Vidas Trocadas. escrita por Regina Rhodes Merlyn


Capítulo 11
Desencontros


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, voltei. Mais um capítulo a caminho.
Boa leitura.
Bjinhos flores.



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"....No, don't ,don't let your anger grow;

Just tell me what you need me to know;

Please,talk to me,don't close the door.."

Don't

Shania Twain

Tommy

Passava um pouco das três da madrugada quando a festa deu sinais de estar chegando ao final. Durante toda a noite, várias vezes escutei vozes ( e outras coisas mais!) do lado de fora do bagalô. Alguns casais só não entraram porque havia trancado a porta,por precaução. Não consegui dormir novamente, não pelo barulho mas sim por conta do mal estar que retornara com força, me fazendo vomitar mais uma vez. Sabia o que estava acontecendo e que não passaria tão facilmente . Síndrome de abstinência. Meu corpo começava a sentir os efeitos da falta das drogas. Além do  mal estar, causando o vômito, as dores por todo o corpo, a febre e sede excessiva são os outros sintomas que senti durante esta noite. Agora que estava me sentindo melhor, havia tomado uma decisão: assim que todos fossem dormir, iria embora. Caitlin já havia me ajudado demais e não quero coloca-la em perigo por minha causa. Já tem gente demais nessa situação. E depois de vê-la no início da noite, tão linda e delicada, percebi ter mais um motivo para partir: ela estava mexendo comigo. Muito. E estava acontecendo o mesmo com ela. Então, antes que chegássemos a um ponto perigoso, era melhor sair de sua vida.

Aguardo quinze minutos,abro a porta e olho ao redor. Verificando que não havia perigo,saio do bangalô. Tinha dado alguns passos, quando escuto uma voz trás de mim.

—O que está fazendo aqui? - me viro, encontrando um senhor com cara de poucos amigos me encarando.- Por que tirou o uniforme? Por acaso estava pensando em ir embora sem ajudar o resto da equipe ?- questiona, me confundindo com um de seus funcionários -  Se pretende receber integralmente,trate de começar a ajudar os outros servindo os...-para no meio do discurso - Ou melhor,já que tirou o uniforme, ajude na arrumação das coisas - diz e como não saio do lugar - Ande rapaz, não temos a madrugada inteira - me apressa,puxando-me pelo braço.

Como estou sem nenhum dinheiro, decido fazer o que me pede. Me junto a alguns dos garçons que serviram durante a festa, ajudando a recolher louças, talheres e outras coisas que seriam levadas pelo buffet. Um deles puxa assunto, Jonas, e começamos a conversar. Aos poucos,contando com sua ajuda, me sinto mais seguro na realização das tarefas. Jonas me chama para ajudá-lo a desmontar a ilha-bar que havia sido montada dentro de uma das piscinas.

—Rapaz, poderia nos servir um drink?- escuto uma voz grave e me viro encontrando dois homens encostados no bar -Um uísque on the rocks pra mim. - pede- O que quer beber Robert?- pergunta

—Uísque.Puro - pede, olhando ao redor, procurando alguma coisa.

—Relaxe Robert, sabe que quanto mais tentar controlar Thea,mais ela vai fazer o que não deve, só pra te irritar - fala, pegando os drinks que preparei.

—Pra você é fácil falar,Malcon- diz, o outro homem,recebendo o drink que lhe era entregue - Caitlin é uma das garotas mais centradas que conheço - comenta e olho o pai da garota que me socorreu, um  sorriso discreto no rosto diante do comentário feito pelo amigo- Não a imagino fazendo nenhuma loucura ou irresponsabilidade, ao contrário do meu pequeno furacão! - completa, os dois rindo.

—Tenho que admitir,que se Thea fosse minha filha,já teria enfartado com certeza!- sorri ,encarando o outro - Mais um, por favor - me pede, virando a cabeça em direção as risadas que chegam até o local onde estamos. Acompanho seu olhar, vendo Caitlin junto com algumas garotas e rapazes. Uma delas,que suponho ser a filha de Robert, está em cima de uma mesa, dançando, um jovem segurando sua mão evitando que caia - Acho que já está na hora de encerrarmos essa festa, antes que as coisas saiam do controle- uma expressão de irritação aparece em seu  rosto quando um rapaz moreno segura Caitlin pela cintura. O gesto também não me agrada, e aperto o copo que segurava com tanta força que acabo quebrando-o,chamando a atenção dos dois homens.

—Desculpem - digo, jogando o resto do copo no lixo, limpando a mão com um pano.

—Se machucou? -pergunta o pai de Caitlin e nego com a cabeça.

—Vamos lá, hora de mandar as crianças para a cama- convida Robert, fazendo-o rir. O dois agradecem, saindo em direção ao grupo.Acompanho-os com o olhar, até Jonas  chamar minha atenção. Volto a me concentrar no serviço.

Terminamos de desmontar a ilha,encaixotando tudo,levando uma parte até a van que estava estacionada em um dos cantos do jardim. Jonas permanece na van enquanto retorno para buscar o restante das coisas.  Ao passar por por um ponto do jardim mais escondido ,escuto a voz de Caitlin.

—Ray, pare, já falei que não quero! - escuto-a dizer em um tom baixo e severo - Me largue, por favor -pede.

—Você passou a noite inteira me provocando e agora vem com essa história de que não quer?! Está de brincadeira comigo Cait? - ouço o homem protestar.

—Não estava te provocando. Você me entendeu errado! - sua voz soa abafada - Além do mais, está namorando a irmã de minha melhor amiga - argumenta , e escuto um barulho de algo caindo, decidindo interferir. Sigo em direção ao som, encontrando-os deitados no gramado.

—Ray,eu não quero,pare por favor! - Caitlin pede, tentando afastá-lo, virando o rosto,evitando ser beijada.

—De onde venho - digo,assustando-os - Quando uma garota diz que não quer, respeitamos sua vontade.

O homem ergue a cabeça, me encarando, os olhos faiscando de raiva. Aproveitando sua distração, Caitlin ergue o joelho, acertando-o em cheio. Ele geme, rolando de lado, libertando-a, que se levanta rapidamente, ficando ao meu lado.  Quando ele se levanta, instintivamente me posiciono a sua frente, protegendo-a. Ele é um pouco mais alto do que eu.

—Quem você pensar que é para se intrometer onde não foi chamado?- rosna, tentando me intimidar.

—O cara que vai quebrar o seu nariz se não sumir da minha frente. - devolvo, enfrentando-o.

—Ray? - ouvimos uma voz chamando-o distante. Ele me encara por mais alguns segundos antes de se recompor e sair .

—O que pensa que está fazendo?- escuto Caitlin perguntar. Me viro e a vejo parada, as mãos na cintura tentando parecer zangada. Me pego rindo de sua zanga -Não ria Thomas, estou falando sério.- reclama, socando meu peito- Passei a noite toda preocupada em alguém te encontrar e você me aparece do nada - volta a me socar.

—Caitlin,calma estou bem - seguro suas mãos - Você está tremendo.

—Não desconverse. - tenta se soltar - O que está fazendo aqui?

—Sai pra tomar um pouco de ar - minto - E ai um homem, encarregado do bufet,  me confundiu com um de seus funcionários- digo -Então, estou trabalhando, digo, ajudando na retirada das coisas . E ainda vou receber por isso - completo e vejo um sorriso se forma em seu rosto, desaparecendo logo em seguida.

—Você vai embora? - pergunta,mas não me dá chance de responder - Você vai embora!! Não vá Thomas -pede - Quer dizer, ainda não está totalmente recuperado, precisa descansar, só faz um dia que está aqui,dois tecnicamente, e também não tem para onde ...-interrompo seu pequeno discurso, colocando o dedo em seus lábios.

—Caitlin, estou bem. - reafirmo - Não posso ficar escondido aqui para sempre. Com o dinheiro que vou receber posso ver um lugar para ficar,ou ficar em um abrigo- enquanto falo, vejo seus olhos marejarem - Escute Caitlin, não quero te expor a nenhum risco. Quanto menos tempo ficar aqui mais seguro será pra você - em algum ponto da mansão, uma música começa a tocar - Venha aqui- chamo,e ela se aproxima. Abraço-a, começamos a dançar, acompanhando a melodia..

"Hmmmm, cause I wanna hear you,I wanna be near you...Don't fight, don't argue, give me the chance to say that I'm sorry....Just let me love you. Don't  turn me away, don't tell me to go..."

Dançamos até o final da canção, quando a levo até as portas de vidro na lateral da casa que dá acesso a um escritório, parando próximo a elas.

—Prometa que não vai embora sem se despedir de mim Thomas -pede.

—Caitlin ..- começo mas ela não me deixa continuar.

—Por favor Thomas, só até amanhã- volta a pedir e concordo com um aceno - Obrigada - agradece,me abraçando. Envolvo-a em meus braços, beijando o topo de sua cabeça. Ficamos abraçados assim por alguns minutos, até que a faço entrar na casa.

Vou até o bangalô. A madrugada está quase no final. Deixo o bangalô pela última vez, seguindo até onde o pessoal do buffet está, ajudando-os a terminar de recolher tudo. Quando vão embora, vou com eles.

*************************************************************

Caitlin

Estico os braços me espreguiçando, as lembranças da noite passada me fazendo sorrir. Ainda sinto seu cheiro em mim, seu toque. Uma dança. Nada além de uma única dança,por alguns poucos minutos. Minutos que me fizeram flutuar.

Me levanto de um salto, lembrando de sua promessa.." Só que ele não vai poder sair com o dia claro, então..!", penso, um sorriso em meus lábios. Tomo um banho rápido, vestindo a primeira roupa que vejo: um macaquito de algodão e uma camiseta. Passo um brilho nos lábios, prendo o cabelo em um rabo de cavalo, saindo do quarto a seguir. Desço as escadas correndo.

—Bom dia!!! - cumprimento as pessoas que estavam na cozinha, saindo sem prestar atenção ao chamado de Zoe.

Corro até o bangalô, parando na porta, olhando se ninguém me via. Abro a porta entrando rapidamente.

—Bom dia Thomas! - cumprimento , mas o local está vazio- Thomas? - chamo,indo até o banheiro.

—Ele se foi Cait- ouço a voz de Zoe e me volto para ela, que chegara acompanhada de Ximena - Mena veio trazer o café para ele e já não estava mais aqui.

—Não, ele prometeu que não iria embora sem falar comigo, Zoe - falo, os olhos começando a encherem-se de lágrimas- Por que ele mentiria pra mim? - questiono, sentando na cama.

—Talvez por isso - senta ao meu lado,enxugando meu rosto - Pra não te ver sofrer. Sabe que ele teria que ir Cait, não poderia ficar aqui, escondido, pra sempre. Seria  impossível.

—Mas não precisava ser agora! - argumento - Ele não está recuperado ainda. Onde vai dormir? E se passar mal de novo e ninguém o socorrer? - antes que alguma das duas possa me responder, meu pai entra no bangalô.

—O que está acontecendo aqui? Por que está chorando Caitlin?- pergunta, uma expressão que conheço muito bem em seu rosto.

—Nada não pai, bobagem - afirmo,enxugando as lágrimas.

Ele me encara por um breve momento antes de jogar a bomba em minha cabeça.

—Bem, já que não é nada sério - começa - Está em condições de me explicar por que minha filha trouxe e escondeu um estranho em nossa casa - fala e prendo a respiração,assutada .

 

"...Don't pretend that It's okay,things won't get better that way;

And don't do something you might regret someday;

Don't..."


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Notas finais do capítulo

Bjinhos flores.



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