Pra você guardei o amor escrita por Maria


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!!! Bem, a Emma descobriu né. Não de uma forma que a gente gostaria, mas dona Regina deixou muitas oportunidades passarem.
Espero que gostem!!
E haaa já enho o próximo capitulo escrito e a postagem dele vai depender da bondade de vocês!!! Sejam boazinhas e comentem.
Luv ya!!!
Respondo cada comentário individualmente daqui a pouco.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/693482/chapter/18

                A loira apareceu na porta do dormitório de Ruby antes mesmo da claridade apontar no céu e ficara muda desde então, amuada na cama da ruiva como uma criança que teve seu pedido de presente de aniversário negado e agora estava fazendo birra.

                Não conseguindo fazer com que a amiga dissesse uma só palavra a ruiva convocou o resto da trupe que se arrastou quarto adentro trinta minutos depois para assistir Emma como se fosse um filme de Charles Chaplin.

                _Desculpe por acordar vocês logo cedo. – Emma finalmente disse depois que levantou da cama e caminhava pelo pequeno dormitório de Ruby que estava sentada em um canto observando a loira. Mulan e Ana estavam sentadas na cama da ruiva.

                _Já estava começando a pensar em chamar um médico para checar suas cordas vocais. – Disse Ruby rolando os olhos.

                – Vocês não estão surpresas com essa notícia? – Perguntou exasperada ignorando Ruby. – A Regina é gay? Céus a Regina é gay! Vocês estão me ouvindo? – As mulheres trocarem olhares pesarosos pelo desespero da amiga.

                _Sim Emma. A Regina é gay e bem isso não nos assusta. Na verdade nós meio que sabíamos. – Disse Ruby coçando a parte de trás do pescoço. – Quer dizer – a ruiva completou ao ver o olhar mortal da loira. Ela não ia dizer que conversou com Zelena e sabia que a morena era cem por cento gay. – eu meio que desconfiava e comentei com as meninas.

                _E comentar comigo você não pensou não? – Ela perguntou aborrecida. Por que todo mundo escondia as coisas dela?

                _Como eu disse loira, eu desconfiava. Não ia ficar enchendo sua cabeça de grilos com coisas que eu nem tinha certeza. E no final das contas isso não era problema meu também! – Rebateu Ruby.

—Não era problema seu, mas foi falar com as meninas. Faz bastante sentido. – Emma fechava seus punhos e suas unhas começaram a machucar sua palma pela força.

— Resumindo a ópera, qual é o problema de Regina ser Gay, Emma? – O tom de deboche da loira começara a irritar Ruby.

                _Problemas?

                _É! Qual é o problema dela ser gay? Porque pelo seu desespero deve ter um problema bem grande. – A ruivinha queria ouvir de Emma o que a atormentava, estava a provocando para ver se ela caía na real – Deve ser o mesmo que eu devo ter porque eu também sou meio gay. – Ruby completou impaciente.

                _Não há problema nenhum com o fato dela ser gay Ruby, e nem com você. Eu não estou dizendo isso. – A loira corou. - O que eu estou querendo dizer é que ela escondeu isso de mim. Ela mentiu para mim sobre quem ela era. Por mais de um ano. Quem faz isso? Será que ela pensa tão pouco de mim assim para não confiar sobre sua sexualidade a mim, ela achou que eu fosse fazer o que? Mandar ela ir embora do apartamento? Me mudar? Mandar ela ir se tratar?

                _Emma – foi a vez de Anna tentar ajudar – você gosta da Regina, Certo?

—Como assim? É claro que eu gosto dela. – disse na defensiva, sentindo aquele movimento esquisito presente há algum tempo em seu interior que ela ainda não sabia identificar e que só intensificava – Droga! Ela é família. – falou nervosa - É a pessoa que eu chamaria para esconder um cadáver. Eu esconderia um cadáver por ela. Ela é a minha pessoa. – Os olhares cúmplices entre as outras passaram despercebidos para a loira que tinha voltado a andar.

—Pense. Você se conhecendo como você se conhece, se Regina tivesse te contado desde o começo sua opção sexual você teria ido morar com ela? – Continuou Ana.

—Não sei Ana.

—Seja verdadeira Emma. Se naquele dia em que conversaram Regina dissesse a você que prefere se relacionar com mulheres, você teria ido morar com ela? – Emma parou de andar de um lado para o outro e encostou-se à parede perto da porta do banheiro com a mão na cintura. A loira estava em luta com seus próprios pensamentos. Ela queria dizer que sim. Que teria ido morar com Regina de qualquer jeito, mas ela sabia que era bem provável que não. Ela sabia que era antiquada e provavelmente se a morena tivesse dito isso a ela antes de morarem juntas ela nunca teria ido.

—Não. – Disse por fim. – Não teria ido. – abaixou a cabeça constrangida.

—E teria perdido a chance de conhecer uma pessoa maravilhosa. A sua pessoa. – Mulan disse – Emma, não estamos dizendo que o que Regina fez foi certo. Mas pense um pouco pelo lado dela. No começo ela ficou com medo de compartilhar com você porque estavam se conhecendo e você sabe como as coisas são. O preconceito existe, ele é real e está por toda parte.

—Mas já passamos dessa parte de se conhecer, na verdade já passamos por tanta coisa Mulan.

—Sim. Mais um motivo Emma. Ela estava com medo da sua reação. – a oriental dizia devagar – Ela estava com medo dessa reação. – Sua voz carregava um leve tom de repreensão.

—O que está querendo dizer?

—Que todos os medos de Regina se tornaram reais, Emma. O que o pai dela fez com ela ontem foi terrível, e sim você acabou descobrindo isso e não partiu dela, mas nesse exato momento ela precisa de você. E você está aqui. Você tem todo o direito de estar brava com ela por ter omitido isso. Converse com ela sobre, mas não deixe ela se sentir pior do que ela deve se sentir, porque nesse exato momento ela deve estar acreditando que é tudo aquilo que aquele homem a chamou.

—Regina é inteligente, ela sabe que não é nada daquilo que aquele paspalho sem noção disse. – Emma disse fazendo bico.

—Mas às vezes as pessoas inteligentes esquecem que o são e se permitem pensar o pior delas mesmas, principalmente quando quem deveria estar lá para lembra-la não está. – Completou Ruby.

—Eu não estou julgando ela pela opção sexual dela, se é o que vocês estão tentando dizer. – Rebateu a loira na defensiva.

— Mas não está lá para ela saber disso. – Disse Ana fazendo a loira suspirar derrotada. – E ela deve estar achando que você está!

Alguns minutos se passaram em completo silêncio. Varias expressões passaram pelo rosto da loira, mas a última delas foi de cortar o coração de qualquer um, arrependimento.

—Eu fui uma idiota não fui? – perguntou coçando sua enorme cabeleira loira sem olhar para nenhum lugar especificamente.

—Um pouco. Mas uma idiota com um pingo de argumento.  Se te ajuda a se sentir melhor.

Emma mal ouviu o que Ruby disse antes de passar a mão na sua bolsa e sair correndo porta afora sem falar nada, deixando três mulheres estáticas para trás. Dez segundos depois reaparece esbaforida na porta segurando na soleira para se equilibrar.

—Desculpem-me por acordar vocês, e muito obrigada por tudo. Eu amo vocês. – Disse por fim desaparecendo novamente sem esperar qualquer resposta.

—Nós te amamos também. – Disse Ruby fazendo tinindo para a porta vazia fazendo as outras duas rirem – E obrigada pela consideração, a gerência agradece. – Continuaram a rir.

—Alguém entendeu o que foi tudo isso? – Mulan perguntou bocejando.

—O que está querendo dizer? -  Perguntou Ana deitando na cama.

—Esse escândalo todo que ela fez. Sair correndo de casa. Deixar Regina sozinha em uma situação dessas. Emma não é disso. Ela é a primeira a ouvir, a primeira a querer colocar as coisas em ordem. – Mulan também deitou na cama fazendo Ana de travesseiro.

—Eu não sei. Acho que ela realmente ficou chateada com Regina por omitir essa informação. – Ponderou Ana.

—Ainda assim. – continuou Mulan – não é do feitio dela. Não se encaixa.

                _Eu posso ter uma ideia. – Disse Ruby com um sorriso sacana nos lábios – Uma teoria na verdade.

                _Está esperando permissão para compartilhar? – Ana falou e recebeu uma pantufa de Ruby na cabeça que a arremessou de onde estava.

                _Acho que Emma tem um amor platônico por Regina, só não se deu conta disso ainda. Ou não aceitou. Ela vivia nessa bolha de perfeição. Tudo é Regina isso, Regina aquilo. Vou fazer isso com Regina, vou levar isso para Regina, Regina vai gostar disso. Regina, Regina, Regina. O fantástico mundo de Emma e Regina. Mas aí veio a notícia que Regina beija meninas e essa pequena bolha fantasiosa que ela criou foi estourada e ela percebeu que tudo que ela sempre teve no coração pode realmente acontecer e ela se assustou com isso.

                _Isso é uma baita de uma suposição. – Disse Ana não comprando muito a ideia de Ruby.

                _Que pode ser realidade. – Dizia Ruby despreocupadamente.

                _Mas Emma não é lésbica. – Protestou Ana.

                _Eu não estou dizendo que ela vai começar a reparar em peito e bunda alheia por aí, ou levantar a bandeira com o arco-íris, ou desenhar unicórnios em guardanapos. Estou querendo dizer que em se tratando de Regina, acho que Emma é um pouco gay sim.

                _Se você está dizendo. – Ana disse.

                _Escreva o que eu estou dizendo. Ainda vamos ser madrinhas desse casamento. – Ruby disse sorrindo, mas ao perceber que nenhuma das duas se manifestou, olhou para a cama e alargou o sorriso vendo que as amigas estavam em um sono profundo. – Tão fraquinhas. – Disse enquanto as cobria com uma colcha.

—-**--

                _Você não precisava jogar na cara dela Robin. – disse Zelena chateada com o marido – eu também avisei a ela que Emma iria descobrir mais cedo ou mais tarde e nem por isso e fiquei jogando na cara dela.

                _Eu sei. Mas eu fiquei nervoso com essa história. Regina escondeu muitas coisas de nós Zel, o que papai fez com ela, e isso me deu muita raiva. – Disse passando as mãos pelo cabelo.

                _Sim. Ela errou em muita coisa. Você está com raiva, eu sei, mas está descontando na pessoa errada. Para de dizer para ela que todo mundo a avisou.

                Robin acenou em concordância com a mulher. Estavam na casa de sua irmã desde cedo quando Regina ligara para Zelena aos prantos e deu o azar de seu irmão atender a chamada. Fazia pouco tempo que tinham conseguido acalma-la e agora a morena estava no banheiro.

                Ambos estavam na sala com Roland quando ouviram o barulho da porta e se voltaram para a figura loira que acabava de entrar.

                _Acho que Regina não precisa mais da nossa ajuda ruivinha. – Disse o homem sorrindo. Emma se voltou para eles ao ouvir o barulho e sorriu constrangida.

                _Hey Zelena, Robin.

                _Que bom que está de volta loirinha, estávamos começando a ficar preocupados. – Disse Zelena a abraçando. – Quantas horas dormiu essa noite? – Perguntou vendo as olheiras da outra.

                _Nem sei se pode se chamar de horas. – Admitiu.

                _Olha Emma, nós sabemos que Regina devia ter te contado sobre isso há muito tempo. Nós cansamos de falar isso com ela, mas ela tinha muito medo de você a odiar pela opção de vida dela. – Emma revirou os olhos e Robin riu – É nós sempre fazíamos essa cara para ela. Você tem todo direito de estar chateada com ela. Eu também estou, mas ela precisa da amiga dela agora. Depois você briga com ela. Ela está tomando banho e já deve estar voltando, nós vamos indo para dar privacidade a vocês.

                _E nos desculpe por manter isso escondido de você, mas realmente não era da nossa conta. – Disse Zelena.

                _É, eu já ouvi isso hoje. Mas sou eu quem deve pedir desculpas por não ter estado aqui quando ela mais precisou de mim.

                _Mas você está agora. É isso que importa. 

                Os três se despediram e Emma ficou aguardando na sala. Desejou ir tomar um banho também, mas queria resolver com Regina primeiro. Ela estava chateada sim e deixaria claro para a morena, mas queria deixar mais claro ainda que ela estaria com ela para o que a outra precisasse.

                Tentava colocar os pensamentos em ordem quando escutou o barulho vindo do corredor e levantou a cabeça para ver Regina entrar em seu campo de visão com os cabelos molhados, um short relativamente curto e uma camiseta de alça. Apesar de aparentar estar bem suas olheiras contavam outra história. Um raio partiu o corpo de Emma ao meio e ela mal podia se manter de pé.

                _Zel, Robim, vamos almoçar? Não sou uma cozinheira de mão cheia feito Emma, mas ainda sei fazer uma boa lasan... – Regina cortou sua fala ao ver que não era seu irmão ou sua cunhada que estava parado ali, mas a loira que a olhava fixamente. A morena tomou um susto ao perceber que a mesma lhe lançava um olhar de .... culpa? – Emma? – se permitiu dizer olhando para baixo envergonhada.

                A loira saiu de seu transe e caminhou até Regina colocando a mão gentilmente em seu queixo fazendo a morena olhar para cima de novo.

                _Você não tem que se sentir envergonhada. Por nada nem por ninguém. Muito menos pelo que você é. Nem hoje nem nunca. – Seu olhar não vacilava nem um instante enquanto verde encontrava com amêndoa.

                _Mas eu pensei que... – Sua voz não passava de um sussurro.

                _Eu sei que você deve ter pensado isso, e é culpa minha. Eu nunca deveria ter saído desse jeito, sem ter te ouvido sem ter te abraçado. Me perdoa. De verdade. Eu sinto muito.

                As palavras engasgaram na garganta de Regina e as lágrimas subiram aos seus olhos e ela tentava desesperadamente piscar para as apartá-las, em vão. Emma sorriu gentilmente antes de envolvê-la em um abraço carinhoso e beijar o topo de sua cabeça.

                _Eu sinto muito por ter feito você passar por isso sozinha, mas eu estava com muita raiva de seu pai e um pouco de você também – Regina soltou um riso fraco no peito de Emma -  e eu simplesmente não sabia o que fazer. E fiz burrada.

                Emma soltou Regina um tempo depois e foi preparar o almoço enquanto conversava com ela sobre a atitude do pai da morena. Levou um tempo para convencer a amiga que ela não era nada daquilo que aquele velho falara. Que ela era incrível, uma mulher decente, talentosa e principalmente amada.

                Já haviam terminado de almoçar há algum tempo, mas ainda saboreavam cada qual de seus pensamentos ainda sentadas a mesa.

                _Eu quero te pedir desculpas Emma. Eu deveria ter te contado antes. Eu tive oportunidade de fazer e não fiz. Aquele dia que chegou aqui e encontrei com você e Zelena conversando eu iria te contar, mas quando olhei para você fiquei com tanto medo. – Lançou um olhar arrependido na direção de Emma que sorriu firme balançando a cabeça em confirmação.

                _Eu não quero falar muito de passado porque eu não sei muito bem o que teria acontecido se tivesse me dito desde o princípio, e eu não gosto nem de pensar se eu não tivesse vindo morar com você e tivesse perdido a oportunidade de te conhecer. – Os olhos da loira se encheram de lágrimas e ela respirou profundamente o que tornou difícil para Regina segurar suas próprias lágrimas – Só de pensar nisso minha garganta fecha e eu fico sem ar. Eu não posso imaginar um mundo em que eu esteja e que eu não conheça você. – Regina sorriu para ela enquanto pegava suas mãos por cima da mesa e apertava – Eu estou chateada com você por ter deixado passar todas as oportunidades de me contar, e não posso deixar de imaginar qual será a próxima surpresa – Emma apertou a mão de Regina que pensava em interrompê-la, mas se calou – por mais que eu queira eu não consigo parar de pensar sobre isso. Se um dia eu vou abrir a porta de desse apartamento e encontrar dois agentes do FBI te procurando por ter cometido um crime federal. Mas eu sei que isso vai passar. Estou chateada também por você ter pensado tão pouco de mim. Eu te disse e vou repetir e espero que você entenda isso de uma vez por todas, você é minha família, e família jamais abandona família. É como se fosse uma irmã. Mesmo que você tenha cometido um crime federal, ok?!

                Elas riram fracamente.

                _Vou esperar ansiosamente o dia que tiver me perdoado completamente. – Disse Regina sorrindo.

                _Não vai demorar muito, eu não resisto a essa cicatriz aí que você exibe com esse bico. – ambas gargalharam. – O que vai fazer em relação ao seu pai?

                _Nada. Não quero dar mais importância a isso.

                _Tem certeza? Eu sei técnicas de tortura incríveis. E ainda sei esconder um corpo muito bem. – Fingia seriedade enquanto falava com Regina que teve que rir.

                _Pode deixar que se eu mudar de ideia será a primeira a saber. E posso te dizer que tem muita gente querendo se voluntariar para te ajudar.

                _Me diga mesmo. Eu me segurei bastante para não apertar o pescoço dele ali mesmo no meio da calçada.

                _Ele não vale um dia seu na cadeia. Mesmo sendo o meu pai. – A loira assentiu.

                _O que eu posso fazer para apagar esse momento ruim dessa cabecinha linda?

                _Vamos ver as crianças? Uma tarde com elas apaga qualquer coisa.

                Emma sorriu abertamente levantando da mesa. Precisava de um banho também. Enquanto a loira se preparava, Regina arrumou as coisas do almoço.

Quando estavam saindo do prédio, já que decidiram ir caminhando, com uma mão por cima dos ombros de Regina, Emma ainda disse:

—Eu tenho só mais uma pergunta Regina. – A morena somente assentiu – Você se apaixonou por mim? – A morena sentiu os pensamentos correrem por sua cabeça em uma fração de segundos e quando respondeu a loira percebeu que mentiria mais uma vez.

—Não Emma. Nós somos família, como você disse. – Regina respondeu com uma voz neutra, como se tivesse ensaiado para isso a vida inteira, e agora merecia um Oscar por sua encenação.

 Emma assentiu voltando a olhar para frente chocada com a decepção que cada centímetro do seu corpo expressou com essa resposta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Rufem os tambores!!!