Asas de Vidro escrita por Bruna Gonçalves


Capítulo 4
Quarto


Notas iniciais do capítulo

Hey!
Me desculpem a demora, mas prometo que ela será recompensada com este capítulo. Espero do fundo do coração que gostem de lê-lo da mesma forma que eu gostei de escrevê-lo!

Aproveitem, meus anjos!



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Me peguei sorrindo pela manhã de domingo inteira, e tinha combinado de Claire ir para a minha casa pela tarde, já que tínhamos que estudar para um provão que aconteceria na faculdade na segunda. Quando ela apareceu, logo percebeu que algo estava diferente comigo.

Durante toda a tarde que ficamos enfurnadas no meu quarto no meio dos livros e apostilas, Claire não parava de me observar de soslaio, com um sorriso malicioso nos lábios. Quando fizemos uma pausa para tomar café, fomos até a varanda dos fundos, tomar um ar. Pousei meus pés descalços na grama quente do verão, e nos sentamos nos balanços de metal, de frente para a cerca de arame farpado que me separava do casarão. Meus olhos logo procuraram por Isaac consertando as telhas do celeiro, ou aparando a grama, ou dando uma segunda demão de tinta no casarão, mas ele não estava em lugar nenhum. Seu carro esportivo preto não estava estacionado, então logo entendi que ele tinha saído. Era uma tarde quente de domingo, afinal, e ele podia estar passeando pela cidade.

— Ficou triste por ele não estar aqui? — Claire sussurrou, um sorriso zombeteiro nos lábios rosados.

Tomei um gole de café, tentando ganhar tempo para inventar algo para dizer. Ou para esconder o fato de que minhas bochechas queimavam, o sangue subindo para meu rosto.

— Eu só... — Engasguei com minhas próprias palavras. — Só estava olhando as flores. Você sabe que eu amo essas flores.

Ela riu.

— E quando você iria me contar que ele te chamou para sair? — Ela arqueou uma sobrancelha.

— Você já está sabendo disso? — Me irritei. — As fofocas correm rápido por essa cidade, não?

— Às vezes você se esquece que vive aqui, não é? Mas pode se considerar uma garota de sorte, Isaac Davies é um rapaz realmente encantador. Além de ser um tremendo gato.

Dei uma leve cotovelada em suas costelas, o que a fez rir ainda mais e mais alto. Confessei a ela o que fizemos no dia anterior, o que não foi nada demais. No final das contas, minha amiga ficou um pouco decepcionada por não termos tido um “encontro romântico” como ela esperava. Mesmo não sendo “romântico”, foi um encontro maravilhoso.

Claire estava feliz por eu ter seguido em frente, afinal. Desde que eu fui abandonada sem explicações por Scott, tinha um certo receio de me relacionar com outra pessoa. Ele tinha sido meu primeiro namorado, e depois que conseguiu o que queria, simplesmente deixou a cidade sem dizer nada.

Depois de terminarmos com a matéria, Claire se despediu e foi embora, me deixando sozinha com o silêncio daquela casa. Fui até meu quarto e tomei um banho demorado, tentando tirar aquelas lembranças que vieram até mim. O som do rádio do meu pai, o cheiro da fumaça de seu cachimbo, seus óculos perdidos atrás do sofá.

Quando secava meu cabelo com a toalha no meu quarto, vi pela janela que Isaac tinha voltado, as luzes da cozinha acesas. Já estava anoitecendo, e o céu estava ficando naquele tom de laranja que eu mais amava, o vento batendo nas árvores e balançando suas folhas com certa violência. O vento típico do verão.

Decidi que precisava vê-lo, nem que fosse só por alguns segundos. Só para eu ouvir a voz dele. Quando percebi, já estava na porta da frente do casarão, uma xícara vazia nas mãos, as pernas bambas. Toquei a campainha, e depois de alguns segundos a porta de madeira foi aberta, os olhos verdes iluminados.

— Oi. — soltei.

— Alexis Woods. — Um sorriso surgiu em seus lábios. — A que devo a honra de sua visita?

— Fiquei sem açúcar. — Estendi a xícara para ele, sentindo a mentira no tom da minha voz. Não estava sem açúcar coisa nenhuma. — Você teria um pouco para me emprestar?

— Claro. — Ele abriu um espaço na porta. — Não quer entrar? Está ficando escuro.

Assenti com a cabeça e entrei. Era um lugar bem grande para um rapaz solteiro, afinal. A sala tinha pouco mobília, apenas um sofá, um rádio portátil e uma prateleira de livros abarrotada. Ele foi até a cozinha, e fiquei xeretando sua estante, olhando os títulos, passando os dedos pelas lombadas empoeiradas. Alguns livros dali eram realmente interessantes, e logo me imaginei os pedindo emprestado.

— Alexis. — sua voz invadiu meus tímpanos, me deixando entorpecida. — Você não quer ficar para jantar?

— Seria ótimo. — Sorri, me virando para ele e andando até a cozinha.

...

Isaac sabia fazer fettuccine como ninguém, e o vinho tinto que ele escolheu para acompanhar não podia ser mais perfeito. Nos servimos de mais taças no decorrer da noite, enquanto lavávamos os pratos. Depois que terminamos, tínhamos esvaziado duas garrafas de vinho juntos. Eu não estava acostumada a beber daquela forma, e o vinho subiu até minha cabeça bem rápido, me deixando radiante. Quando a lua e as estrelas estavam altas no céu, Isaac segurou minha mão e me guiou até seu quintal. Estava muito escuro.

Ele me pediu para que eu deitasse na grama com meus olhos fechados, e obedeci. Ele deitou-se ao meu lado, ainda segurando minha mão, e a apertou de leve para que eu abrisse meus olhos. E eu nunca tinha visto um céu tão brilhante e majestoso em toda a minha vida. Pensei como nunca tinha reparado naquilo antes.

— Isso não é lindo? — A voz dele estava um pouco enrolada por conta do álcool.

— Isso é... — Pisquei meus olhos com força para ter certeza de que aquilo não era apenas uma alucinação da minha cabeça. — Isso é incrível, Isaac.

— Esse foi um dos três motivos para eu vir para essa casa. — Mesmo na escuridão, sentia seus olhos verdes cravados em mim com força total.

Me aproximei um pouco mais, meu braço tocando o dele. Seu corpo estava quente, e eu estava com frio.

— E qual foi o outro motivo? — sussurrei, sentindo que a adrenalina estava correndo pelo meu sangue. — Digo, além das flores.

Ele não disse nada, mas aproximou seu rosto do meu. Sentia nossas respirações se misturando, minha pele queimando, seus dedos no meu braço.

— Saber que estaria apenas a alguns metros de distância de você, todos os dias. — Eu quase podia sentir seus lábios tocando nos meus. — Mas não é mais uma vantagem. Não consigo mais ficar longe de você, Alexis.

Nossos lábios se tocaram, iniciando um beijo, e eu não conseguia mais raciocinar. Isaac estava roubando minha sanidade, meu fôlego, meu coração. Ele me tocava com tanta delicadeza, mas ao mesmo tempo com tanto atrevimento, que seu sentia meu corpo queimar. Ele podia implodir a qualquer momento, se transformar em chamas e se resumir a uma pilha de cinzas.

A noite começou a ficar fria de verdade, e peguei a mão de Isaac, voltando para o casarão. Com isso, ele me guiou para as escadas, até o andar de cima, para o quarto dele. E aquela foi a primeira vez de anos que me senti viva de verdade, bêbada e corada na cama do meu vizinho Davies, os braços dele à minha volta, protetores e apaixonados.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Gostaram?

Queria deixar um agradecimento especial a duas leitoras incríveis: Isa, que favoritou, e Clara Stark, que além de favoritar deixou um comentário muito especial pra mim. Obrigada de verdade, não podia estar mais feliz por receber esse reconhecimento. Amo vocês!

Um beijo!



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