Pra você guardei o amor escrita por Maria


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todas pelos comentários. Desculpe-me a demora.



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Emma tinha quase certeza que se medisse a espessura do assoalho aonde Regina ia e vinha por um tempo que ela não poderia precisar ele estaria mais fino. Sua noiva clicava seus saltos no chão em uma caminhada que estava deixando-a tonta. Ela queria poder brincar quanto a isso, mas se conteve. Na madrugada quando quis brincar com Regina por conta de seu nervosismo a morena ficara chateada com ela. E tudo que Emma não queria é que as crianças chegassem acompanhadas da assistente social e encontrassem um clima estranho entre elas.

Respirou fundo quando Regina passou na sua frente novamente, o clic dos saltos adentrando seus ouvidos e partindo seu cérebro. Ela queria perguntar por que a mulher estava usando saltos em casa, mas, novamente não era uma atitude muito prudente. Podia sentir as engrenagens da cabeça da morena se movimentando e a tensão parecia sair de seu corpo e rechicotear na loira. Não aguentando mais aquilo Emma se levantou do sofá e parou atrás de Regina que estava nesse momento olhando pela grande janela da sala. Seus braços bem torneados circundaram a cintura definida da morena e seus lábios fizeram contato com seu ombro que estava coberto pelo tecido da blusa branca de seda.

Todo corpo de Regina reagia ao mais simples toque de Emma. E tem sido assim desde muito antes delas terem qualquer envolvimento amoroso ou íntimo. Como se a loira tivesse alguma magia que envolvia o corpo da outra e o fazia vibrar com correntes elétricas trazendo diferentes sensações. Hoje, em especial, o simples gesto de Emma fez o corpo Regina vibrar em puro relaxamento. Ela suspirou expelindo o ar de seus pulmões e deixou a cabeça cair para trás se aconchegando no abraço da mulher que amava.

A morena ficava impressionada com o poder que Emma tinha de deixá-la irritada, acalmá-la, relaxá-la e excitá-la, tudo na mesma intensidade e por vezes ao mesmo tempo. Um redemoinho de emoções que a deixava em êxtase.

Nesse momento, a morena estava uma pilha de nervos e sabia que a loira, em total respeito ao seu estado, media até as palavras para falar com ela, provavelmente com medo de que Regina vá mordê-la em resposta. Mas foi só a mulher colocar seus maravilhosos braços ao seu redor para todo seu corpo relaxar feito um gatinho ronronante. Emma estava lhe passando tranquilidade, força e confiança. E ela era ternamente grata a sua sensibilidade.

Os minutos de espera pareciam ter sido transformados em horas. Era como se o relógio estivesse fazendo uma brincadeira de mau gosto insistindo em não mexer seus ponteiros corretamente, os atrasando enquanto não olhavam. Elas queriam ter ido ao orfanato buscá-los, mas o procedimento era esse. A assistência social era quem os levava aos seus futuros lares. Maldito sejam os procedimentos pensava Regina, só servem para converter o fácil em difícil, muitas vezes fazendo o uso do inútil.

A morena virou dentro do abraço da loira e passou seus próprios braços pelo ombro dela apertando-a contra si. Apoiou seu rosto no vão do pescoço pálido e inspirou aquele aroma peculiar de Emma.  As mãos de Swan passeavam pelas costas de Regina de forma protetora.

—Você é mágica. – Regina sussurrou contra a pele do pescoço da mulher.

—Sou? – Perguntou Emma em um tom de divertimento.

—Humrum. – A mulher balançava a cabeça em concordância. – Você tem o poder de me acalmar com essas mãos enfeitiçadas e esse colo perfeito que me acolhe em todas as situações.

—Eu sou tipo aquela calça jeans da “Irmandade das calças viajantes”, sirvo para todas. – Regina levantou levemente sua cabeça para fitar Emma com um olhar intrigado e rapidamente a mulher emendou. – Nesse caso eu sirvo para todas as suas ocasiões.

—Boa saída querida. É uma boa comparação agora. É exatamente isso. – balançou a cabeça em concordância e voltou a deitar no ombro de Emma – Você é minha calça viajante, mas sou sempre eu quem pousa nos seus braços. – A loira riu suavemente.

A campainha soou assustando as duas mulheres na sala antes mesmo que elas pudessem falar mais alguma coisa. Olharam-se passando confiança uma para a outra antes de se dirigirem de mãos dadas à porta e abri-la. Uma senhora baixa e um tanto quanto rechonchuda estava à frente com Henry em seu colo e Sophia ao seu lado. Sua cara parecia de um buldogue zangado, se a intenção era assustar ela merecia os parabéns. Assim que Henry percebeu onde estava pulou do colo da mulher diretamente para o primeiro corpo que o pegasse. Regina foi mais rápida.

—Gina! – O menino gritou e Emma pode perceber o rosto da mulher a sua frente se suavizar um pouco. – Emy. – Henry esticou o braço para que a mulher juntasse ao abraço. A loira estendeu a mão e puxou Sophia para o abraço coletivo que durou até o momento que a mulher baixinha pigarreou chamando-lhes atenção.

—Por favor, entrem. Nos desculpem a indelicadeza. – Regina dizia ainda prensada nos braços do menino. Deram espaço para a mulher e o homem que a acompanhava com as poucas coisas das crianças entrarem. Sophia agarrou na cintura de Emma e caminhou junto com todos até a sala.

—Vocês sabem que estão em teste. Nós vigiaremos de perto a integração de vocês como uma família, bem como a adaptação das crianças. Qualquer problema deve ser reportado imediatamente. Madre Cecília nos garantiu que tudo ficará bem, mas esse é o nosso trabalho. Não facilitaremos para vocês só porque a Madre teceu inúmeros elogios. – Sua voz era severa e Sophia se encolheu entre as pernas de Emma. A mulher se quer se apresentou antes de cuspir as palavras em cima delas.

—Nós compreendemos senhora... – Emma respondeu. – Estamos cientes de todos os procedimentos e posso garantir que estamos mais que aptas...

—Que bom. – Respondeu seca a cortando – Alguns casais têm problemas por adotar crianças mais velhas, nãos hesitem em nos comunicar qualquer coisa. Eles podem trazer problemas, principalmente por suas personalidades já praticamente formadas.

—Creio que não teremos. – Emma a cortou de forma sutil suas mãos coçando para cortar a língua daquela mulher fora – Mas se tivermos já sabemos a quem devemos recorrer. – deu um sorriso falso. Essa mulher seria, provavelmente, a última pessoa a quem recorreria.

—Bem, terminamos aqui por enquanto. – Disse já se virando para a saída sendo seguida por todos – Nos veremos em breve. Até. – Saudou-as.

—Até. – Responderam em uníssono. Assistiram enquanto a mulher dava mais uma olhada ao redor como se fosse uma máquina de escâner e quisesse recolher a impressão de cada cantinho da casa delas. Assim que a porta fechou elas voltaram para a sala e colocaram as crianças no sofá para conversarem.

—É verdade? – Perguntou Sophia quebrando o silêncio que perdurou por alguns segundos.

—O que é verdade meu bem?  - Regina quem perguntou se abaixando para ficar da altura deles, gesto que foi imitado por Emma.

—Que nós viemos para cá morar com vocês. – Disse timidamente e as mulheres devolveram um sorriso estonteante.

—Sim pequena. – Emma tocou suas mãos – Nós demos entrada nos papéis de adoção de vocês. – sua voz falhou um momento, a emoção querendo pular fora de sua garganta como uma pipoca quando estoura.

—Eu não quero ser um problema para vocês. – Disse a menina abaixando a cabeça. – Vocês ouviram o que ela disse. Nós, mais velhos, somos problemas. E eu não quero ser problema para vocês. Vocês podem me levar de volta para o orfanato e ficar somente com Henry, eu... eu não vou ficar chateada. – Quando ela completou sua voz não passava de um sussurro. – Só peço que venham me visitar, não precisa ser sempre, de vez em quando já está bom.

Regina olhou para Emma o pânico evidente em seus olhos amendoados. A loira colocou uma mão em seu braço, mas dessa vez era ela quem precisava se acalmar. Aquela mulher havia magoado Sophia, sua filha, ao dizer aquelas palavras tão cruéis na presença da criança. Emma levantou e pegou a mão da menina, Regina pegou Henry no sofá e acompanhou a loira pelo corredor até os quartos.

Quando a criança viu seu nome decorado de lilás na porta branca ela mal podia acreditar. Olhou para cima na direção das duas mulheres como se quisesse pedir permissão e viu as duas assentir sorridentes. A menina girou a maçaneta e entrou. Quando seus olhos passaram por todo o quarto em completo choque parando no quadro ao lado da escrivaninha ela deixou lágrimas caírem por suas bochechas. Antes das mulheres acompanharem Sophia, Regina gentilmente passou o polegar nas bochechas da loira secando as lágrimas que a mulher deixara cair.

—Não chora mamãe. – Henry repetiu o gesto da morena – Eu e mamãe estamos aqui. – As mulheres riram encobrindo os soluços.

—É mamãe não chore. – Emma riu da morena secando suas bochechas também e finalmente entraram no quarto.

Sophia caminhou até a foto e passou a mão por ela. Seguiu pela escrivaninha passando os dedos delicadamente sobre o móvel e depois sobre a cadeira. Passou pelo armário e chegou à cama. Como qualquer criança sentiu a fofura do colchão. Caminhou até sua penteadeira e no reflexo do espelho pode ver aquelas mulheres que amava com todas as suas forças lhe observando. Seu olhar se dividia em admiração, choque, desespero e carinho.

—Isso tudo é para mim? – Perguntou.

—Sim. – Regina respondeu sentando na cama e colocando Henry ao seu lado.

—Essa é nossa forma de te dizer que nós te queremos aqui tanto quanto queremos Henry...

—Oi! – O menino levantou a cabeça fazendo todas rirem e apertarem suas bochechas.

—Nós te esperamos ansiosamente Soph. Nós te queremos aqui, pelo tempo que você quiser ficar. – Regina a olhava intensamente.

—Mesmo se eu quiser ficar para sempre? – Perguntou receosa se aproximando.

—Até depois dele se você quiser. – Emma abriu os braços para receber a menina que pulou aos soluços sendo abraçada também pela morena.

—Aqui só tem coisas de menina. – Disse Sophia quando se levantou do abraço coletivo. – Onde estão as coisas do Henry? Eu não me importo de dividir.

—O Henry terá as coisas dele meu amor. – Regina disse se levantando – Vamos conhecer o quarto dele?

Todos se apressaram para sair do quarto de Sophia em direção ao pequeno corredor que levava até o quarto de Henry. Mais uma vez pararam em frente à porta que continha o nome do menino, escrito em verde com letras garrafais. Emma dessa vez quem fez as honras e girou a maçaneta. Todos adentraram o pequeno recinto. O menino girava sua cabeça de um lado para o outro, ainda no colo da morena.

—Esse é seu quarto Henry. – Emma sorria para a empolgação contida da criança. 

—É do Henry? – Perguntou abrindo a boca abismado – Tudo do Henry? – As mulheres acenaram para ele. – Olha, ele aponto para a cama, o Rei Leião.

—Leão. – Corrigiu Regina, mas o menino estava empolgado demais para absorver a correção da mulher.

—Eu gosto do Rei Leião. – disse empolgado - Olha Sophia, olha, eu tenho dissonauros! – Apontava para os nichos repletos de brinquedos. - Me dá um dissonauro? – Pediu a Emma que esticou a mão para pegar o bicho verde que parecia mais uma grande lagartixa comprida com espinhos. 

—Antes de te dar repete comigo. – Emma olhava para o menino – Dinossauro.

—Dissonauro. – Regina mordeu os lábios para não rir.

—Não. Não. Dinossauro. – O menino ia repetir, mas Emma o parou. – Devagar, comigo, di...nos...sau..ro

—Di... – Alongou a sílaba como a loira havia feito – ssonauro – Soltou por fim teatralmente. Emma liberou um muxoxo e entregou a pelúcia a ele enquanto Regina e Sophia quase perdiam o ar de tanto rir.

—-88--

Regina deixara Zelena tomar conta do escritório e da empresa toda nessa quinta para que pudesse desfrutar dessas primeiras horas com sua família, depois das crianças conhecerem seus mais novos quartos partiram para a sala onde se divertiram com diversos jogos e histórias. Pela hora do almoço Emma parou a brincadeira para preparar a refeição deles com a ajuda da morena para que fosse mais rápido, enquanto isso os pequenos ficaram assistindo desenhos aleatórios na TV.

Após comerem voltaram às brincadeiras. Já pela hora da noite receberam as visitas de Zelena e Robin, Ruby, Ana e Mulan que não ficaram por muito, pois no outro dia ainda era sexta feira, ou seja, Sophia tinha aula e o restante trabalhava. Mas combinaram todos de ir ao zoológico no final de semana.

Após se despedirem dos amigos prepararam as crianças para dormir. Banho tomado, dentes escovados, foram colocar Henry para deitar. Colocaram-no em sua cama em posição e anexaram a grade para que ele não caísse durante o sono. Leram para ele uma história e beijaram sua testa antes de levantar.

—Mamães. – Ele chamou baixinho e ambas as mulheres sentira seus corações acelerar, serem chamadas de mães ainda era uma emoção muito nova para elas. – Temos que fazer nossa oração primeiro. – Regina e Emma se entreolharam.

—Claro pequeno. – O menino juntou suas mãozinhas e fechou os olhos.

—Papai do céu, bligado por esse dia. Foi o melhor do mundo inteirinho. Bligado pelas duas mamães lindas que você me deu. Madre Cecília estava certa são anjinhos que você colocou aqui para o Henry e para a Sophia. Bligado por eu ter uma irmãzinha mais grande. Espero que todas clianças do mundo inteiro tenham a família linda igual a minha. Amém. – Ele abriu seus olhinhos e as olhou sorrindo – Têm que dizer amém também mamães. – Disse para as mulheres que estavam paralisadas ao lado da cama.

—Amém. – E mesmo juntas, suas vozes pareciam mais um sussurro. Satisfeito o garoto virou para o lado e adormeceu.

Ainda trêmulas pelas fortes emoções dos últimos instantes acumuladas com as emoções do dia todo elas se dirigiram ao quarto de Sophia, mas ao chegarem lá a menina já estava em sono profundo agarrada a uma boneca de pano. Emma somente a cobriu com o edredom depositando um beijo em sua têmpora, gesto que foi repetido por Regina.

Quando Emma saiu do banheiro encontrou Regina já de pijamas deitada na cama de barriga para cima, suas mãos se cruzavam sob sua cabeça e a morena sorria bobamente para o teto.  Com o passar das horas toda tensão que Regina sentia antes da chegada das crianças se esvaiu de seu corpo e ela pode aproveitar cada segundo do dia com os amores da sua vida.

A loira subiu para acama e rapidamente reivindicou o colo da morena que a acolheu em seus braços se movimentando até a as duas se encontrarem confortáveis sob o colchão. Emma fechou os olhos suspirando lentamente deixando o perfume doce e inebriante da loção corporal de Regina penetrar em seu organismo trazendo aquela gostosa sensação de familiaridade.

O som que vinha da rua chegava abafado ao recinto deixando a paz passear pelo ambiente que fora bem tumultuado durante todo o dia.  Cada uma daquelas duas mulheres estava acolhendo para si as emoções do dia, tentando entendê-las antes de poder compartilhar uma com a outra.

—Nós seremos boas mães, não seremos? – Regina quebrou o silêncio enquanto deixava seus dedos passearem pelo comprimento braço de Emma que a circundava. – Eu quero dizer, tipo, foi só o primeiro dia sabe, mas não foi...

—Estranho. Pesado. – Emma completou para ela.

—Isso. – Regina suspirou apertando mais a mulher contra si – Foi tão natural, envolvente, como se tivéssemos feito isso por toda nossa vida.

—É como se eles tivessem se integrado a nossa sintonia. A letra da nossa música. – Emma brincava com uma mecha do cabelo de Regina. Afastaram-se uma da outra para poderem se olhar nos olhos.

—Eu estou transbordando. - Disseram em uníssono antes de começarem a rir e deitarem abraçadas novamente.

—Às vezes eu fico me perguntando o que eu fiz para merecer uma mulher como você. – Emma colocou essas palavras para for e sentiu o peito de Regina subir e descer de forma abrupta como se ela segurasse um forte soluço. – Hey – se apoiou no cotovelo para olhá-la – Não precisa ficar assim, é só a verdade.

—É que essa é a mesma pergunta que eu faço todos os dias, e saber que você se sente assim sobre mim, me emociona mais do que eu possa controlar. – Emma selou seus lábios ao da morena em um beijo casto.

— Vem cá. – Se aconchegou nos travesseiros e puxou Regina para ela – Precisamos dormir porque amanhã temos duas ferinhas lindas para mimar. – Regina riu se aconchegando na loira.

—Nós vamos ser duas mães super bobas com suas crias não vamos? – Regina perguntou.

—No que depender de mim eu vou ser boba com meus filhos e minha futura esposa pelo resto da minha vida. – Regina sorriu abertamente para Emma e elas ficaram se encarando por alguns momentos. O ar a volta delas mudou sutilmente, e o sono, bem, ele ficaria para outra hora.


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Notas finais do capítulo

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