O do contra. escrita por Mical


Capítulo 4
Eu quero matar Oliver Queen!




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Apoiei meu rosto com as mãos para poder visualizar melhor o interior da sala do Queen. Quando cheguei à QC àquela manhã, eu tive a surpresa de encontrar Oliver em uma reunião em sua mesa com o filho do CEO de uma das maiores empresas de Starling City, essa era a única informação que foi deixada no formulário entregue a mim. E eu estava lá, babando na beleza do homem de cabelos pretos que conversava animadamente com o maníaco como se o conhecesse à eras.

Ah, o maníaco. Aquela última semana após o evento na mansão Queen foi uma das melhores da minha vida. O Queen me atolava de trabalhos fúteis por todos os lados, mas só o fato de saber que eu o estava atingindo com o meu suposto caso de uma noite com a sua ex-namorada me deixava com um imenso sorriso no rosto, e isso o irritava ainda mais. Eu ainda lembrava com perfeição das nossas farpas no dia seguinte à festa: Oliver deixou em cima da minha mesa uma revista de fofocas que tinha a minha foto e a de Laurel como capa e o título "Secretária lésbica de Oliver Queen conseguiu levar pra casa a ex-namorada dele", eu sabia que ele apenas queria me atingir com aquilo, por isso me limitei a dar um sorriso travesso e comentar um "Foi uma noite inesquecível. Ela tem umas belas pernas, entendo porque gostava tanto dela". Não preciso dizer que depois disso o Queen só me encara com o seu olhar assassino.

Suspirei de paixão. O moreno lindo que estava na sala do Queen sentou em uma cadeira e cruzou as pernas, nessa posição era possível ver o seu sorriso que, modéstia a parte, era perfeito. O homem aparentava ter em torno de uns 28 anos e, mesmo sem se quer escutar a voz dele, eu não via a hora do Queen me chamar à sala dele para eu poder admirar o sorriso do moreno mais de perto.

— Nunca te vi tão concentrada assim no Oliver. – Diggle comentou com um sorriso na voz. Eu tinha escutado ele se aproximar, mas não queria perder nenhum movimento do moreno-maravilha, por isso não me dei ao trabalho de desviar os olhos.

— Não estou olhando para o cretino. – expliquei em sussurros. Porquê eu estava sussurrando?— Estou olhando para o bonitão na sala dele.

Ouvi Diggle arrastar a cadeira que ficava à frente da minha mesa e sentar nela.

— O nome dele é Thomas Merlyn.

— Herdeiro da Global Merlyn. – completei surpresa. – Ele é o futuro dono da empresa que tem o melhor departamento de tecnologias e T.I da cidade!

— É...

— Está vendo, Diggle... – lancei um olhar travesso para ele. – Um homem pode ser um bilionário sem ser um maníaco. O Merlyn parece um psicopata pra você?

Diggle riu.

— Oliver não é um psicopata, Felicity.

— Não vou me dar o trabalho de discutir com você de novo sobre isso. – revirei os olhos. – O ponto é que o Merlyn parece ser uma pessoa agradável, além de ser lindo.

— Srta. Smoak? Já pode me trazer o café.— a voz de Oliver soou irritada no interfone.

Aleluia! Fui chamada para a sala do Queen! Eu sentia até pena do Thomas, que foi obrigado a ficar perto o cretino por todo esse tempo.

Dei uma piscadela para Diggle antes de pegar o copo de cima da mesa e andar com o melhor sorriso que consegui fazer para a sala do meu chefe, mas aposto que o meu sorriso não chegava aos pés do de Thomas. Entreguei o copo para o maníaco.

— Já pode se retirar. – murmurou quando eu mal ajeitei a postura novamente.

— Quanta falta de educação, Ollie. – o Merlyn falou num tom falso de indignação. – Você nem me apresentou para ela.

Ollie? Que espécie de apelido era aquele? Tenho uma pergunta melhor: porquê o bonitão chamou o Oliver por um apelido carinhoso? Talvez eu devesse ensinar para o Merlyn alguns apelidos que eu dei para o Oliver...

— É verdade. – o cretino murmurou. – Tommy, essa é Fê.... Feli... Felo... Felícia? – olhou para mim enquanto tentava acertar o meu nome. 

Abri a boca para me apresentar, mas o Queen não me deu a oportunidade. 

— Espera, não é Felícia. – ele se recostou na sua poltrona, assumindo uma feição pensativa. – É Felica. Não, é Fevalda... Felovalda! – estalou os dedos como se tivesse acertado, mas logo voltou a ficar pensativo. – Não é Felovalda... É Felivalda?

— Oliver, você não acha melhor...

— Estou quase acertando. – o cretino interrompeu a fala do Thomas, sinalizando para ele esperar. – É Fecovalda... Não, é Fecalda. Isso! – deu um sorriso vitorioso. – Tommy, essa Fecalda Megan Smoak, minha secretária. Srta. Smoak, esse é Thomas Merlyn, meu melhor amigo.

Fecalda? Melhor amigo?

Meu lábios se separaram intantaneamente a medida que eu virava a cabeça para encarar o Merlyn e ele fazia a mesma coisa. O olhos de Thomas estavam distantes, provavelmente concluindo o mesmo que eu: Fecalda parecia Fecal, e matéria fecal era BOSTA!

O Merlyn deu um sorriso amarelo.

— Pode me chamar de Tommy. – murmurou com um fio de voz, se segurando para não rir.

Cretino aprendiz!

Eu até queria corrigir Oliver, mas com o ódio mortal que ele sentia por mim, era bem provável que ele usasse o meu "desacato" como desculpa para me demitir. Eu sabia que o único motivo do Queen para ainda não ter me colocado no olho da rua era o Diggle. Assim como o único motivo de eu ainda não ter mandado o Oliver para o quinto dos infernos também era o Diggle. Meu moreno-fortaleza era o ponto de ligação entre preto e o branco, ou seja, o Queen e eu.

Mas isso não me impedia de odiar aquele cretino. E como eu gostaria da visão dele com três flechas verdes no peito e uma no olho...

— Pode me chamar de Megan. – sorri para o moreno bonitão.

— Ou simplesmente Srta. Smoak. – o Queen resmungou indiferente.

— Não seja estraga prazeres, Ollie. – Tommy levantou as sobrancelhas. – Deixe eu conhecer um pouco sua secretária. Tenho que dizer que já descobri porquê é uma parede de vidro que separa a sua sala da dela...

É, "Ollie", não seja estraga prazeres.

— Você que não deveria desperdiçar charme com ela, Tommy. – os lábios de Oliver formaram uma linha fina antes dele continuar a falar. – Ela joga no outro time.

O Merlyn me analisou de cima a baixo por poucos instantes antes de me reconhecer e seu rosto assumir uma feição de pura euforia.

— É ela. Ela? – ele apontou em minha direção enquanto se dirigia ao Queen. – A garota da capa da revista? Sua secretária gostosa e lésbica?

— Talvez eu ignore a parte do gostosa. – o Queen observou.

Tommy ignorou o comentário do amigo e se virou em minha direção.

— Garota, você é uma lenda. – parabenizou. – Conseguiu conquistar Laurel Lance, eu devia te idolatrar. E o Oliver também.

— Não exagere...

— Fala sério, Ollie. A loirinha conseguiu levar Laurel Lance, que não é homosexual, pra cama. Nem nós que somos homens, ricos e lindos conseguimos com tanta facilidade. Alguém dê um Oscar pra ela. – estendeu a mão em minha direção.

Eu iria surtar e sair quebrando pescoços de bilhões de dólares a qualquer momento, principalmente o de certo deus grego de sobrenome Queen, que havia arruinado qualquer chance que talvez eu tivesse de conseguir a admiração masculina do Merlyn. Mas eu jurava que, apesar do rosto sério, eu podia ver um brilho de diversão e vingança nos olhos de Oliver. Maldito seja! Ele fez isso para me provocar e me fazer desmentir a história com a Laurel, mas se ele pensava que eu desistiria tão fácil... ele que preparasse a bandeira branca.

— Bom, eu tenho trabalho a fazer. – falei em tom de desculpas enquanto andava de costas. – Foi um prazer te conhecer, Tommy.

— Eu digo o mesmo, Megan. – deu um sorriso de canto. – Talvez algum dia possamos almoçar e conversar. Você poderia me ensinar seus truques para conquistar mulheres.

É fácil: ódio mútuo por Oliver Queen. Me limitei a dar um sorriso tímido e caminhar a passos largos para a minha mesa. Diggle, que lia um jornal de modo despreocupado, se quer levantou os olhos quando puxei minha cadeira com força e sentei, não segurando um grunhido irritado.

— O que foi agora? – perguntou sem olhar pra mim.

— Eu quero matar Oliver Queen!

— Isso não é novidade...

[...]

— Uou. Quem é a corajosa? – questionei para Diggle assim que entrei na minha sala. Eu havia ido, pela terceira vez naquela tarde, comprar café para o Queen mau humorado. Então é claro que eu fiquei surpresa quando encontrei uma garota jovem de uniforme escolar balançando as pernas enquanto estava sentada na mesa do Queen. Pela feição entediada do meu chefe, aquela sem dúvida não era uma das suas conquistas.

— Thea Queen. – Diggle falou indiferente enquanto analisava a paisagem de Starling.

— Aquela que eu estraguei três vestidos?

— Sim. Ela só veio encher o saco.

Concordei com a cabeça enquanto levava o café para o maníaco. A garota não parecia nem um pingo com o Queen. Ela tinha cabelos escuros, olhos um pouco puxados e um sorriso zombeteiro. Ela falava algo para o Oliver com um imenso sorriso no rosto, mas ele não parecia interessado no que ela tinha a dizer.

— Seu café, Sr. Queen. – falei séria enquanto deixava o café em cima da mesa dele.

— Já pode se retirar.

— Não vai me apresentar sua secretária, Ollie? – Thea questionou.

Mas que merda. Porquê todo mundo que conhecia o maníaco perguntava o meu nomepara ele e não para mim? Percebi que o Queen franziu o cenho, sinal de que ele já ia dar aquela de que esqueceu o meu nome.

— Meu nome é Felicity. – falei antes do Queen abrir a boca. – Felicity Smoak. Mas seu irmão me conhece por Megan Bosta. – falei irritada lançando farpas com os olhos na direção do Queen, que se limitou a revirar os olhos.

— Megan Bosta? – a Queen questionou olhando para o irmão. 

— Eu pensei ter dito que já pode se retirar, Srta Smoak. – o Queen murmurou entre dentes.

Dei dois passos em direção a minha sala antes de ouvir a Queen vir em minha defesa:

— Você não deveria tratar ela tão mal, Oliver Queen. – repreendeu. – Ela é sua secretária, não um bode expiatório para o seu mau humor.

Ponto para Thea! Talvez eu devesse recrutar ela para o meu clube das pessoas que odeiam Oliver Queen e fingir que peguei ela também. Eu queria ver o Queen arrancar os cabelos por achar que o peguei a irmã dele, isso seria interessante...

Infelizmente, eu cheguei á minha sala antes de ouvir o resto da discussão, mas eu conseguia ver pela parede de vidro que Thea não estava nem um pouco feliz com as respostas do irmão à sua pergunta. Tive mais certeza que os dois se desentenderam quando a Queen deixou a QC com a cara fechada e o Oliver suspirou aliviado quando ela saiu. Não demorou muito para que ele também fizesse o meu dia mais feliz por deixar a QC, então eu pude colocar o meu plano em prática:

Eu estava determinada a encontrar provas que incriminassem Oliver Queen para o vigilante, e Diggle sabia disso. Mas o que Diggle não sabia era que eu já tinha encontrado algo suspeito relacionado ao Queen e estava investigando, eu não queria escutar mais um dos seus sermões.

Quando Oliver voltou de Lian Yu (ilha pelo qual ficou preso por cinco anos), ele trouxe consigo uma caixa de madeira e jamais deixou alguém examinar seu conteúdo. E se o Queen fosse um terrorista e o que tinha dentro da caixa fosse uma bomba? Com certeza essa informação renderia umas boas flechadas naquele olho assassino do meu chefe, por isso eu estava determinada a descobrir o que tanto o Queen escondia dentro daquela madeira. Passei a semana toda me planejando e pesquisando a rotina do Queen: Todo santo dia ele chega mais cedo ao trabalho e trás consigo a tal caixa, deixando-a em baixo da sua mesa. Por volta do meio dia ele saía e às vezes levava a caixa, mas Diggle ficava na QC nesse horário (o que é no mínimo estranho, já que Dig é o guarda-costas do Queen) impedindo que eu fosse investigar a sala do chefe. Quando voltava, Oliver geralmente deixava a caixa em cima de uma bancada que ficava atrás de sua mesa, e quando resolvia desaparecer de tarde, ele sempre levava a caixa consigo, a não ser quando ele iria resolver algum assunto relacionado à empresa. O que era o caso naquele momento.

Oliver foi para uma reunião na Global Merlyn, por isso o Merlyn Júnior havia visitado ele essa manhã. Consequentemente, ele havia deixado a caixa em cima da bancada atrás da sua mesa. Diggle acompanhou o Queen como motorista, já que o mesmo fez o favor de dispensar a minha presença. Essa era a única oportunidade que eu teria para descobrir o conteúdo misterioso da caixa do Queen, e eu não iria desperdiçá-la. Mas é claro que eu não poderia simplesmente entrar na sala delr e sair vasculhando as coisas, haviam câmeras de segurança que me impediam de fazer isso, além de que seguranças armados faziam a vistoria de uma em uma hora quando o Queen está ausente.

Eu precisava esperar anoitecer. De noite o número vigias da sala de segurança diminuíam para dois e o departamento de T.I não funcionava, então eu poderia hackear o sistema das câmeras de segurança sem ser percebida por muito tempo, além de que demoraria exatamente uma hora para que algum segurança resolvesse aparecer, tempo de sobra para ir até a sala o do Queen e descobrir o conteúdo da sua caixa de madeira. E se alguém perguntasse o porquê de eu estar na QC até tarde? Eu simplesmente alegaria que estava fazendo hora extra.

Era o plano perfeito.

Os últimos raios solares iluminavam a vista de Starling City, isso significava que já estava na hora de eu agir. Deixei as luzes da minha sala e a do chefe apagadas para que a escuridão me ajudasse a não ser pega no flagra. Câmeras Hackeadas. O último segurança tinha acabado de sair. A hora era agora.

Andei de vagar para a sala do Queen me sentindo uma espiã. O céu lá fora já estava praticamente escuro e a única coisa que iluminava a sala eram as luzes de Starling City que entravam pelo vidro que possibilitavam a vista da cidade. Era uma iluminação pouca, mas suficiente para que eu conseguisse identificar claramente os objetos ali, inclusive a caixa de madeira à minha frente.

Passei a mão por cima dela antes de descer os dedos para a pequena trava na frente, e foi aí que tudo aconteceu:

Não sei direito como, mas em um segundo eu abri a trava com as duas mãos e em outro eu estava praticamente pendurada. Droga, tinha uma armadilha naquela trava! Só depois que o susto passou que eu pude raciocinar no que tinha acontecido. Eu tinha visto o pequeno fio enrolado na trava dourada da caixa de madeira, mas não tinha raciocinando que aquele fio iria soltar, prender minhas duas mãos juntas, e me puxar violentamente para cima. O aperto da corda somados ao meu peso faziam meu pulso doer, por isso eu tentei o máximo que pude me apoiar na ponta do pé, que era a única parte que enconstava no chão.

No meio de tudo isso, eu só conseguia pensar em uma coisa: Maldito seja Oliver Queen! E, como se tivesse lido os meus pensamentos, o próprio apareceu do meio da escuridão me encarando com sua habitual feição séria. Oliver me analisava de cima a baixo enquanto se aproximava de mim, não fazendo questão de me soltar daquela armadilha.

Desgraçado!

— É realmente uma surpresa ver você amarrada na corda que eu coloquei na caixa. – admitiu pensativo.

— Eu deveria me sentir lisonjeada com isso? – retruquei sarcasticamente.

Oliver encarou meus olhos, dando mais um passo em minha direção.

— De forma alguma.

— Será que dá pra me tirar daqui? – questionei aborrecida. Aposto que a marca vermelha demoraria a sumir dos meus pulsos.

— Por quê? – levantou uma sobrancelha. – Está sendo divertido ver você aí. Além de que é uma ótima punição por você tentar ver o que não deve.

Soltei a respiração de modo pesado.

— Você é um psicopata. – acusei.

— Talvez... – deu mais um passo em minha direção. – Eu vou te soltar, Felicity... – meu nome saiu com naturalidade por seus lábios. Meu coração não resistiu em falhar uma batida por causa disso. – ... Mas primeiro me responda: porquê está fazendo tanto esforço para me entregar para o capuz?

Como é que ele sabia disso? Minha mente não precisou pensar muito para chegar à conclusão de quem havia informado o Queen sobre isso:

— Diggle. – murmurei entre dentes para mim mesma. Eu ia matar ele!

— Diggle não precisou me falar. – o Queen esclareceu dando mais um passo para a frente. Daquela distância já era possível ver o azul de seus olhos. 

— Você que saber porque quero te entregar pro vigilante? – falei agitada, o que fez com que o aperto em meu pulso piorasse. – Porque eu te odeio! – gritei. – Você é a pior pessoa que eu já conheci, se não existisse não faria nenhuma diferença no mundo!

Oliver não esboçou reação alguma, apenas continuou se aproximando de mim.

— Eu não sei porque diabos você me detesta tanto ou porque parece tão empenhado em fazer da minha vida um inferno. O que o que me faz concluir que você faz isso por pura diversão. E isso faz de você uma pessoa horrível, Oliver Queen! – contiuei aos gritos. Eu arfava ao mesmo tempo que falava, por isso meu rosto provavelmente estava vermelho pela raiva que me consumia. 

Eu iria falar tudo na cara daquele cretino. Se eu perdesse o meu emprego depois, dane-se! Eu não queria passar mais nenhum minuto trabalhando para aquele demônio.

— Desde o momento que eu pisei na droga dessa sala, tudo o que você fez foi tentar me atormentar! E parabéns, Oliver, você conseguiu. Eu sou uma pessoa atormentada pelo seu mau humor, orgulho, impertinência e pela sua arrogância! – me remexi tentado me soltar, se minhas mãos não estivessem amarradas acima da cabeça eu sem dúvida já teria tentado bater nele, ainda mais porque ele não demonstrava nenhum sentimento pelas minhas palavras. – Eu te odeio! No momento em que te vi pela primeira vez eu sabia que te odiaria, e cada respiração sua contribuiu para isso!

Oliver já estava a um passo de distância de mim. Eu encarava seus olhos enquanto gritava com ele, mas só naquele momento ele piscou admirado.

— E quer saber, Oliver? Eu não dou a mínima para o que você acha de mim, eu só sei o que eu acho de você. É como pode ver, a minha opinião sobre você não é a das melhores. – esbocei um sorriso falso ao mesmo tempo que balançava a cabeça negativamente. – Você me proibiu de usar roupas coloridas. Você me proibiu de usar o cabelo solto. Você me obrigou a trabalhar duas semanas e meia como uma escrava. Você me obrigou a me vestir de garçom semana passada. Você me obrigou a me fazer de lésbica e fingir ter dormido com Laurel Lance. Você não presta, e é por isso que pode sentir orgulho de inspirar e mim o mais profundo ódio.

Oliver arfou, e foi só aí que eu percebi que seu rosto estava mais próximo do meu do que era seguro. Seu hálito se espalhava por todo o meu rosto a medida que ele respirava pela boca, como se precisasse de ar. Suas pupilas extremamente dilatadas me encaravam num misto de perplexidade e admiração. E, num único impulso, seus lábios cobriram os meus.

Oliver me beijou de modo ávido, maltratando meus lábios com os seus. Suas mãos desceram para minha cintura e puxaram meu corpo contra o dele, dando mais acesso à minha boca e a permitindo que sua língua entrasse sem permissão. Eu retribuía o beijo com a mesma intensidade, Deus! Porquê eu estava fazendo isso? Eu não sabia a resposta, a única coisa que eu sabia era que eu queria que as minhas mãos estivessem livres para poder puxar Oliver para mais perto.

Ele mordiscou meu lábio inferior ao mesmo tempo que suas mãos alcançaram meus cabelos e puxavam meu rosto contra o dele. Mas de repente os lábios de Oliver pararam os movimentos e ficamos alguns segundos assim, com os lábios encostados e respirações pesadas se misturando, até que ele encostou sua testa na minha e murmurou com a voz rouca:

— O que você está fazendo comigo? – seu tom era quase sofrido.

As mãos de Oliver escorregaram do meu meu cabelo para o meu rosto.

— Porquê? – ele sussurrou para si mesmo ao mesmo tempo que se afastava para olhar em meus olhos. Seu rosto ainda continuava incrivelmente perto e suas mãos seguravam o meu rosto, sustentando meu olhar. – Eu fiz de tudo, Felicity... Juro que fiz.

Eu queria perguntar sobre o que ele estava falando, mas não encontrei a minha voz.

— Desde o momento que você entrou nessa sala pela primeira vez... – continuou. – Eu sabia que eu corria sérios riscos de me apaixonar por você. E eu tentei... Juro que tentei evitar que isso acontecesse.

Meu cérebro a mil não conseguia encontrar sentido nas palavras dele, eu estava bêbada pela proximidade dele e por seu hálito banhando o meu rosto. Eu não conseguia raciocinar... Eu mal conseguia respirar.

— No seu primeiro dia de trabalho, a sua alegria e simplicidade me conquistaram... Eu não sei, Felicity! Eu só sabia que eu tinha que afastar você de mim. – deixou um selinho em meus lábios. – Eu tinha que dar um jeito de fazer você parecer menos atraente. E eu tentei... – deixou outro selinho. – Tentei novamente. – outro. – Mas nada do que eu fiz foi suficiente.

Seu lábios voltaram a me beijar novamente, mas dessa vez eles eram calmos e respeitosos. A maciez de seus lábios contra os meus me deixavam com vontade de mais, eu queria mais dele. Mas era Oliver quem tomava as decisões, minhas mãos amarradas me impediam de cumprir meus desejos.

— E na noite da festa você me provocou. – sussurrou contra os meus lábios. –Aquele vestido vermelho despertaram pensamentos pecaminosos, você não deveria tê-lo vestido. E aqueles seus lábios vermelhos. – Oliver afastou o beijo e olhou para minha boca. – Eu só conseguia pensar em levar você para um quarto e fazer loucuras com eles. – uma das suas mãos desceu rapidamente para o meu quadril e me puxou contra seu corpo. Oliver se abaixou um pouco para que sua intimidade tocasse a minha. Ele estava pronto, duro e selvagem.

Não contive um gemido involuntário.

— Eu não aguentei, Felicity, não aguentei ver outros homens te olharem com o mesmo desejo. – seus olhos se levantaram para os meus novamente, num pedido claro de desculpas. – Eu precisava deixar você menos atraente, e ultimamente é só o que faço.

A outra mão de Oliver desceu para o outro lado do quadril e ele afastou minhas pernas, me carregando levemente do chão para que ele não precisasse se abaixar. Seu mastro ereto precionava a minha entrada por cima das roupas. Era um desejo que eu precisava que ele saciasse, mas não encontrava a minha voz para expressá-lo.

— Eu sei que te fiz me odiar. – ele sussurrou ao me beijar mais uma vez. – E eu fiz isso porque eu queria te odiar, mas não consegui. Nós somos opostos, e eu desenvolvi um sentimento totalmente oposto ao seu.

Dessa vez os lábios dele tomaram os meus com urgência. Suas mãos soltaram as minhas pernas, o que fez que eu precisasse ficar novamente na ponta dos pés para me sustentar, mas não me importei com isso. Os dedos ágeis de Oliver faziamo percurso pela minha coluna até agarrarem meu cabelo mais uma vez. Só que dessa vez Oliver os puxou para baixo violentamente, a dor provocada se misturava com o prazer de ter os lábios de Oliver em meu pescoço. 

Oliver se afastou de mim mais uma vez para encarar meus olhos, minha cabeça jogada para trás estava sendo segurada pelos cabelos, que ele se recusava a soltar.

— Me diga, Felicity. – ele ordenou entre dentes. – Me diga o que você tem que tanto me atrai. Me diga porquê não consigo ficar longe de você. Me diga!

Mordi o lábio inferior. A visão dos olhos azuis dele somados a vermelhidão dos seus lábios por causa do beijo me deixava excitada. Eu apenas queria que ele me beijasse, e ele atendeu o meu pedido silencioso.

Oliver desceu os beijos da minha boca, para o meu queixo e depois para o meu pescoço, deixando um rastro de fogo por todo lugar que seus lábios passavam.

— Eu prometi a mim mesmo que não faria isso. – revelou em meu pescoço. – Eu prometi que não me iludiria tomando você para mim e que não criaria em mim esperanças de ter você, quando eu claramente não posso. Mas quer saber... – seus lábios voltaram para os meus. – Dane-se. Eu quero você agora.

Essa declaração foi o suficiente para que nós dois nos entregassem os totalmente aos beijos. Oliver finalmente me carregou e eu pude enlaçar minhas pernas em seu quadril. Eu não sabia o que estava fazendo e esqueci totalmente qual era o meu nome. Meu quadril se movimentava involuntariamente em direção à intimidade de Oliver e meu corpo implorava por mais contato. As mãos dele seguravam firmemente a minha coxa por debaixo do pano da saia e incentivava os movimentos que eu fazia. Mesmo com todas as roupas, aquele simples atrito sexual fazia nós dois soltarmos gemidos altos.

Um telefone tocou.

Oliver parou meus movimentos com as mãos e apertou firmemente os olhos enquanto o telefone tocava mais uma vez. Ele olhou em direção ao aparelho, provavelmente cogitando mentalmente se devia atender.

— Deixe... – implorei com a voz rouca, apertando ainda mais minhas pernas em volta do seu quadril.

Oliver soltou um gemido contido com esse movimento e olhou em meus olhos. Aquele olhar... Era o mesmo que eu vi ele lançar em direção à Laurel na noite do evento na mansão Queen. Um olhar claramente apaixonado. Ele estava me deixando confusa.

— Eu preciso atender. – ele sussurrou por fim, quando o telefone tocou pela quinta vez.

Oliver desvencilhou minhas pernas da dele e foi em direção ao telefone. Ele não falou nada, apenas escutou o que a pessoa na linha estava dizendo, o que durou poucos segundos.

— Eu preciso ir. – avisou sem olhar em meus olhos e seguindo em direção à saída.

Meus olhos seguiram os passos dele, totalmente perplexos por ele me deixar ali sozinha depois de tudo. E ainda por cima amarrada. Antes que eu pudesse ter qualquer reação ou falar alguma coisa, Oliver se voltou pra mim quando chegou à porta, tirando algo do bolso e jogando em minha direção.

Eu caí.

Meus joelhos bateram contra o chão porque eles não tiveram forças para sustentar o meu peso. Olhei para os meus pulsos e a corda que os amarrava estava frouxa porque havia sido cortada no ponto onde deveria ficar o nó. Meu olhos seguiram automaticamente para a parede atrás de mim, onde o canivete que Oliver jogou em minha direção à distância de cinco metros estava cravado.


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Notas finais do capítulo

Já podem começar a surtar.

Esse foi o penúltimo capítulo de "O do contra", semana que vem teremos o último (aaa).

*Este capítulo não foi revisado, perdoem qualquer erro.


Bem, acabou que eu consegui postar esse capítulo antes de sexta, ainda bem! E ainda consegui postar o prólogo da minha próxima long fic, se você quiser dar uma olhada, é só visitar o meu perfil.

Parece que descobrimos um pouco sobre as motivações do Ollie para atormentar a nossa loirinha... Preciso da opinião de vocês quanto à isso. E como fica a Laurel nessa história? Veremos...

Muito obrigada a todos os favoritos e os lindos comentários que recebi no capítulo passado!