Quando eu a vi pela ultima vez, não havia muito o que ser feito. Hermione estava decidida e eu como patético que sou a deixei ir.  Pensei que, talvez, ela pudesse voltar atrás daquela decisão idiota, mas isso não aconteceu. Os dias foram passando, eu não tinha ideia de onde ela estava, nem aqueles idiotas que se diziam tão amigos dela. O testa rachada e o pobretão Weasley me ligaram centenas de vezes para que eu dissesse onde a Srta. Granger estava. Mas eu não sabia. Tinha passado dias tentando rastrea-la inutilmente, ela era inteligente o suficiente para apagar qualquer rastro.

Lembro-me tão bem do dia em que ela desapareceu: chovia, trovejava, o vento parecia querer cortar ao meio qualquer um que tentasse o enfrentar. Corajosa e tonta do jeito que Hermione era, ela encarou, sumiu no meio da tempestade.

Quantas vezes me peguei olhando pela janela a espera que ela chegasse e dissesse que tudo havia sido um grande erro, e que nós ficariamos juntos. Foram longos anos esperando qualquer tipo de contato. Qualquer carta, telefonema. Ja havia contratado os melhores detetives que existiam, mas ela havia simplesmente evaporado.

Ela não queria ser encontrada, muito menos por mim que a fizera sofrer tanto com os anos de rejeição. Por meses acreditei que o nosso amor tinha apagado tudo, mas estive redondamente enganado. É terrivel ter que admitir que ainda hoje isso me machuca profundamente.  

Hermione era uma mulher orgulhosa e eu, Draco Malfoy um homem tão orgulhoso quanto ela, talvez mais. Eu não fui atrás dela, deixei que partisse para sempre.

Hoje eu sei.

Hogwarts me mudou em muitas coisas, coisas das quais eu não queria ter mudado. TUDO CULPA DELA. ME mudou, me fez acreditar que o amor existia e depois foi embora, levando consigo um pedaço de mim que minha esposa jamais terá. Seria tão mais facil me separar de Pansy, nunca gostei dela, nunca senti nada além de uma amizade por interesse. Talvez houvesse tesão no começo, mas nem isso hoje em dia. Transar se tornou um martirio.

A chuva batia forte contra a janela, castigando as vidraças do meu apartamento. Haviam pessoas no ponto de onibus la em baixo. Preferia ter o amor de Hermione e uma vida simples, pegando onibus e tomando chuva do que a vida luxuosa que eu levava e não ter nada que me mantesse realmente vivo. O telefone tocou, fazia tanto tempo que eu não atendia aquela porcaria. Pansy atendeu com a sua boa vontade de sempre, ela adorava falar ao telefone, adorava coisas futeis e inuteis. E eu pagava por tudo aquilo, mas era o melhor que eu podia ter sem a minha castanha. Era uma mulher que falava, pude escutar um resquicio da voz, parecia levemente tremula e perguntara por mim.

Meu coração acelerou, tive certeza que era Hermione. Não havia nenhuma mulher que ligasse para casa que gostaria de falar comigo. Ali estava o que eu precisava. Olhei no identificador de chamada. "H".

Havia gravado a alguns meses quando o testa rachada havia me dito que ela derá um sinal de vida e passara esse celular a ele. Agora só precisava acha-la. Peguei meu casaco, dei um beijo no rosto de Pansy Parkinson. Sorri, aquilo era tudo o que eu precisava. Um simples telefone. Iria acha-la. De qualquer maneira. 

Minha esposa percebera que aquilo fora uma despedida. Estive muito tempo ausente, Hermione era meu foco, sempre fora, mas hoje muito mais do que nunca. Era tempo de recomeçar, não estava tão tarde ainda.