Pra você guardei o amor escrita por Maria


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Eu não morri, mas foi quase. hehe.
Gente, mais de 100 comentários, uma recomendação!!! Nunca esperei que a fic chegasse a tanto. Obrigada a você leitor que comenta, obrigada a você leitor invisível. A você que está oculto, apareça, adorarei interagir!!
Xandoca, flor do meu jardim, obrigada pela recomendação. Estava eu quase morrendo quando a vi e fiquei extremamente feliz.

Sem mais delongas, segue o capitulo.



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A manhã de natal chegou muito fria. Os pesados flocos de neve caíam por toda extensão do jardim formando um imenso tapete branco de textura aparentemente fofa. Montinhos se acumulavam nas janelas e nas árvores. Apesar do tempo gelado que fazia lá fora o clima era ameno dentro do quarto.

Sophia acordava lentamente, abriu os olhos e deu de cara com o rosto de Regina bem perto do seu, percebeu que estava presa pelo braço de Emma que circundava sua barriga. Desceu o olhar e viu que a mão da loira encontrava com a mão da morena. Sorriu. Fez uma prece silenciosa juntando suas pequenas mãos as mãos das mulheres, para que esse fosse seu futuro.

Levantou as mãozinhas e começou a acariciar o rosto de Regina para acordá-la. A morena começou a se mexer preguiçosamente.

—Acorda Regina, já é de manhã. – Sophia dava beijinhos na ponta do nariz da morena para que ela acordasse. Ela já estava acordada, mas estava adorando o carinho da criança e queria prolongá-lo por mais um tempo, deu um longo suspiro ainda com os olhos fechados fingindo que estava em sono profundo.

—Vamos tia Rê, acorda... – colocou as duas mãos no rosto de Regina que foi obrigada a rir do apelido que a criança a chamara. – Está parecendo a bela adormecida.

—Bom dia pequena. E eu prefiro a Rainha Má. – Disse tentando se sentar na cama, mas percebendo sua mão presa pela mão de Emma.

—Hey, tem outra bela adormecida aqui, não vai acordar ela não? – Perguntou lançando um olhar divertido para a menina.

—Será que ela precisa de um beijo? – Perguntou.

—Acho que sim, não é assim que as princesas acordam? – respondeu Regina – Vai lá, beija ela.

Sophia tentou se virar dentro do abraço de Emma, mas não obteve sucesso.

—Tia Rê, eu não consigo virar, tia Emy é muito forte.

Emma que já tinha acordado com o falatório das duas na cama, para provocar Sophia passou sua mão livre por baixo do corpo da criança e a puxou mais para si a apertando contra seu peito.

—Meu ursinho. – Disse ainda de olhos fechados fingindo dormir profundamente.

—Tia Rê, rápido, beija ela logo para ela ver que eu não sou um ursinho e sim que sou uma menina. – Sophia pedia desesperada a Regina, a morena podia ver o sorriso da loira por entre os cabelos da pequena. Emma estava brincando. A criança esticava os braços para Regina que ajoelhou na cama e com o rosto chegou perto da amiga dando-lhe um beijo estalado na bochecha, mas a outra somente apertou mais Sophia.

—Meu ursinho gostoso. – Falou entre os cabelos da criança.

—Regina, tem que ser um beijo de amor verdadeiro, se não ela não acorda. – Regina arqueou as sobrancelhas contendo a vontade de realmente beijá-la e deus vários beijos da bochecha da loira que já estava rindo, mas ainda de olhos fechados. 

—Acho que essa princesa precisa mais do que um beijo Sophia. Nós teremos que declarar guerra. – Falou Regina sentando na cama novamente.

—Guerra?

—É, guerra de cócegas. – Então a morena começou a fazer cócegas na barriga da loira que não aguentou por muito tempo soltando Sophia e abrindo os olhos. A pequena logo que se viu livre começou a fazer cosquinhas na mulher também.

—Por favor parem, eu me rendo. – Disse já quase perdendo o fôlego de tanto rir.

—Diga que eu não sou um ursinho. – Pediu Sophia.

—Você .... não ... é ... um ursinho... – Dizia entre as risadas.

—Eu sou uma menina.

—Uma menina linda. A mais linda de todas. – Então elas pararam e a loira deixou os braços caírem ao lado do corpo exausto. Regina e Sophia também caíram na cama de barriga para cima. Por uns momentos tudo que se ouvia eram as respirações pesadas e os resquícios de risadas das três.

—Mesmo eu sendo uma menina você ainda me abraça? – Perguntou virando para a loira – Porque se não eu posso ser um ursinho às vezes. – Encarava a loira com seus olhos verdes pidões. A pequena tinha amado estar tão abraçada a Emma e adoraria que a loira fizesse isso mais vezes.

—Se eu te abraçar de novo você vai me render e fazer cócegas. – Emma fingiu estar chateada.

—A culpa foi dela. – Sophia apontou para Regina que levantou as mãos e arregalou os olhos fingindo surpresa. – Eu só falei do beijo. Juro. – Fez uma cruz com os dedos e os beijou para reforçar seu juramento.

—Isso foi mau. Muito mau. O que acha Sophia?

—Acho que ela merece um castigo. – Elas conversavam como se Regina não estivesse ao lado delas.

—Vocês não se atreveriam. – Regina se pronunciou – Eu quase morro de cócegas. Por favor. – Usou sua melhor cara de cachorro pidão, mas não obteve sucesso algum. As duas estavam determinadas e a morena não teve a chance de escapar já que Sophia subiu em cima dela e começou a brincar com seu pescoço enquanto a loira se concentrou na barriga.

Quando Emma percebeu que Regina já estava ficando sem ar parou a brincadeira puxando Sophia do colo dela.

—Chega macaquinha, se não vamos matar a tia Regina. – A morena somente levantou o polegar incapaz de fazer qualquer outra coisa que demandasse mais esforço. – Sabe Rê...

—Sério que esse apelido vai pegar? – Disse ainda deitada acalmando a respiração.

—Rê... - Emma ignorou a interrupção – tem uma macaquinha aqui que é muito danada. – Regina foi sentando na cama – Ela acordou a gente – Emma dizia pausadamente – fez cócegas em nós duas e vai sair dessa história ilesa. – A loira olhava travessa para Regina que lhe devolvia um olhar semelhante.

—Isso é muito injusto Emma. Você não acha? – Sophia que percebia a movimentação e a intenção das duas começou a levantar do colo da loira ficando de pé na cama pronta para fugir.

—Eu sou apenas uma criança inocente. – Disse já pulando da cama e correndo pelo quarto sendo seguida pelas duas que fingiam não conseguir pegá-la. Depois de correrem um pouco Emma enlaçou a menina pela cintura e a pegou no colo fazendo cócegas nela como se a pequena fosse uma sanfona. Sophia soltava gargalhadas gostosas.

—Sua vez tia Rê. – Implicou Emma jogando a menina para a morena que prontamente a pegou e começou outro round de cócegas e risadas.

—O que está acontecendo nesse quarto? – Todos olharam para a porta e encontraram uma Cora forçando um olhar zangado. Sophia aproveitando a distração de Regina pulou de seu colo e correu para a mulher mais velha.

—Tia Cora elas querem me matar de cócegas e eu não fiz nada de errado. – Dizia enquanto a mulher a pegava no colo.

—Sério minha linda? Elas são muito malvadas não é mesmo? – Sophia apenas balançava a cabeça. – Vamos com tia Cora, eu salvo você dessas bruxas.

—Mas elas são tão bonitinhas para serem bruxas... – Disse Sophia.

—Feiticeiras são mais bonitas do que bruxas? – Perguntou Cora a menina ignorando as mulheres dentro do quarto. As duas não conseguiram ouvir a resposta de Sophia, pois elas já tinham saído corredor afora. Entreolharam-se e caíram na gargalhada.

—Eu vou para o meu quarto tomar um banho e me trocar. Essa menina me deu um suador logo cedo. – Emma disse indo em direção a porta.

—Emma, espera. – Regina pediu.

—Oi – Emma virou-se para a morena novamente.

—Você gostaria de manhãs assim mais vezes? – Perguntou desviando logo o olhar da loira.

—Por todos os dias de minha vida. – Ficaram sorrindo uma para a outra por alguns segundos até Emma continuar seu caminho.

Mais tarde, quando todos finalmente acordaram a casa já estava em agitação total. Cora havia convidado diversos amigos para o almoço de natal, então, todos estavam desempenhando uma tarefa na preparação, seja das comidas ou da ornamentação. Mal deu tempo para alguém trocar alguma palavra com alguém.

Com o passar das horas Regina começou a ficar arisca e a derrubar os enfeites que deveriam ornar os ambientes e a praguejar exageradamente por isso. Noutro cômodo Emma estava sendo grossa com os legumes. A loira estava visivelmente irritada o que era no mínimo estranho.

Ao perceber essa situação Cora pegou Regina pelo braço e a carregou para o escritório, no caminho chamou Emma para segui-las. Ao ver a loira entrar a mais velha não perdeu tempo.

—O que aconteceu? Vocês brigaram? – Cruzou os braços na frente do peito e arqueou as sobrancelhas aguardando a resposta.

—Hã? – Foi tudo que Regina disse.

—Eu e Regina?  - Perguntou a loira visivelmente confusa.

—Sim! Você e Regina. – Seu pé direito começou a bater no chão impacientemente.

—Bem, não. – a loira disse – Eu não briguei com Regina. Você brigou comigo Regina? – Emma virou para a morena. Se isso fosse alguma brincadeira de natal dos Mills estava completamente por fora.

—Tampouco. – A morena disse levantando as mãos demonstrando que estava entendendo menos ainda que a outra.

—Se vocês não brigaram, por que então essas caras e esse mau humor? – Insistiu Cora.

—Não estou de mau humor mamãe. – A veia na testa de Regina começou a pulsar com essa conversa sem sentido. Arqueou seu lábio superior em um bico gracioso deixando em evidência sua pequena cicatriz no lado direito. A loira sorriu com a cara que a outra fazia.

—Ah não? – Cora usou seu melhor tom sarcástico, o mesmo que usava em seus interrogatórios com as “amigas” de Regina e de Robin. A morena odiava esse tom. – Você está derrubando e destruindo toda a minha decoração natalina e solta palavrões que eu desconhecia até então, e essa daqui – apontou para Emma – está maltratando a comida. Se vocês não brigaram, o que diabos está acontecendo?

—Eu não sei com você Regina, mas tem algo me incomodando e eu não sei o que é. Sei lá, é uma...

—Angústia. – Regina completou entendendo o sentimento da outra, pois era o mesmo do seu. – Eu sinto que algo ruim está acontecendo, mas eu não vejo como.

Antes que Cora pudesse falar algo Sophia entrou no local com o semblante arrasado esticando os braços para o primeiro corpo que encontrou na frente. Regina prontamente a pegou.

—O que foi pequena? – Perguntou.

—Não sei tia, é uma dor aqui – colocou ambas as mãos no peito – que me faz querer chorar.

As três mulheres se entreolharam assustadas e Regina apertou o corpo da criança contra o seu tentando passar algum conforto. Tentou pensar no porquê estariam as três ansiosas assim e como um raio a resposta veio ao seu lábio antes mesmo que pudesse refletir sobre ela.

—Henry. – A morena disse em sussurro. Três pares de olhos miraram Regina sem entender a colocação da morena, porém não tiveram chance de externar suas considerações já que o celular de Emma começou a tocar.

—Swan! – Emma sentia o peito começar a apertar. – Olá Madre Cecília como vai? – Parou novamente esperando a resposta – Eu estou bem também, estamos todas bem. Regina e Sophia também. Ficaremos o final de semana sim, como combinamos. – A pausa agora foi maior e todos assistiram a mudança de cor da loira. Emma esticou a mão para o lado e encontrou a mão de Regina no meio do caminho e elas entrelaçaram seus dedos. A medida que os segundos passavam a loira ficava mais pálida, sua respiração mais pesada e seu aperto na mão de Regina mais forte. – Não, estamos indo para aí. Que bom que me ligou, e que hospital ele está? – Regina sentiu as pernas vacilarem ao ouvir a palavra hospital e foi amparada por Cora. Ninguém ouviu Emma encerrar a ligação, somente quando ela virou para a morena com os olhos marejados que saíram todos do transe.

—O que aconteceu Emma? – Cora quem perguntou, já que a voz de Regina não conseguia sair de sua garganta e ficara entalada lá como um  espinho inconveniente de peixe.  

—Você estava certa Regina. Henry. – Seus olhos não suportaram mais segurar as lágrimas e elas começaram a rolar por sua face. – Ele está internado com uma febre de quarenta graus, não come, não dorme e só chora. Está tendo convulsões e ninguém consegue descobrir o que é. Madre Cecília pediu para irmos até lá para ver se podemos ajudar, pois não podem mais dar remédios para ele dormir. – Emma quase atropelava as palavras – Amarraram ele na cama. – Sua voz quase não saiu embargada pelas lágrimas. Emma não precisou falar duas vezes, Regina já se movia para reunir as coisas delas.

Se a casa já estava agitada, tornou-se após a ligação da freira, a verdadeira torre de babel. A única diferença era que todos falavam a mesma língua, porém tampouco se entendiam. Era como a brincadeira do telefone sem fio. A última pessoa sempre recebia a informação errada.

Cora queria a todo custo cancelar o almoço e partir com elas para Boston, mas Emma pediu que a mulher ficasse e recebesse seus convidados e que depois ela tomasse o rumo de lá. Sob alguns protestos da mulher mais velha e sob seus extensivos conselhos para que Regina exercesse uma direção segura devido a toda aquela neve, as três deixara a mansão para trás rumo a sua cidade. 

No trajeto Sophia dormia tranquilamente no banco traseiro. Regina não desviava os olhos da pista e seus pés faziam uma pressão um pouco maior no acelerador. Emma, que não tinha dedos suficientes para contar as razões de estar nervosa, também não desgrudou os olhos da pista, mas sua mão esquerda pousou na coxa da morena durante a viagem inteira. Elas estavam ali juntas nisso, por Henry.

O caminho parecia logo como o inferno.

Era quase três horas da tarde quando Regina finalmente estacionava seu Mercedes em uma vaga no estacionamento do hospital. Sophia que já estava acordada acompanhava as mulheres tendo quase que correr com a mão presa a mão de Emma. A chegar no corredor do quarto viram uma cena que pensaram que jamais veriam. Madre Cecília, parecia querer matar a assistente social que saíra aquele dia do orfanato com Henry.

—Eu avisei que não era uma boa ideia. Ele nunca nem tinha ficado no colo deles, vocês acham que sabem de tudo, mas eu cuido dessa criança desde os três dias de vida dela e afirmo que ele não estava preparado para ir com aquele casal. – sua voz aumentava consideravelmente a cada palavra e uma irmã colocou sua mão no ombro da Madre. – Mas vocês fizeram questão de não me ouvir, porque tudo que vocês podem ouvir é o som das notas sendo contadas.

A moça era bem maior que a Madre, mas parecia infinitamente menor acuada pela ferocidade das palavras da irmã mais velha que desviou os olhos da mulher a sua frente para ver quem chegava pelo corredor e seu sorriso foi de puro alívio ao ver as três ali. A assistente também pode suspirar aliviadamente por um momento.

—Regina, Emma. Que bom que vieram. – Ela desviou da outra mulher e foi se encontrar com elas as abraçando ao mesmo tempo. – Sophia, que saudades. Como foi o natal? – Sorria gentilmente para a criança.

—O melhor do mundo. – Sorria de forma radiante.

—Onde está Henry Madre? – Foi Emma quem perguntou primeiro. O olhar da mulher mais velha endureceu e somente apontou em direção à porta que estava fechada.

Emma e Regina se olharam e assentiram silenciosamente antes de caminhar até o quarto. Nada nesse mundo as teria preparado para a cena que se desenrolava em sua frente. O pequeno estava deitado em uma maca. Uma correia prendia seus pequenos bracinhos na altura dos punhos. Os enfermeiros tentavam conter seu corpinho que se debatia para poderem colocar o soro em suas mãos que não paravam quietas. Emma conteve um soluço. Regina não.

—Solte ele imediatamente. – Regina deu uma ordem direta, daquelas que ninguém ousa desobedecer. Seu tom autoritário, nunca ouvido antes por Emma, fez a loira desejar nunca trabalhar sob as ordens da mulher. Os enfermeiros que até então ignoravam a presença das duas levantaram o olhar para elas. – Solte ele. – Ela repetiu mais devagar do que antes e então Henry as viu. Começou a chorar com mais vigor para ser solto. Os enfermeiros o soltaram das pequenas amarras e o bebê virou na maca para se jogar no colo da loira que prontamente o pegou.

Emma apertou Henry contra seu corpo e ele afogou sua cabecinha na imensidão dos cabelos loiros. O menino olhou para o lado e esticou a mãozinha para Regina que veio a encontro deles, abraçando os dois, depositando um beijo na cabeça do pequeno e permanecendo assim por um logo tempo.

Quando Henry se acalmou, depois de passar pelo colo das duas, a morena o depositou na maca onde ficou quietinho enquanto a equipe de enfermagem colocava o soro com a medicação sem resistência alguma da criança. As mulheres que assistiam a cena do outro lado da janela do quarto quase não conseguiam acreditar.

Horas mais tarde quando o médico voltou ao leito para examiná-lo não escondeu a cara de espanto ao constatar que o menino já não tinha qualquer vestígio da febre severa com a qual havia dado entrada naquela unidade. Ao observar a loira fazer aviãozinho com a comida e o menino abrir a boca contente para receber a colher acompanhado da salva de palmas de Regina e Sophia o diagnóstico veio para aquele homem em forma de riso. Ele sabia que exame nenhum seria capaz de identificar uma doença causada pelo amor.


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Notas finais do capítulo

Comentem, estou louca para interagir com vocês!!