P.O.V. Renesmee.

Ele olhava pra algo com cara de pasmo, eu olhei também.

—Abby. Ela tá andando. Quando ela começou a andar? Eu perdi. Eu perdi tudo.

P.O.V. Elijah.

Abby caminhou desajeitadamente direto para os braços de Renesmee que a acolheu com um abraço e um beijo no topo da cabeça.

Abby nem se quer olhou pra mim. Ela foi direto e reto para os braços da mãe.

—É a primeira vez querida. Eu disse que ela ia andar quando tivesse pra onde ir.

Disse a jovem senhora com pele de porcelana.

—Vamos pra casa, isso não é lugar pra você. 

Ela se virou pra mim e disse:

—Vejo você no tribunal.

—O que aconteceu querida? A maldição foi quebrada?

—Graças á Deus sim.

—Que bom pra vocês. Eu vou mandar prepararem um quarto pra você

—O único jeito de eu ficar sob o mesmo teto que você e a sua família imunda é se eu estiver num caixão.

—Se você tem a ilusão de que eu vou permitir a Abby fora da minha proteção por um segundo...

—O que você vai permitir, não importa Elijah. Bem vindo á uma batalha judicial por custódia do século vinte e um. As mães ganham elas agora.

A senhora se pronunciou:

—Se me permitem... As casas da rua da frente foram recentemente renovados e eu sei que os da sua raça tem essa coisa de ser convidado. Eu vou fazer uma visita ao gerente e comprar uma delas.

—Se acha que eu vou assistir a minha filha ser criada por selvagens...

O maior deles se pronunciou:

—É porque você é tão fodidamente civilizado. Saiu no tapa com a minha sobrinha, foi uma briga violenta.

—Rapaz, você criou o problema e essa pode ser a solução. Além do mais, pensei que fosse á favor da negociação.

—Vovó, coloque a casa no meu nome. Elijah não vai ser convidado á entrar.

Ela foi embora levando Abby junto com ela. Abby chorava alto, mas assim que ela deixou de nos ver... o choro cessou.

—Pronto querida. Acabou.

Ouvi Renesmee cantando e balançando Abby que dava risada. Ela começou a se aquietar e quando estava quase dormindo, ela olhou pra mim, me viu e começou a chorar.

O tio de Renesmee teve que ir dirigindo porque Abby não quis se separar da mãe de jeito nenhum.

—Eu fiz tudo para protegê-la e ainda assim ela olha pra mim com medo.

—Ela é uma criança sensitiva e você não está exatamente calmo no momento. E além do mais, eu acho que ela viu Elijah.

—Viu o que?

—Tudo. A sua briga com Renesmee.

—Mas, ela não sente medo de Renesmee.

—Me perdoe a honestidade irmão, mas a Renesmee é tudo o que você não é. Com você é tudo fachada, mas com ela é real.

—O que?

—A pureza, a nobreza, a lealdade. Até eu que sou vampira sinto isso, isso emana dela. Ela tem uma luz muito grande.

—Sério Rebekah?

—Sério.

—Odeio admitir Elijah, mas ela tá certa. Eu sinto paz quando estou perto dela, da duplicata. Eu.

—Você sente paz estando com Caroline.

—Não. Não desse jeito. E você sabe como é, eu sei que sabe.

—Como pode saber?

—Eu vejo você, você se esforça para odiá-la mas não consegue. Você a ama, eu vejo nos seus olhos. O amor, a admiração me atrevo até a chamar de devoção. O jeito que olha pra ela irmão te denuncia.

—Vamos lá Elijah, cadê a honestidade?

—Está certo. Você está certo, todos vocês estão. Ela é um anjo.

—Elijah, não querendo ser entrona nem nada, mas com todo o respeito você tá dando murro em ponta de faca. Se você quer ficar com elas, faça por merecer, prove que consegue ser a melhor versão de você. Prove que ai dentro ainda tem alguma coisa boa. Prove que a sua humanidade ainda está ai em algum lugar.

—Acha que eu não tenho mais humanidade Caroline?

—Você quer que eu responda honestamente ou que eu diga o que quer ouvir?

—Seja honesta.

—Acho. Acho que não tem mais nada ai dentro. Me diz Elijah, quando foi que virou mentiroso e bandido?

Eu fiquei chocado. Levei alguns minutos pra processar aquela pergunta.

—O que?

—Quando foi que você virou mentiroso e bandido? Porque eu não vejo a menor diferença entre você e um mafioso. Nenhuma mesmo.

Niklaus abriu a porta do carro para que Caroline entrasse, eles já haviam colocado Hope e as gêmeas nas cadeirinhas.

—Obrigado amor.

—De nada.

Eles saíram, Kol e Davina foram embora levando Rebekah e Freya com eles.

Mentiroso, bandido, mafioso. Tantos adjetivos ruins.

Eu precisava de alguém neutro, alguém que me diria a verdade não importava o que e eu fui atrás de uma bruxa que pudesse me fornecer isso.

—Celeste.

—O que você quer?

—Quero fazer uma pergunta para o seu espelho mágico.

—Tudo bem. Mas, o espelho não vai ser suave e nem vai mentir. Ele vai ser curto e grosso. Tá preparado?

—Sim.

—Ótimo. Siga-me.

Ela abriu uma passagem e lá cercado de velas brancas, estava o espelho que mais parecia um gongo.

—Aproveite a verdade.

—Espere.

—O que?

—O que eu tenho que fazer?

—A pergunta tem que começar como no livro.

—Livro?

—No livro a Rainha pergunta espelho, espelho meu. Não importa o que pergunte tem que começar assim ou o feitiço não funciona.

—Esse é o espelho da Rainha malvada da Branca de Neve?

—Não. É só uma cópia, o verdadeiro pertence á outra bruxa. Ela me deu esse como pagamento por um feitiço que eu ajudei ela a fazer.

—E que bruxa é essa? Que feitiço foi esse?

—Não te interessa. Faça a pergunta e me dê o meu pagamento.

Ela saiu fechando a porta atrás de si.

Respirei fundo três vezes e então me prostrei diante do espelho dourado e perguntei:

—Espelho, espelho meu quem é o meu verdadeiro eu?

O centro do espelho se liquefez e se transformou em um homem sem face que me respondeu:

—Você é um ser maligno, fruto de magia negra, sua alma está despedaçada. Sua falsidade e crueldade não tem fim?

Ele voltou para dentro do espelho e me deixou lá. A porta se abriu e Celeste apareceu.

—Gostou da resposta?

Eu tive um acesso de raiva.

—Já vi que não. Se não queria a verdade, não devia ter vindo aqui.

Ela saiu. Eu sai atrás dela, deixei um maço de dinheiro no balcão e sai batendo a porta atrás de mim.

Ouvi Celeste rir e dizer:

—Originalzinho metido á besta.