no útero de suas mães, as duas famílias, os Malfoy e os Mccallister, tinham vários laços sanguíneos, todas as famílias puro sangue os tinham, Narcisa, mãe de Draco, e Helena, mãe de Emma, eram primas-irmãs, haviam sido criadas juntas, e o mesmo acontecerá com seus filhos, Emma e Draco dividiram a infância um com o outro, havia inclusive um quarto na mansão dos Malfoy para Emma, que passava mais tempo lá do que em sua própria casa. Não sei se vale citar, mas os pais de Emma eram muito ausentes, sempre o foram, o pai, com uma posição tão importante no mundo bruxo, não tinha tempo para mais nada, a mãe, era curadora no hospital St. Mungus, e dedicava-se mais aos pacientes do que a própria filha, isso sem falar que nas raras ocasiões em que os Mccallister estavam juntos, as discussões eram tremendas, com o tempo, Emma percebeu que o melhor seria se afastar, nunca teria a família que desejava e apenas ela se machucava em cada uma das ridículas vezes em que tentava, e de alguma forma, Draco, fora sempre quem preencherá o vazio constante dentro de Emma.  
— A entrada para a cozinha é perto das masmorras, e as masmorras ficam próximas da nossa sala comunal, vamos pegar alguma coisa pra você comer e voltar logo pra lá. - Draco dizia conforme se aproximavam do final de mais um corredor escuro. 
— Espere um momento. - Ele avisou, estavam parados de frente a um quadro, de repente Draco começou a fazer cócegas em uma pera. Inusitadamente surgiu uma maçaneta onde antes estava a fruta, o quadro se abriu em uma passagem, e Emma se viu dentro da cozinha de Hogwarts. 
A felicidade momentânea que surgiu com a possibilidade de finalmente poder comer alguma coisa, abriu lugar para a desconfiança, não estavam sozinhos naquele lugar, tirando as centenas de elfos domésticos, que estavam cada um centrados em suas próprias funções, ocupando duas banquetas de frente ao enorme balcão, estavam dois garotos de cabelos ruivos, ainda vestindo as vestes negras do colégio. 
— Weasleys, o que fazem aqui? - Draco disse. - Querendo pegar o emprego dos elfos ou só querendo roubar comida mesmo? - Num primeiro momento Emma pensou que ele estivesse brincando com os meninos, mas a voz de Draco possuía um tom sério. - Devem estar roubando comida, não é mesmo? Me esqueci que vocês têm de passar alguns dias das férias sem comer para que sua família consiga alimentar seus outros irmãos, certo? - Ele terminou adotando o sorriso irônico no rosto. 
Emma não sabia o que dizer, o que fazer, nunca ouvira Draco humilhando outras pessoas assim, estava ruborizada, os dois garotos haviam se virado em seus bancos e olhavam fixamente para Malfoy, com expressões nada amigáveis no rosto, eram gêmeos, e deveriam ser idênticos até o último fio de cabelo, porque pareciam a mesma pessoa, segundo Emma, ainda muito envergonhada pela atitude de seu melhor amigo, considerava retroceder o caminho, voltar para a sala comunal da Sonserina, e realmente o faria, se soubesse como voltar para lá. 
— Veja só, Jorge. - disse um deles. 
— Estou vendo, Fred. - o segundo garoto ruivo completou. 
— Senão é a coisa mais linda dessa escola. - O primeiro voltou a dizer, com os olhos voltados para Emma, encarando-a diretamente olho-no-olho. 
— Depois do campo de quadribol, é claro. - O outro completou, mais uma vez. 
— Com toda a certeza, irmão. - O primeiro garoto, de nome Fred, levantou-se e seguiu até parar defronte a Draco e Emma, com seu irmão gêmeo, Jorge, logo ao seu lado. Emma achou divertido como cada um dos gêmeos parecia saber exatamente qual seria o próximo movimento do outro. 
—  Em respeito a senhorita, vamos deixar a sua arrogância de lado Draquinho. - Fred disse, virando-se para Emma, alcançou uma das mãos da garota e levou-a aos lábios depositando um delicado beijo, sem desviar os olhos dos dela. - É um prazer finalmente conhecê-la, Mccallister. - ele disse cortesmente, antes de sair andando em direção a porta da cozinha. 
— A gente se vê em algumas semanas no campo de quadribol, Malfoy! - Jorge disse, mandando uma piscada de olho para Emma e seguindo o irmão para fora da cozinha.


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Notas finais do capítulo

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