A Assassina e o Alquimista escrita por Lilás


Capítulo 7
A novata


Notas iniciais do capítulo

Olá! Voltei no dia marcado. A próxima atualização deve sair na SEXTA como foi dito.



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— Generala Armstrong falando – o general Mustang ouviu a voz dura de uma mulher do outro lado da linha.

— Olhe só – Mustang deu uma risada debochada e recostou-se na cadeira – Estou falando com o próprio capeta sem ter feito nenhum ritual.

— Poupe-me de suas piadinhas sem graça, Mustang – a general Armstrong retrucou – Estou ligando apenas porque é necessário. Fui transferida temporariamente hoje cedo para a fronteira leste de Amestris para checar a passagem do deserto para Xing. Parece que o novo Imperador de Xing está tendo problemas com alguns baderneiros.

— Sim – Mustang concordou, mais sério – Estamos auxiliando na reunificação do país. Eu estava cuidando da reconstrução de Ishval, mas voltei ao meu antigo posto por uns dias por causa do casamento de Edward Elric – deu um sorrisinho discreto – Serei um dos padrinhos.

— Até aquele moleque vai se casar e um inútil como você não consegue arranjar uma noiva – e antes de Mustang retrucar, ela completa – Deixei o Miles cuidando de tudo para mim em Briggs e trouxe alguns dos meus homens. Trouxe o Falman também e estou o enviando para aí. Espero que ele lhe seja útil.

— O Falman é um ótimo subordinado – Mustang diz – Ele sempre é útil.

— Ótimo. Então, estamos acertados – e desligou o telefone, sem nem ao menos se despedir.

Mustang não se preocupou com a indelicadeza da generala Olivier Armstrong. Na verdade, já estava acostumado com o seu jeito. Estava era feliz com a notícia do retorno de Falman. Sempre era bom ter a maior quantidade de pessoas de confiança por perto. Minutos após o telefonema, Falman se apresentou em sua sala.

— É um prazer revê-lo, capitão Falman – Mustang sorri, após Falman bater continência.

— Em que posso ser útil, general? – Falman retribui o sorriso.

— Bom – Mustang põe a mão no queixo e completa com um sorrisinho maldoso – o que acha de fazer um trabalho de babá?

— BABÁ?!! – Falman arregala os olhos.

********************************

Havoc, Breda e Fuery não sabiam mais como prosseguir o treinamento. Depois de explicarem a rotina do quartel e Riza Hawkeye dar uma pequena aula do tipo de armamento utilizado no exército, o grupo de confiança do general Mustang levou a nova subtenente Akame Elric para a área de treinamento do exército. A novata estava praticamente irreconhecível com o uniforme azul do exército e os longos cabelos negros presos em um coque apertado.

Fuery sugeriu a Akame mostrar primeiro suas habilidades com a espada e Havoc se voluntariou em enfrentá-la. O problema é que a nova subordinada era, na própria definição do Havoc, “o diabo com uma espada” e infligiu uma derrota humilhante em seu superior. Pelo menos, Havoc poderia usar a desculpa de que ainda estava em processo de recuperação. Afinal, há uns anos atrás, ele havia ficado paraplégico em uma luta com um homúnculo.

Na área de treino de tiro, Riza e Breda instruíram à recruta o modo certo de usar as pistolas e lhe entregaram um fuzil M14 para que acertasse nas miras posicionadas do outro lado do campo.

— CAPITÃ HAWKEYE – Mustang grita por cima do barulho de tiros e seus subordinados imediatamente interromperam o treinamento – O capitão Falman veio juntar-se ao grupo – indicou o homem atrás dele e dirigiu-se a Akame – Subtenente Akame, nós fomos designados a cuidar de seu treinamento e, além disso, somos amigos dos irmãos Elric. Pode confiar totalmente em cada um de nós. Todos aqui são meus homens de confiança – e acrescenta com um meneio de cabeça – Com exceção da capitã Hawkeye que, no caso, é uma mulher.

— Sim, senhor – Akame aprendeu a bater continência.

— Falman – Mustang chama – Pode começar e... Capitã Hawkeye, tem um minutinho?

Os dois se afastam um pouco do grupo até uma distância em que eles ainda poderiam vê-los, mas não ouvidos.

— Então – Mustang começou – conseguiram descobrir alguma coisa?

— Bom – Riza observa Akame ao lado dos rapazes – ela é boa com espadas e luta corpo a corpo. Sabe manejar armas muito bem e, desconfio, já passou por algum tipo de treinamento militar, apesar de ser muito nova.

— E sobre o boato de que ela seria a portadora da Murasame? – Mustang olha para os lados.

— Testemunhas disseram que aquele homem morreu depois de ter sido cortado por ela – Riza acena – Mas ainda não se sabe se foi devido à hemorragia ou algum tipo de veneno.

— Deve ser verdade. Só pode ser por causa disso. A única explicação para o Führer ter aceitado essa menina no exército é porque ele vai lucrar com isso de alguma forma – Mustang suspira – Desculpe falar assim do seu avô, mas eu o conheço. Ele não dá ponto sem nó.

— Entendo – Riza confirma com a cabeça – Só precisamos saber em que a subtenente Akame pode interessar ao exército.

— Bom trabalho, capitã – Mustang cochicha – E continue vigiando.

Do outro lado do campo, Falman preparava-se para enfrentar Akame em um duelo de espadas. Os colegas o tinham convencido a demonstrar suas habilidades de esgrimista para a novata.

— Falman é o melhor de todos nós na esgrima – Havoc apresentou o amigo para Akame.

— Não é para tanto – Falman responde, modestamente.

— Não seja modesto, Falman – Breda insiste – Por que não faz uma pequena disputa com a novata? Como demonstração?

— Isso mesmo – Fuery entrega o sabre na mão do amigo – Podem começar.

Os dois tomam distância e ficam em posição. Akame continuava com seu rosto inexpressivo e Falman, sem saber da fama da jovem recruta, caía na armadilha dos colegas.

— Aposta quanto – Havoc sussurrou para Breda e Fuery – que ele vai levar uma surra em menos de cinco minutos?

— Para mim, ele não aguenta nem três minutos – Breda replica.

— Vinte pratas que ele vai cair nos primeiros dois minutos – Fuery estende a mão para Havoc.

— Tá apostado – Havoc aperta a mão de Fuery.

*************************************

Winry observava, preocupada, Alphonse da varanda de casa. O jovem alquimista estava há horas sentado debaixo daquela árvore, fazendo cafuné nas orelhas de um sonolento Den. O cachorro dormia tranquilamente ao seu lado e Alphonse olhava para o nada. O carinho na cabeça do cachorro parecia mais um gesto automático do que uma demonstração de afeto.

— Ed – ela chamou, aflita – Estou preocupada com o Al.

Edward não respondeu. Na verdade, nem estava prestando atenção. Estava entretido com um livro de alquimia de Xing, trazido por Alphonse.

— VOCÊ OUVIU O QUE EU DISSE? – Winry aproximou-se sorrateiramente de Edward e gritou do lado de seu ouvido. Edward tomou um susto e quase derrubou o livro.

— Quer me deixar surdo, mulher? – Edward se recompôs.

— Só assim para você me ouvir, né? – Winry cruzou os braços – Eu estava falando que estou preocupada com o Al.

— O que tem ele?

— Olhe para ele lá – ela indicou com a cabeça – Acho que ele está precisando conversar.

— Está bem – Edward se levantou da cadeira – Eu vou falar com ele.

Edward aproximou-se da árvore com cautela. Alphonse estava tão distraído que só percebeu sua presença quando o irmão sentou ao seu lado.

— Diazinho parado, heim? – cumprimentou Alphonse com um aceno de cabeça.

Alphonse concordou com a cabeça e os dois ficaram um tempo sem falar nada.

— Sei que deve estar chateado – Edward começou devagar – Mas, admita, não é uma grande surpresa. Bom – ele dá um riso sem humor – eu também já estive no exército e nem precisei matar ninguém. Afinal, estamos em um período de paz.

— Eu sei – Alphonse suspirou – O problema não é ela. Sou eu. É difícil aceitar, mas eu não posso decidir a vida dela – ele solta o ar mais lentamente – É que, por um momento, eu pensei que conseguiria regenerá-la. Mas eu não posso salvar todo mundo. Mesmo que eu queira salvar, eu não posso. Não pude nem salvar uma garotinha transformada em quimera...

— Nós não pudemos salvá-la, você quer dizer – Edward o corrigiu – Eu também poderia ter salvado a Nina, mas fui um completo inútil. Não se culpe por isso. O único culpado foi aquele maldito do Tucker.

— Mas eu poderia ter percebido antes – Alphonse insiste – Poderia ter percebido as intenções dele desde o início. Eu percebo os sentimentos dos outros melhor que você, Ed. Eu deveria saber o que ele pretendia.

— Não foi sua culpa, Al – Edward abanou a cabeça – Pare de pensar nisso. E não se preocupe com essa garota de olhos vermelhos. Ela não merece.

— Estava apenas testando nossa nova teoria – Alphonse levantou os olhos para o irmão – De devolver a mais do que o recebido. Ela salvou minha vida no deserto e eu salvaria a vida dela. Daria um motivo para ela acreditar na vida e nas pessoas.

— Parece que tem uma dívida com ela – Edward diz para o vento.

— Sim – Alphonse virou-se para o irmão com um sorriso – Quer saber como nos conhecemos?

— Claro – Edward voltou-se para o irmão – Sempre quis saber como esse acidente aconteceu.

Alphonse respondeu ao comentário do irmão com um grande sorriso.

— Depois – Alphonse começou – de eu e os senhores Zampano e Jelso termos atravessado o deserto em lombos de camelos, viajamos por muitos dias antes de chegarmos à Cidade do Rei. Fomos muito bem recebidos por lá pelos nossos amigos e o Ling permitiu meu acesso aos manuscritos antigos sobre Rentanjutsu. Conversei também com muitos sábios do reino e aprendi várias coisas novas. Tudo era uma surpresa diferente a cada dia. Comidas, roupas, construções, comemorações... Não vou negar que tivemos uma vida de rei lá.

— Imagino como deve ter sido divertido para vocês – Edward encostou-se na árvore e apoiou a cabeça nas mãos.

— Quando recebi sua carta, preparei tudo imediatamente porque teríamos muitos meses de viagem até Resembool – Alphonse continuou – Fomos escoltados por guardas do exército real até as proximidades da fronteira de Xing. Além dos perigos naturais do deserto, tínhamos que nos preocupar com os grupos nômades rebeldes que costumavam assaltar viajantes desavisados. Muitos deles não aceitavam a autoridade do Ling.

“Tivemos sorte na ida ao passar por aquelas paisagens inóspitas porque não encontramos com esses bandidos. Enfrentamos tempestade de areia, escassez de água, montanhas íngremes, mas fomos recompensados ao final quando chegamos ao nosso destino. Na volta, eu não queria ter de enfrentar mais esse tipo de problema, porém acabamos errando o caminho e passamos bem próximo das hordas de Kalin, um dos líderes rebeldes mais cruéis. Estávamos em menor número, então tentamos passar despercebidos. Passamos furtivamente por um atalho e, quando achamos que estávamos livres do perigo, olhamos para trás e vimos o bando de Kalin correndo como loucos atrás de nós”.

“Os camelos corriam o máximo que podiam, mas não havia como escapar. Quando estávamos dando tudo como perdido, Zampano viu um desfiladeiro entre as rochas. Na verdade, era apenas uma pequena passagem. Como eles estavam em maior número, poderíamos atrasar o avanço deles indo por ali ou, até mesmo, despistá-los. Poderia ser uma armadilha, afinal eles conheciam o ambiente melhor do que nós. Mas não havia outra escolha”.

“E, realmente, o desfiladeiro estreito atrasou o avanço deles. Os rebeldes precisaram se reorganizar e a maioria teve de abandonar os cavalos. Com isso, ganhamos distância deles e quase conseguimos escapar se um punhado deles não tivesse tomado outro caminho que circundava a área onde estávamos e nos atacar do outro lado. Sem escolhas, resolvemos que não cairíamos sem lutar. O senhor Jelso e o senhor Zampano assumiram suas formas de quimeras e começaram a derrubar os nossos agressores. Eu transmutei uma lança e derrubei inimigo atrás de inimigo. Mas, cada vez que derrubava um, mais três tomavam o lugar dele. Não paravam de aparecer mais e mais gente. E eu já estava ficando muito cansado”.

“Foi quando eu a vi. No começo, eu apenas vi um vulto envolto em uma capa branca pular de cima de umas rochas. Ela aproveitou o impulso da queda e já desceu cortando um cara ao meio! Depois disso, ela girou o corpo como se estivesse dançando um balé macabro e a cada movimento mais sangue jorrava e tingia o chão de vermelho. Eu assistia tudo aquilo, sem reação. Não conseguia entender o que estava acontecendo”.

“Eu apenas estava me preocupando em deixar nossos inimigos fora de ação, desacordados sem poder lutar ou algo assim, mas aquele vulto estava era deixando um rastro de mortos. Os homens caíam feito moscas. Voavam pedaços de corpos por cima da minha cabeça. Eu nunca havia visto algo assim. E aquele vulto de capa continuava incansavelmente naquela dança coreografada e mortal. A espada mexia-se tão rápido que só conseguia ver o brilho dela contra o sol antes dela atingir o pescoço, a barriga ou decepar o braço de um daqueles homens”.

“Em determinado momento, o capuz da capa caiu revelando seus cabelos negros. Eu fiquei espantado porque era uma garota muito jovem e nossos poucos inimigos sobreviventes se assustaram com alguma coisa no olhar dela e fugiram. Além do fato de que a maioria dos seus companheiros estava trucidada no chão, é claro”.

“Eu estava paralisado no chão. No mesmo lugar onde tinha caído após ter sido derrubado por um dos bandidos massacrados. Eu a vi alguns pouquíssimos metros de distância de mim. Ela me viu também e eu achei que ela iria me matar. Inesperadamente, ela embainhou a espada, me deu as costas e saiu tranquilamente. Mas, no momento que ela guardou a espada, eu percebi algo curioso. Uma energia estranha emanava da espada. Eu conseguia sentir o poder dela à distância porque passei meses treinando incansavelmente as técnicas de transmutação da Rentanjutsu. Sem pensar, levantei do chão e corri atrás dela”.

“- Ei, você – eu gritei – Quem é você? – perguntei”.

“Ela me ignorou e continuou andando. Corri mais e parei na frente dela, impedindo sua passagem. Depois eu percebi a loucura que eu fiz. Ela poderia ter me cortado ali mesmo”.

“- Por que nos ajudou? – insisti”.

“Ela inclinou a cabeça para o lado como se eu fosse uma distração vagamente interessante. Eu me distraí com um gemido de dor do senhor Jelso e corri para ajudá-los. Os dois estavam caídos no chão com alguns poucos machucados. Mas, felizmente, eles estavam bem e não havíamos perdido nossas coisas. Depois de verificar se estava tudo em ordem, voltei meus olhos para a garota misteriosa e ela tinha sumido”.


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Notas finais do capítulo

Sério, acho que eu estou viajando nessa história. Mas, sei lá, minha cabeça é meio estranha...
Não tinha mais noção do quanto é complicado escrever uma história longa. Muita coisa para pensar.
Talvez, eu precise reescrever algumas coisas mas, por enquanto, não me ocorreu nada.
Comentem se perceberem algum erro ou incoerência da minha parte.
Até mais.



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