Sakura voltou pra casa 3 dias depois, Sasuke não foi procura-la. Eles não voltaram a tocar no assunto sobre os votos e o clima estava cada vez mais tenso, apesar de se comunicarem com menos frequência ainda. Não haviam insultos, mas também não haviam carinhos mais extensos do que leves toques ou beijos breves, as felicitações também estavam mais frias. Faltava 1 semana para o casamento. Sakura provou o vestido faltando 3 dias. Chateou-se porque a costureira disse que haveria de aumentar um pouco na cintura. Contou o fato pra ele, o homem riu, ela beijando-a.

— A sua beleza não vai sumir porque há 250 gramas de gordura a mais no seu corpo.

—Obrigada. –Agradeceu, ainda com raiva, de repente, sentiu falta de mais sensibilidade da parte dele. Virou-se pra cima na cama.

—Está ansiosa? –Pega a mão dela, entrelaçando.

—Sim, estou pirando. Já é daqui 2 dias.-Colocou um travesseiro no rosto e balançou a cabeça.

—Também estou nervoso. –Anunciou, a voz tímida. Sakura pensou em tocar novamente no assunto dos votos, mas decidiu calar-se. Ainda lamentava que a cerimônia não os tivesse, sentia-se um pouco menos querida e era como se algo estivesse faltando. Apagou os pensamentos assim que sentiu Sasuke enlaçar sua cintura. –Estou com sono. –Ele disse, dormiram, enfim, passando das onze da noite.

...

Sasuke esperava impaciente no templo. Escolheram uma cerimônia simples, ao ar livre, com poucos convidados, porém o suficiente pra deixar o ambiente barulhento e desconfortável para o noivo, já que Naruto e Kakashi eram os únicos que ele realmente gostaria de ter presente naquele momento. O dia estava quente, porém ventava. Sakura escolheu um vestido bege, bem amarelado, tinha pérolas pálidas e flores de renda na região dos ombros. Pouco volume e ia somente até um pouco depois do joelho, os cabelos soltos e cacheados nas pontas, agora um pouco esvoaçantes. Sempre gostou de seu cabelo, o sol da manhã fresca o iluminava ainda mais. Sasuke esqueceu um pouco do ar quando ela sorriu-lhe. Retribuiu de imediato.

—Você está linda. –Falou, discreto. Ela sorriu ainda mais, na barriga o frio era de temor, mas também de emoção. Sakura chegou acompanhada do pai, mas quaisquer outras presenças sumiram assim que olhou em seus olhos e viu todos os anos de amor que ela havia dedicado a ele. O cerimonialista pediu pra eles se virarem, mas ele não ouviu tão abismado que estava ao vê-la de perto, tão bonita. Naruto tocou seu ombro chamando-lhe atenção, Sakura riu e eles enfim, deram as costas para o público, dando início ao evento.

Sasuke não ouvia nenhuma palavra do homem à sua frente. Ele só pensava nela. Precisava dizer alguma coisa ou explodiria de ansiedade e carinho. Era um rapaz de 21 anos, pesados 21 anos cheios de erros, amarguras e tempestuosos relacionamentos. Ele tinha um bom melhor amigo, que era seu irmão, mas Naruto sempre foi um laço estranho pra ele já “lhe lembrava alguém", no caso Itachi. Kakashi era uma figura paterna indescritível. Mas Sakura sempre ultrapassou todos eles. Ela não era “a figura da mãe”, jamais seria uma namorada. A palavra certa era companheira. Porque fosse o que quer que fosse, onde quer que estivesse, Sakura não o abandonaria. Sempre precisou expressar algo, um sinal discreto ou escandaloso pra se comunicar com Naruto e Kakashi. Foi assim pra eles entenderem o que se passava em sua cabeça nos tempos pós-guerra quando ele teve de explicar seu momento mais duro e cruel, quando ele ficou contra konoha. Mas Sakura não perguntou-lhe nada. E ele sabia que estava perdoado, que estava absorvido e que não devia-lhe nada e que seria amado. Não encontrou motivos pra se convencer de que aquele momento não deveria ser celebrado da melhor forma. Era seu casamento oras! Não é porque ele andou errado por um tempo que deveria pagar pra sempre. Aliás, acabava ali, a sua penitência.

—Senhor, eu quero dizer algumas palavras. –Sasuke disse, baixo porém ansioso. O homem não entendeu, mas passou-lhe a vez, com um aceno de cabeça. Sakura arregalou os olhos, descrente.

—Sakura, você merece meus votos. Você merece tudo. Eu nunca achei que fosse capaz de construir qualquer coisa com alguém novamente. Mas você fez tudo parecer mais fácil. Você tirou o peso dos meus dias e transformou a nossa casa em um lar. E não tem nada mais agradável do que ver as nossas roupas misturadas e os nossos livros juntos e o cheiro da sua comida. À noite eu deixei de ter pesadelos, porque eu sei que a minha cama não está mais vazia. Você fez mais do que preencher a minha existência, eu nunca te rebaixaria a uma peça que estava faltando, você me faz transbordar. Eu sou um homem melhor por sua causa. Eu até mesmo estou aqui, falando todas essas coisas sem sentido, porque dentro do meu peito elas são maiores e maiores somente por sua causa. Eu te amo, como eu nunca vou ser capaz de amar ninguém. Obrigada por tudo. – Silêncio geral. Sakura tinha lágrimas nos olhos que caíam discretas. Pôs a mão na boca, e tateou o chão com os pés, com medo de cair. Agarrou-se a ele.

—Você é louco. Você disse, você disse!-Ela brilhava de alegria, chorando, enquanto tocava seu rosto.- Oh, meu deus! Eu estou tão emocionada, eu não sei o que dizer. Eu te amo, eu te amo. –Naruto puxou as palmas e a vila inteira aplaudiu, em choque e impressionada. Os noivos se abraçaram, a cerimônia prosseguiu com a troca de alianças e o beijo apaixonado.

Depois da festa, ela tirou os sapatos e dançou a noite toda com suas amigas e Hinata, que grávida de 2 meses, quase não se mexia de vergonha e cuidado do bebê. Sasuke sentou em um banco de madeira pra admirar sua esposa festejar com sua felicidade. Naruto ao seu lado e Kakashi lendo seu livro pervertido(atenção para o fato de estarem em um templo sagrado). Sorria com a cena, um pouco cansado mas, feliz.

—Achei que não iam ter votos, Sakura comentou que você não queria...– O loiro falou, dando um soquinho em seu ombro. Sasuke riu, irônico.

—Eu quis supreendê-la. –Falou, Naruto riu escandalosamente alto, sabendo que não era verdade.

—Mas foi uma surpresa pra todos. Uchiha Sasuke realmente está amando. –O amigo fez um gesto imitando um revolver atirando.

—Tsc, idiota! –Falou.

Quando a festa esvaziou mais e cessaram as fotos, felicitações e danças, a música ficou lenta e, sabendo que ele não era de dançar, Sakura sentou em seu colo, em no banco marrom, beijou seu rosto e o encarou.

—Se eu tivesse problemas cardíacos estaria morta. Eu estou tremendo até agora. –Beijou-o de novo, ele revirou os olhos. –Foi o show de horrores mais lindo que já vi. –Disse, fazendo referência à sua fala anterior, quando ele mencionara a reação das pessoas no presente dia.

—Não está cansada? Quero ir pra casa. –Desviou do assunto, olhando-a com cansaço, juntando as sobrancelhas. –Aliás, quero muita coisa...-Beijou sua mão olhando em seus olhos, indecorosamente sugestivo.