P.O.V Da Sam

Chegamos em casa e assim que o Alex parou o carro fui a primeira a descer, entrei em casa quase correndo. Antes que eu pudesse subir para o meu quarto, minha mãe me fez parar no caminho, ela estava passando o aspirador na sala.

— Que pressa é essa, Sam? - Perguntou desligando o aspirador.

— Estou com muita sede! - Menti, tive que mudar meu caminho e rumei para a cozinha, tudo que eu queria era me trancar no quarto e passar o resto do dia lá.

Quando saí da cozinha depois de ter tomado dois copos d'água para acalmar os nervos, encontrei minha mãe paparicando o nariz empinado.

— Cresceu tanto que se tornou um lindo rapaz! - Mamãe estava sorrindo para o Benson.

— Obrigado, tia. A senhora nem envelheceu, está uma gata! - Sorriu todo convencido.

Coitado! Ele se acha a última bolacha do pacote, mas sempre a última bolacha do pacote é quebrada e nem é tão crocante.

— Que galanteador! - Dona Pam sorriu toda corada.

— Mãe, onde ele vai dormir? - Alex perguntou.

— Ah, é mesmo! Freddie, aqui só temos dois quartos. Alex e Sam dividem o quarto, pois eles tem um beliche e...

— Sem problemas, tia, eu durmo no sofá. - O mal-educado interrompeu minha mãe.

— Não. Eu durmo aqui na sala e você dorme no meu quarto, minha cama fica na parte de baixo! - Meu irmão falou.

O quê??? Eu jamais vou dormir no mesmo quarto com esse nariz empinado, irritante e insuportável do Benson. Nunca irei permitir isso...

[...]

— Que quarto maneiro Toquinho, achei bonitinho, parece uma caixa de fósforo decorada! - Benson debochou jogando as malas na cama do Alex.

— Não fale mal do meu quarto, ele é pequeno e simples, mas é MEU! - Esbravejei.

— Calma, garota. Eu estava elogiando. - Sorriu sarcástico. - Nossa! Tem banheiro, deve ser legal ter um banheiro minúsculo, né? Só cabe um vaso e um chuveirinho, né? Interessante! - Debochou dando uma risadinha.

— Escute aquí, seu...

— O almoço já está pronto crianças! - Minha mãe avisou colocando a cabeça para dentro do quarto.

— Já vamos descer, tia, a Sam só está me mostrando o quarto. - Mentiu forçando um sorriso.

Minha mãe assentiu e foi embora, fuzilei o Benson que não se intimidou com o meu olhar, apenas sorriu de forma irritante.

Minutos depois...

— O almoço está delicioso, tia Pam! - Freddie mentiu forçando um sorriso.

Ele não gostou da comida, quando provou fez careta e a cada garfada ele tomava um gole de água. Ele só deve ter sérios problemas ou é pura frescura porque o Macarrão com almôndegas da mamãe é divino.

— Obrigada, querido. Quer mais? Pode se servir a vontade! - Disse ela sendo gentil.

Olhei para o prato dele e ele havia terminado de comer, quando já estava prestes a recusar, eu me levantei.

— Ah, não seja tímido. Você quer sim, deixa que eu te sirvo! - Olhei para ele sorrindo, dei a volta pela mesa, peguei seu prato vazio e fui colocar mais comida para ele.

Enchi seu prato, coloquei bastante almôndegas com molho, retornei para a mesa.

— Valeu! - Agradeceu sorrindo, mas seus olhos me fuzilavam.

— De nada! - Tomara que tenha dor de barriga! - Sussurrei só para ele ouvir.

— Também vou repetir, coloca mais para mim, maninha. - Alex pediu.

— Se levanta e vai pegar, você tem pernas e o fogão não está longe. - Falei antes de sair da cozinha, fui embora prendendo o riso. O Benson a partir de agora vai ser ferrar comigo...

[...]

— Aquilo foi de propósito, né? - Freddie perguntou irritado assim que entrou no meu quarto. - Você percebeu que eu não gosto de almôndegas e por isso fez questão de me fazer repetir. Não brinque comigo, Toquinho. - Avisou e eu comecei a rir.

— Ah, vai se ferrar, Playboyzinho! - Lhe mostrei o dedo do meio.

— Vou escovar meus dentes para ver se tiro esse gosto ruim da boca, eca! - Resmungou e entrou no banheiro levando uma das malas.

Horas depois, às 16:36 da tarde.

— AAAAAAAAAAAAH! - Gritei de raiva quando vi que meu cabelo estava roxo. Ainda estava loiro e com algumas partes roxas como se fossem pequenas manchas ou mechas mal feitas. - Puta merda! - Gruni de raiva.

— O QUE FOI? - Ouvi o grito do Alex, saí do banheiro ainda enrolada na toalha e encontrei meu irmão segurando um bastão de beisebol.

— Olha o que aquela peste fez com o meu cabelo! - Falei furiosa.

— Quem? - Perguntou confuso abaixando o bastão.

— AQUELE DEMÔNIO MORENO! - Gritei quase chorando de raiva.

— O Freddie? - Indagou o idiota do Alex.

— Se não foi ele, foi você! - Acusei e ele balançou a cabeça negando.

Minutos depois...

— Juro que não fui eu, tio. - Freddie negou quando contei para o meu pai.

Sou muito madura. Só que não, fui correndo contar para o meu pai e agora ele está conversando com o Benson.

— E por quê o cabelo dela está assim? - Papai perguntou.

— Não sei. - O Benson deu de ombros e olhou para mim. - Que tipo de shampoo você usa? - Perguntou.

— Uso shampoo de Violeta para cabelos normais! - Respondi de má vontade.

— Ah, ele tem corante? - Indagou.

— Sim. Ele é roxo, por quê? O encarei.

— Simples. O que aconteceu foi uma reação química, a temperatura da água fez o corante soltar a pigmentação e por isso o seu cabelo ficou roxo! - Explicou sorrindo como se fosse um gênio.

— Acho que foi isso, filha. O Freddie é um garoto inteligente e vai entrar para Havard. Marissa disse que ele só tira excelentes notas, esse garoto tem um futuro brilhante! - Falou meu pai e saiu do quarto.

— Pode enganar meu pai, mas não a mim e ficarei de olho em você, sua peste. - Avisei e voltei para o banheiro, quando fechei a porta, ouvi sua risada.

[...]

— Ficou maneiro. - Alex falou quando cheguei na sala, eles estavam jogando vídeo-game.

Deixei meu cabelo solto, coloquei um gorro preto e fiquei esperando minha melhor amiga chegar para consertar o estrago que o Benson fez no meu cabelo.

— O que vocês estão jogando? - Perguntei para os dois idiotas ali sentados no sofá.

— Tekken. - Alex respondeu apertando os botões do console freneticamente.

— Também quero jogar. - Avisei.

— Isso não é jogo para meninas, Tampinha. Vá pentear suas Barbies! - O idiota do Benson falou sério.

— Vai se... - A campainha tocou e eu corri para abrir a porta para a minha amiga.

— O Alex está aí? - Vicky perguntou me empurrando, ela estava com uma maleta vermelha e sorriu quando avistou o meu irmão.

— Eu te chamei para dá um jeito no meu cabelo e não para ficar babando no meu irmão, Victoria! - Falei indignada e ela revirou os olhos, saí puxando ela antes que ela começasse a babar de verdade.

2 horas e alguns minutos depois...

— Prontinho. - Vicky finalmente virou minha cadeira e eu pude me admirar no espelho da minha penteadeira.

— QUE PORRA VOCÊ FEZ? - Gritei pulando da cadeira, assustada.

— Hidratei seu cabelo, defini suas mechas, deixei seus cachos mais bonitos e definidos. Você está linda! - Elogiou sorrindo.

— Nossa! Você fez várias mechas roxas no meu cabelo,muito obrigada, Vicky! - Falei irônica.

— De nada, Sammy. Agora vou lá na sala dar um "oi" para o Alex! - Avisou.

— Sei muito bem o que você quer dar para ele. - Sorri maliciosa e ela arregalou os olhos.

[...]

— Quem é essa gata? - O Benson perguntou para o Alex.

— É a nossa vizinha, Victoria Roberts e ela é a melhor amiga da Sam. - Meu irmão respondeu.

A Vicky é muito bonita, tem pele clara que combina perfeitamente com seus olhos cor de chocolate, ela tem cabelos castanhos e cacheados. O Benson estava de olho nela e ela estava de olho no Alex. Que legal.

— Adorei seu cabelo, Toquinho. Você está parecendo a Sereia.daquele filme que esqueci o nome, só falta a cauda. - O insuportável comentou risonho.

— Aquamarine? - Alex indagou e o idiota assentiu.

— Você tem namorado? - O Benson perguntou sentando ao lado da Vicky.

Me levantei e saí da sala antes que começasse a vomitar ali mesmo. O Benson é tão metido, idiota e cretino que me dá nojo, odeio esse garoto, que raiva.

Minutos depois...

— Ah, você está aí. - Ele entrou na cozinha sorrindo, eu estava sentada em cima da bancada comendo Pudim.

— Não. Tô lá na esquina te esperando. - Respondi irônica.

Ele sorriu e se aproximou, quase derrubei meu Pudim quando o Benson se enfiou entre as minhas pernas e apoiou as mãos nas minhas coxas.

— Me dá um pouquinho? - Pediu me olhando com uma carinha de coitado.

— Não. Sai daqui, garoto! - Falei tentando empurrá-lo, mas ele nem saiu do lugar.

— Só um pouquinho! - Fez biquinho e acariciou minhas coxas.

— Por quê não pede para a Vicky? Na casa dela deve ter! - Falei irritada.

— Vicky? Ah, a sua amiga? Sabe, Tampinha, eu sai da sala porque não queria ficar segurando vela! - Sorriu malicioso.

— O quê? O Alex e a Vicky estão...

— Quase... A sua amiga está tentando flertar com o Alex, mas ele está mais interessado em jogar Tekken! - Explicou.

O empurrei e desci da bancada, mas ele me prensou ali me impedindo de ir embora, acabei derrubando o pratinho com o meu Pudim. Droga!

— Olha o que você fez seu idiota.  - Dei dois socos no peito dele, mas a criatura apenas riu e continuou me prensando contra a bancada. - Se afaste de mim. - Mandei e ele parou de rir, bati no seu peito mais uma vez lhe provocando risadas.

— Porra! - Gruniu de dor quando dei uma forte joelhada no seu ponto fraco, o atingindo de cheio. - Você quer me deixar estéril, Toquinho? - Choramingou se abaixando e massageando aquela coisa nojenta que ele carrega entre as pernas. - Ah, meu Deus! - Gemeu quase chorando.

— Que dramático. Bem feito! - Sorri satisfeita e saí da cozinha.

[...]

Estava deitada na minha cama ouvindo música nos meus fones quando o Benson retirou uma muda de roupa da mala maior e em seguida tirou a camisa ali mesmo na minha frente.

— Quer tocar? - Me lançou um sorriso malicioso e passou as mãos desde a barriga até chegar no peitoral.

Esse maldito tem um corpo bonito e com certeza malha para ficar assim com esse... Tanquinho, peitoral sarado e braços musculosos.

— AAAAAAH! - Acabei gritando de raiva. Que pensamentos foram aqueles? Não! Ele é ridículo, não é nada atraente... Ah, quem eu quero enganar? Esse Demônio moreno é lindo.

— Você é louca, garota? Por quê gritou daquele jeito? - Perguntou sério.

— Sim. Estou louca, muito louca. Piradinha mesmo. Ah, quer saber? Vou me internar agora mesmo, não posso perder tempo. Essa loucura vai acabar me matando. - Desci do beliche nervosa e quase cai.

— Coitada! - Ouvi ele falar quando eu estava saindo do quarto.

— SAM! - Ouvi minha mãe me chamando.

Fui lá na cozinha ver o que ela queria, encontrei minha mãe sentada perto da mesa segurando uma folha de papel e uma caneta.

— Convide o Freddie e vão no mercado, aqui está a lista. E aqui está o dinheiro! - Ela me entregou a lista enorme, a caneta e uma bolsinha preta. - Podem ir no carro do seu irmão. - Falou me entregando o chaveiro do Alex.

— O quê? Por quê? Cadê o Alex? Ele sempre vai comigo. Eu não vou com aquele filhote de Cruz Credo fazer compras...

— Sam! - Ela me repreendeu me olhando feio, olhei para trás e encontrei o Benson parado atrás de mim.

— Já conversei com ele. Vão logo e tomem cuidado. - Avisou séria. - Seu irmão saiu com a Vicky e eles só vão chegar mais tarde! - Falou me deixando chocada.

" O quê? Não acredito que a Vicky conseguiu sair com o Alex. É realmente uma grande luta tirá-lo da frente da TV e imagina quando ele está jogando, então... Uma vez a mamãe colocou a janta dele para fora de casa para poder tirá-lo do Vídeo-game, porque se desligasse a TV e o PlayStation 4 era capaz dele ter um treco e morrer ali mesmo na sala, já fazia três dias que ele estava jogando feito um Zumbi e ninguém conseguia fazê-lo parar... A Vicky fez um milagre."

— Não se preocupe tia, eu tomarei conta dela. Fique sempre do meu lado Sam, e se quiser segure a minha mão para não se perder. - Falou todo gentil.

— Isso mesmo. A Sam é um verdadeiro desastre, fique de olho nela. - Minha mãe avisou e o Benson assentiu.

" Droga! Droga! Droga! Maldito Benson, o que eu faço para me livrar dele? Se ele continuar me infernizando terei que apelar, quando for de madrugada irei rasgar meu pijama, me descabelar toda, fazer um escândalo e dizer que ele tentou me agarrar. Então, adeus Demônio moreno..."