Hocus Pocus escrita por mimidelboux


Capítulo 7
Pessoas como nós temos um dom. Você não acha que ele devia ser usado para tornar o mundo um lugar melhor?


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Primeiramente, queria dizer que estou tentando criar um hábito de atualizar a fic semanalmente, então daqui para a frente, vou tentar postar a fic todo sábado! :)
Segundamente, à pedidos, resolvi fazer este capítulo sobre a Rosemary, já que duas pessoas me pediram para eu escrever mais sobre a Morgana :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/698183/chapter/7

Já faziam 2 semanas que Drake não parava mais em casa direito. E Rosemary percebeu isso muito cedo, mas preferiu não comentar nada com o filho, para não pressioná-lo. Ela em si, andava muito ocupada e sofria de enxaqueca quase todos os dias. Era de certo modo confortante saber que seu filho parecia finalmente ter feito algum amigo que o mantinha longe de casa quando ela passava mal de tanta dor de cabeça. Estava chegando à um ponto em que toda tarde ela se drogava e dormia, a fim de ver se a ressaca interminável ia embora.

E toda tarde ela sonhava coisas pertubadoras.

No começo eram apenas algumas imagens meio borradas, mas ela sempre acordava de seus cochilos toda suada, com uma angústia estranha apertando seu peito. Mas com o passar das semanas, seus sonhos foram ficando com imagens mais claras. As primeiras imagens que ela pode reconhecer foram as feições de seu filho. Seguidas de uma espada brilhante e do rosto de Merlin, o velho bibliotecário que ela havia contratado. Eles estavam sempre juntos, sempre com aquela espada brilhante. E aquilo assustava-a. Por alguma razão, ela não gostava de ver os dois juntos. Aquilo a amargurava.

No começo ela achava que tudo aquilo não significava nada, que eram apenas sonhos. Até ela começar a sonhar coisas mais elaboradas. Ela não conseguia ver com clareza, pois muita coisa ainda aparecia nublada na mente dela, mas ela sabia que seu filho estava sempre correndo perigo em seus sonhos. Um perigo mortal.

E assim ela começou a suspeitar das saídas de Drake. Começou a suspeitar de seus sonhos. Começou a suspeitar que eles queriam dizer algo a ela.

Rosemary começou a ficar mais atenciosa aos detalhes, ao modo que Drake agia. Mas em casa tudo parecia normal. E ela começou a levar sua obcessão para o trabalho. Fazia questão de sempre passar pela classe de Drake, para poder observar o que ele estava fazendo em aula. Sabia que muitas vezes agia sem discrição, mas torcia para que todos apenas achassem que o lado maternal dela falava mais alto nessas horas em que ela ficava atrás do filho dentro da escola. E ninguém queria contradizer a diretora o modo como ela criava seu filho.

Mas mesmo em aula, ele parecia normal como sempre. Rosemary achou que precisava ver, então, como ele agia no recreio. Como ela percebera que Drake nunca falava com ninguém de sua classe, talvez ele tivesse feito amizade com alguém de outra turma, e era com essa pessoa com quem ele vinha se encontrando todas as tardes.

Assim, ela decidiu que iria dar um jeito de observar o filho durante o recreio.

Ela não pessou duas vezes, no dia que ela decidiu isso, ela já agiu. Estava impaciente, seus sonhos só pioravam e ela começara a ver que via tudo no ponto de vista das coisas que perseguiam seu filho e o bibliotecário. E ela tinha medo de que isso se tornasse realidade.

Por entre as persianas de sua sala, ela viu as crianças correrem ao sinal do recreio soar, se espalhando pelo pátio como uma onda. Não foi difícil achar seu filho entre a cabeça das crianças, com suas medeixas cor de amêndoa brilhando. Ela sempre achou que o cabelo de seu filho iria ficar escuro como ébano como o seu, mas ele parou de escurecer há alguns poucos anos.

Se afogando nas memórias, ela se assustou quando a cabeça do menino escureceu e perdeu o brilho. Mas era só porque ele entrara na sombra. Ela semicerrou os olhos. Drake estava cruzando o pátio, em direção às portas da biblioteca.

Rosemary não estranhou. Muitas crianças gostavam de passar seu tempo de recreio lendo ou fazendo dobraduras orientais. Talvez a nova amizade de Drake estivesse lá dentro, esperando por ele.

Mas no momento que seu filho fechou a porta atrás de si, foi que ela percebeu um pequeno detalhe. Ela sempre fizera questão de que as portas da biblioteca ficassem abertas, um modo de convidar as crianças para o incrível mundo da leitura. As bibliotecária anterior não gostava das portas abertas pois o barulho do pátio entrava facilmente e podia atrapalhar a leitura. Mas ela sempre acabava obedecendo e abrindo-as. Desde que Merlin, o novo bibliotecário chegara, ela aconselhará o mesmo, mas só agora percebera que ele ignorava seu pedido.

As portas da biblioteca estavam fechadas. As crianças passavam reto por elas, ignorando a existência do quarto ali presente. E o único que havia entrado lá até agora era seu filho.

Um calafrio subiu a espinha de Rosemary. E ela não conseguiu evitar em pensar coisas ruins, provenientes de seus sonhos.

Num piscar de olhos, ela saiu correndo de sua sala. O ar levantou e bagunçou os papéis da mesa da secretária da diretora. Rosemary atravessava o mar de crianças, tomando todo o cuidado para não bater em nenhuma. Só faltava ela colocar os braços para a frente, como se estivesse nadando crawl numa piscina, mas como os alunos percebiam a sua presença e logo saiam de sua frente, não era preciso.

Ela girou a maçaneta da biblioteca com força e quase caiu de frente ao abrir a porta com tudo. O lugar estava uma escuridão só. Sua mão foi tateando a parede até encontrar os interruptores, mas ela não chegou a ligar a luz, já que ouviu um som vindo do fundo da biblioteca, como se algo tivesse caído de algum lugar.

Ela seguiu em direção ao barulho, colocando sempre um pé na frente do outro. Seu coração estava à mil. A única luz que entrava na sala era a luz do sol que atravessava as janelas que ficavam voltadas para o pátio. Ela podia ouvir o burburinho das crianças rindo, do outro lado. E algo crescia nela. Um sussuro tomava conta de seus ouvidos, misturados com o barulho de fora. O remédio que ela tinha tomado 1 hora antes parou de fazer efeito e cada passada que ela dava era como um ladrão indo direto para a forca com todos os seus arrependimentos querendo explodir de seu peito.

Ao longe, ela começou a ver um brilho dourado. Algo passou voando entre as prateleiras e Rosemary pulou de susto!

Colocando a mão sobre seu peito, ela respirou fundo e pensou coisas mundanas que pudessem explicar o que fora aquilo. Talvez um pássaro que estava preso dentro da biblioteca. Mas nenhum pássaro brilhava.

Ela chegou de fininho, conseguindo não fazer nenhum barulho, até a prateleira por onde havia voado algo. Por entre os livros, luzes irradiavam. Ela procurou entre eles e as prateleiras por um lugar que ela pudesse ver o filho dela perfeitamente. Ela então percebeu que a luz vinha de dentro de uma porta, por onde seu filho saía, seguido do bibliotecário. Drake não parecia estar diferente, mas sua boca se mexia freneticamente, sem sair som. Merlin, o bibliotecário, segurava alguns livros, que jogo-os em cima de uma mesa que ficava do lado da porta. Havia alguma coisa verde e que se mexia, no ombro dele, como um inseto.

Rosemary viu-os conversar e, pelo o que parecia, estudar os livros. Merlin parecia ler os livros, e apenas ao apontar e um brilho em seus olhos, um lápis se erguia no ar e girava. Logo, Drake falava a mesma coisa, mas o lápis mal tremia em cima da mesa. E tentava de novo, e de novo. Até ele conseguir levar o lápis ao ar.

Rosemary deu passos para trás, um tanto assustada ao assistir aquilo. Ela via que ele continuavam a fazer aqueles truques, mas não entendia o que estava acontecendo, sua cabeça girava. Seu estomago embrulhou e ela tentou sair da biblioteca o mais rápido possível e sem fazer barulho.

Mais tarde naquele dia, ao Drake mais uma vez mal chegar em casa para deixar a mochila no quarto e já sair correndo porta à fora para o mundo, Rosemary decidiu fazer algo que nenhuma mãe se orgulha em fazer.

Ela observou, pela janela de seu quarto, a cabeleira de seu filho se afastar da casa deles. Sabendo que tinha bastante tempo até ele voltar, ela foi para o quarto dele e começou a sua busca. Ela pressentia que ele poderia estar escondendo algo dela, algo como um dos livros que ele estivera estudando na biblioteca naquela manhã. Começou sua busca pela mochila dele, seguindo para o armário e o resto do quarto. Ao olhar embaixo da cama, ela achou uma grande caixa e a puxou para fora de seu esconderijo. Ao abri-la, se deparou com vários objetos que marcaram a infância de seu filho. Alguns dinossauros de brinquedo, um mapa do céu e, no fundo da caixa, havia um livro bem velho.

Ela nunca havia visto aquele livro antes. Ela retirou-o da caixa e passou a mão sobre a capa de couro, que estava gasta nas pontas. Não havia título na capa e nem na lombada, então ela abriu o livro para ver se acharia o nome dentro dele. Mas não encontrou nada, apenas um pequeno M no canto inferior da primeira folha, que achou já ter visto em algum lugar. Ela passou para a próxima página, que era escrita à mão e numa língua antigua. Assim como o resto do livro, ao Rosemary folhear mais um pouco do livro. Era engraçado, pois a escrita que ela não conseguia compreender começou a fazer sentido. Ela conseguia ler, entender e compreender aquela língua antiga. Sua enxaqueca, começara a sumir, com o passar da sua leitura.

Rosemary não tinha entendido logo de cara, mas agora percebera o óbvio: aquele era um livro de feitiços, provavelmente como aquele que o filho estudou pela manhã. Mas este livro parecia ter feitiços mais avançados. Alguns falavam de clarividencia e outros eram perfeitos para vingança.

Ela fechou o livro, mas não o botou de volta na caixa de Drake. Ao contrário, botou a caixa dele de volta no seu lugar e levou o livro para seu próprio quarto, onde o começou a ler até ouvir a porta da frente bater, indicando que seu filho havia voltado. Rosemary rápidamente colocou o livro numa das gavetas de sua mesa-cabeceira e se enrolou em um xale na cama e fingiu estar dormindo, enquanto escutava o filho subir as escadas. Ela sabia que ele ia para na porta de seu quarto, para espiar como ela estava, ia vê-la dormindo e seguiria para seu quarto. E foi exatamente o que ele fez.

Ela sentia um calor nas costas, provavelmente porque sabia que Drake a observava. O coração dela batia rapidamente, quanto tempo mais ele ficaria ali parado? Ela queria desesperadamente se mexer. Mas não teve que esperar muito mais, pois conseguiu escutar os passos dele indo em direção ao final do corredor, onde ficava o seu quarto. Ela suspirou de alívio e se virou de lado, com preguiça de se levantar da cama. Ela se sentia quentinha e protegida em seu xale e logo caiu no sono.

Pela primeira vez em muito tempo, Rosemary sonhou com algo diferente. Ela se olhava num espelho de corpo inteiro, mas não era ela no reflexo. Era e não era. O seu reflexo mostrava uma moça magra; usando um vestido comprido vestido de seda preto; de pele clara como o leite; olhar afiado e acinzentado bem claro, quase sem cor; e cabelos negros, cacheados e compridos.

A moça levantou seu braço esquerdo e Rosemary fez o mesmo, mas com o direito, e tocou o espelho com a ponta dos dedos.

— Enfim… - a moça começou a falar, e Rosemary percebeu que a voz dela era a mesma que a sua. - Você acordou.

A moça deu uma leve risada.

— Você não, eu acordei. – com tal afirmação, Rosemary sentiu um calafriu descer pela sua espinha, forte como uma corrente elétrica. – Você precisa de mim, e eu preciso de você. Somos como duas metades da mesma fruta.

Rosemary não conseguia falar nada, com certo medo. Só o que fazia era ouvir atentamente as doces palavras da moça entrar por seus ouvidos.

— Meu nome, nosso nome, é Morgana. Mas não seria nada legal mudar o seu nome atual, certo? – Morgana abriu um sorriso amarelo. – Você precisa de mim. Você só tem à mim. E eu sou a única que pode ajudá-la proteger seu filho.

Rosemary assentiu com a cabeça.

— Agora que temos o livro de Merlin em nossa posse, poderemos eliminá-lo. Ele será sua destruição, à não ser que nós destruirmos ele primeiro. Pelo bem de Drake. Pelo bem de Arthur.

— Pelo de bem de Arthur. – Rosemary repetiu.

— Nós precisamos proteger eles de Merlin. Você precisa fazê-los ficar do nosso lado. Ele saberá que deve escutar sua mãe. Eles saberão que somos melhores para que eles possam ser capaz voltar reinar a Inglaterra novamente. - ao acabar a frase, Morgana passou sua mão para o outro lado do espelho, estendendo-a para Rosemary, que a apertou-a, selando o trato das duas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hocus Pocus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.