HelpMe.net escrita por Leh


Capítulo 51
Capitulo cinquenta (Sarazate)


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Se vocês tiverem notado, meu perfil mudou.
#LutoPeloPedro
Agora vou deixar vocês com um misterio.



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Eu amo meus filhos. Por mais que digam que não existam favoritos para uma mãe, na verdade não é assim.
Caio é meu preferido.
Deveria ser minha obrigação não mostrar isso, mas eu mostro. Talvez seja por isso que Felipe se esforce tanto para ser o maior. E que frustração deve ser para ele ver que não consegue superar o irmão.
Felipe, desde criança, insistia em fazer tudo o que podia para chamar a atenção.
Mas o que dizer de Caio? Ele conseguia ser perfeito sem tentar! Não tirava as melhores notas, mas passava em todas com louvor, tinha bons amigos, era popular e raios, tinha uma banda!
Quando o produtor chegou para anunciar que Caio teria seu próprio disco a ser vendido, foi uma alegria tremenda.
Semanas de comemoração talvez não sejam o suficiente para descrever a festa que houve em casa.
Felipe fazia natação nessa época. Participara de torneios estaduais e fora vencedor em vários em sua categoria.
Um dia, Caio estava gravando, quando o treino de natação de Felipe tinha acabado e eu estava trabalhando e Ricardo estava sabe-se lá onde, então o mais velho deveria pegar o mais novo. Para isso, ele saiu mais cedo do estúdio.
Segundo as testemunhas, foi na rua, enquanto estava indo buscar o irmão, que o tiroteio começou. Ele tentou se esconder, mas foi tarde demais.
Caio foi atingido por uma bala calibre 34 na coluna e foi ao hospital com pressa.
Eu e Felipe já estávamos lá quando Ricardo chegou apressado querendo saber o que tinha acontecido.
E talvez eu devesse ter dito alguma coisa quando ele olhou para o próprio filho e disse:
— Se ele morrer...
Mas eu não disse. Eu olhei para baixo e rezei para que isso não acontecesse.
E não aconteceu. Caio saiu do hospital saudável. Em uma cadeira de rodas e sem o movimento das pernas, mas saudável.
Tínhamos a esperança de que ele continuasse a tocar, afinal, tinham assinado um contrato que não tinha acabado ainda.
No entanto, o produtor apareceu e lamentou muito, mas não podia aceitar mais.
— As pessoas não gostam de aleijados - foi o que ele disse - As pessoas gostam de artistas que corram pelo palco e toquem seus instrumentos enquanto interagem com a plateia.
Então ele foi embora e olhando meus dois filhos eu percebi que cada um deles tinha ficado com uma grave sequela daquele acidente. Uma sequela que não poderia ser vista sob olhos de pessoas normais. Uma sequela que dói mais que qualquer dor física.
E eu sabia que eles só iriam conseguir supera-las juntos.
Talvez eu devesse ter ajudado eles, mas não o fiz. Em vez disso, eu tentei fazer Felipe se sentir melhor dizendo para a família dar mais apoio a ele.
Mas isso piorou tudo. Felipe brigava com Caio mais do que de costume, eles pararam de se falar e ele passou a tirar notas baixas na escola e arranjar brigas. Isso nunca tinha acontecido antes. Não com Felipe.
E os irmãos fizeram as pazes, mas não tinham a relação que deviam ter. Felipe ainda se culpava por tudo o que acontecera e Caio ainda se achava inferior a tudo.
Então, sem mais nem menos eles encontraram amigos. O clima da casa mudou e eles estavam até mais felizes.
Senti como se tivesse conseguido progredir um passo, mesmo que não tivesse feito nada.
Porém o peso em minha consciência ainda era constante, pois ainda tinha uma pessoa que eu falhara miseravelmente: Alicia, minha última filha.


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