The Lost boy Returns escrita por MagnusChase


Capítulo 6
O amor da Morte




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696210/chapter/6

Annabeth pediu um sundae, enquanto Percy optou por comer um brownie. Os dois adolescentes haviam ido até um restaurante perto do píer, com vista para o mar. Eles começaram a comer suas sobremesas enquanto fitavam as ondas.

Finalmente, Annabeth retomou a conversa.

—Então, você acha que seu pai está envolvido com sonegação de impostos? –Ela perguntou cética. O garoto assentiu. – Acho isso pouco provável. Faria mais sentido se alguém estivesse tentando incriminar seu pai.

—Quem? E porque eles iriam querer fazer isso?

—A herança, óbvio.

Percy bufou.

—Não acho que ninguém seja tão escroto a ponto de tentar matar um garotinho por dinheiro. –Percy disse.

Annabeth revirou os olhos.

—É porque você é muito honesto e acredita demais nas pessoas. Uma das coisas que eu amo em você. –Ela respondeu. Percy corou. – Mas sério, precisamos contar a Ártemis.

O garoto negou.

—Não acho que seja uma boa idéia. Alguém vandalizou o quarto dela, estão tentando acabar com a investigação. É melhor não se meter nessa bagunça.

A garota loira o fitou incrédula.

—Você realmente não está nem um pouco curioso para saber quem está por trás disso?

—Não, de jeito nenhum. Só quero que tudo volte ao normal.

A garota ainda não parecia convencida, mas assentiu.

—E quanto à Atlas?

Percy hesitou. Havia contado a Annabeth sobre o homem, que se intitulava Atlas. Se os dois iam começar a namorar, não poderia haver segredos entre eles. Precisavam ser honestos um com o outro.

—Ainda estão procurando por ele, mas sem sucesso.

—Espero que encontrem aquele idiota. –Annabeth resmungou.

Quando terminaram de comer e Percy pagou pela refeição, eles foram andando de mãos dadas pelo píer, olhando os barcos navegarem pelo horizonte.

—-----------------------------------------------------------------

Atlas estava odiando à cadeia. Ele estava preso em um cubículo com quatro paredes, uma cama e um vaso sanitário.  Era tudo culpa de seu imenso orgulho.

Eu nunca serei pego, pensava. Eu jamais irei ser derrotado.

Mas no final do dia, era um completo idiota.

Estava no posto de gasolina de Montcaly, uma cidadezinha ao lado de Rockwell. Usando jeans e jaqueta grandes demais para seu tamanho e um boné ocultando o rosto, ele foi tentar roubar o carro de um palerma qualquer. Com uma arma na mão, se aproximou da janela do carro e ameaçou estourar os miolos do motorista se não saísse do veículo.

Mas mal sabia que esse palerma era um policial disfarçado.

O homem saiu do carro direitinho, mas antes que Atlas pudesse reagir, ele deu um chute de judô no estomago do criminoso e o jogou no chão. Puxou sua arma com uma mão e apontou para a nuca de Atlas, usando a outra para pegar suas algemas. Falou algo sobre direitos e advogados, e chamou reforços.

Quando deu por si, estava no banco de trás de uma viatura com o estômago latejando. E agora o trancaram nessa cela imunda.  Sabia que era só uma questão de tempo antes que descobrissem sua identidade e o mandassem de volta para Rockwell em um carro-forte.

Atlas cuspiu no chão com desgosto.

Se não tivesse aceitado aquele trabalho, não estaria fugindo para começar. Se nunca tivesse se metido com aquele canalha, nunca teria se encontrado com Jackson e jamais estaria preso ali.

Engraçado como as coisas funcionam, pensou sem humor.

Do lado de fora da cela de Atlas, na delegacia, o detetive Francis Rickson olhou para seu computador quando a máquina emitiu um barulho. Ele colocou seus óculos e olhou para a tela.

—Pelo amor de Deus, Mikael venha aqui!-Ele gritou para seu parceiro.

Mikael veio correndo com uma xícara de café na mão. Olhou para a tela e franziu a testa.

—Esse não é aquele fugitivo de que falaram naquela coletiva de imprensa? –Perguntou espremendo os olhos para ver melhor.

Francis Rickson pegou o telefone e começou a discar o número da delegacia de Rockwell. Órion atendeu a chamada.

—Detetive Órion aqui, em que posso ajudar? –Uma voz rouca disse do outro lado da linha.

—Encontramos seu fugitivo aqui na delegacia de Montcaly.

Silêncio na linha.

—Tem certeza?

—Sim, absoluta. Você vem buscá-lo ou...?- Francis perguntou.

—Não, mande um carro-forte transportá-lo para Rockwell. E envie vinte policiais para cobrir a transferência. – Órion ordenou.

Francis anotou num bloco.

—Entendido. Hmmm, ok. –Resmungou enquanto ouvia as instruções e anotava tudo. –E quem irá notificar o garoto de que seu seqüestrador foi pego?

Houve silêncio na linha de novo.

—Eu cuido disso. A detetive Ártemis irá avisar Percy e o trará para delegacia para que ele identifique Atlas. Falo com você depois, detetive Rickson. –Órion desligou.

Uma hora depois, após ter trazido um caminhão do estacionamento, os guardas foram buscar Atlas.

—Vieram me interrogar de novo?-Atlas disse com desprezo.

—Cale a boca e se comporte, Enox. –O guarda respondeu no mesmo tom.

Prenderam correntes em seus tornozelos e pulsos, o sentaram no banco esquerdo do caminhão e amarraram as correntes na parede do veículo. Colocaram quatro policiais armados no banco com ele. O motorista ligou o carro e começou a dirigir até Rockwell, sendo escoltado por cinco viaturas.

—--------------------------------------------------------------------------

Poseidon bateu na porta do quarto de Leo.

—Entre. –O garoto respondeu.

Ao entrar no aposento, o pescador deu uma olhada em volta e não ficou muito impressionado com o que viu. Exceto pela cama e outros móveis, a única adição ao quarto era uma bancada que percorria toda a parede. Havia ferramentas, pedaços de metal e máquinas estranhas descansando em cima da bancada.

Leo estava desenhando planos em um caderno, e olhou para cima quando Poseidon se aproximou.

—O que posso fazer por você, Tio Poseidon?-Ele sorriu amigável.

Poseidon pegou a sacola que carregava e de dentro dela tirou um laptop de última geração. Os olhos do garoto se arregalaram quando ele viu o equipamento.

—Cara, onde conseguiu isso?

O pescador riu com o entusiasmo dele.

—Conheço algumas pessoas. Tome, é seu. –Poseidon estendeu o laptop para Leo.

O garoto ia pegá-lo, os olhos brilhando com cobiça, mas então parou com a mão no ar e olhou com suspeita para seu tio.

—O que preciso fazer? Você não me daria um laptop novo sem pedir algo em troca.

Poseidon pareceu envergonhado.

—Olha, eu ouvi falar que você é um bom hacker, certo?

Leo pareceu surpreso por alguns segundos, mas então seu peito inflou de orgulho.

—Não sou bom. Sou o melhor de toda a Califórnia.

—Ótimo, porque eu preciso da sua ajuda. Preciso que você entre na Internet e encontre todos os vestígios de uma empresa chamada Peixe Tech. E preciso que você esconda ou apague esses vestígios.

Leo pensou. Geralmente ele era um hacker da paz, seu objetivo era espalhar conhecimento e saber, não destruí-lo. Jamais iria atacar um site, a não ser que seja para tornar algo público.

O que Tio Poseidon estava lhe pedindo era justamente o oposto do que ele fazia. Poderia mandar outro hacker fazer o trabalho, mas tinha a impressão de que o pescador não queria que ninguém mais soubesse sobre aquilo.

—Porque? –Leo o questionou.

Poseidon suspirou.

—Alguém criou uma empresa ilegal em meu nome, e ninguém acreditaria em mim se dissesse que sou inocente. Nem meu próprio filho. –Falou desapontado.

Leo assentiu hesitante.

—E quer que eu encubra isso?

—Posso te dar o que quiser. Só me diga seu preço. - Poseidon falou com um ar cansado.

—Um terço das suas ações vai para meu pai. –Leo falou sem hesitar.

Poseidon rangeu os dentes.

—Um terço é muita coisa.

—Esse é meu preço. Meu pai não ganha nem metade do reconhecimento que ele merece, e você pode ajudá-lo. –Leo sorriu.

Depois de alguns segundos pensando, Poseidon estendeu sua mão para Leo.

Os dois apertaram as mãos, concordando.

—----------------------------------------------------------------------------

Ártemis se sentou do lado de seu parceiro, ofegando. Órion levantou os olhos da pasta que estava analisando e olhou para ela. A Caçadora estava toda suada, provavelmente havia corrido até a delegacia para falar com ele.

—Estive procurando por você. –Ele falou.

—Eu também. Sabe o atirador do parque? –Ártemis perguntou para ele. Órion assentiu. –Confessou, e temos sua identidade.

—Sério mesmo?

—Seu nome é Andrew Bezollini. Disse que uma pessoa ligou para ele contratando-o para matar Percy Jackson. Bezollini tinha câncer, nada a perder e uma família para sustentar, então concordou com o trabalho. A pessoa que ligou para ele tinha uma voz alterada, como a mesma pessoa que ligou para mim e Atena.

Órion coçou o queixo, pensativo.

—Porque ele confessou agora?

—Medo de ir para a cadeia. Eu disse que faria um acordo com ele. -Ártemis explicou. –Agora que sabemos seu nome, quero saber mais sobre o passado de Bezollini, ver se ele e Atlas tem alguma ligação.

A Caçadora parou para respirar, e teve uma conclusão.

—Sabe o que isso significa? Esse cara, o da voz alterada, ele é a chave para saber a resposta de tudo isso!

—Posso contar minhas novidades agora? –Órion pediu.

A Caçadora assentiu.

—Pegaram Atlas, estão trazendo ele agora mesmo.

—Não brinca.

—Juro por Deus. O encontraram em uma cidadezinha próxima e estão o trazendo enquanto conversamos. –Órion constatou.

Artemis sorriu pela primeira vez em dias.

—Beleza, estamos próximos de resolver essa coisa toda.

Órion assentiu.

—Vou começar a procurar o histórico do atirador. Mando te chamar quando encontrar algo.

Quarenta minutos depois, o policial chamou sua parceira de novo.

—O que conseguiu? –Artemis perguntou com pressa.

—O idoso italiano trabalhou como contador para a família Olympus por doze anos. Ele e Atlas ambos trabalhavam para um membro da família. Atlas para Atena e Bezollini para Poseidon Olympus.

Artemis hesitou. Lembrou-se da voz dizendo a ela: deveria olhar nos negócios de Poseidon. 

Não fazia sentido. Porque Poseidon iria querer incriminar a si mesmo? A menos que alguém estivesse tentando incriminar o pescador, e ele não tivesse nada a ver com isso. De qualquer forma, teria que falar com Poseidon para esclarecer alguns pontos.

Não queria, amava Poseidon como um irmão e sabia que ele jamais seria capaz de algo assim.

Mas o dever vinha primeiro.                 

—---------------------------------------------------------------                      

Hades estava sentado em seu escritório com um copo de bebida na mão, e seu laptop em cima da mesa de centro.

Seus planos estavam dando certo.

O Garoto da Morte odiava seus irmãos, mas cuidava deles. Ele havia contratado Atlas para assassinar aquele maldito garotinho, mas o criminoso havia se apiedado dele e o mantido em cativeiro por tantos anos.

Hades tinha certeza de que ele estava morto. Chorou lágrimas de crocodilo por Percy, lamentou junto com Poseidon e consolou Sally. Mas então, Atlas apareceu rastejando de joelhos e pedindo perdão por não ter ouvido Hades.

Me ajuda Hades, ele havia dito. Implorado, até.

 Hades havia olhado para Atlas como alguém olha para uma barata. Mas mandou o velho Bezollini para matar Percy no parque, só para ter certeza de que não haveriam mais falhas. E o maldito sobreviveu.

Tudo culpa de Ártemis.

E quando a enxerida Caçadora começou a chegar perto de mais, ele tentou interferir com uma pequena ajuda de Hera e Dionísio, claro. Não entendia o que havia apoderado a Rainha e o Bêbado para irem socorrê-lo, mas não estava se queixando.

Os dois haviam se livrado de provas valiosas, e Hades agradecia eles por isso. O Garoto da Morte havia tentado avisar Ártemis, havia tentado colocá-la na direção certa ao incriminar Poseidon, mas A Caçadora ou era esperta demais, ou muito lenta.

Tinha raiva de sua família, daquelas crianças choronas e idiotas. Tinha ódio de seus irmãos, principalmente. Zeus andava pela casa como se fosse dono do mundo, com seu ternos caros e seus carros de luxo.

Poseidon era humilde, mas um palerma na mesma medida.

Era legal com todo mundo, tirava sarro de todos e gostava de qualquer um que fosse honesto o suficiente.

Fraco, era isso que Poseidon havia se tornado.

Hades queria a fortuna, a fama e o luxo de viver como um rei. E a única forma de conseguir isso era se livrar de Percy, para poder ganhar a parte de Poseidon. E se o pescador se recusasse, só iria precisar de alguns clicks em seu computador para tornar os impostos públicos. Poseidon iria para cadeia e seria o fim daquele idiota.

Quem iria acreditar nele? Nem Percy acreditava nele.

Mas porque não se livrar dos Grace?, Hades havia pensado.

Havia sempre aquela possibilidade, se livrar de Thalia e Jason e ficar com o dinheiro de Zeus. Mas os motivos do Garoto da Morte não eram apenas por ganância, mas sim por vingança.

Ele queria Sally.

Sally, a mulher mais calorosa e gentil que jamais havia encontrado. Mas seu irmão com cheiro de peixe podre havia a encontrado primeiro.

Eles haviam se apaixonado, casado e até tido um filho juntos. E a alma de Hades morria a cada dia que se passava sem Sally do seu lado.

Ele ainda se lembrava da primeira vez que a viu. Na festa de Zeus, usando aquele vestido azul que a fazia parecer como uma princesa. E quando ia tomar coragem para levar a Sally uma bebida, quem ele encontrava conversando com sua amada?

 Poseidon.

Fazendo-a rir e corar, enquanto Hades assistia tudo com uma fúria assassina no coração. Para ter o amor de sua vida ao seu lado, precisava se livrar de Percy e Poseidon, e ganhar um dinheiro no meio do caminho não seria tão ruim assim.

O barulho emitido pelo seu laptop o trouxe de volta ao presente. Ao olhar para a tela, viu que todos os arquivos sobre Peixe Tech estavam abertos.

Hades franziu a sobrancelha.

Ele não havia aberto nada, então o que...? Se deu conta do que estava acontecendo tarde demais. Antes que pudesse chamar a ajuda de seu hacker contratado, um aviso pop-up apareceu na tela.

Olho por olho, dente por dente, o aviso dizia.

Hades fechou os punhos com raiva.

O vírus começou a destruir os arquivos, deletando tudo que poderia ser futuramente usado contra Poseidon. Todas suas provas, evidências e material de chantagem haviam sumido.

Só restava uma imagem na tela do computador, uma caveira feita de algarismos, com os dizeres: VOCÊ PERDEU.

Hades se levantou tremendo de raiva. Ele pegou o computador e o jogou de forma brutal no chão, pisando em cima e pulando nas teclas. Quebrou a tela com seu pé, espalhando vidro e letras de teclado por todo o chão.

Não havia vontade maior do que marchar no quarto de Leo e espancar aquele moleque até que ele ficasse roxo, mas tinha que se controlar. Hades era imbatível. Ele não fazia erros ou falhava, e não seria agora que iria mudar de atitude.

Decidiu que teria que matar Percy Jackson ele mesmo. Havia confiado Atlas e Bezollini tarefas difíceis demais. Havia o velho ditado: se quer algo bem feito, faça você mesmo. E era isso que Hades planejava fazer.

Podia ser só o vento ou coisa de sua cabeça, mas Hades podia quase jurar que ouvia Leo rindo do quarto dele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Lost boy Returns" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.