The Lost boy Returns escrita por MagnusChase


Capítulo 4
VOCÊ Morreu




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Percy ainda estava no hospital quando sua família veio visitá-lo. Eles trouxeram flores e barras de chocolate para ele. O quarto estava um pouco abarrotado pela quantidade de pessoas mas ninguém reclamou.

—Como está se sentindo? –Apolo perguntou quando entrou no quarto vestindo seu jaleco de médico.

Percy meneou a cabeça.

—Meu ombro ainda dói, mas me sinto melhor. –Ele confessou.

—Isso é bom. Você precisará tomar antibióticos por alguns dias, mas poderá sair do hospital e ir para casa amanhã. –Apolo sorriu para seu paciente.

—Posso perguntar algo? –Hazel disse.

—Claro, pergunte.

—Como anda a investigação de Tia Artemis?

Leo, que passou boa parte do dia observando Hades, viu que ele tirou os olhos da tela de celular e começou a prestar atenção.

Apolo hesitou.

—Eu não posso dizer nada já que é coisa da polícia, mas da última vez que falei com minha irmã ela parecia bem animada com algo.

O quarto mergulhou em um silêncio enquanto pensavam sobre aquilo. Isso significa que Artemis estava fazendo algum progresso nessa história maluca.

Havia passado menos de uma hora quando Artemis entrou no hospital acompanhada por dois policiais de seu esquadrão.  Ela foi até o balcão e sem dizer uma palavra, mostrou o distintivo para a enfermeira.

—Em que posso ajudar?

—Me leve até o quarto de Percy Jackson.

Enquanto eles passavam pelos corredores à procura do quarto certo, Artemis ficou perdida em seus pensamentos e se pôs a decidir o que faria em seguida. Nos dias em que Percy estava se recuperando, o resultado das impressões digitais recolhidas no abrigo da floresta havia saído.

Eles colocaram a amostra no sistema que iria procurar uma combinação na penitenciária de Rockwell e no Departamento de Trânsito. Se o suspeito tivesse ficha na polícia ou um veículo, eles descobririam sua identidade. O resultado havia voltado com um nome e uma foto: Atlas Enox. A foto o mostrava com um corte de cabelo militar, furos no rosto e dentes amarelados.

Artemis quase pulou de alegria quando recebeu a foto. Finalmente, estavam chegando a algum lugar. A ficha criminal de Atlas era de sete crimes nos últimos dez anos. Três vezes por roubo, duas por porte ilegal de armas, uma por agressão e uma por dirigir alcoolizado.

Órion havia assobiado quando viu a lista de crimes.

—Nossa! Sujeito simpático, não? –Órion havia dito com sarcasmo.

A teoria de Artemis é que quando Percy fugiu, Atlas tentou limpar todos suas digitais – muito mal-feito – e fugiu de Rockwell. Mas só por precaução, Artemis havia mandado Órion e uma equipe ir atrás do apartamento dele para ver se ele estava lá.

Mas não era essa a razão de porque Artemis estava no hospital. Ela fez algumas ligações por Rockwell e descobriu que Atlas só tinha tido um emprego nesses últimos doze anos. E quem melhor para responder suas dúvidas do que a chefa de Atlas?

A enfermeira abriu a porta e permitiu que os oficiais entrassem.  Artemis constatou que Percy, os sete, os primos e os pais estavam sentados conversando. Muita gente, mas A Caçadora decidiu que seria melhor assim.

—Oi, Tia Artemis? Veio pegar meu depoimento? –Percy perguntou inocente.

Artemis sorriu.

—Não, Percy. Não vim aqui por você.

—Oh. E por quem veio então? –Zeus perguntou.

—Atena. –Artemis respondeu.

A arquiteta pareceu surpresa.

—Minha mãe?-Annabeth questionou confusa.

—Nada sério, mas preciso conversar com sua mãe lá na delegacia. Ela é uma testemunha substancial e preciso fazer algumas perguntas.

Atena se levantou com o rosto vermelho.

Os dois policiais a acompanharam para fora do quarto hospitalar, mas Poseidon chamou a atenção de Artemis.

—Posso falar com você lá fora por um segundo? –Ele perguntou.

A oficial concordou. Quando fecharam a porta atrás deles, Poseidon se virou para ela preocupado. Artemis fez um sinal para que os oficiais levassem Atena, e ficou sozinha com Poseidon.

—Você está tomando cuidado, certo?

Artemis franziu o cenho.

—O que quer dizer com isso? Eu sempre tomo cuidado.

Poseidon riu.

—Não foi isso que quis dizer. Olha, do jeito que essa investigação anda indo, os culpados irão fazer de tudo para acabar com esse caso e...

—Você está preocupado comigo.

Poseidon não respondeu. Artemis meneou a cabeça e apertou a mão de seu parente favorito.

—Eu seu cuidar de mim mesma, Poseidon. Se quiserem que eu desista do caso vão ter que passar por cima do meu cadáver.

Poseidon suspirou.

—É isso que eu tenho medo.

Artemis sorriu, deu um abraço nele e saiu.

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Ares estava na academia de boxe, em seu escritório. Era um lugar pequeno e encardido que só tinha espaço para uma mesa e duas estantes com uma televisão, mas ele gostava do escritório mais do que a Mansão Olympus. Ali era um espaço sem seus parentes irritantes.

Do lado de fora do escritório, os treinadores incentivavam enquanto os lutadores socavam, chutavam e mordiam uns aos outros no ringue.

Ares pegou o jornal Rockwell Daily, e viu que a matéria principal lia: Percy Jackson, de volta dos mortos, leva tiro de suspeito e retorna ao hospital.

De volta dos mortos? Aí é exagero. Os jornalistas gostavam de exagerar mesmo e Ares se pegou pensando no que Hermes estaria dizendo em seu canal. Dono de várias redes de televisão, jornais e rádios, Hermes controlava a mídia de Rockwell.

Ele adorava uma polêmica e não fazia nada para impedir os repórteres de destruir a reputação da família. Na verdade, provavelmente estava se rachando de rir enquanto isso acontecia. Ares ligou a televisão e se viu na frente do hospital, com um jornalista de meia-idade apresentando uma nova reportagem.

—...ela foi levada a delegacia para questionamento. Não sabemos ainda porque Atena Olympus é considerada uma testemunha, mas tudo leva a acreditar que tenha algo a ver com o caso Olympus.-  O repórter ia dizendo.

Ares fitou a televisão com choque.

Atena estava envolvida nessa maluquice? Agora era o momento em que ele perdia a fé mesmo. Atena tinha integridade, Ares podia não gostar do estilo dela – toda certinha e honesta – mas quando ela prometia algo, ela entregava. Isso era honra.

A televisão mostrava a detetive Artemis levando Atena pelo braço até a viatura, com câmeras tirando fotos e filmando tudo. O lutador ficou imaginando no que aquela arquiteta havia se metido. Então se deu conta de que não era seu negócio saber e voltou a ler o jornal. Quando estava terminando de ler a seção de esportes, ouviu uma batida na porta.

—Entre. – Disse.

Hermes, vestindo seu terno bem ajustado, entrou com um sorriso no rosto.

E falando no diabo, Ares pensou.

—O que você quer?- Perguntou grosso.

—Ora, meu querido parente, só queria uma opinião de gosto. -Hermes disse, puxando uma cadeira e se sentando.

—Minha opinião é que essa academia é meu território e eu venho aqui justamente para fugir de vocês, malucos. –Ares disse.

Hermes sorriu.

—Que opinião mais gentil. Eu estava pensando em fazer um documentário sobre a família Olympus, o que acha?

Pensando nisso depois, Ares não entendeu o que havia acontecido com ele. Ares sentiu a temperatura subir, e conseguia ouvir o sangue circulando pelo ouvido. Hermes continuava falando e fazendo gestos com as mãos, mas Ares não deu atenção para o que saía da boca dele.

Levantou-se rápido, pegou Hermes pelo colarinho e o prensou contra a parede da sala. Hermes bateu as costas com força na parede, e perdeu o ar.

—O que...?-Começou a perguntar, surpreso.

—Se você fizer um documentário sobre nossa família, juro que te quebro inteiro. –Ares disse, rangendo os dentes.

Hermes arregalou os olhos.

—E-eu n-não...-Gaguejou ele.

—Fora. Fora! –Ares gritou, e empurrou seu parente para fora da sala, batendo a porta atrás dele.

Ficou sozinho no escritório, respirando fundo. Um documentário? Que idéia mais idiota, porque eles iriam querer ver todos os podres e erros da família exibidos em tela de cinema? Hermes era ganancioso e dormia sonhando com sacos de dinheiro.

Ares respirou fundo mais uma vez, voltou a se sentar.

Pegou o jornal novamente.

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—Aquilo foi tão humilhante. Na frente de toda nossa família, na frente de minha filha! –Atena bufou.

Artemis não respondeu.

As duas estavam na sala de interrogatório, uma sala cinza com só uma mesa de metal e duas cadeiras também de metal. Havia um espelho cobrindo a parede inteira, e do outro lado do espelho, Órion assistia o interrogatório.

Artemis pegou uma pasta e colocou em cima da mesa, olhando para Atena.

—Nós não a prendemos. Você é só uma testemunha.

—Você acha que os jornalistas irão acreditar nisso? Minha reputação está em jogo. –Atena falou irritada. – Eu sei meus direitos, vocês só podem me prender por 48 horas.

Artemis sorriu.

—Na verdade, isso seria se você tivesse sido presa. Repetindo, você é só uma testemunha então podemos manter você aqui o tempo que quisermos.

Atena bufou de novo.

Artemis pegou uma foto de Atlas e colocou em cima da mesa.

—Você sabe quem é esse homem? –Ela perguntou.

Atena olhou para a foto, e ficou pálida. A Caçadora notou essa mudança, enquanto Atena hesitava para responder.

—Não minta para mim, Atena.

A arquiteta assentiu.

—Eu o conheço, trabalhou para mim anos atrás.

Artemis verificou o papel que trazia na mão.

—Como seu... Investigador privado?- Perguntou.

Atena fez que sim.

—O que ele investigava?

Atena não respondeu. Encarou sua parente com raiva, por expor ela a esse ridículo. A Caçadora suspirou.

—Essa é uma investigação de seqüestro, abuso e agressão. Você pode me contar a verdade e levar uma pena leve, ou ser indiciada como cúmplice. –Artemis explicou com calma.

Passaram-se vários minutos sem Atena dizer nada e quando Artemis estava prestes a desistir e se levantar da cadeira, ela começou a explicar.

—Eu o contratei para investigar outras companhias de arquitetura para mim. Ele era um espírito livre, cumpria o objetivo, mas usava métodos que eu não aprovava. Então o demiti e não ouvi mais falar dele.

—Investigar outras companhias? Atena, isso é espionagem industrial. É crime.- Artemis falou, arregalando os olhos.

—Eu sei, eu sei. Fiz muitas coisas da qual me arrependo, mas não tenho quase nada a ver com o desaparecimento de Percy.

—Quase nada?

Atena mostrou uma expressão culpada. Ela parecia que tinha um grande peso em suas costas.

—Eu não o contratei se é isso que você está insinuando.

—Não insinuei nada. Quem o contratou? –Artemis disse, pegando seu bloco de anotações.

—Não sei. Recebi uma ligação de um telefone público, dizendo que queriam contratar Atlas para um projeto de campo. Só queriam o contato dele, então eu dei o número de Atlas. Antes que me pergunte, não sei o nome da pessoa que me ligou, a voz estava distorcida como aqueles aplicativos de celular. –Atena disse.

Artemis anotou tudo isso. Ficou curiosa, então decidiu perguntar.

—Quando foi que você percebeu? –Perguntou.

Atena mexeu em suas mãos, nervosa.

—Duas semanas depois de Percy desaparecer. Eu liguei para Atlas para mandá-lo buscar suas coisas no prédio, mas ele não atendeu. Foi quando liguei os pontos, e me dei conta do que havia feito. Não existe um dia que vá sem que eu me arrependa de ter atendido aquela ligação. –Atena confessou.

Artemis concordou.

—Olha, nós não podemos abafar isso porque eu posso perder meu trabalho e aí nós duas vamos ficar em problemas. Mas, consigo falar com um juiz para lidar com isso de forma discreta. Você será acusada com uma multa por espionagem, uns 10 milhões, mais ou menos. Mas desses 10, você só paga 20%, então acho que não tem problema.

Atena meneou a cabeça, e concordou com a proposta.

—Só tenho mais algumas perguntas para você, e então pode ir. Primeiro, sabe quem é esse homem? –Artemis perguntou, mostrando a ela uma foto do atirador do parque.

Atena franziu a testa.

—Nunca o vi na minha vida. E eu geralmente sou boa com rostos e nomes.

—Muito bem. Segundo, qual é o número de Atlas?

Atena deu o número.

—Muito bem, você pode ir. Falo com você depois.

Quando ela saiu, A Caçadora se encontrou com seu parceiro em sua mesa.

—Então, alguém contrata Atlas para seqüestrar Percy? E Atena foi quem providenciou o contato? – Órion perguntou.

—Ela não sabia o que estava fazendo. Foi só depois que Percy sumiu que descobriu o que havia feito. –Artemis a defendeu. – E eu não acho que tenham mandado seqüestrar Percy. Porque manter ele preso por tanto tempo? E se não queriam matá-lo, onde o atirador entra nisso?

—Então qual é sua teoria, ó Grande Caçadora?-Órion zombou.

—Acho que alguém mandou assassinarem Percy. Atlas se apiedou do garoto e viu uma oportunidade para jogar seu jogo doentio com ele, o mantendo em cativeiro. Não contou para o chefe que Percy estava vivo. Quando o garoto escapou, foi correndo para o chefe com o rabo entre as pernas, e este mandou o atirador matá-lo porque não confia mais em Atlas.

Órion ficou em silêncio por vários segundos.

—Caramba, não é a toa que é a melhor oficial do esquadrão. –Órion falou, impressionado.

Artemis riu.

—E agora, qual é o próximo passo? –Seu parceiro perguntou.

—Primeiro, ligue para Atlas e veja se consegue rastrear o telefone. Segundo, precisamos transferir o atirador idoso para a penitenciária Rockwell até que seu julgamento comece. E terceiro, comprar mais café.

Artemis foi comprar café enquanto Órion cuidava do telefone e do atirador.

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Leo entrou em seu laptop na sala de espera do hospital. Eles haviam sido mandados para fora, porque segundo a enfermeira, Percy precisava de seu sono de beleza. Leo entrou na Deep Web como Tocha, seu codinome.

Um aviso pop-up apareceu em sua tela, como aquelas propagandas online. Mas esse aviso chamou a atenção de Leo.

Alguém aí interessado no caso Olympus? Toda a América está falando desse assunto. Clique aqui para mais informações.

Leo pensou. Será? Parecia fácil demais. Mas ele estava interessado e poderia ser um hacker experiente que entrou no departamento de polícia e conseguiu dados importantes. Leo não tinha nenhum dado atual porque Artemis, a chefe do caso, nem usava computador. Ela escrevia todos os relatórios a mão.

A coisa sobre hackers é que eles conheciam todo mundo. Pessoas dispostas a fazerem tudo por dinheiro. O hacker em si não saía de casa, mas mandava outras fazerem coisas em seu lugar. Então, o cara – ou mina – que criou o pop-up, poderia ter informações valiosas.

E Leo não estava preocupado. Ele tinha o melhor sistema de defesa que qualquer internauta poderia querer. Clicou em mais informações.

Nesse momento, sua tela ficou negra e uma caveira verde feita de algarismos apareceu em sua tela.

—Não, não...-Leo gemeu.

A caveira começou a piscar,e duas palavras apareceram embaixo dela: VOCÊ MORREU. Como nos videogames antigos.

Leo enterrou a cabeça nas mãos, desesperado.

Jason e Piper encontraram seu amigo assim, quando voltaram da cafeteria. Eles se entreolharam.

—Algum problema, Tocha? –Piper perguntou.

Somente Piper e Jason estavam autorizados a chamarem Leo assim.

Leo olhou para seus amigos e mostrou a tela do computador.

—Vírus? –Jason franziu o nariz. –Intencional ou acidente?

Leo colocou uma expressão no rosto que daria medo até em Hades. Especialmente em Hades.

—Intencional. –Ele rangeu o os dentes.

—Foi mal, Tocha.

—É, cara, sentimos muito. - Jason falou.

Leo assentiu. Mas não estava pensando no quanto teria que pagar em um laptop novo que fosse bom para hackear outros computadores – talvez duas mil pratas. Ou em quem foi o maldito hacker que conseguiu passar ileso pelas suas defesas, sem deixar nenhuma assinatura – você tinha que ser muito bom.

Não, Leo estava pensando em vingança. Ainda não havia provas de quem havia sido responsável por esse cyber ataque, mas Leo iria descobrir. E quando descobrisse quem foi que destruiu seu bebê e fez do Tocha uma piada, ele iria destruir essa pessoa sem misericórdia.

Pediu emprestado uma caneta, e começou a rabiscar futuros planos em um guardanapo.


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