A Assassina e o Alquimista escrita por Lilás


Capítulo 13
Os bons irmãos


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Mais uma terça!! E quase não consigo chegar em casa!! Quase que eu atualizava a história só amanhã. Confesso que eu estou achando que essa história é muita maluquice da minha cabeça mesmo. Além do mais, agora que eu estou quase surtando com um monte de coisas que estão me cobrando para fazer. Enfim, vamos ao capítulo de hoje



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Falman girava os botões de um rádio que alternava entre um barulho de estática com uma suave música de fundo. Ele havia instalado o rádio na sala do general Mustang e os dois, juntamente com a capitã Riza Hawkeye, aguardavam ansiosamente as últimas notícias vindas da Central de Comando do governo.

— ... E agora, no ar, A Voz de Amestris— um som mais limpo saiu do rádio após uma sucessão de tentativas de Falman – Dentro de minutos, receberemos em nossos estúdios o Chefe de Governo da nação, Führer Grumman. Mas, antes disso, uma palavra de nossos patrocinadores...

— O que será que ele vai usar como justificativa para esse ataque contra a nação de Xing? – Mustang cruzou os braços com uma carranca.

— Terá que ser algo bem convincente – Riza respondeu – O gabinete ministerial não está nem um pouco contente com a possibilidade de se envolver em mais uma guerra em tão pouco tempo. As contas do Estado ainda não se estabilizaram desde a última.

— E a população também não está gostando nem um pouco disso – Falman completou, lembrando-se da luta com os homúnculos – Está bem vivo na memória de todo mundo as mortes provocadas pelo último conflito.

— Foi uma aposta arriscada – Mustang coçou o queixo – Mas, se ele conseguir passar por essa, terá todo o poder de que precisa.

Talvez, Mustang fosse falar mais alguma coisa, mas foi interrompido pela música de introdução do programa de rádio. O apresentador do programa iniciou um discurso de abertura e, logo depois, chamou o Führer. Grumman o cumprimentou formalmente e deram início a entrevista.

— Primeiramente – a voz de Grumman saia alta e clara do aparelho – é um imenso prazer poder falar aos cidadãos de Amestris.

— Führer Grumman – a voz do repórter tinha um tom respeitoso – o povo de Amestris acordou na manhã de ontem com uma notícia aterradora de que o Exército Amestrino teria transposto as fronteiras do Reino de Xing sem a permissão do rei do referido país, o recentemente coroado Ling Yao. A população teme a possibilidade de uma guerra com a nação da qual temos uma boa relação até poucos anos atrás. É um medo justificado?

— Certamente que não – Grumman respondeu, tranquilamente – O povo de Amestris não precisa se preocupar com essa possibilidade. Anteontem, conversei com o rei Ling Yao por telefone e expliquei a situação. O que acontece é que temos informantes espalhados pelo reino de Xing e temos provas contundentes de que terroristas vindos de outro país estariam infiltrados na Cidade do Rei e planejavam um atentado contra o governo xinguese. Como todos sabem, o país está passando por um lento e atribulado processo de reunificação e Amestris tem um acordo de ajuda mútua com o Reino de Xing para essas situações.

— E quem seriam esses terroristas? – o repórter perguntou – Seria alguma organização criminosa internacional? Eles poderiam ameaçar a paz entre Xing e Amestris?

— Ainda estamos investigando as origens desses terroristas – Grumman afirmou com certeza – Mas, posso lhes garantir, são criminosos perigosos e, inclusive, foram responsáveis por muitas atrocidades ocorridas na guerra civil do Império, há uns dois anos atrás. As informações que podemos passar é que esses bandidos têm a posse de armas de destruição em massa. E isso ameaça a autonomia de governo, não apenas do Reino de Xing, como também do Governo de Amestris e das nações vizinhas.

— Isso teria alguma relação com a explosão de ontem à noite? – o repórter inquiriu – Alguns habitantes da Cidade Central ligaram para os nossos estúdios dizendo que foram acordados na madrugada de ontem para hoje com o barulho de uma forte explosão vinda de um dos laboratórios de pesquisa do governo. Os bombeiros disseram que foi um vazamento de gás...

— Ainda está sob investigação – Grumman o interrompeu – Mas não podemos descartar a possibilidade de um atentado terrorista.

— Uma explosão, heim? – Mustang riu sem humor enquanto o entrevistador chamava os comerciais mais uma vez – Eles se excederam...

— Utilizar o medo para conseguir o apoio do povo é uma boa estratégia de persuasão – Riza comentou em voz baixa.

— Exatamente, capitã – Mustang suspirou – E vocês também perceberam que o Exército faz de tudo para manter a existência da garota em segredo?

— Não existe nenhuma prova de que esses refugiados estivessem planejando atacar o Reino de Xing, general – Falman disse – Isso é propaganda enganosa.

— Mas não há ninguém para defendê-los – Riza responde – E, mesmo que houvesse, é a palavra deles contra a do Führer.

— Resumiu bem, capitã – Mustang assentiu – Precisamos é achar um meio de reverter a situação ao nosso favor. A propósito – ele vira-se para Falman – Fuery, Havoc e Breda já voltaram?

— Ainda não, general – Falman nega com a cabeça – Mas Havoc ligou para avisar que “a mãe dele já está em casa”.

— A mãe dele, é? – Mustang levantou uma sobrancelha com um sorriso divertido no rosto.

****************************

A neve cobria todo o chão da floresta como um imenso manto branco. Alguns poucos galhos verdes se atreviam a quebrar essa unidade esbranquiçada, além de duas figuras solitárias e vacilantes no meio daquele reino gelado. Eram duas crianças, duas meninas, usando roupas em farrapos que, provavelmente, não deveriam estar as protegendo do frio. A mais alta praticamente arrastou a menor para uma fenda entre as rochas de um morro. Ali serviria como um abrigo improvisado até elas arranjarem um lugar melhor. As duas se encolheram abraçadas no chão com a esperança de conseguirem se esquentar um pouco.

— Onee-chan... – a menor sussurrou com uma nota de pânico na voz.

Um bafo quente elevou-se no ar gelado. A mais velha olhou por cima do ombro e avistou um par de olhos amarelos e sedentos. Um enorme felino as observava em espreita com os dentes arreganhados. Talvez, fosse um leão da montanha ou um gato-do-mato. Nenhuma das duas saberia dizer com certeza. Mesmo sendo consideravelmente menor em relação ao animal e bastante magricela para a sua idade, a mais velha pegou um galho comprido de uma árvore e se posicionou heroicamente entre o felino e a menina mais nova.

— Kurome – ela disse com firmeza – Fique atrás da mana.

Akame abriu os olhos em susto, como se ela tivesse sido privada do oxigênio até o limite, e levantou-se de súbito, procurando desesperadamente pelo ar.

— Tá maluca?! – Edward gritava alarmado com o movimento repentino da garota e fazia caretas para ela – Vai assustar outro!! Parece até uma assombração!!

Akame olhou em volta e não reconheceu o lugar onde estava. Parecia um acampamento no meio da floresta. Edward estava sentado em um grosso tronco de árvore, ao lado de um prato com um sanduíche comido pela metade. Na frente dele, os restos de uma fogueira ainda soltavam algumas faíscas e havia mais outras três barraquinhas um pouco mais afastadas. Ela estava sentada em uma espécie de saco de dormir embaixo de uma tenda improvisada.

— Onde estou? – perguntou para o nada, apesar de a única pessoa que ela estava vendo era Edward, ainda resmungando algo sobre não se meter mais com gente doida.

— Estamos perto da Cidade do Norte – Edward respondeu a contragosto – Estamos a caminho de Briggs. Temos uns amigos lá que concordaram em nos abrigar até as coisas esfriarem.

Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos. Akame continuou no mesmo lugar, encarando o ex-alquimista e isto estava o irritando de uma maneira inexplicável.

— Toma – Edward pegou uma tigela, encheu com sopa e estendeu para Akame. Afinal, não era mal-educado – Você passou o dia inteiro dormindo. Deve estar com fome.

Akame aceitou a tigela e a colher oferecidas por Edward, mas continuou observando o mais velho dos Elric voltar ao seu lugar.

— O Al ficou enchendo o saco porque queria ver quando você acordasse – Edward riu enquanto sentava no tronco e pegava seu sanduíche – Mas depois ele cansou e foi dormir – e indicou a barraca mais afastada.

— Alphonse-sama tem bom coração – Akame falou com a tigela – É impossível não gostar dele.

— Nisso, nós concordamos – Edward deu um sorriso orgulhoso.

O silêncio voltou com mais força. O barulho dos grilos era a única companhia dos dois. Edward espiou com o canto de olho Akame acabar com a sopa com uma incrível rapidez.

— Quer mais? – ele levantou-se para pegar mais comida – Você é um saco sem fundo, sabia?

Akame não falou nada. Edward preferiu mexer nas panelas e colocar vários pedaços de carne em um prato. Se havia uma coisa que Akame gostava mais do que carne era MUITA carne.

— Preciso reconhecer que você tem muito apetite – ele fez uma careta ao ver Akame devorar uma porção generosa de carne, ao qual Edward se arrependeu de ter oferecido – Por um lado, ainda bem que você não foi ao meu casamento, sobrou mais comida para os outros convidados.

— Você e Winry-san já se casaram? – Akame perguntou, inocentemente.

— Sim – Edward suspirou – Sim. Nós nos casamos anteontem. E eu deveria estar agora mesmo com a minha esposa, mas estou aqui no meio do mato com uma estranha. Não estou na minha nova casa – e completou, aborrecido – Não, graças a você.

Alphonse agradeceu várias vezes Edward por ter adiado a lua de mel para ajudá-lo. Edward pensou que convencer Winry seria a parte difícil, mas ele precisou apenas explicar que estava tentando livrar Alphonse de uma encrenca e depois deixou a esposa em Rush Valley, o paraíso dos automails, e ela não fez mais nenhuma objeção. Às vezes, Edward se perguntava se Winry amava mais a ele ou aos automails.

Edward deu umas duas dentadas em seu sanduíche, mas parou de mastigar para olhar Akame. Ela havia parado de comer e continuava o encarando, após suas duras palavras. O que ele estava fazendo? Estava sendo grosseiro sem nenhum motivo. Suspirou profundamente e pensou em um jeito de consertar a situação.

— Está bem – ele suspirou novamente, chateado – Me desculpe. Eu não quis dizer isso. Eu resolvi ajudar o Al porque eu quis. Não é culpa sua.

Akame não falou nada e continuou o olhando. Edward revirou os olhos.

— Olha – ele recomeçou – Não é nada contra você. Quer dizer, é um pouco. O Al me contou que você matava pessoas e tudo mais e eu sou um forte defensor da vida. Mas, meu problema com você não é este. É que... bem, o Al é o meu único parente de sangue vivo. O meu único irmão.

Edward fez uma pausa para se certificar que Akame estava o acompanhando. Ela parecia estar muito atenta a suas palavras.

— O Al é especial... – Edward prosseguiu – Ele acredita nas pessoas. Ele é bom com todo mundo e sempre pensa primeiro nos outros. Eu sou o irmão mais velho e devo cuidar para que ele não se machuque com os outros. Não falo fisicamente porque o Al é forte e sabe se cuidar. Falo... emocionalmente. Eu quero evitar que ele se decepcione.

Akame continuou o observando sem demonstrar nenhuma mudança de humor.

— De certa forma – Edward encolheu os ombros – O Al acabou se apegando a você e, bom, você não é o tipo de companhia que eu gostaria ao lado do meu irmão caçula...

— Eu entendo perfeitamente – Akame concordou com a cabeça.

— Não está ofendida? – Edward perguntou, incrédulo. Ele não conseguia ler as emoções de Akame como o Alphonse – Bem, achei que você entenderia já que você também teve uma irmã.

Akame tinha uma expressão indecifrável e, pela primeira vez, Edward gostaria de saber o que diabos ela estava pensando.

— Como ela morreu? – Edward se arrependeu assim que as palavras escaparam de sua boca.

— Eu a matei – Akame voltou a remexer os pedaços de frango dentro da panela.

— CAQUÊCOMO?!!! – Edward cuspiu metade do sanduíche – Como assim – ele abaixou a voz ao se lembrar de Alphonse, Lan Fan e May adormecidos nas barracas – você matou sua própria irmã?! Ela não era a pessoa que você mais amava no mundo?!

— Por isso mesmo, eu precisei matá-la – Akame continuou tranquilamente, sem olhar para ele –Eu a libertei – ela virou o rosto para o outro lado – Você não entenderia.

— E nem quero entender essa sua mente psicótica – Edward rebateu, espantado – Queria ver o que Al acharia disso quando descobrisse que a irmã do ano matou a própria irmãzinha.

— Ele sabe – Akame suspirou – Eu e Alphonse-sama não temos segredos um com o outro.

— Engraçado você falar isso – Edward amarrou a cara – O Al disse a mesma coisa.

Akame o encarou sem dizer nada.

— Você chegou a pensar em matar o Al? – Edward perguntou.

— No começo – Akame olhou para cima – cheguei a cogitar a possibilidade.

— Mas por quê?!! – Edward se sobressaltou, assustado – O que ele te fez?

— Nada – ela deu de ombros – Era gentil demais – Akame deitou novamente em seu fofo saco de dormir e fechou os olhos, dando a conversa por encerrada.

— Ei! Eu não terminei de falar – Edward chamou, inutilmente. Ao ver que Akame voltara a dormir, Edward tornou a comer seu sanduíche entre vários resmungos de raiva.

*****************************

— Estamos procurando por Edward e Alphonse Elric – um soldado jovem de cabelos ruivos anunciou quando Pinako Rockbell abriu a porta.

— Nenhum dos dois está aqui – Pinako disse – Edward está viajando em lua de mel com minha neta, Winry. E Alphonse também está viajando com umas amigas de Xing.

— Deixe-nos passar – um homem de barba e cabelos escuros empurrou a porta e Pinako precisou recuar para dentro de casa – Temos ordens de vasculhar a propriedade, caso seja necessário.

— Eles não estão aqui – Pinako tentou argumentar – Estou falando a verdade. Não sei onde estão.

— Também temos ordens de levar qualquer um que esteja os ajudando a se esconder – um terceiro soldado surgiu atrás dos dois e segurou Pinako por um braço.

— O que está acontecendo aqui? – uma voz grave ecoou como um trovão pela sala.

Os três soldados paralisaram ao avistar a figura imponente do major Alex Louis Armstrong no meio da sala e com um olhar nem um pouco amigável para eles.

— Ma...major Armstrong – o soldado imediatamente largou o braço de Pinako e bateu continência, assim como seus dois colegas.

— Nome e posto, soldados – Armstrong ordenou com uma ferocidade incomum.

— Arthur Miller, cabo – o rapaz de cabelos ruivos respondeu.

— Kevin Jorgensen, cabo – o de aparência mais jovem disse, sem muita firmeza na voz.

— Pavel Kindler, sargento – o homem de barba e cabelos negros completou.

— Espero que vocês tenham uma ordem judicial – o major rosnou – Devo lembrá-los que estão invadindo a casa de um major aposentado do Exército? E que Amestris deve muito à coragem de Edward Elric, o mais jovem Alquimista Federal?

— N...não, senhor – Kindler suava frio.

— Estão vendo essa senhora? – Armstrong aponta para Pinako – Vocês ouviram o que ela disse?

— Que Edward e Alphonse Elric não estavam – Jorgensen gaguejou.

— Exatamente – Armstrong concluiu – E o que vocês ainda estão fazendo aqui?

— Nós temos ordens de levar Edward e Alphonse Elric para prestar esclarecimentos no quartel... – Miller começou.

— Eu estive – Armstrong cortou sua fala – com Pinako Rockbell a tarde inteira tomando chá. E garanto que nem Edward Elric e nem Alphonse Elric estão nessa casa.

— Mas, senhor – Miller tentou argumentar.

— Está contestando a palavra de um oficial superior, cabo? – Armstrong lançou um olhar assustador para o pobre soldado.

— Não, senhor – Miller engoliu em seco.

— Então, vocês já podem se retirar – Armstrong fez um gesto de dispensa.

— O que foi que acabou de acontecer aqui? – Pinako perguntou, após a saída dos três.

— Provavelmente, um mal entendido – Armstrong respondeu, nervoso – Eu resolvo isso, senhora Rockbell. Não se preocupe.

— Eu me preocupo com o que eles podem estar envolvidos – Pinako parecia aflita – A única coisa que sei é que Edward levou Winry para Rush Valley e que Alphonse saiu com aquelas meninas de Xing. Será que está acontecendo mais alguma coisa que eu não sei?

Armstrong bebeu mais um grande gole de chá para disfarçar seu nervosismo.

******************************

Akame só voltou a acordar, muito convenientemente, na opinião de Edward, quando Alphonse também acordou. Alphonse ficou muito feliz em vê-la bem de novo e isso provocou algumas rusgas de ciúmes com May. Edward estava começando a se divertir com as peripécias que o irmão precisava fazer para manter May longe de Akame. Na verdade, Akame parecia não perceber os olhares ferozes de May para ela. Edward quase morreu de rir quando Akame tentou assar o panda (que parece um gato, segundo Edward) de May. É certo que Akame não sabia que o bichinho era de estimação. Edward e Lan Fan assistiam a tudo passivamente e em uma distância segura enquanto o grupo marchava em direção às terras geladas do norte.

Eles ainda estavam muito distantes das áreas de neve e Akame aproveitava as condições climáticas favoráveis para caçar e deixar o grupo bem abastecido de carne. Edward não conseguia explicar como ela fazia certas coisas e ele sempre achava as ações de Akame muito exageradas. Se existia a mais terrível fera carnívora rondando a floresta, pode ter certeza que Akame a abateria. E o peixe mais perigoso e arisco do rio? Ele não teria chance nenhuma contra Akame. E a ave de rapina mais carniceira de todas? Akame voltava para o acampamento com meia dúzia delas debaixo dos braços. Não era à toa que Akame era a companheira de caça favorita do Alphonse. Para o desgosto de May.

Em uma determinada tarde, mais ou menos três dias depois da fuga da Cidade Central, Alphonse e Akame espreitavam patos selvagens nas margens de um rio lodoso. Na verdade, os dois estavam disputando quem conseguia lançar uma pedra o mais distante possível por cima da água do que realmente caçando. Depois de praticamente espantarem quase todos os patos do rio por causa do barulho das pedrinhas quicando e espalhando água, os dois sentaram na margem e Alphonse começou a contar histórias engraçadas de sua infância em Resembool.

— O Ed realmente detestava tomar leite – Alphonse sorria – E até hoje ele não gosta. Mas ele ficava bravo mesmo era quando diziam que ele era baixinho porque não queria tomar leite. E nem fale sobre isso com ele hoje. Ele nunca superou. Mas ele nunca ficava bravo quando a mamãe estava por perto – e falou com uma voz mais deprimida – Sabe, a gente sempre transmutava uns bichinhos para ela, iguais àquele que eu fiz para você quando nos conhecemos, quando percebíamos que a mamãe estava triste.

— Eu deixei o meu presente em Resembool – Akame abaixou os olhos e ficou enrolando a grama entre os dedos.

— Eu faço outro para você, Akame-chan – Alphonse sorriu, simpático – É só um brinquedo.

— Eu nunca tive um brinquedo antes – ela comentou, casualmente.

Akame falou com a naturalidade de quem diz que o céu é azul e a chuva é molhada. No entanto, para Alphonse, aquelas palavras foram como um soco na boca do estômago. Mesmo sem Akame dizer nada nem demonstrar em gestos, Alphonse se sentia na obrigação de consolá-la. Consolar pelo quê? Não se pode fazer nada com o passado. Ele sabia disso, mas não aceitava passivamente sua total impotência diante dos fatos.

— Akame... – ele a chamou baixo, pousando a mão em seu ombro.

Foi um erro. Akame suspendeu os olhos e os dois ficaram se encarando com os narizes muito próximos por um tempo. Alphonse esqueceu por um segundo o que deveria fazer e, nem ele sabia dizer o porquê de ter feito isso, acabou encostando seus lábios nos de Akame.

— Akame – ele jogou a cabeça para trás, assustado – Desculpe. Eu não deveria ter feito isso...

Para sua surpresa, Akame interrompeu suas palavras com um beijo. Alphonse arregalou ainda mais os olhos e eles quase saltaram de suas órbitas.

— Mas o quê...? – ele gaguejou, confuso, ao final do beijo.

— Troca equivalente – Akame respondeu, inocentemente.

— O quê? – Alphonse ficou meio apatetado.

— Troca equivalente – Akame repetiu, com uma pose pensativa – Agora, eu estou começando a entender o que você disse.

Alphonse deu o sorriso mais amarelo do mundo e coçou a nuca, completamente envergonhado.


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Notas finais do capítulo

Bem, não sei se está muito bom. Mas, espero poder desenvolver melhor a história nos próximos capítulos. Hasta luego.



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