POV Edward

Era estranho olhar ao redor e ainda sentir sua falta depois de tantos anos, nós voltamos a Itália fazem exatos 30 anos, reconstruímos nossa casa mantendo toda a estrutura antiga, porque mesmo sem ninguém de dizer, nós fazíamos aquilo por ela, tinham dias que eram mais fáceis que outros. As vezes via Rosalie em algum canto do castelo do chorando a perca da única filha, Nessie havia melhorado significativamente, mas ainda assim no início pensávamos que ela iria entrar em algum tipo de depressão, ela chorava todos os dias durante o primeiro ano, Jacob quase não conseguia mais ficar próximo a ela, porque sua dor era gigante e o atingia também.

Mas depois do primeiro ano, parecia que todos estavam começando a aceitar melhor, Aro saia do quarto e fazia o que precisava, conversava com todos, mas nunca largava Sulpicia. Marcus e Didyme sobreviveram a seu modo, eles ainda tinham Rosalie e Emmet para cuidar, esses eram outros, mesmo depois de anos, eles não haviam superado Emmet não sorria mais, havia se tornado sério demais, Rosalie parou de se importar com sua aparência e com roupas, ela só sabia ficar próxima a Emmet e seus pais, seus olhos sempre mortos e distantes, era doloroso olhar pra eles. O resto de minha família superou ao seu modo também, eles faziam o que podiam para ajudar Rosalie e Emmet a saírem e voltarem a viver, mas depois de um tempo eles pararam de tentar, os Volturis que restaram também haviam “superado” sua morte, apesar de Alec se culpar até hoje.

E além deles havia eu, nós primeiros anos eu me agarrava aquele último contato que tive com Bella, aquela linda promessa de que ela voltaria, mas quanto mais os anos passavam, menos esperançoso eu ficava. Hoje o dia estava especialmente lindo, o sol brilhava alto no céu e se podia ouvir os pássaros ao longe, mas eu não sentia toda a emoção daquele dia, não podia ver toda aquela beleza, eu só conseguia lembrar que hoje fazia 30 anos de sua morte, o castelo em si hoje estava silencioso, apesar de eu mal sair do quarto podia ouvir os passos do lado de fora, indo de um lado para outro enquanto preparavam a sala do trono para a cerimônia que aconteceria dali a algumas horas, ouvi uma batida leve na porta e disse um entre.

— Edward? - a voz de Nessie parecia estranhamente feliz – Me diga que sentiu também – ela entrou no quarto e sentou ao lado na cama.

— Senti o que? - seus olhos encontraram os meus e um sorriso brilhante que a muito tempo eu não via surgiu em seus lábios. - Eu senti a … a Bells ela estava comigo, eu senti ela bem ali do meu lado.

— Nessie, meu amor, talvez você só tenha projetado – ela me olhou com os olhos em choque e nublados de raiva – Nessie, eu queria acreditar que ela voltaria, eu acreditei nisso por tantos anos, que agora é simplesmente difícil demais pensar nisso e saber que não é real.

— Então não acredita em mim? - sua voz subiu uma oitava e ela estava a ponto de começar a gritar, suas narinas estavam infladas e ela tinha os olhos vermelhos, sinal claro que além de tudo ela estava magoada também. - Quando foi que você perdeu a fé? O Edward que eu chamo de pai, nunca perdeu a fé de que teria Bella de volta ou aquilo também era mentira? - ela estava realmente magoada, quando estendi minhas mãos para alcança-la ela se afastou ficando de pé.

— Nessie por favor… - foi só o que eu pude dizer, antes de ela sair tão rápido quanto entrou.

— Você não pode ver porque não tem mais fé Edward, em algum momento você perdeu até mesmo isso – ouvi um sibilo baixo pelo corredor e então não escutava mais nada, porque Nessie havia tomado seu caminho pra fora do castelo.

Eu ainda passei alguns minutos estático, ela tinha razão eu perdi minha fé e apenas passei a falar todas aquelas coisas para ela, Rose e Emmet apenas como apoio, porque acreditar de verdade, eu não podia, não conseguia mais. Ainda assim, quando levantei da cama, afim de ir atrás de Nessie uma confusão de vozes me atingiu, todos pareciam muito estarrecidos, podia ouvir Rosalie gritando algo pra alguém e ela não parecia nada feliz, não que em algum momento desses últimos anos ela estive de fato feliz, mas ela também não demonstrava nada, então para ela gritar, algo estava acontecendo. Segui para sala na minha velocidade normal, quando cheguei ninguém sequer se virou para olhar pra mim, os olhos de todos estavam em Rosalie que estava no chão segurando algo muito firme contra o corpo, eu não conseguia ver o que era porque todos em volta dela, tive que bater nos vampiros para me darem espaço pra passar e quando finalmente cheguei o suficiente pra ver, senti meu corpo antes frio, esquentar e fechei e abri meus olhos vários vezes não acreditando no que eu via. Rosalie segurava uma Bella desacordada nos braços, sim aquela realmente era minha Bella.

— Mandei se afastaram – o rosnado de Rosalie me fez olhá-la sem entender nada, afinal ninguém ali jamais faria mal algum a Bella. - Se der mais um passo, vou arrancar sua cabeça.

O rosnado de Rosalie foi imitado por vários vampiros, que tinham os olhos agora focados em um vampiro ruivo que levantava confuso do chão, ele havia atacado Bella, ao menos era o que Rosalie pensava, já que o vampiro estava com a cabeça próxima ao pescoço de Bella quando a mesmo entrou na sala.

— Rosalie, se acalme – pedi me aproximando dela, ela desviou os olhos do vampiro que agora estava de pé e ameaçava dar mais um passo na direção de Bella, onde estavam Charlie, Renee e os pais da Rose quando precisávamos deles – Não foi ele quem feriu Bella, ele a encontrou aqui, ele apenas ficou curioso com o cheiro, porque ele conhece o toque de anjo. - eu me ajoelhei próximo de onde Rose ainda estava com Bella e essa relaxou a postura.

— Ela voltou, ela realmente está aqui – Rosalie agora chorava abraçando o corpo inerte de Bella, eu podia ouvir seu coração batendo e o cheiro delicioso que vinha do seu sangue, mas o que mais surpreendeu todos nós foi o fato de Bella brilhar e Rosalie parecer fazer o mesmo.

— Rose onde Emmet está? Onde está o restante da nossa família? - Olhei ao redor, encontrando apenas Vampiros da guarda dos Volturi, ninguém da nossa família, nem mesmo Nessie.

— Eu não sei Edward, eu ia vir para acabar de arrumar a cerimônia e quando cheguei encontrei eles aqui, os guardas vieram comigo e aqui estamos. - a história não fazia muito sentido, mas por agora o que importava era que Bella estava aqui. - Fiquem de olho nele – falei pra guarda no meu melhor tom de comando , não podia demonstrar nada agora – Rose vamos movê-la daqui.

Rosalie não deixou que eu a pegasse de seu colo, apenas se levantou com Bella nos braços e saiu andando a passos rápidos do salão e como meu quarto, que na verdade seria de Bella era o mais próximo a levamos pra lá, Rosalie a depositou com todo cuidado na cama e se sentou no chão ao lado de sua cabeça. Seus olhos nunca deixavam o rosto da filha e vendo Bella ali, eu senti vergonha por um segundo por ter perdido minha esperança e minha fé, Bella nunca quebrou uma promessa e quando a quebrava sempre se redimia, eu sentei aos pés da cama olhando pro rosto pálido e ainda assim maravilhoso da mulher que eu amava com cada célula do meu corpo, eu podia finalmente soltar que eu sentia a 30 anos e que eu guardava dentro do mim, sem conseguir segurar nem mais um segundo senti as lágrimas grossas rolarem pelo meu rosto e eu me deixei sentir depois de tanto tempo sem fazê-lo.

— Eu pensei que nunca mais te veria chorar ou sentir qualquer coisa Edward – ouvi a voz de Rosalie baixa e senti sua mão apertar levemente meu joelho. - Obrigada por ter nós mantido sãs esse tempo todo, apesar de tudo, se não fosse por você e toda a sua fé inabalada de que Bella voltaria, acho que eu teria me afundado mais e nem mesmo Emmet me tiraria do fundo do poço. - eu não olhava pra ela, mas no segundo seguinte senti seus braços ao redor de mim, me abraçando apertado e eu chorei feito um garotinho nos braços da minha sogra/irmã.

Ficamos daquela forma por tanto tempo que não vimos o tempo passar, só notamos a passagem do tempo, quando uma voz baixa e musical, chamou o nome de Rose.

— Mamãe? Eu consegui? - sua voz baixa e musical mostrava cansaço e esperança.

— Você sempre consegue querida, estamos aqui. - Rosalie delicadamente puxou a cabeça dela a colocando no seu colo e fazendo carinho em seus cabelos, que pareciam ainda maiores e mais avermelhados. - Nunca mais vou te deixar partir querida, vamos ficar juntas pra sempre meu amor.

— Eu sei mamãe, tudo agora acabou, o ciclo foi quebrado e estamos livres, todos nós. - seus olhos apenas focavam Rosalie e eu via tanto amor e carinho nos olhos de ambas, que um suspiro saiu dos meus lábios chamando a atenção. - Edward – meu nome saiu como música de seus lábios e seus olhos encontraram os meus por um segundo apenas, antes de se voltarem para Rosalie e ela os fechar. - Eu preciso de mais um tempo e prometo que vou explicar tudo a vocês.

Então com um último suspiro cansado, ela voltou a dormir, Rosalie e eu sorrimos um pro outro e continuamos apenas zelando seu sono, mas como todo o silêncio e calmaria dura pouco e a notícia se espalha rápido, cerca de 20 minutos depois que Bella adormeceu ouvimos o ruído alto de vozes, estavam todos alterados, falavam juntos e pareciam brigar entre si. Rosalie deu um olhar quase assassino pra porta e fez sinal pra que eu tomasse o lugar dela, delicadamente trocamos de lugar para não acordar Bella e ela saiu do quarto como uma bala.

— VOCÊS PODERIAM CALAR A BOCA? TIPO AGORA? - a explosão de Rosalie fez todas as vozes próximas a porta se calarem, eu ouvi ela explicando tudo quase aos sussurros para os outros, porque sabíamos que Bella tinha uma audição quase 100% melhor que a nossa. - Venha Emmet.

Foi apenas o que eu ouvi em voz mais alta ela falar e depois de alguns segundos Emmet apareceu na porta com Rosalie que sorria e chorava enquanto olhava sua filha bem ali e viva. Emmet assim como Rosalie havia feito, se ajoelhou ao lado da cama e quase como se ela fosse quebrar Emmet afagou a face da filha que dormia tranquila em meu colo e como se Bella soubesse quem estava ali ela suspirou contra sua mão e sorriu ainda dormindo e Emmet chorou feito uma criança sem se afastar da filha. Podia ver que todos se apertavam na porta do quarto, mas apenas Didyme, Marcus e Nessie entraram e ficaram aos pés da cama olhando Bella. Expliquei o que eu havia visto na mente do Vampiro pra todos ali e depois disso caímos em um silêncio confortável, apenas olhando o pequeno anjo que tínhamos ali conosco novamente. Meu coração que a muito não sentia estava completamente feliz e cheio de fé e esperança novamente, tudo graças a Nessie que me fez enxergar que eu a havia perdido. Afinal mesmo depois da pior tempestade, o sol ainda nasce e nasce ainda mais bonito e brilhando, mostrando que pra tudo existe um jeito e sempre vai existir um sol para todos nós e o meu sol se encontrava em meus braços.

POV Bella

Eu estava finalmente em casa, sim em casa! Eu sentia tudo ao redor, sentia os cheiros deles, como eu senti falta deles e como eu me sentia arrependida de tê-los sofrer, até porque eu cuidava deles do jeito que eu podia, mas dia após dia eu vivia mamãe se afundando, papai sendo forte por ela e meu Edward sendo forte por todos eles, sempre com uma palavra de apoio, se não fosse por ele Nessie teria se matado e automaticamente Jake iria com ela, mas Edward estava ali pra ela, mas mesmo ele já tinha perdido a esperança e a fé depois de uns anos e eu me culpava por isso, me culpava por tudo isso. Um suspiro saiu dos meus lábios e senti o carinho que era feito em meus cabelos cessar e as respirações serem seguradas e então abri meus olhos.

A primeira coisa que vi, foram os olhos verdes mais intensos do posso recordar me fitando com tantas perguntas, mas com tanto amor, devoção e esperança, que só pude sorrir pra ele e seu sorriso em resposta foi brilhando, então virei meu rosto pra pessoa que me segurava minhas mãos e não pude conter minhas próprias ao vê-los chorando, papai tinham grossas lágrimas descendo pelo rosto sério e mamãe segurava a mão dele com força, levantei da cama só pra me jogar nos braços dos meus pais, abracei ambos com força e fui retribuída da mesma forma. Ouvi vários fungados pelo quarto, mas quando abri meus olhos novamente e me afastei só para olhá-los nos olhos, senti que tudo estava em seu devido lugar.

— Eu amo vocês, me perdoem por tudo, por favor – eu apertava a mão de ambos e nunca deixava de olhar nos olhos deles – Não queria ter sido a causadora de tanta dor e sofrimento pra vocês, me perdoem. - antes que eu pudesse continuar me desculpando fui puxada novamente para eles em outro abraço apertado, até que alguém limpou a garganta, chamando a nossa atenção.

— Eu sei que vocês a querem, só pra vocês agora, mas por favor, preciso de um abraço também Bella – meus pais me soltaram e olharam com um sorriso pra Marcus que tinha os braços abertos pra me receber. Corri em sua direção e me joguei em seus braços, sendo imediatamente acolhida em um abraço. - Nunca mais repita tal façanha Isabella, meu coração não aguentaria. - ele a apertou nos braços com mais força.

— Nunca mais Vovô, lhe prometo – eu sentia falta desse abraço e do quanto o Vovô sempre era amoroso e meigo comigo, o quanto sempre cuidava de mim e me dava conforto, mesmo quando Edward não estava, ele sempre permaneceu conosco e me entendia em relação a tudo. - Eu te amo Vovô! - ouvi sua risada baixa e um beijo nos meus cabelos antes de ele me soltar.

— Eu te amo meu pequeno raio de sol. - ele apertou minhas mãos com a dele e me deu um beijo no rosto.

— Vovó – sussurrei antes de abraçá-la apertado e ser correspondida com um abraço apertado – Que bom que está bem, mais do que bem, me perdoe por não estar lá quando você precisava, mas nunca mais vou afastá-la novamente, eu prometo.

— Não precisa ficar se desculpando, apesar de todos aqui sentirem sua falta e todos estarem tristes, nós sabemos que o que fez foi necessário – sua voz era doce, exatamente como eu lembrava e quando seus braços me deixaram, ela me deu um beijo na bochecha.

Quando olhei pra cama onde Nessie estava sentada, me ajoelhei até estar na altura do seu rosto, ela tinha os olhos vermelhos, mas eu podia ver o brilho ali e seus lábios tinham um pequeno sorriso, entre eu e Nessie não precisavam palavras, porque sabíamos nós comunicar pelo olhar e eu sabia que ela estava machucada, quebrada, mas estava me dando as boas vindas e a chance de consertar aquele coraçãozinho, eu a abracei, enquanto ela se jogava em meus braços e chorava, eu apenas a alinhei nos meus braços a embalando, vi o olhar de Jake em nossa direção e ele parecia aliviado e feliz, eu sorri pra ele que retribuiu. Nessie ficou enroscada no meu pescoço chorando por um longe tempo, enquanto eu a acalmava e lhe dava carinho, falando palavras acolhedoras em sua mente, até ela finalmente se acalmar e olhar pra cima com um sorriso.

— Obrigada por voltar – foi a única coisa que disse antes de se levantar e abraçar Jacob de lado, que colocou os braços em volta da pequena e sorriu lindamente.

Assim se seguiu, todos os Cullens vieram me abraçar também, Alice chorou horrores me xingou e disse que dá próximo iria até inferno atrás de mim, mas depois lhe garanti que não haveria próxima. Jasper também me abraçou apertado me girando no ar e arrancando algumas risadas das pessoas presentes, Esme e Carlisle também me acolheram em um abraço apertado, onde recebi mais várias ameaças e tudo mais, o que me fez levantar as sobrancelhas pra ambos, antes de rirem e se afastarem, com os Volturis não foi diferente Caius foi o mais reservado de todos, apenas me deu um abraço meio sem jeito de lado e se afastou, mas eu sabia que era seu jeito, Tia Athenodora por outro lado me esmagou em seus braços me agradecendo por salvar seus filhos e sobrinhas e então também se afastou, dando espaço pra Jane e Alex me abraçarem apertado, ouvi algumas desculpas por parte de Alec, mas apenas o assegurei que nem se quisesse poderia sair de onde estava, mas o mais engraçado aconteceu quando Demetri me abraçou, ele ficou um tempo apenas me abraçando apertado até ouvirmos um resmungo baixo e dedos batucando na cama, Demetri se afastou sorrindo pra mim e rindo de Edward.

— Relaxa cara, Bella é minha prima seu tonto. - isso fez todos no quarto rirem enquanto Edward só resmungava algo e saia do quarto com uma cara nada boa. - Acho que ele se chateou.

— Eu vou atrás dele. - disse revirando os olhos e saindo do quarto.

Ouvi somente as risadas do quarto, eu sabia onde ele ia estar, Edward não saia de lá desde que eles se mudaram. Eu vivia perto deles, mas não podia toca-los e eles não podiam me ouvir ou ver, mas era somente naquela cascata que tinha uma paisagem belíssima ao redor que ele se sentia livre para chorar e sentir algo, então somente corri e quando estava perto o suficiente eu diminui minha corrida pra uma caminhada humana e parei próxima a uma árvore, o vendo sentado não muito longe.

— Você encontrou um lugar tão lindo quanto a nossa campina – sussurrei sabendo que ele ouviria, mas incrivelmente ele se sobressaltou olhando pra cima e depois pra mim. - Você não precisava sair daquele jeito. - minha voz era uma pequena repreensão e ele se encolheu minimamente.

— Desculpe, só faz tanto tempo que não sinto nada, que eu me descontrolaria – sua voz estava baixa e ele voltou a olhar pra frente – eu senti sua falta todos os dias Bella, mas não podia deixar isso sair, porque prometi que cuidaria de todos. - ele olhava firmemente pra frente.

— Edward, me desculpa ter lhe pedido isso – eu caminhei e parei até estar ao seu lado, então me sentei – Eu não deveria ter te pedido tanto meu amor. - um sorriso se espalhou em seu rosto e quando ele me olhou seus olhos só tinham amor e compreensão e mais amor.

— Eu te amo tanto Bella, mas tem coisas que eu preciso saber, que todos precisam – ele suspirou, mas suas mãos foram pro meus rosto e um rastro de fogo pareceu surgir onde ele tocava.

— Eu vou te contar então. - suspirei pesado e olhei pra frente, encarando a água – bom, eu tive que planejar tudo muito bem Edward, cada detalhe, cada pequena peça contava, uma coisa fora do lugar e tudo ia por água abaixo. Quando vim pra Itália com Marcus naquela dia eu já tinha tudo planejado, mas não havia contado nada ao Vovô somente que pegaríamos Vovó e eu tomaria meu trono novamente, porque eu queria voltar pra Itália e pra minha casa – as lembranças daquela noite me vilhan como lâminas, me lembrando do olhar de Mamãe e papai na porta, o olhar de Aro tão determinado em me proteger e proteger Sulpicia, suspirei de novo, perdida em minhas memórias – Essa foi a história que contei e que ele engoliu, quando chegamos Jane, Demetri, Caius e Alec vieram nos receber nós portões, todos pensavam que eu só estava ali para tomar o castelo e todos estavam dispostos a me ajudar, mas todos estavam no escuro, então a partir daquele ponto coloquei meus planos em ação, eu disse que Caius deveria avisar Athenodora que todos estavam livres, aquilo era o código para evacuar o castelo e ele sabia disso, então ele sumiu e levou Jane e Demetri com ele, apenas Alec ficou e nós acompanhou. - olhei brevemente pra Edward, que me olhava atentamente – Quando cheguei a porta, que eu havia colocado ali exatamente, porque aquela era a parte do Castelo que eu protegia com a minha mente e com os poderes de Sulpicia, sim Sulpicia e Vovó sabiam de tudo ou quase isso, quando eu mandei que Vovô entrar deixei claro que o esperaria do lado de fora, mas assim que ele entrou o feitiço silencioso da porta foi acionado. Alec ficou de guarda ali, porque eu queria mante-lo longe de tudo e queria que não se ferisse, ele e Jane já tinham passado por muito, então deixei ele lá e fui em direção a sala do trono, mas antes peguei um túnel secreto que havia no castelo, que era mais subterrâneo do que qualquer outra parte e fui atrás de Sulpicia, é claro que ela já me esperava, mas não tivemos muito tempo pra nada. Você sabe sobre o significa o colar que Sulpicia usa não? - Ele negou e eu continuei – Aquele rubi vermelho foi onde Aro suprimiu os poderes dela, quando saíram de controle, por isso que ele quando ele achou que ela havia morrido, ele começou a deixá-lo sempre por perto, afinal era uma forma de tê-la ali também. Voltando, eu consegui o colar dela novamente e quando o devolvi ela pode me ajudar com o resto, afinal eu precisava convocar um anjo. - Com essa seu olhar ficou espantado e eu apenas sorri minimamente – Depois que fizemos o ritual finalmente foi a parte mais complicada, eu fui até Aro, eu lembro que entrei sozinha na sala e seus olhos me varreram de cima a baixo e ele sorriu. Ele disse que eu era muito audaciosa por ir sozinha enfrentá-lo, mas eu somente lhe disse que não queria enfrentar ninguém, que eu queria que ele ouvisse a razão e percebesse o quanto todo a sua “vingança” estava fadada a destruir sua família, com isso ele levantou e queria mesmo começar uma briga, mas você sabe um vampiro não pode comigo – ganhei um sorriso com esse comentário e um pequeno empurrão no ombro – Mas de verdade eu não mataria Aro, eu só ele perceber o quanto tudo que ele estava fazendo era errado, ele disse que só fazia tudo aquilo por raiva pelo que ele mesmo havia feito a sua esposa e foi a primeira vez que Aro chorou em milênios, ele me contou o quanto morreu por dentro e isso me fez ver toda a dor de Aro, porque ele havia matado Sulpicia em um acesso de raiva e depois havia se enfurecido com ele mesmo e conosco. Foi quando Sulpicia entrou na sala, foi uma das cenas mais lindas que já vi Edward, quando ele olhou pra ela, não havia mais raiva, não havia dor, não havia vingança, só existia ela. Pena que isso durou menos de um segundo, porque no seguinte o Anjo Rafael apareceu na sala e veio com toda sua fúria pra cima do casal Volturi, eu tive que me impor e lutamos um pouco, até eu conseguir contê-lo, eu não usava minhas espadas, nem nada – dessa vez minha mente trabalhou mais rápido, porque era horrível lembrar dessa parte – Eu só tive tempo de dizer a Aro que eu precisava fazer aquilo pra salvar todos nós, não podia explicar nada e o Anjo a minha frente tinha atacado eles primeiramente porque me via como uma igual e eles não atacavam seus iguais. Aro ficava na frente de Sulpicia tentando protege-la, mas eu sabia que isso não duraria muito, foi quando eu vi mamãe, papai, Nessie, Jacob e Jane, naquele momento Aro também percebeu a presença deles, porque jogou Sulpicia pra mamãe que a pegou e ele inutilmente tentou intervir na briga – eu balancei minha cabeça sentindo as lágrimas descendo por meu rosto – Ele achava que me devia aquilo, mas não e eu precisava terminar sozinha o que eu comecei, Rafael fez um movimento rápido atacando Aro o fazendo ser jogada com muito brutalidade contra a parede próxima porta e ele imediatamente ficou inconsciente e ali foi a única oportunidade que eu teria. Eu olhei pra mamãe e sorri pra ela, mesmo que tenha sido algo triste e murmurei um desculpe, manipulei papai pra ele segurá-la lá e com o meu escudo joguei Aro pra eles e os mantive lá. Então com gelo no coração, mais uma vez naquele dia eu me preparei para lutar, eu tirei minhas espadas e Rafael me olhou espantado, ele só tinha uma opção que era matar meu corpo humano e deixar que tudo tomasse seu equilíbrio e foi a primeira vez que eu vi um anjo sorrir triste, antes de nós explodir, eu ainda lembro do olhar de mamãe e papai na porta. - minhas mãos tremiam e Edward se aproximou as segurando junto com as dele – depois disso, eu só pude me comunicar uma última vez com você, tudo porque Rafael me ajudou e desde então eu estive aqui por vocês, eu sempre estive por perto, sempre olhando por vocês e cuidando de cada um e eu agradeço por cuidar de todos por mim Edward. Eu tinha que descobrir uma forma de voltar, eu procurei isso por anos a fio, até Rafael me dizer que eu poderia voltar somente se abrisse mão de algo, eu tive que abrir mão das minhas asas Edward, mas quando ele disse, eu senti que era um preço pequeno a pagar, por isso quando mamãe me encontrou com aquele “vampiro” que não era um vampiro, na verdade era Rafael, garantindo que alguém me encontrasse e sim ele já foi embora, mas eu estou aqui agora e quero viver. - eu finalmente olhei naqueles olhos verdes, vendo toda a admiração, carinho e amor que havia ali.

— Uau – ele suspirou ainda me olhando profundamente – Então agora vamos poder viver tudo aquilo que não podemos nesses últimos 30 anos? Porque eu tenho séculos de saudades e beijos guardados pra você, meu anjo. - ele acariciou meu rosto e eu fechei os olhos – mas por agora, vamos pra casa Bella.

Eu não pude deixar de sorrir, ele se levantou me puxando com ele e eu percebi que ali sempre seria o lugar certo pra mim, porque além de tudo Edward era meu lar, meu chão, meu sol, era meu tudo. E agora teríamos todo um futuro pra vivermos e nosso pra sempre começaria ali, naquele momento, eu simplesmente puxei seu rosto pra mim e o beijei. A partir de hoje, nunca mais sairia do lado daquele homem e nem da minha família, porque eu fiz tudo por eles e faria novamente, mas naquele momento tudo estava em seu devido lugar e eu podia curtir o meu pra sempre.

FIM.