Nobre Amor escrita por DennyS


Capítulo 2
Uma Noite de Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, segundo capítulo postado! ^^ Boa leitura!



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~*§*~

 

Capítulo 2 – Uma Noite de Tempestade

 

—Estou pegando meu cachorro de volta. Algum problema? – Respondeu o homem rispidamente, virando-se e puxando o cachorro com ele mais uma vez. Mas o cão não se moveu do lugar.

—Mesmo que ele seja grande, ainda é um filhote! – Disse Sakura irritada. – Não deveria puxar a coleira dele com tanta força.

—E você deveria cuidar da sua própria vida. – Retrucou o estranho voltando a puxar a coleira do cachorro.

Sakura cerrou os punhos para conter sua irritação e não dar um soco no sujeito ali mesmo no meio da rua e na frente de tantas testemunhas. Ele parecia ser alguém importante e ir para cadeia por agressão não era uma boa ideia.

—Ele está bebendo água, ao menos deixe-o terminar. Ele não quer ir com você agora.  – Disse ela educadamente, apesar da sua irritação.

O homem revirou os olhos e a ignorou novamente, puxando com mais força a coleira do cachorro.

—Você é mesmo o dono? – Perguntou Sakura se alterando mais uma vez. – Mesmo que seja, não pode fazer isso! Você não tem coração?

A expressão do homem pareceu ficar ainda mais sombria quando ele apertou o maxilar e respondeu contra sua vontade àquela mulher intrometida.

—Eu não sou o dono. – Disse ele entredentes. – Paguei um bom dinheiro para pegá-lo emprestado para a gravação de um comercial.

—O que? – Perguntou Sakura horrorizada.

—Tem ideia do quanto estou perdendo por esse animal ter fugido? Por que não cuida da sua vida?

Sakura não queria assisti-lo puxar a coleira mais uma vez, por isso ela também segurou na guia e o impediu de puxa-la.

—Onde fica o estúdio? – Ela perguntou com o olhar estreito para o homem. – Eu mesma o levarei.

O homem suspirou de frustração, tentando imaginar como se livrar daquela mulher, levar o cachorro e matar o secretário Lee. Era tudo culpa dele.

—A temperatura do corpo dele é mais alta que a nossa. – Disse Sakura ainda segurando a coleira. – Dentro de um estúdio deve ter muitas luzes, pode imaginar como é estressante para ele? Você não tem coração.

O homem ao invés de responder, a encarou intensamente com seus olhos escuros. Ele parecia extremamente irritado, mas Sakura não recuou.

—CEO Uchiha! Charles! – Um homem gritou do outro lado da rua, depois correu na direção deles. – Onde vocês estavam? Procuramos por toda parte!

Sasuke se conteve para não dar um ponta pé no secretário Lee quando este se abaixou até Charles e lhe deu um petisco. Ele estava tão irritado que precisava descontar em alguém.

—Vamos, Uchiha-sama? – Disse o secretário sorridente pegando a coleira do cachorro que o obedeceu prontamente à espera de um novo biscoito.

Sasuke se virou na direção da rua sem ao menos se dignar a dar uma última olhada na mulher intrometida e irritante. Lee o seguiu prontamente.

—Quem é aquela mulher, senhor? – Perguntou Lee.

—Não sei. E nem quero saber.

 

~*§*~

 

De volta ao estúdio, Charles parecia cansado demais para continuar aprontando, por isso a equipe conseguiu tirar algumas fotos dele com os atores do comercial. Sentado na frente do estúdio, Sasuke assistia ao trabalho da sua equipe um pouco satisfeito, já que o dia não tinha sido totalmente perdido.

Depois de algumas tomadas, Charles resolveu tirar um cochilo no chão e não quis mais obedecer ao fotógrafo para se levantar. Sasuke olhou para as luzes do estúdio e inevitavelmente se lembrou da mulher irritante.

“A temperatura do corpo dele é mais alta que a nossa”, tinha dito ela. “Dentro de um estúdio deve ter muitas luzes, pode imaginar como é estressante para ele? Você não tem coração.”

Sasuke bufou de irritação ao concluir que ela estava certa. Tirando a parte em que ela o acusava de não ter coração, porque ele não era cruel. Ele poderia não gostar muito de pelos voando pelo ar, mas ele não maltratava os animais.

—Secretário Lee?

—Senhor?

—Traga algumas bolsas de gelo para o cachorro.

Lee olhou para o chefe de queixo caído, mas o obedeceu prontamente. A equipe do estúdio colocou as bolsas de gelo em Charles e ele se refrescou antes de retornar à sessão de fotos e à gravação do comercial.

—É ótimo que o senhor pense no conforto do cachorro durante as gravações, senhor! – Disse Lee contente e bajulador como sempre. – Sua ação será uma ótima publicidade!

—Não é isso. – Disse Sasuke xingando o secretário Lee de idiota em pensamento.

—O que? – Lee se abaixou ao nível do chefe que estava sentado e franziu as sobrancelhas.

—Eu quis poupar tempo e dinheiro, não fiz pelo cachorro. – Respondeu o Uchiha em seco. – Você sabe disso, não é?

—Ah, sim. Claro. – Lee fez uma careta sem que o seu chefe visse. Por que ele não gostava de demonstrar ser uma pessoa boa? Questionou Lee em pensamento.

Quando o fotógrafo deu uma pausa na sessão para que o pessoal mudasse o cenário, Charles observou o Uchiha do outro lado do estúdio e foi até ele lentamente.

—Pare aí mesmo! – Disse Sasuke quando percebeu que o cachorro tinha a intenção de se aproximar dele. – Seu pelo está voando por toda parte.

Charles parou, abanou o rabo uma vez, depois deitou aos pés do Uchiha com o olhar triste.

 

~*§*~

 

—Oh, seu pelo está por toda parte! – Gritou Sakura dando uma bronca em Marie, sua gatinha branca e exageradamente peluda. – Como pode soltar pelo o ano inteiro?

Marie a encarou e deu um fraco miado em resposta.

—Olhe só! Pelo para todo lado! Até nas minhas roupas! Está fazendo pouco caso de mim porque as roupas são baratas? É isso?

Marie a ignorou e lambeu uma pata. Sakura respirou fundo e pegou o salmão que tinha levado para ela de Tóquio e serviu no seu pratinho. Deveria estar ficando maluca por brigar com um animal indefeso.

—Tome, gatinha. Coma tudo. – Ela se sentou no sofá e observou que Marie continuava a ignora-la. – Vamos, coma.

Marie miou sem olhar para ela como se dissesse “não” e Sakura teve que se desculpar por ter gritado com ela. Sakura teve um dia ruim, primeiro com Karin e suas amigas na reunião da faculdade e depois por ter se irritado com aquele homem estranho e sem coração no meio da rua. Ela estava tão frustrada e irritada que tinha descontado tudo na sua gatinha. Que idiota, Sakura.

Marie deve ter aceitado seu pedido de desculpas, pois ela avançou no salmão e devorou cada bocado com muito gosto.

—Está gostoso? – Perguntou Sakura com um leve sorriso. – O lugar que eu fui hoje tinha muita comida gostosa. Pessoas elegantes e bem-sucedidas, homens bonitos... – Ela suspirou. – Mas não tinha lugar para mim... Acho que não me encaixo entre eles...

Sakura não queria se lamentar sozinha, mas não havia outra forma de desabafar. Era como ela se sentia no momento e só havia ali sua gatinha Marie para ouvi-la. Seu celular tocou assustando-a e cortando seus pensamentos. Sakura ficou agradecida por isso, por algo poder distrai-la. Pensar demais em seus problemas só a deixava ainda pior e ocupar sua mente com qualquer outra coisa era o melhor a se fazer.

—Olá, aqui é a Dra. Haruno, disponível 24x7. – Disse ela atendendo à chamada com um sorriso.

Já era bem tarde para qualquer pessoa normal ir trabalhar, mas não para ela. Se algum cliente a chamasse no meio da noite, ela tinha a obrigação de ir atender.

Esse cliente em especial tinha uma vaca prenha em sua fazenda prestes a dar a luz. Sakura correu para o seu quartinho nos fundos da clínica, vestiu calças jeans, uma blusa de algodão, calçou suas botas e colocou o seu jaleco branco. Tudo isso em trinta segundos! Depois, apressadamente pegou sua maleta com todos seus equipamentos e remédios e correu para pegar a bicicleta.

Foi uma longa noite, mas tudo tinha corrido bem.

Durante aquela semana, Sakura trabalhou na mesma fazenda para acompanhar o processo de recuperação da mamãe vaquinha e do seu bebê. Além deles, ela teve outros pacientes como um leitão com resfriado e um pastor alemão que só queria saber de dormir. E para constar ele não tinha nada, era só preguiça mesmo.

Depois de terminar o seu trabalho naquela fazenda, na sexta-feira à noite Sakura foi fazer as contas do que tinha recebido naquela semana. Somando tudo que tinha ganhado ao que estava guardado, não era suficiente para pagar a mensalidade do seu empréstimo estudantil e algumas contas da clínica, somente o aluguel.

—Droga! Esses juros estão tão altos! – Reclamou ela jogando as contas para cima. – O que eu vou fazer? Alguma ideia, Marie?

Marie estava deitada na sua caminha ao lado do sofá e não se deu ao trabalho de olhar para a dona, muito menos lhe responder.

—Eu preciso de um novo empréstimo. – Disse Sakura ainda olhando para a gata. – Mas não posso pedir outro enquanto não pagar os juros do empréstimo estudantil. Oh, inferno!

Sakura deitou sobre a mesinha de centro e bateu a cabeça sobre ela. Odiava estar naquela situação. Para piorar, naquele instante seu estômago roncou lembrando a ela que não tinha comido nada desde o almoço.

Sakura não tinha feito compras naquela semana para economizar. Se ela gastasse com qualquer outra coisa, não pagaria o aluguel da clínica naquele mês. Por isso seu jantar naquela noite foi apenas um ovo frito com alguns pedacinhos de bacon. Não era bem um jantar, era mais como um leve café da manhã, mas realmente não havia outro jeito. Era comer aquilo ou não comer nada.

Ela saboreou o seu jantar e espiou Marie, que ainda estava cheirando o seu pratinho sem ainda ter comido nada. Sakura comprava para ela a ração mais barata que existia, a ração que Marie mais detestava.

—Não se preocupe, Marie. Quando pagar minha dívida e começar a ter lucro vamos comer muito bem! Muito filé mignon para mim e salmão para você, está bem? Eu prometo. – Marie deu um miado baixo e começou a comer como se acreditasse na promessa.

 

~*§*~

 

Pelo resto da semana, Sasuke se ocupou em conferências e reuniões. Ele ordenou ao secretário Lee que não o perturbasse com problemas nas gravações dos novos comerciais em que usariam animais junto com os atores. Se houvesse algum problema, ele teria que resolver sozinho, Sasuke não queria se preocupar com nada. Apesar de ser irritante e idiota, Lee era um bom funcionário e Sasuke acreditava que ele podia cuidar de tudo sem sua ajuda.

Na noite de sexta-feira, Sasuke saiu bem tarde do escritório depois de uma longa reunião com um cliente da China. Ele gostava do seu trabalho, não tinha do que reclamar. Acreditava que tinha nascido para ser um homem de negócios. Mas naquela noite, ele teve que admitir que estava cansado e de saco cheio do escritório. Estava contente por finalmente ser sexta-feira e ter o final de semana de folga.

Sasuke desceu para o estacionamento subterrâneo do prédio, caminhou tranquilamente até o seu carro, como sempre fazia todas as noites e desativou o alarme.

Ele sempre foi um homem atencioso, sempre ligado no que acontecia à sua volta. Dificilmente era surpreendido por alguém. Mas, talvez pelo cansaço acumulado daquela semana e pelas últimas horas em que passou trancafiado no seu escritório sem fazer nenhuma pausa durante a reunião, ele não percebeu a presença de três homens encapuzados esperando por ele no estacionamento.

Quando um deles tocou o seu ombro, outro veio por trás e tapou sua boca com um pano úmido. Sasuke não teve chance de lutar. Em questão de segundos tudo ficou escuro.

 

~*§*~

 

Sasuke acordou com uma terrível dor de cabeça. Quando abriu os olhos, ele não tinha ideia de onde estava e o que estava acontecendo. Apenas quando percebeu que suas mãos estavam amarradas às costas foi que ele se lembrou do que tinha acontecido quando saiu do estacionamento do prédio da empresa.

Ele tinha sido sequestrado. Como um idiota, ele foi capturado sem nenhuma resistência. Sentia-se um inútil naquele momento. Ninguém nunca o surpreendia! Ele era Uchiha Sasuke, droga! Quem são aqueles desgraçados? Quem eles pensam que são?

Sasuke levantou um pouco a cabeça ao ouvir as vozes dos sequestradores. Eles estavam rindo e conversando, pensando que Sasuke ainda estava desacordado. Entreabrindo os olhos, ele notou que estava dentro de um galpão sujo, escuro e fedorento. Ele tinha que sair dali. Não estava com medo ou assustado, mas sim extremamente furioso. No entanto, não iria subestimar aqueles bandidos.

Sasuke tentou afrouxar a corda que prendia suas mãos e conseguiu se soltar, mas ao ouvir passos se aproximando, ele abaixou novamente a cabeça e fingiu que ainda estava desacordado.

Um dos sequestradores se aproximou dele, abaixando-se para olhar no seu rosto.

—Por que ele ainda está dormindo? – Perguntou o homem com um hálito podre. – Vocês deram muito sonífero pra ele. O chefe não vai gostar nada disso.

—Cala a boca e acorda ele, idiota. – Gritou o outro sequestrador. – Temos que gravar um vídeo para a família.

Antes que o bandido pudesse tocar em Sasuke, ele lhe deu uma cabeçada no nariz derrubando-o no chão. O bandido caiu gritando com a mão no nariz ensanguentado, enquanto Sasuke ficou de pé e tentou soltar a corda que prendia suas pernas.

O outro bandido correu até ele, mas Sasuke o derrubou apenas com um soco. Quando finalmente conseguiu desamarrar suas pernas, outro sequestrador entrou no galpão e tentou pegá-lo.

Sasuke era treinado em artes marciais desde criança. Não era apenas um esporte para ele, mas um meio de ganhar as lutas que tinha com seus irmãos. Sasuke não vivia brigando com os irmãos, não era nada disso, mas saber lutar para sempre derruba-los e superá-los era algo que o satisfazia. Ele gostava de ser o melhor em tudo. E quando digo tudo, é tudo mesmo.

Afinal, quem é que gosta de perder?

Certamente, não o Sasuke.

Por isso, três bandidos estúpidos não eram páreos para ele. Sasuke teve sorte por eles não estarem armados, pois foi fácil derruba-los só com as mãos.

Porém, quando ele se virou para sair de perto dos três homens agoniando no chão, um quarto bandido apareceu com uma faca na mão e Sasuke não teve tempo de segurá-lo a tempo. A lâmina perfurou sua barriga do lado esquerdo. Sasuke deu um soco tão forte no sujeito, que ele caiu como um peso morto.

O sangue molhou sua camisa branca rapidamente e só então Sasuke sentiu a dor cruciante. Ele tapou o ferimento com a mão fazendo uma careta de dor e correu à procura de uma saída daquele lugar. Os sequestradores estavam se levantando para ir atrás dele e agora ferido, a única coisa que ele podia fazer era correr e buscar ajuda.

Quando saiu do galpão abandonado, Sasuke correu no meio da noite e da chuva que assolava o lugar naquele momento. Um relâmpago cortou o céu e iluminou o caminho que ele deveria seguir para fugir dali.

Ele viu uma trilha entre algumas árvores e correu naquela direção, ouvindo os gritos dos sequestradores às suas costas.

 

~*§*~

 

Sakura tinha recebido uma ligação do Sr. Chang, o dono da fazenda onde ela trabalhou durante aquela semana. Ela gostava muito do Sr. Chang, porque ele parecia amar seus animais. Mas chama-la no meio daquela tempestade por causa do seu leitãozinho foi um exagero. O porquinho estava resfriado, mas se o Sr. Chang lhe desse o remédio que ela receitou corretamente, ele ficaria bem.

Só porque o homem insistiu e prometeu que lhe pagaria o dobro do valor da consulta, Sakura aceitou sair no meio daquela chuva. Ela tinha um trauma de infância que ainda não tinha sido superado, por isso os trovões a apavoravam. Era ridículo como uma adulta como ela tinha medo de tempestades, mas era simplesmente inevitável. Em noites assim, ela ficava confinada em seu quarto debaixo das cobertas, ouvindo música com fones de ouvido até os trovões cessarem.

Coberta com sua capa de chuva e botas de plástico, Sakura estava voltando para casa, quase chegando na sua clínica veterinária, quando um trovão a fez gritar de susto e largar sua bicicleta no chão.

—Mas que droga! Odeio tempestades!

Ela pegou a bicicleta de volta e se apressou para entrar em casa. Mas algo na frente da clínica, ou melhor, alguém na frente da clínica a fez soltar sua bicicleta novamente.

Ela gritou e correu ao perceber que era uma pessoa.

—Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! – Ela se aproximou do homem desesperada e quase entrou em pânico ao ver o sangue que manchava sua camisa branca. – Oh! Eu tenho que chamar a emergência! Eu tenho que... – Ela tocou os bolsos e percebeu que não tinha levado o seu celular. – Droga! O que eu faço? Preciso chamar uma ambulância! Moço, não sai daqui! Vou buscar ajuda! Volto já!

Sakura se afastou do homem ferido com a intenção de correr para dentro da clínica e ligar para a emergência, mas ele ergueu uma mão e segurou no braço dela impedindo-a de ir.

—Não... – Disse ele com os olhos entreabertos e a respiração ofegante.

Ele estava tão pálido que se não fosse o movimento rápido do seu peito, Sakura poderia dizer que ele estava morto.

Ele desmaiou e deitou a cabeça no ombro dela. Foi então que Sakura rapidamente tomou uma decisão. Jogou o homem nas suas costas como pôde e o arrastou para dentro da clínica. Ele pesava quase uma tonelada, mas ela não o deixou cair.

—Eu já levantei um cachorro de quase quinze quilos. – Disse ela quase morrendo enquanto o arrastava pela porta. – Eu consigo!

Amaldiçoando a sorte por ter acabado a energia, ela deixou o homem no chão da clínica sobre um tapete, usou um pacote de ração de cachorro como travesseiro, acendeu algumas velas e pegou um kit de primeiros socorros.

—Ei, ei, senhor! Acorde! – Disse Sakura batendo no rosto dele. – Se ouvir, acene com a cabeça! – O homem não se mexeu, então Sakura bateu um pouco mais forte. – Acorde!

Ele abriu um pouco os olhos, mas não olhou diretamente para ela, estava muito fraco pela perda de sangue.

—Escute, sou veterinária. O que significa que não tenho licença para tratar uma pessoa. – Disse Sakura tentando manter o homem acordado. – Mas agora eu terei que te dar uma injeção. Ok?

O homem pareceu assentir lentamente, o que para Sakura pareceu um sim. Ela então colocou suas luvas e furou o braço dele para hidrata-lo com soro.

—Vou olhar seu machucado. – Disse ela com firmeza, mas saiu um pouco estúpido. Não era assim que ela falava com seus pacientes. Na verdade, nada precisava ser dito para eles, afinal eram todos animais. Por isso tratar um humano era muito estranho.

Sakura esticou as mãos para abrir a camisa dele, sentindo-se um pouco tola quando a luva a impediu de abrir os botões. Decidiu rasgar tudo de uma vez, estava perdendo muito tempo.

—Com licença! – Disse ela exasperada, abrindo a camisa molhada de uma vez só.

Ela ficou paralisada por um momento. Aquele homem tinha o peitoral e o abdome mais lindo que ela já tinha visto. Tão musculoso e definido... Pensou ela sentindo seu rosto esquentar.

—Concentre-se, idiota! – Ela deu um tapa no próprio rosto e levou seus olhos até a ferida. Não era hora para se admirar pelo corpo bonito daquele homem ferido. Ele poderia morrer bem ali na sua clínica por sua culpa. – Oh, parece que você foi esfaqueado. Você por acaso é membro de uma gangue?

Ela olhou para o rosto dele, mas o homem continuava inconsciente. Apenas respirando com dificuldade e o rosto com uma expressão de dor. Se ele era membro de uma gangue, talvez por isso não a deixou chamar uma ambulância.

Sakura limpou o ferimento e disse ao homem que ele teve sorte de não ser muito profundo. O corte só tinha perfurado o músculo, mais alguns centímetros mais fundo, ele já estaria morto.

—Bem, agora preciso suturar. – Disse Sakura, sabendo que o homem poderia não estar ouvindo, mas ela se sentia na obrigação de lhe dizer. – Como eu disse, sou veterinária. Não tenho permissão de lhe dar um anestésico. Então, isso vai doer.

O homem não disse nada ou olhou para ela. Sakura teve pena do sujeito. Ela colocou um pedaço de pano na boca dele e avisou que faria o possível para ser rápida e pediu que ele aguentasse firme.

Inacreditavelmente, o homem nem se mexeu enquanto ela lhe dava os pontos. Não emitiu nenhum som. Ela estava impressionada, ele deveria ser muito forte.

Sakura fez um curativo, depois mediu a temperatura dele. Graças a Deus ele não tinha febre, o que queria dizer que não havia infecção. Pelo menos por enquanto. Sakura teria que observa-lo durante a noite. Ela se inclinou para se levantar do chão, mas o homem novamente a deteve, segurando-a pelo braço e impedindo-a de se afastar dele.

Sakura ficou sentada ao lado dele por horas, até que o sono foi mais forte que ela. Ela tentou soltar o braço da mão do homem, mas ele segurou na mão dela com mais força.

Sem poder evitar, Sakura deitou ao lado dele sem soltar sua mão e caiu num sono profundo. Ela nem se lembrava da tempestade daquela noite.


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