Cosmos escrita por Sapphire


Capítulo 10
Capítulo 9 - Jantar romântico


Notas iniciais do capítulo

Olha quem ta aqui :) Sou eu. A autora sumida.
Gente, olha o tamanho desse capítulo, tô quase explodindo. A cabeça até gira. Foi mega trabalhoso. Até pq eu fiquei procrastinando por um mês. :/ Mas eu fiquei horas escrevendo por uns 3 dias para ficar bonitinho... O pulso e a mão até dói. :(
Bom, mas sobre esse capítulo, é isso.
Vai ser sacanagem se não comentarem de forma gigamensa como eu escrevi kkkkkk
alias, vou aproveitar para para soltar uma endiretinha saudável aqui.
Tem leitoras que ao invés de perguntar da minha fic para mim, pergunta para terceiro.
Eu sou direta e bruta, mas não mordo.
Leiam, desfrutem e só lembrando que não estou escrevendo só para mim. Estou compartilhando a minha história com vocês e acho que seria legal comentar tbm ou falar comigo diretamente. Eu fico chateada qdo vejo esse tipo de coisa acontecer.
Enfim....

Enjoy.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696582/chapter/10

Richard estava relaxado em seu apartamento descansando após uma semana corrida no trabalho, estava sendo um tanto dificultoso acostumar-se aquela nova rotina. Mas ele tinha em mente que foi sua escolha, e não deveria culpar ninguém por aquele caminho. Embora fosse complicado ter terminado um relacionamento de tanto tempo. Admitiria que ela não era a mulher ideal. E o pouco tempo que esteve em Londres não pensara um segundo se quer nela.

Suas mãos seguravam um livro de romance de Margaret Mitchell, E o vento levou. Infelizmente sua mente não estava se concentrando aquela leitura clássica nos últimos minutos. E sim sua mente vagava aquela jovem, linda e intrigante mulher que conheceu no aeroporto. Tão instigante quanto a personagem de Scarlett O’Hara e tão deslumbrante quanto.

Richard balançou a cabeça para afastar tais pensamentos. Estava há duas horas lendo aquele livro e já estava se imaginando como o mocinho principal do livro Rhett Butler, em que a todo custo tenta conquistar o coração de Scarlett que era arisca que só. O que o fez lembrar da acidez da Paola no aeroporto.

Foi quase impossível segurar os pensamentos, só de lembrar dela, seu coração palpitou de ansiedade e um frio na barriga lhe irrompeu.

— Mas o que eu estou fazendo? Eu mal a conheço. – Pensou alto.

Diferente de sua ex, Paola estava em sua cabeça a cada instante e seu perfume gravado nele. E o que ele poderia fazer para tirar ela de sua mente? Ele ofereceu ajuda e foi tudo. E Paola mesmo havia deixado claro que não estava interessada em nenhum casinho. Mas e se caso fossem apenas um jantar de amigos? Afinal ele ofereceu ajuda a ela que aceitou educadamente. Portanto, seria apenas um jantar sociável, afinal de contas ele estava sozinho sem amigos naquela cidade e ela também.

Sim. Era isso que faria. Ligaria para ela e ofereceria um convite amigável.

Richard buscou em sua gaveta do criado mudo no quarto o cartão do hotel na qual guardava sempre consigo. Discou rapidamente os números girando os com a mão um tanto tremula, e ouviu a voz de Connor através da linha.

— Hotel Landmark, boa tarde. Em que posso ajudá-lo? – Atendeu o recepcionista e gerente do hotel.

— Boa tarde, Connor. Sou eu, Richard. – Prontamente se identificou.

— Que prazer senhor Listing, em que posso ser útil?

— Eu gostaria que me transferisse para o quarto em que a Senhorita Paola Ortega está. Pode me fazer isso? – Ele mordeu o lábio inferior, nervoso. Arrancando a pele no canto dos lábios.

— Claro que sim. Espere só um minuto na linha que farei a transferência.

Richard levantou-se segurando o telefone cor de salmão na aba de trás, puxando o fio para seguir ele por todo o quarto do seu apartamento. O coração batia mais forte. Sentia raiva de si mesmo quando sentia ansiedade e entusiasmo naquela intensidade. Isso deixava-o vulnerável e um tanto receoso.

Paola estava sentada na cama king size, em sua suíte presidencial. Vestia uma camisola de seda branca que “comprara” no hotel, enquanto tomava uma taça de champanhe e assistia um programa de televisão na qual não prestava a menor atenção.

Estava ocupada demais se prestigiando da vida para notar o que se passava na telinha. Tudo era bom demais. Nunca havia sido tratada feito uma rainha, e era o que acontecia na última semana. Sua pele estava mais radiante com os cuidados que recebia do spa, seu cabelo mais brilhoso, maquiagens de primeira linha e os vestidos todos da melhor grife.

Colhão macio e comida de qualidade. Não sentia dores musculares e nem mesmo seu estomago rejeitava qualquer coisa que lhe era oferecida. Tudo tão perfeito e nada poderia estragar sua condição de vida. Embora nem sinal do bom moço que havia lhe ajudado.

— Ele vai ligar, Paola. É só questão de tempo. – Paola agitou o liquido em sua taça e levou a boca dando um gole e deixando o batom vermelho marcando a taça bem no momento em que o telefone tocou.

Ela deixou o champanhe de lado, o pôs em cima do criado mudo esticando a mão para atender o telefone que estava próximo a si.

— Alô?

Ligação de fora. – Ela ouviu a voz do Connor que de imediato foi substituída por aquelas musiquinhas irritantes, mas em questões de segundos a música cessou e uma voz masculina rompeu.

— Paola?

De imediato Paola elevou a mão a cabeça com os dedos enroscando-se nas madeixas e um sorriso aberto brotou na face de anjo junto com a surpresa. Era o tal ricaço de corpo sexy do outro lado da linha. No fim das contas, ela não esperou tanto tempo assim sua ligação.

Suas suspeitas de que ele estava impressionado com ela, estavam mais do que certa.

— Sou eu, pode falar. – Respondeu com a sua voz mais doce que pôde improvisar.

— Oi. – Richard tentou soar de forma natural, mas as suas mãos suavam e a voz indicava que poderia vacilar. – Lembra de mim? Sou o cara que te levou até o hotel no outro dia e que tentou roubar a sua mala. – Ele riu tentando parecer engraçado. – Bom.... Não a sua mala, porque a mala era a minha, mas.... Aaaah, eu estou sendo um idiota. – Ele coçou a nuca e passou a mão no cabelo de forma nervosa. – Só liguei para saber se a senhorita está bem e se estão lhe tratando com respeito.

Não era bem isso que ele queria perguntar, mas não podia falar tão precipitadamente.

— Ah sim, eu estou bem Senhor Listing. – Ela olhou em volta do quarto. – Muitíssimo bem... E estão me tratando cordialmente.

— Que bom. Vejo que seu inglês também melhorou bastante. – Disse ele num tom brincalhão. – Bem, eu fiquei pensando se.… Hã.... Se você gostaria de ir jantar comigo essa noite. Tudo bem se você não quiser ir, eu vou saber entender também.

Com os pensamentos na velocidade da luz Paola lembrou-se da limusine e de todos babarem ovo para ele e de como o corpo dele era incrivelmente sexy, fazendo seus olhos brilharem de luxuria. Estava esperando por um convite daquele e uma resposta negativa estava longe de cogitação.

— Eu adoraria jantar com o senhor. – Ela aceitou de imediato, assim que sua mente voltou ao presente. – Seria interessante, não é?

— Sério mesmo? – Richard sorriu feliz e aliviado, sentindo seu coração acalma-se e fazer a sensação de borboletas no estomago desaparecer. Ele não havia levado um fora e isso já era um bom começo.

— Sim, sim. Eu gostaria. Afinal você é a única pessoa que eu conheço nessa cidade. E estamos no mesmo barco.  Somos novos ingleses agora em Londres. – Ela brincou, sorrindo forçado por trás do telefone mesmo que ele não fosse capaz de ver, mas fazia parte de toda encenação e isso ajudava a parecer mais convincente.

— Foi o que eu pensei. – Ele ficou surpreso por estarem na mesma sintonia, e riu pelo nariz nervoso parecendo que um leitão estivesse ali. Richard bateu com o telefone em sua testa por se achar idiota e uma careta de dor surgiu em seu semblante. – Posso busca-la as oito horas da noite? Tudo bem esse horário para você?

— Pode ser as oito e meia? Eu sempre me atraso um pouco.

— Por mim não tem problema. – Ele respondeu sem conter a felicidade por dentro.

Richard sentia que fogos de artificio estavam estourando por dentro dele. Não se sentia assim por uma nova mulher um bom tempo. Aliás sua última namorada, estava com ele desde a adolescência e foi a única pessoa que passou em sua vida. Seu namoro começou tão jovem e tão imaturo. Eve deveria ser considerada até mesmo uma garota e não mulher. Diferente de Paola que sim, era bela e não uma garotinha.

— Então até as oito e meia? – Ela questionou, sondando para ter certeza que ele não iria desistir.

— Estarei aí as oito e meia em ponto, te esperando no lobby do hotel. – Ele reconfirmou.

— Eu tentarei estar lá em ponto, mesmo que eu me atrase eu comparecerei. – Paola correu para a cômoda, deixando o telefone cair no chão pelo entusiasmo. Por sorte ele não havia escutado nada.

— Então até de noite. – Richard aguardou que ela desligasse primeiro.

— Até. – Paola desligou o telefone com um sorriso de triunfo.

A primeira parte do plano estava se encaminhando, agora era conquistar sua confiança e traze-lo cada vez mais para perto. E ela não fizera quase nada para conquistar um jantar e mesmo assim ele a chamou. Se foi assim tão fácil, com certeza para conquistar Richard Listing, bastava mexer com a sua libido. E ele estaria de quatro por ela num piscar de olhos.

Ela sorriu satisfeita com o próprio pensamento, e poderia ficar ali pensando mais, mas um estalo na mente a fez lembrar que ia jantar naquela noite e teria que ter uma roupa nova para aquela ocasião.

Ele não a levaria em um local qualquer, tinha que ser a roupa perfeita.  Ela abriu a gaveta da cômoda para tirar a camisola, se trocou e pegou sua bolsa para descer até as lojas do hotel para fazer suas “compras. ”

[...]

O motorista estacionou o  Rolls-Royce Silver Spirit, 1982 em frente ao Landmark e com ajuda de Will o porteiro que abriu a porta do automóvel, Richard saiu ajeitando seu terno. A noite estava uma brisa fria como todo verão londrino e o céu estrelado. Muita movimentação, pois, eram férias na Europa e muitas pessoas essa época do ano vinha visitar a Inglaterra e países vizinhos.

— Boa noite senhor Listing. Agradável noite? – O porteiro o cumprimentou sorrindo automaticamente. Era o sorriso que carregava a todos que ali chegavam.

— Boa noite. – Ele sorriu retribuindo o cumprimento. – Eu espero que seja uma excelente noite. – Era o que esperava daquele jantar.

Richard entrou no hotel e foi diretamente para uma das poltronas da recepção. Sentou-se e apoiou uma das pernas em sua coxa batucando os dedos no braço da poltrona confortavelmente e com a outra mão segurava uma rosa vermelha. Estava 30 minutos adiantado, e sabia como funcionava o relógio das mulheres, mas ela prometeu comparecer. E além do mais não tinha que ficar tão preocupado. O que havia de mal em um jantar?

Connor passou oferecendo uma xícara de café, na qual Richard recusou educadamente. Ele sabia o hálito ruim que o café deixava. E num encontro como aquele não seria agradável. Não que ele fosse dar um beijo nela. Mas queria causa boa impressão.

Ele ajeitou seu terno Ermenegildo Zegna, em tom de azul marinho e checou se sua gravata cinza estava no lugar certo. Estava mais nervoso que o normal.

E a cada barulho que ouvia do elevador que apitava de pessoas subindo e descendo, sua mente se agitava e olhava na direção em busca de seus olhos pousarem nela. Ele olhou no relógio impacientemente, mais pelo medo dela não aparecer do que o atraso. E a hora marcava oito e trinta e cinco da noite.

Paola olhou seu reflexo no espelho e se admirou por alguns segundos, estava simplesmente maravilhosa naquele vestido preto frente única longo com uma fenda na perna esquerda.  Olhou o relógio pendurado acima da porta de entrada. Iria atrasar 5 minutinhos, mas nada que fosse comprometedor ao encontro, porque para estar linda se precisasse atrasar mais uma hora assim faria. Ela terminou de passar o batom vermelho e estalou os lábios pegando a bolsa de mão pronta para descer.

Assim que passou pela sua suíte, a primeira coisa foi puxar a porta com força pela pressa e guardar o cartão em sua bolsa, já estava pronta e agora sim poderia começar a pensar com o desespero do atraso. Ela apertou o botão do elevador com certa urgência e assim que passou pela porta e apertou o botão térreo seu pé batia ansiosa.

Richard se flagrou olhando para o elevador a milésima vez, ainda assim, não quis retirar os olhos do mesmo torcendo que algum momento ela surgisse. E assim que pensou, Paola saiu do elevador deslumbrante aparecendo no lobby indo diretamente para a porta de entrada pensando que ele pudesse estar lá.

Richard segurou um pouco o riso pela confusão dela e levantou indo atrás e perto da sua orelha sussurrou.

— Está me procurando? – Sua voz saiu rouca, de uma forma muito sensual para o ouvido da jovem mulher, mas Richard pigarreou e se xingou mentalmente porque sua voz falhara.

Paola deu um pulinho para frente encolhendo os ombros colocando a mão no coração.

— Que susto. – Ela se virou rapidamente. E sua expressão facial acalmou-se quando viu que era ele.

— Perdão. – Ele sorriu lhe entregando a rosa vermelha. – Não queria assusta-la. – Às vezes eu sou meio bobo assim mesmo.

— É para mim? – Ela olhou a rosa na mão dele e hesitou em pega-la. Havia ignorado totalmente o que ele havia dito.

— Sim, é para você.

— Obrigada. – Agradeceu cheirando o perfume da rosa. Surpreendeu-se pelo gesto tão cavalheiro dele. Os homens americanos costumavam ser secos e grossos. A palavra gentil passava longe dos dicionários deles.

— Você está deslumbrante. – Os olhos de Richard brilharam ao ver ela tão linda naquele vestido que destacavam suas curvas, principalmente os seios e seus lábios realçados. Ele umedeceu os próprios lábios com a sua língua e foi então que percebeu que estava a cobiçando com os olhos.  – Gostou das lojas? – Perguntou de forma que pudesse disfarçar sua excitação.

Mas foi impossível de passar despercebido pela loira. E ficou satisfeita consigo mesma, pois era exatamente o tipo de desejo como aquele que queria despertar.

— Eu amei. – Disse girando para mostrar seu novo look. Paola estava banhada de roupas e acessórios de grifes, que eram tops de linha do mercado, vestindo um vestido da Dior, sapatos scapin de salto agulha preto de bico fino da Channel, bolsa de mão da Prada na mesma cor e brincos de brilhantes da Tiffany – Me foram bem uteis.

Ele riu balançando a cabeça divertido, porque os olhos dela brilhavam como todas as mulheres quando compravam roupas novas e ainda mais sendo de marcas famosas.

— Estão lhe tratando bem? – Ele ofereceu seu braço para que ela se apoiasse e pudessem ir andando.

— Estão sendo extremamente amáveis. – Ela se segurou nele e o perfume dele chegou até ela. Era amadeirado e agradável.

Além de vaidoso era cheiroso, e todas as qualidades possíveis que ela não imaginaria existir no sexo oposto, ele conseguia provar que podia.

— Ótimo. – Ele sorriu, adorando escutar aquilo. Porque se não estivesse, Richard com toda certeza iria trabalhar para punir o funcionário que não estivesse. – Acho que podemos ir.

— Já sim. – Ela sorriu e começou a andar ao seu lado. – Onde vamos essa noite? Pode me contar?

— Poder posso, mas saberá onde fica?

— Provavelmente não. – Ela respondeu, sabendo que não saberia mesmo. Mas não estava preocupada. Sabia que estava em boas mãos.

— Nós vamos jantar no The Northall. Fica há 15 minutos daqui de carro. Mas como estamos no verão, que são férias de muitas pessoas e com o trânsito, talvez mais. Fica próximo ao rio Tâmisa.  – Ele explicou enquanto saiam do grande hotel dando um aceno para o porteiro. – Espero que não ache ruim por não estarmos de limusine hoje.

O seu motorista particular cumprimentou Paola com um boa noite e abriu a porta traseira de trás do carro preto para que o casal entrasse.

— É claro que não. – Ela respondeu deslizando para o lado e dar espaço para que ele sentasse também. Para ela não havia problema algum, contanto que ainda estivesse de carro, pudesse jantar em um restaurante grã-fino, e continuasse desfrutando do hotel, não havia nenhum pingo de problema.

— Achei um certo exagero me buscarem no aeroporto de limusine, sabe? Acho que esse carro está mais do que suficiente. – Ele entrou em seguida dela.

— E porque o motorista? Você não sabe dirigir? Ou porque você é de outro país e não pode?

— Minha carta da Alemanha serve aqui também e já estou providenciando os documentos definitivos daqui, já que serei residente permanente. Mas respondendo de verdade a sua pergunta, a idade permitida para dirigir aqui, é 17 anos. Claro que eu posso dirigir. Mas aqui é mão inglesa e eu não consegui acostumar a dirigir no lado direito é um pouco estranho.

— Ah, compreendo.

— Pretendo tomar aulas antes de obter a minha carteira definitiva. – Richard passou o cinto e indicou para que ela fizesse o mesmo – Quer ouvir alguma música? Quer que ligue a rádio?

— Não. Estou bem assim. Prefiro conversar com você – Ela prendeu o cinto em volta de si e cruzou as pernas.

Ambos foram conversando sobre a linda paisagem da belíssima Londres e o que a cidade oferecia de melhor. Richard não tocou em nenhum assunto em particular, pois achou que fosse mais propicio para o jantar quando estivessem a sós sem a presença do motorista.

Assim que chegaram a Northumberland Avenue, Richard ajudou a Paola a sair do carro e a conduziu com sua mão masculina em suas costas para dentro do The Northall. Logo foram recepcionados pelo maître.

— Boa noite, os senhores têm reserva? – O maître questionou segurando a lista com nomes em mãos.

— Boa noite, temos sim. Sobrenome Listing – Richard colocou a mão no bolso da calça esperando e com a outra ainda pousada nas costas dela.

— Ah sim, Senhor Listing. Sua mesa já está à espera. Acompanhe-me. – O jovem funcionário de smoking caminhou a frente conduzindo-os ao restaurante.

— Esse local é enorme. – A boca da Paola havia formado um “O” perfeito. Sua admiração estava bem destacada em seus lábios.

— Um dos melhores restaurantes da cidade. – Ele parou a sua frente e segurou seus braços para ter sua atenção. – Bom.... Mas aqui vai a pergunta. Você quer ficar no térreo ao lado da janela no sofá, mas com pessoas em volta ou prefere no andar superior ali. – Ele apontou para a mesa acima da cabeça deles na qual era discreta e mais pessoal.

Paola olhou para suas mãos masculinas em volta de seus braços e sentiu as tão quentes, deixando uma sensação de formigamento no local, seu corpo estava se sentindo bem com aquele toque. Respirou fundo e olhou para ele tentando responde-lo sem indicar que algo havia acontecido a ela.

— O sofá parece aconchegante, mas o andar superior muito mais íntimo. – Seus lábios chegaram mais próximo dele, e a voz saíra sesual e baixa. Ela se afastou e sorriu apontando para cima – Eu prefiro jantar ali em cima.

Richard engoliu seco, com suas bochechas corando levemente por sua aproximação. Ele sorriu inibido e indicou com a cabeça para o maître que jantariam na parte superior do restaurante, e ambos seguiram as escadas acima.

Ele puxou a cadeira para que Paola sentasse e empurrou seu assento, para que ela se acomodasse e em seguida abriu os botões do seu paletó e se sentou. O garçom veio trazendo o menu para os dois esperando fazerem sua escolha. Ela olhou para o menu e para o Richard por breves minutos, e um pouco perdida.

— Algum problema? – Richard notava que ela estava confusa, seus olhos arregalados a entregavam. Mas não riu, pois sentia que Paola jamais havia pisado em um local como aquele e isso não tornava as coisas engraçadas. Era deselegante rir de uma dama que desconhecia algo.

— Você não vai escolher? – Perguntou abaixando a carta do menu para poder fita-lo.

— Vou sim, mas ainda estou pensando. Você pode pedir se já escolheu.

Paola fechou a carta de menu deixando de lado e o encarou. Com o cotovelo em cima da mesa apoiou o queixo em cima nas mãos.

— O que foi? – Richard ergueu a sobrancelha esquerda. Agora quem estava confuso era ele.

— Deixarei que escolha por mim, não quero que pense que eu sou abusada.

A estratégia de quem não estava ali só por dinheiro estava sendo plantada. Ela precisava fingir que não queria tirar aproveito, mesmo que não tenha disfarçado a alegria nas roupas novas.

— Eu te chamei para jantar e eu estou pagando. Quero que se sinta à vontade para pedir o que quiser.

Richard não estava entendendo porque ela se sentia desconfortável naquela situação. Ela havia aceitado a ajuda no hotel, um jantar era o de menos.

— Por mim tanto faz o que escolher, estará ótimo. – Ela voltou a abrir o menu. – Não tenho tanta noção dos pratos. Consegui melhorar meu inglês falando dia a dia com as pessoas, mas a leitura precisa melhorar mais.

— Tudo bem, eu te ajudo. Eu acho que você vai gostar de comer de entrada o Gazpacho. Não é tão forte e talvez você não estranhe tanto, porque a comida aqui para você deve ser bem diferente.

— Eu conheço o prato, mas parece que vem mais coisas do que um prato de gaspacho tradicional. – Para Paola era comum comer gaspacho em seu país quanto é normal para um brasileiro comer arroz e feijão. Naquela altura do campeonato, comer uma comida típica do lugar que veio seria muito mais que bem-vindo.

— Eles costumam mudar mesmo, mas pelo menos você está mais familiarizada. Agora se quiser comer o mesmo que eu....  Vou pedir um salmão defumado.

— Eu vou preferir o gaspacho com... – Sua boca entortou em uma careta para poder pronunciar o que estava escrito.

— Com melancia e azeite de oliva. – Ele a ajudou a terminar de ler o que estava escrito no menu. – Essa é a entrada, agora você precisa escolher o prato principal. Você pode escolher. – Ele apontou para os pratos em seguidas onde ela deveria olhar. – Eu vou pedir uma carne de porco com batata refogada na manteiga com salsa e cebola. 

Richard entregou o menu para o garçom que o elogiou pela ótima escolha.

— Eu não sei o que pedir, os nomes são desconhecidos e eu não entendo absolutamente nada. – Paola olhou para palavras confusas que estavam a sua frente. Não era tão difícil ler em inglês, mas ela não sabia nada de comidas e especialidades do idioma.

— Se você gostar de peixe, eu sugeria o filé de badejo assado. É carne branca e você deve gostar.

— Então é isso que vou querer – Ela entrega o menu ao garçom também.

— E traga-me o melhor vinho que tiverem – Avisou o garçom que fez menção com a cabeça, saindo discretamente. – Você gosta de vinho?

— Não sei. Nunca provei. Nos Estados Unidos não vendem bebidas alcoólicas para menores de 21 e eu nunca bebi. – Mentiu. Ela começou a beber muito cedo e no hotel estava amando estourar garrafas de champanhe.

— Sério? Quantos anos você tem? – Ele franziu o cenho e sua sobrancelha esquerda subiu.

— Eu estou com 17 anos. Faço 18 anos ainda final do ano. – As unhas batucaram a mesa. Era desconfortável revelar a alguém sua verdadeira idade. Ela sempre estivera pulando de um lado para o outro mentindo para as autoridades para continuar nos Estados Unidos, e ali com ele, as palavras simplesmente deslizaram. Aqui com qual idade é permitida beber?

— Bom.... Depende – Ele riu.

— Como assim depende? – Perguntou confusa.

— Para comprar bebida, você deve ter 18 anos. Porém, você pode consumir vinho, cerveja ou cidra em estabelecimentos como bares e restaurantes acompanhado de uma refeição ao 16 e 17 anos, mas a bebida deve ser comprada por um adulto. Eu sou adulto aqui. – Ele sorriu de forma larga e espremendo os olhos brincalhão. – Vai depender muito do local. Mas você pode beber aqui, não se preocupe. E não vamos beber para cair.

— E qual a sua idade? – Sua voz soou curiosa.

— Eu estou com 19 anos recém-formados, em maio. Acho que nós dois somos bem novos aqui. – Richard pegou uns dos pãezinhos em cima da mesa e partiu levando um pedaço a boca.

— Posso perguntar o porquê ligou para mim hoje?

— Eu fiquei com vontade de te ver. Gostei de você naquele dia da mala. – Ele colocou a mão em frente da boca porque a boca estava cheia.

— Gostou de uma desastrada?

— Você não é desastrada.  Você ainda não derramou nada na minha calça. – Ele sorriu e piscou brincando, relembrando que ela derramou agua em cima dele e ela riu discretamente abaixando a cabeça. – É normal se sentir nervosa como estava aquele dia. Eu também ficaria em seu lugar.

— Sorte que você estava lá, para mim.

— Acho que seria ao contrário.... Quer dizer.... – Ele pigarreou um pouco nervoso e elevou a taça de agua, que já estava posta a mesa assim que sentaram e bebeu. – Não me leva a mal, não estou achando bom que perderam a sua mala, é só que.... – Ele coçou a nuca – Desculpa.... – Ele bebeu a agua novamente.

— Bem, acha que deveria agradecer por eu ter comprado uma mala igual a sua? – Seus olhos se fixaram nos dele.

— Vou agradecer minha tia por ter me forçado a comprar. Ela nem sabe o bem que me fez.

— Sua tia te forçou? – Sua voz saiu em tom de espanto.

— Foi. Ela viu eu forçando o zíper da minha outra mala para fechar. – Ele riu disperso lembrando da cena. – Foi uma cena engraçada. Na verdade, ela me forçou a comprar porqu eu estava começando a ficar nervoso.

— Não gosta de carregar mala grande?

— Detesto, nada que tenha que levar muita coisa na mão. Só o necessário.

— Bom... Pelo o que parece, o necessário não coube na sua mala habitual. – Gracejou com ele.

Richard gargalhou com vontade ficando vermelho por ter sido pego em algo tão obvio.

— Você tem razão, mas isso tudo porque minha tia achava que nada estava bom e me aparecia com mais coisas para levar. Você sabe.... Mulheres quando fazem mala para viajar levam a casa inteira, nós homens só precisamos dos nossos itens mais básicos de sobrevivência. Como uma escova de dente e um barbeador.

— Então você realmente pretende viver aqui? – Ela o viu concordar com a cabeça – Porque decidiu isso?

— Eu decidi essa cidade porque eu amo Londres, adoro a Inglaterra. E vinha muito aqui passear em férias quando menino.  Sempre me senti bem aqui com as pessoas, a cultura e o ambiente. A sede da minha empresa está aqui, me facilita de quando surge um problema e também por questões pessoais.

— Se me permite perguntar, quais são as questões pessoais?

— Um antigo amor. – Ele encolheu os ombros e apertou os lábios.

Paola olhou para baixo e lembrou-se do Scott e por todo sofrimento que passou com ele. Ela por alguns momentos pôde entender o Richard e o seu sentimento.

— Desculpe por isso. – Não queria ter tocado no assunto. Pois aquilo desenterrava pensamentos dos quais ela queria matar de uma vez por todas.

— Tudo bem. Você não sabia. Mas eu estou otimista porque eu quase já não lembro mais desse antigo relacionamento. – Ele segurou a mão dela em cima da mesa e acariciou, e olhou fundo em seus olhos. Paola olhou um pouco em choque para suas mãos entre as dele. – Seus olhos são lindos. São Hazel.

— São o quê? – Perguntou como se ele falasse grego.

— Cor de avelã. São castanhos esverdeados. Verdes na parte externa da íris e castanhos ao redor da pupila. Em alguns momentos são verdes ou castanhos, dependendo do momento em que olha para a luz. São os olhos mais mal compreendidos por ser um dos mais raros. São lindos.

Ela desviou o olhar um pouco desconfortável por ele a olhar tão fundo daquela maneira. Todos sempre falavam que seus olhos eram verdes, mas a forma que ele descreveu mostrava que prestava muito mais atenção do que qualquer outra pessoa. Como se ele pudesse ler dentro de sua alma.

Era muito jovem, mas era mais gentil do que caras na idade de 30 anos que poderiam ter muito mais experiência e ser mais maduros. Só que não. Richard dava um banho de polidez. Prestava atenção em tudo em que conversavam e era sutil com as palavras. Se preocupava muito mais em respeitar seus gostos do que fazer os dele. Sem contar que na veia dele corria romantismo.

Ela respirou fundo e sorriu.

— Obrigada senhor Listing. – Era tudo o que poderia responder naquela circunstância.

— Me chame de Richard, não precisa soar formal comigo. Eu sou tão jovem. Ou eu tenho cara de velho?

— Você é lindo, muito jovem. – Ela correu para se consertar e explicar que não era aquilo que queria dizer. – Mas todos te chamam assim.

— Mas você pode me chamar pelo primeiro nome. – Ele olhou para trás e viu o garçom trazer as entradas e o vinho os servindo.

— Então Richard... – Ela pronunciou seu nome que o fez sorrir de imediato, adorando o sotaque dela ao pronunciar Richard. – O que gosta de fazer?

— Você se refere um hobby? – Ela concordou com a cabeça e olhou para seu prato. – Eu gosto de tantas coisas. Mais fácil perguntar o que eu não gosto. – Ele pensou cortando o peixe. – Eu malho, adoro caminhar cedo antes das minhas atividades diárias. Leio muito, vou a teatros. Toco piano e gosto de jogar golfe e polo.

— Se eu tivesse que escolher uma atividade sua para eu fazer, escolheria a caminhada. Não tenho tanta paciência para ler. Teatro eu até iria, SE.... Tiver a companhia certa. – Ela pegou a colher para provar o gazpacho.

— Espero que se anime em ir comigo.

— Eu estou gostando da companhia – Ela elevou a comida a boca e arregalou os olhos – É uma delícia. Muito diferente de onde eu vim, mas é muito bom.

— Que bom que gostou. Eu cheguei a pensar um momento que era melhor ter ido comer no McDonald’s, quando vi sua expressão assustada com o menu. – Ele riu seguido por ela que riu junto com vontade. Ali ele pôde ver que ela conseguia ser mais linda, quando sorria espontaneamente. Richard pegou a sua taça de vinho e a ergueu para ela brindar. – A nossas vidas que estamos recomeçando nessa cidade maravilhosa e a você.... Por ter aparecido em meu caminho.

Ela pegou a sua taça de vinho e ergueu na mesma altura que a dele e brindou encostando as duas taças.

— E a você que está sendo meu anjo da guarda me ajudando muito. – Ela sorriu elevando a taça aos lábios tomando um gole do vinho tinto, olhando para ele e pensando que o que ela estava brindando é o golpe que iria dar nele no futuro. – Posso arriscar que está me cantando agora?

Richard engasgou com a bebida e riu ao mesmo tempo que tossia. A sua mente na mesma hora veio o momento em que ela o xingou no aeroporto por pensar que estava a cantando.

— Espero que não esteja sendo rude com minhas atitudes e nem mesmo inconveniente. – Bateu no peito para recuperar o fôlego.

— Está sendo um doce, mas isso quer dizer que está? – Insistiu adorando deixar ele desajustado.

— Eu gostei de você. – Ele fala direto.

— Defina gostar.

— Achei você linda e interessante. Uma mulher corajosa por estar aqui e tentar arriscar a sua vida. Talvez até arriscar tudo o que deve ser de importante para você. Eu admiro isso.

Ela o encarou e posicionou a taça a mesa.

— Eu gosto de você, Richard. Não me leve a mal. Mas também te acho bonito, interessante, inteligente, educado e bem-dotado. Porque onde eu vou conhecer alguém que fala três idiomas, toca piano e golfe? Você é raro e eu também gosto de você como um amigo. – Ela sorriu tocando na mão dele. – “Rico, rico, rico e mil vezes rico” – Ela pensou gargalhando dentro dos próprios pensamentos.

— Espero que um dia possa me ver com outros olhos além do amigo que me vê. – Ele aceita o toque de suas mãos e a segura dando um beijo nas costas da mão delicada dela.

Paola elevou sua própria mão ao rosto dele acariciando e o polegar dedilhando o furo do queixo dele.

— Acabamos de nos conhecer, não vai ser tão rápido comigo. Tudo bem? – Se fazendo de difícil.

— Não estava pretendendo ser fácil, quero conquistar a sua confiança primeiro e seu respeito por mim. Não quero que pense que me jogo assim para qualquer mulher que eu converse em algum aeroporto. – Ele sorriu de canto de forma muito travessa e os olhos brincalhão. – Também quero estar certo se eu quero isso para mim. Não quero brincar com você.

— Você é um bom homem. “E ingênuo homem. ” – Ela pensou. Estendeu a mão para ele segurar – Amigos?

— Amigos – Ele segurou apertando a mão dela sem machucar e amando sentir a maciez.

— Eu gostei de você, é sério. – Ela continuou com seu teatro.

— Pelo menos tenho um ponto positivo. – Richard estava achando realmente que estava ganhando pontos pelo o que era. Mal passava pela cabeça que era puro interesse. Ele podia ser maduro para a idade, mas 19 anos de idade não lhe dava a sabedoria desses anos para poder ver a maldade que nela havia.

Jamais passaria pela sua cabeça que estava atraindo para sua vida uma pessoa interesseira e frívola.

— E qual acha que é?

— Eu não sei. – Ele encolheu seus ombros com um beiço que seus lábios formaram.

— Ah, chuta.

— Hummmm – Ele pensou – Talvez porque eu tenha conseguido te deixar no melhor hotel da cidade? Bem, se foi interesse, tudo bem – Ele brincou cortando um pedaço do salmão e comendo, chutando tão certo que fizeram Paola ficar branca igual papel, mas estava ocupado demais olhando o prato.

— É claro que não. – Ela riu nervosa com o rosto esquentando com medo de ter sido pega. – Mas tem haver quase com isso. Foi a sua ousadia de ajudar uma desconhecida sem saber os paradeiros dela. Ou seja, seu bom coração corajoso.

— Meu coração não poderia deixar você naquela condição. – Ele bebeu o vinho para ajudar a engolir a comida. – Percebeu que estamos falando só de mim? Eu quero ouvir um pouco de você.

— Não gosto de falar de mim. – Ela cortou um pouco ríspida sem perceber. – E então.... – Continuou – Você tem um ótimo coração, mas fica tranquilo. Não sou presidiaria e nunca cometi crime nenhum.

— Cometeu sim. O mais grave de todos. Você roubou meu coração. – Ele brincou. – Essa cantada é velha, não é?

— Um pouquinho. Mas não me leve para cadeia por isso. Não quero ser deportada para o México. – Brinca de vítima entrando na onda.

— Uma latina mexicana? Caliente. Eu gostei. – Seus olhos brilharam de mais admiração. – Nossa, que legal saber disso. – Sua empolgação em sua voz podia ser notada até mesmo quem não entendesse o idioma.

— Acho que já falei demais, não é? Viva Lo México. – Ela ergueu as mãos para o alto com elas fechadas e balançou enquanto olhava para cima, como se estivesse comemorando.

— Ah não. Me fala um pouquinho de lá. – Agora ele havia parado de prestar atenção na comida e dirigiu total sua atenção a ela. – Um pouco de você.

— Não tenho muito a dizer sobre mim. Somente o básico, eu nasci em Acapulco, vivi bastante tempo nas praias.

— Você deve sentir saudades de lá. E deve estranhar vir para um país tão frio. E seu país deve ser alegre e quente. Sinto até inveja de você por ter nascido lá. Me diz porque saiu de lá, por favor. Você uma hora fala dos Estados Unidos, mas nasceu no México. Eu fiquei confuso.

— Eu sinto falta do clima sim. Eu odeio frio. Tudo que seja gelado e úmido. Contudo, aqui é melhor do que lá. Mas não quero falar disso. Eu só quero esquecer de tudo que vivi até agora e começar do zero. Gostaria que não me perguntasse sobre o meu passado, pois quero muito esquecê-lo. – Na sua voz continha gotas de desespero. E notas de tristezas

Não adiantaria nada cutuca-la e força-la. Até porque estavam se conhecendo ainda. O melhor era ser sutil e ganhar confiança aos poucos. Era esse tipo de pensamento que passava na cabeça de Richard.

— Desculpa. Prometo não perguntar mais.

— Obrigada. Eu prefiro falar de você. Mas você vai me conhecer, vai conhecer a Paola Ortega. Ao seu tempo. Eu prometo.

— Saberei esperar com paciência.

— Obrigada. – Ela ficou aliviada. – E você é da Capital da Alemanha?

O que ela mais queria era poder tirar o foco de si e focar nele.

— Não, eu vim do interior da Alemanha, cidade pouco conhecida para as pessoas. Eu fui criado numa fazenda com meus tios dentro de uma família cristã. Eu levei uma infância bem simples e normal. Vendo o que sou agora, diria até que estou metido. – Ele zombou de si mesmo. – Meus tios acharam que seria importante que eu tivesse consciência de que o dinheiro não era tudo e ser humilde sempre.

— Bom, então eles devem estar orgulhosos de você agora. – Ela tomou um pouco do gazpacho e limpou a boca com o guardanapo. – Você fala dos seus tios e não fala dos seus pais. Porque? Você os odeia.... Eles não se importam com você?

— Não. Nada disso. Meus pais morreram quando eu ainda era um bebê. Não os conheci. – Sua voz era de pesar.

— Sinto muito. Eu.... Não queria ter falado aquilo. – Ela revirou os olhos por ter tocado naquele assunto. Ela tinha que tomar mais cuidado com as palavras proferidas. – “Paola, não seja imprudente. ”

— Tudo bem. Vamos deixar essas lembranças no passado. O presente é o foco.

Os dois jantaram provando da entrada e dos pratos principais. Richard era atencioso, educado e brincalhão. O jantar transcorreu bem desde do começo do prato que seria a entrada até a sobremesa. As horas passaram voando, e só se tocaram que era hora de ir embora quando o garçom veio avisar que em 15 minutos o restaurante fecharia.

Richard pagou a conta e assim que foram embora dali ele sentia que as coisas foram melhores do que imaginaria. No final das contas ela não o ignorou e foi atenciosa. E de longe ela era mais bonita sorrindo do que quando estava fechada e nervosa com ele no aeroporto. Mas não deixava de ser menos atraente por isso. Ao contrário, o jeito arisco foi o que tornou as coisas interessantes. Paola seria um desafio interessante como Scarlett O’Hara era para Rhett Butler.

Ela era uma delícia de mulher em todos os sentidos.

— Chegamos – Ele olhou para ela assim que o carro estacionou em frente ao Landmark. Segurou a rosa dela e a entregou para que ela não esquecesse.

— Melhor eu ir. – Disse pegando a rosa.

— Eu te acompanho até lá. – Ele abriu a porta saindo primeiro e ajudou-a a sair segurando em sua mão. Assim que ela ficou em pé ao seu lado, Paola abraçou os braços com as bolinhas de arrepio que apareceu em volta deles com o frio que sentiu. – Você está tremendo de frio. – Richard despiu seu paletó e a envolveu com ele e a abraçou ajudando entrar no hotel onde estava quente e aconchegante.

— Esse é o verão de vocês?

— Pois é – Ele riu. – Eu imagino que para você isso deva ser o inverno do México.

— Eu cresci numa praia, inverno não existe no meu vocabulário. Mas sim, é um vento frio para uma noite de verão. Eu não quero nem imaginar o Inverno como vai ser. Eu não estou preparada para suportar.

— Comigo você vai gostar. Sei preparar uma caneca de chocolate quente deliciosa. – Sorriu de canto e os olhos de soslaio para ela, que retribuiu o mesmo sorriso de canto.

Subiram pelo elevador até chegar em frente a suíte na qual ela estava hospedada.

— Acho que fico aqui. – Ela despiu o paletó dele e o entregou – obrigada por isso e pela noite maravilhosa que me proporcionou hoje.

— Eu que agradeço, eu me diverti muito com as nossas conversas e conhecer mais você. Espero poder te levar para sair de novo. Quem sabe no teatro dessa vez.  – Sugeriu animado.

— Para mim parece perfeito. – Ela ficou na ponta dos pés e o beijou no rosto. E com o cartão na bolsa ela retirou e abriu a porta. – Boa noite, me liga amanhã.

— Boa noite, não vou esquecer. – Ele suspirou assim que ela fechou a porta passando pelo lado de dentro, e um sorriso brotou de seus lábios passando a mão no local do beijo. Era doce e quente como uma brisa de verão.

Richard voltou para o elevador para ir embora com um sorriso bobo estampado na cara com a certeza de estar apaixonado.

Assim que a porta se fecha, o sorrisinho de menina apaixonada esvaece, dando um lugar um sorriso frio e de quem acaba de ganhar num jogo de sorte e azar. A rosa é atirada num canto qualquer e a partida do desafio começava. Onde um lado se machucaria e um lado sairia vitorioso.

E não mediria esforço, para atingir seus objetivos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Já podem indicar a fanfic :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cosmos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.