Nobre Amor escrita por DennyS


Capítulo 6
Uma Mulher Irritantemente Teimosa!


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!! ^^



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~*§*~

Capítulo 6 – Uma Mulher Irritantemente Teimosa!

 

Sabe aquela sensação de estar acordado, mas na verdade você está dormindo e sonhando que está acordado? Bem, Sakura estava nessa situação confusa quando abriu os olhos pesados e viu o rosto de Uchiha Sasuke na sua frente.

—CEO Uchiha Sasuke. – Resmungou sonolenta. Por que aquele homem tinha que invadir até mesmo os seus sonhos?

Ela fechou os olhos novamente e desejou que ele desaparecesse para sempre. Este era o seu sonho, não era? Então ela podia fazer isso. Mas quando entreabriu os olhos novamente ele ainda estava lá.

—Arrogante. – Disse ela com a voz engrolada e os olhos fechados. – Você não é tudo isso. – Ela levantou uma mão e tocou o rosto dele, mas sua intenção era fazer com a imagem dele evaporasse como fumaça. Ao invés disso, sua pele entrou em contato com outra pele quente e macia. – Esse sonho é tão real...

Sakura apertou e puxou o rosto do Uchiha Sasuke do seu sonho e notou que tinha alguma coisa muito errada.

—Você pode tirar sua mão de mim? – Ouviu uma voz grossa e séria, finalmente despertando-a daquele torpor.

—Hã? – Será que ela tinha ouvido direito?

—Eu disse para tirar sua mão de mim.

Ela arregalou os olhos e soltou um grito tão alto que quase fez Uchiha Sasuke cair da cadeira.

—O que faz aqui a essa hora? – Perguntou Sakura esfregando os olhos e arrumando os cabelos sentindo-se envergonhada.

—Passei para ver se isso valeu o meu dinheiro. – Respondeu Sasuke apertando o nó da sua gravata de seda. – Ao contrário de um certo alguém, sou claramente responsável e não durmo no trabalho.

Sakura fechou a cara.

—Eu não tenho escolha. – Reclamou ela. – Não tenho dormido direito nesses últimos dias. E acabei pegando no sono aqui enquanto fazia uma pesquisa.

—Você está dormindo aqui? – Perguntou Sasuke horrorizado.

—Sim. Graças a alguém que me obrigou a me mudar para cá. – Disse ela olhando torto para o Uchiha. – Aqui é espaçoso, mas não tem um quarto separado onde eu possa dormir como na minha antiga clínica. Preciso ficar aqui até encontrar um flat.

—Um flat?! O que fez com todo o dinheiro que te dei?

Sakura revirou os olhos. Como aquele homem era arrogante! Ela perdia a cabeça quando ele se gabava daquele jeito por ser tão rico.

—Ao contrário de um certo alguém que tem muito dinheiro. – Disse Sakura imitando-o seu jeito de falar. – Eu não posso gastar à toa, porque é tudo o que eu tenho. Ainda preciso fazer a divulgação da clínica e muitas outras coisas. Preciso guardar o quanto eu puder.

Sasuke cruzou os braços e a encarou com um olhar avaliador.

—Parece que dinheiro viria a calhar para você. – Comentou ele pensativo.

—Dinheiro sempre vem a calhar.

—Você parece saber que dinheiro pode causar problemas. Principalmente a falta dele.

—Isso é obvio. – Sakura sabia muito bem o que a falta de dinheiro podia causar. Ela tinha jantado um ovo frito por mais de um mês para conseguir pagar o aluguel da clínica.

—Então por que não me pediu mais dinheiro? – Perguntou Sasuke apertando os dentes. Sakura ficava admirada de como ele conseguia se irritar tão facilmente.

—Eu gosto de ter só a quantidade que consigo ganhar.

Sasuke ficou em silêncio por um momento olhando para ela. Sakura era a pessoa mais estranha que ele já tinha conhecido. Que ser humano era capaz de recusar dinheiro quando lhe era oferecido? Mesmo precisando dele, Sakura insistia em conseguir tudo sozinha, mesmo sabendo que demoraria um século para isso.

Sasuke balançou a cabeça e suspirou. Sakura o confundia muito e isso o deixava irado.

—Isso não é pequeno demais? – Ele perguntou olhando para a tela do computador dela, onde tinha a foto de um minúsculo apartamento. Provavelmente essa era a pesquisa que ela estava fazendo antes de cair no sono.

—Ei, gangster...

—Meu nome é Uchiha Sasuke. – Interrompeu o moreno inexpressivo.

—Que seja. – Retrucou Sakura dando de ombros. – Por esses valores acha que consigo encontrar um lugar confortável e que tenha lavanderia hoje em dia?  

Um pensamento invadiu a mente do Uchiha e ele começou a falar antes que pudesse pensar mais uma vez a respeito.

—Acho. Conheço um lugar maior e mais barato.

—Conhece? Onde?

Sasuke cruzou os braços sobre a mesa e se aproximou da veterinária.

—Na minha casa. Lá tem muitos quartos vazios.

Sakura também cruzou os braços sobre a mesa e se aproximou do Uchiha.

—Você está zombando de mim ou apenas ficou maluco? – Ela perguntou arqueando uma sobrancelha. – COMO POSSO MORAR NA SUA CASA?! – Ela gritou batendo na mesa. – Você é louco! LOUCO!

 

~*§*~

 

Sim. Ele realmente era louco. O que deu na cabeça dele para sugerir uma ideia daquelas? Por que ele colocaria uma mulher na sua casa?

Sasuke estava em seu escritório pela manhã, era o dia da inauguração da clínica da Dra. Haruno Sakura. O Uchiha passou a noite em claro tentando entender o que tinha acontecido para sugerir aquela maluquice e chegou a conclusão de que não passou disso mesmo, uma ideia insana que apareceu na sua cabeça e ele não pensou direito antes de falar.

Uma coisa que ele ainda não entendia e que o tirava do sério era aquela mulher de cabelos rosados.

—Ser pobre é o hobby dela? – Perguntou Sasuke para si mesmo balançando a cabeça.

Ele lhe ofereceu dinheiro, ela recusou! Ofereceu a clínica, ela recusou! Ofereceu uma moradia, ELA RECUSOU!

Sasuke soltou uma risada histérica, depois ficou sério novamente.

—Por que ela nunca concorda COM NADA QUE EU FALO? – Ele gritou no mesmo instante em que o secretário Lee entrava na sala sem que ele percebesse.

—Com licença, senhor.

—O que é? – Gritou Sasuke assustado. – Você não tem mão? Não sabe bater antes de entrar? Droga!

Ah, como ele odiava ser surpreendido!

—Eu bati. – Retrucou Lee estreitando o olhar. – Mas o senhor parecia muito ocupado.

Sasuke se sentou mais ereto e respirou fundo para se recompor.

—O que você quer? – Perguntou o Uchiha fuzilando seu funcionário com o olhar.

—Ah, isso. – Disse Lee deixando um iPad sobre a mesa na frente do Uchiha. – A partir dessa semana, sua mãe organizou para você alguns encontros às escuras.

—O que?! – Sasuke pegou o iPad. Havia várias fotos nele. Fotos de mulheres bonitas e elegantes.

—Estas são as trinta empresárias solteiras mais bonitas do Japão. – Informou Lee eficientemente. – Elas darão boas noivas, assegurou a Sra. Uchiha.

Sasuke soltou o iPad sobre a mesa, suspirou de frustração e fechou os olhos massageando as têmporas. Já não bastava tudo o que ele tinha que lidar, agora sua mãe aparecia com isso!

Maldição!

 

~*§*~

 

Chegou o dia da inauguração da clínica e Sakura estava muito empolgada. Ela comprou um bolo e chapeuzinhos de festa para comemorar.

—Venha, Marie! Vamos fazer um desejo! – Disse ela pegando a gata no colo. – Precisamos rezar para que a nossa clínica faça muito sucesso!

Sakura acendeu a vela no meio do bolo e desejou de olhos fechados que tudo desse certo dali pela frente. Ela estava confiante, apesar de sentir que Uchiha Sasuke ainda seria um problema. Ela não gostava da ideia de ser sua parceira de negócios, aquele homem era um maluco obcecado por controle e ela não queria ser controlada por ninguém. Mas, ela tinha certeza que se livraria dele assim que pudesse. Ou ele mesmo perderia o interesse de infernizar a vida dela assim que sentisse que sua dívida tinha sido paga.

O celular de Sakura tocou no bolso do jaleco interrompendo suas orações. Era sua amiga Ino. Ela se desculpou por não poder ir à inauguração da clínica, pois sua mãe passaria por uma cirurgia naquele dia.

—Não precisa se desculpar, amiga. Espero que ocorra tudo bem na cirurgia da sua mãe.

Obrigada, Sakura. Ah, e a propósito! O Sasori deve aparecer por aí hoje. Eu disse a ele sobre a inauguração da sua clínica.

—O que?!

Vê se não vai ficar nervosa! E lhe ofereça um cappuccino! Ele adora.

Alguém estava parado na porta do lado de fora da clínica segurando um arranjo de flores tão grande que não seria possível colocar do lado de dentro. Sakura se despediu da amiga, dizendo que falaria com ela depois.

—Sr. Lee! – Disse ela quando abriu a porta. – Minha nossa! O que é tudo isso?

O arranjo era maior que o Sr. Lee! Tinha uma faixa pendurada que dizia: Parabéns à Dra. Haruno pela inauguração! Uchiha Sasuke, CEO da U.C.I. Produções.

—O CEO Uchiha quer parabeniza-la pela inauguração. – Disse Lee todo profissional. – Ele não pôde vir por causa de uma reunião importante, por isso convidou a senhorita para almoçar com ele esta tarde. Ele quer que comemorem juntos.

—Comemorar uma ova... – Murmurou Sakura olhando de canto para o Sr. Lee. – Tenho uma ideia melhor.

Lee franziu a testa com um olhar desconfiado. Não gostou nada do olhar e do sorriso que a Dra. Haruno lançou para ele.

 

~*§*~

 

Sasuke estava há mais de dez minutos no restaurante onde deveria encontrar a Dra. Haruno. Ele consultou seu relógio pela milésima vez, contendo a vontade de socar alguma coisa.

Ele odiava esperar! Haruno Sakura deveria saber disso! Se ainda não soubesse, ela iria descobrir assim que chegasse.

Sasuke teve outra ideia maluca depois de receber a lista com as pretendentes que sua mãe conseguiu para ele. Porém, essa ideia era muito absurda. Por isso ele ainda não tinha se decidido se iria prosseguir com ela. Antes de mais nada, ele tinha que descobrir se a Dra. Haruno era de confiança. Ele não podia simplesmente confiar naquela mulher, por mais honesta que ela parecesse. Mesmo que tenha salvado a vida dele, Sasuke não a conhecia o suficiente. Toda aquela aparência inocente, aquela determinação de devolver o dinheiro que ele estava investindo na clínica veterinária e sua humildade poderia ser tudo mentira. Era isso que ele tinha que descobrir.

Depois que trinta minutos se passaram, Sasuke se levantou enfurecido. Ninguém o deixava esperando tanto tempo. Ninguém!

Sasuke saiu do restaurante e entrou no seu carro com um destino em mente. Faria com que aquela veterinária se explicasse por tê-lo deixado esperando! Como ela se atrevia? Ela deveria ir até ele e agradecê-lo de joelhos pelo enorme arranjo de flores que ele lhe enviou. Sasuke nunca tinha feito isso por ninguém. E como era a primeira vez, ele gostaria de receber um pouco de consideração!

—Ah, aquela mulher! – Resmungou apertando o volante e pisando fundo no acelerador.

Ela o irritava como nenhuma outra pessoa que ele já conheceu. Além de causar alguns sentimentos estranhos. Ela tinha coragem de desafia-lo e nunca aceitava o que ele dizia. Sasuke ficava frustrado com isso. E de certo modo, admirado, tinha que admitir.

Mas acreditava que essa admiração era somente pelo fato de ser algo novo. Desde o dia antes do seu sequestro, nada em sua rotina tinha mudado. Era sempre a mesma coisa, tanto no trabalho, como na sua vida pessoal. Às vezes ele saía em jantares de negócios, outras vezes viajava também à negócios. Poucas vezes no mês tinha um encontro de uma noite com uma mulher... Era tudo igual, sempre a mesma coisa tediosa e previsível.

Mas depois de conhecer Haruno Sakura, ele estava mais irritado que o normal e mais impulsivo. Aquela mulher teimosa fez algo despertar dentro dele, algo despertar o seu interesse. Era estranho pensar assim, mas ele parecia não conseguir ficar longe dela.

—Ora essa. – Disse ele sacudindo a cabeça. – Que besteira...

 

~*§*~

 

Depois de colocar o Sr. Lee para esfregar os vidros do lado de fora, tirar o pó das prateleiras, trocar algumas lâmpadas e ajuda-la nas orações em benefício à sua nova clínica, Sakura pediu um almoço delicioso para eles dois. O capanga do Uchiha merecia, ele foi de grande ajuda, mesmo que tenha esfregado as paredes de vidro com uma cara de quem não queria trabalhar.

—Hum, esse restaurante é muito bom. – Disse Sakura depois de experimentar a comida que tinha acabado de chegar.

—É verdade! Uma delícia! – Exclamou Lee de boca cheia e a enchendo mais.

O pobre secretário tinha tirado o seu paletó impecável, afrouxado a gravata e arreganhado as mangas. Seu cabelo sempre bem penteado para trás estava bagunçado pelo trabalho braçal que ele executou ali. Não foi um trabalho tão pesado assim, mas o pobre funcionário da U.C.I. Produções não estava acostumado a esse tipo de serviço.

Como ele estava sentado e inclinado com a cara no prato de ramém devorando tudo com tanta ânsia, não percebeu quando seu chefe entrou pela porta da clínica e lançou seu olhar mortal a ele.

—SECRETÁRIO LEE! – Gritou o Uchiha furioso sem acreditar naquela cena. Lee apenas levantou seu olhar para o CEO com macarrão pendurado para fora da boca. – O que está fazendo aqui?

Lee, apavorado colocou o prato sobre a mesinha de centro e engasgando-se com a comida se levantou, pegou seu paletó e inclinou-se para o chefe antes de sair.

—Eu já vou indo. – Disse ele forçando um sorriso com as bochechas inchadas, ainda cheias de comida.

—Ei! Não vê que estamos comendo? – Perguntou Sakura observando o pobre Sr. Lee fugir como se fosse ser morto pelo Uchiha.

Ele apenas observou seu funcionário sair correndo porta à fora, depois lançou o olhar ferino até a Haruno sentada de pernas cruzadas sobre o sofá da sala de espera da clínica. Apesar de seu olhar furioso sobre ela, Sakura continuou almoçando como se ele não estivesse ali.

Sasuke se aproximou, arrastou uma cadeira para frente dela e se sentou. Sua expressão era a máscara da fúria. Ele parecia pronto para explodir e desabafar toda sua irritação, quando seu estômago roncou alto.

Sem acreditar, Sasuke olhou para a sua barriga e constrangido engoliu em seco. Aquilo nunca tinha lhe acontecido antes. Sakura tentou segurar o riso, mas não conseguiu.

—Você ainda não almoçou? – Ela perguntou com um sorriso, mas diante do silêncio e da cara enfurecida dele, ela parou de rir. – Não pode ser! Você ficou me esperando até agora?

Sasuke apenas a encarou como se quisesse esgana-la.

—Por que não come um pouco? – Perguntou Sakura estendendo a ele um pacotinho fechado de hashi*. Ela não pôde evitar, sentiu pena dele.

—Não vou comer uma coisa dessas. – Retrucou o Uchiha parecendo um garotinho mimado. Na verdade, pensou Sakura, ele está sendo arrogante como sempre. Essa comida é simples demais para o poderoso Uchiha Sasuke?

—Então morra de fome. – Disse ela revirando os olhos, mas Sasuke tomou dela os hashi antes que ela jogasse de volta na mesa.

—Como foi você quem pediu, eu provarei. – Disse ele teimoso, sem querer dar o braço a torcer.

Sakura voltou a comer dando de ombros, enquanto ele pegou um dos bolinhos, mergulhou no molho e colocou na boca.

Quando Sasuke mastigou e sentiu o gosto daquela coisa que nem sabia o que era, ele saiu da Terra por alguns segundos. Era tão... Tão delicioso! Ele até podia ouvir sinos tocando em algum lugar enquanto mastigava e o sabor descia pela sua garganta.

Depois de engolir tudo, ele pegou outro e inevitavelmente sorriu ao sentir o sabor delicioso lhe dar tanto prazer mais uma vez.

—É bom, não é? – Perguntou Sakura com um sorriso assistindo sua reação.

Sasuke ficou sério novamente enquanto mastigava. Ele tinha até se esquecido que ela estava ali.

—É razoável. – Disse ele fingindo uma careta depois de engolir. – Parece ter muito sal e muita gordura, mas dá para comer.

Sakura ficou em silêncio e conteve um sorriso assistindo-o devorar toda a porção de bolinhos recheados de carne de porco. Ele era um péssimo mentiroso.

—Sakura-chan? Desculpe o atraso! – Gritou uma voz que vinha da porta.

Sakura arregalou os olhos, colocou nervosamente seu prato sobre a mesinha de centro, se sentou direito e ajeitou rapidamente os cabelos. Era o Sasori! Akasuna Sasori!

Sasuke observou o nervosismo dela com uma cara confusa depois olhou para a porta.

—A propósito, o que é isso? – Perguntou o homem se referindo ao enorme arranjo de flores na entrada da clínica. – CEO da U.C.I. Produções? Você conhece alguém assim?

O homem entrou na clínica segurando um buquê de rosas cor-de-rosa e só então notou que Sakura não estava sozinha.

—Eu não conheço tão bem... – Disse Sakura nervosamente procurando um guardanapo para limpar a boca. Será que tinha comida nos seus dentes? Oh, Kami-sama!

—Ela mais do que me conhece. – Retrucou Sasuke lançando um olhar estreito para o homem de pé na sua frente e outro para Sakura. Ele não entendeu porque disse aquilo, mas a resposta de Sakura o irritou.

—Quem é você? – Perguntou Sasori confuso.

—Quem é você? – Devolveu Sasuke a pergunta com um olhar estreito.

Sasori olhou brevemente para Sakura antes de responder.

—Sou um amigo da Sakura-chan. – Respondeu o ruivo medindo o Uchiha dos pés à cabeça.

—Amigo? – Repetiu Sasuke chocado como se a palavra “amigo” fosse um palavrão. Ele olhou para Sakura buscando uma explicação, mas foi para o outro homem a quem ela se dirigiu.

—Ele é um parceiro de negócios, Sasori-kun. – Explicou Sakura rapidamente. – Foi ele quem me emprestou o dinheiro para abrir essa clínica.

—Oh. – Sasori assentiu retribuindo o sorriso dela como se estivesse muito feliz pela sua resposta.

Sasuke encarou a veterinária com uma cara nada boa, que continuava sorrindo para o outro homem e ignorando o Uchiha. Sem entender exatamente que raiva era aquela que surgiu de repente, Sasuke se levantou, disse à Sakura que entraria em contato depois e foi embora sem olhar para trás.

 

~*§*~

 

Ainda naquela tarde, antes do sol se pôr, apenas por curiosidade, só por isso, a Dra. Kusaga Karin passou em frente ao prédio onde soube que seria a suposta clínica da Dra. Haruno. Não que Karin estivesse com receio de que aquele boato fosse verdadeiro, afinal como aquela inútil conseguiria abrir uma clínica naquela região? Com certeza ela estava mentindo, ela apenas ficou com vergonha de admitir que ficaria o resto da sua vida no meio do mato dando injeção na bunda das vacas.

Mas quando Karin avistou o enorme arranjo de flores na entrada e leu a faixa que parabenizava a Dra. Haruno, seu coração quase parou de bater.

Rapidamente ela ligou para Yori-san, uma de suas assistentes, que também foi colega da Haruno na faculdade e contou a notícia.

—Não era mentira, Yori-san. Aquela caipira realmente abriu uma clínica na minha região! – Karin respirou fundo e tentou se controlar.

Aquilo não era motivo para um ataque, afinal estava falando de Haruno Sakura, a coitadinha que teve que trabalhar como uma mula durante muito tempo para pagar seus estudos. Ela era uma inútil.

Karin se acalmou e esboçou um sorriso malicioso enquanto falava ao telefone.

—Parece que ela conseguiu mesmo sair do meio dos caipiras. O que acha de parabeniza-la adequadamente?

 

~*§*~

 

Já era noite quando Sakura saiu para o gramado na entrada da sua nova clínica. Infelizmente naquele primeiro dia de funcionamento ela não teve nenhum cliente, mas não estava triste por isso. A clínica ainda precisava ser divulgada, então tudo aconteceria em seu devido tempo.

Ela fitou o belo arranjo de flores que ainda estava na entrada e leu a faixa que a parabenizava assinada por Uchiha Sasuke. Apesar de praticamente odiar aquele homem, ela deveria ter agradecido o seu gesto. Ele se importou o suficiente para lhe mandar flores pela inauguração da clínica. Sakura ainda não entendia suas intenções, nem porque ele achava que precisava de tudo aquilo para agradecê-la por salvar sua vida, mas aparentemente ele não era tão ruim assim.

Arrependida por não ter dito nenhum obrigado, Sakura pegou seu celular para lhe mandar uma mensagem.

“Obrigada por hoje”, foi o que ela digitou, mas apagou logo em seguida.

—Não, não. Isso não está certo.

“Eu trabalharei bastante para pagá-lo rápido”, digitou novamente, mas também achou que não estava certo.

—Droga! Eu deveria ter agradecido quando ele veio aqui! – Reclamou pondo o celular de volta no bolso.

 

~*§*~

 

Sasuke estava no escritório da sua casa trabalhando. Mas trabalhando com muita desconcentração, porque alguma coisa o incomodava como o inferno.

O ocorrido daquela tarde não saía da sua cabeça e ele odiava ter assuntos inacabados, odiava a sensação de não saber das coisas e o pior de tudo de não poder descobri-las.

Sem poder aguentar mais aquelas dúvidas e todo aquele incômodo que estava consumindo sua sanidade, pegou seu celular decidido a mandar uma mensagem de texto à Srta. Haruno.

“Quem era aquele cara de hoje?” Foi o que ele digitou, mas apagou logo em seguida.

—O que eu estou fazendo? – Ele se perguntou em voz baixa, largando o celular sobre a mesa e soltando um longo suspiro.

 

~*§*~

 

Era sábado e Sakura tinha sido convidada pela própria Karin para almoçar em um restaurante no centro da capital. Primeiramente, Sakura não achou uma boa ideia, afinal Karin era a pessoa mais desagradável, mesquinha e arrogante do planeta! Ela implicava com Sakura desde o primeiro ano da faculdade e Sakura nunca soube o motivo.

Mas, depois de Karin insistir e dizer que era uma comemoração pela inauguração da sua nova clínica e que Ino também podia ir, ela aceitou. Talvez, quem sabe, por algum milagre Karin decidiu parar de implicar com ela e a aceitaria de uma vez? Vai saber, nem tudo era impossível no mundo.

Quando chegou ao restaurante no endereço que Karin tinha lhe passado, Ino, Karin e outra mulher, uma das seguidoras da ruiva já estavam lá esperando por ela. Karin acenou quando Sakura passou pelas portas e a recepcionista do restaurante a levou até seu lugar.

Era um restaurante chique demais para o gosto da Haruno, mas ela tentou não reclamar. Estava ali para comemorar a inauguração da sua clínica, ela manteve isso em mente.

—Oi, meninas. – Cumprimentou ao se sentar à mesa com elas.

—Eu soube que abriu sua clínica em uma rua muito movimentada, Sakura-san. – Comentou Karin antes que Sakura pudesse se sentar mais à vontade. – Fico feliz pelas coisas finalmente parecerem ter dado certo para você.

A ruiva lançou a ela um sorriso que não atingiu seus olhos. Se Sakura não a conhecesse teria acreditado na felicidade dela.

—Agora que nossas clínicas são próximas, nós nos encontraremos sempre, não é? – Continuou a ruiva sem desmanchar seu falso sorriso.

—Ah, claro. – Disse Sakura tentando forçar um sorriso como ela, mas não conseguiu. Era impossível para a rosada ser falsa daquele jeito.

—É uma área muito cara, pelo que eu sei. – Disse a mulher sentada ao lado de Karin, uma mulher de cabelo preto. Sakura não se lembrava do nome dela. – Você não disse que seus avós têm uma pequena fazenda, Sakura? Como conseguiu dinheiro para mudar sua clínica?

—Você pediu um empréstimo? – Perguntou Karin curiosa.

—Por Kami! – Exclamou Ino irritada. – Por que seria da sua conta como ela conseguiu o dinheiro, Yori-san? Por que são tão intrometidas?

—Ei, como pode dizer isso? – Perguntou Yori se sentindo ofendida.

—Concordo. – Disse Karin fazendo cara feia para a loira. – Queremos saber, porque nos preocupamos com ela.  

Ah, claro que se preocupam. Pensou Sakura revirando os olhos.

—Já que abriu sua clínica nesta área tão cara, Sakura-san, hoje o almoço será por sua conta! – Disse Karin empolgada e com um sorriso do tamanho do céu.

—Por conta dela? Que ótimo! – Disse Yori imitando o sorriso da ruiva.

—Vocês são malucas? – Perguntou Ino quase tendo um ataque. – Vocês sabem o quanto custa abrir uma clínica!

—Oh, está querendo dizer que Sakura ainda está com dificuldades, Ino-san?  – Disse Karin lançando aquele olhar fingido de preocupação para Sakura. – Oh, Kami! Sinto muito, Sakura-san. Não deveria ter tido essa ideia.

—Eu não tinha certeza, mas parece que você continua a mesma muquirana de sempre, não é? – Perguntou Yori com um sorriso debochado.

—Não. – Disse Sakura séria sem poder aguentar mais a falação daquelas duas. – Não posso dizer que já deu certo, mas com certeza eu posso pelo menos pagar um almoço.

—Sakura! – Exclamou Ino olhando para amiga como se ela fosse maluca.

Sakura apenas sacudiu a cabeça para a loira e abriu o cardápio que estava sobre a mesa. Quando viu os preços dos pratos servidos naquele dia, ela arregalou os olhos e quase começou a passar mal.

Meu Deus! Isso é um assalto? Pensou a Haruno aflita. Ela nunca pagaria cinco mil ienes num pedaço de bife! Dá para comprar tanta carne com cinco mil ienes!

Karin se deleitou ao ver o desespero da Sakura e com um sorriso satisfeito chamou o garçom.

—Com licença? Estamos prontas para pedir! – Disse a ruiva mal podendo conter sua alegria.

Um garçom se aproximou da mesa delas trazendo com ele uma garrafa de vinho. Sakura desesperada, logo disse a ele que elas não tinham pedido vinho. Aquela coisa deveria custar uma fortuna! Mesmo que Karin insistisse que queria aquela bebida, ela não iria aceitar. De jeito nenhum!

—O cavalheiro daquela mesa foi quem pediu para as senhoritas. – Disse o garçom educadamente gesticulando para o homem há poucos metros da mesa delas.

As quatro mulheres olharam para o homem que o garçom apontou, perguntando-se entre si quem seria ele.

—Ele disse que é um presente para uma bela dama. – Disse o garçom com um leve sorriso.

Sakura olhou para o perfil do homem e quando o reconheceu, ela não acreditou nos seus olhos.

Quem estava lá olhando diretamente para ela de canto, sentado sozinho à mesa e tomando uma taça de vinho, era Uchiha Sasuke.

 

 

 

 

(*Hashi são aqueles pauzinhos que os asiáticos usam nas refeições.)


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que estão acompanhando! ^^ Não esqueça de comentar o que achou do capítulo!
bjs
XDenny



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