Tentando Aturar Você! escrita por Julie Kress


Capítulo 17
Idiota, dramático...


Notas iniciais do capítulo

Atualizando aqui rapidinho hehe

Espero que se divirtam lendo. Rsrs

Boa leitura!!!



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P.O.V Da Sam

Ouvi um berro, cheguei até levar um sustinho. Os gritos eram do idiota habitando meu corpo, ele devia estar tendo algum surto. Revirei os olhos, voltando a assistir um desenho qualquer, enquanto devorava uma tigela de cereal com leite... Os gritos continuaram, o garoto estava se esgoelando, e comecei a me incomodar, aumentei o volume da TV.

Os gritos apenas aumentavam, parecia que ele estava desesperado, assustado ou estava apenas dramatizando?

Relutante, abismada e com preguiça, levantei do sofá e deixei a tigela em cima da mesinha do centro, e fui ver o que de fato estava acontecendo com ele.

Os gritos vinham do banheiro, a porta estava entreaberta. Ouvi o som de choro e aquilo me deixou ainda mais abismada. Invadi o cômodo sem pensar duas vezes e me deparei com ele deitado no compartimento do box, se debatendo feito um peixe fora d'água.

O maluco estava nu da cintura para baixo, chorando pra caramba. Avistei a pequena peça íntima largada no tapete, em frente a pia. A peguei constatando o que eu já imaginava, estava suja de sangue... O idiota havia menstruado.

Eu não queria rir, mas foi inevitável. Caramba, ele estava fazendo o maior drama, deitado ali no banheiro, chorando e esperneando no chão. Ri tanto que saiu algumas lágrimas, fui me recompondo aos poucos, ele já tinha me visto, e até tentou engulir o choro...

— Levanta daí, cara! - Adentrei o box e me abaixei ao lado dele.

— Estou sangrando. - Soluçou. - Tudo dói, a barriga, as pernas, os peitos... É uma dor maldita, desgraçada... Não suporto mais, acho que vou morrer. - Fechou os olhos, tremendo.

— Não vai, não. Levanta logo daí e pare com esse drama. Você precisa de um banho, eu vou sair pra comprar absorventes e quando eu voltar, espero que esteja limpo e me esperando quietinho. - Avisei.

— E se eu morrer? Não quero ficar aqui sozinho. Não tenho forças para levantar, e esse sangue me assusta. É tudo tão nojento! - Fez um careta de nojo e cara de dor. Revirei os olhos.

— Não seja ridículo! Vamos lá, levanta logo. - O peguei por debaixo dos braços, usando sua força máscula para erguê-lo.

O coloquei de pé, ele se encolheu, trêmulo, tapando as partes íntimas. Segurei o riso, ele estava com vergonha de mim? Qual é? Aquele era o meu corpo, ele nem devia se envergonhar. Eu que devia estar com vergonha, afinal, a minha vagina sangrando estava com ele... Oh, merda!

[...]

Fui comprar absorventes numa farmárcia, encontrei uma no bairro aonde estávamos, bem pertinho do prédio. Comprei dois pacotes só para garantir, e quando cheguei, o encontrei enrolado na toalha, penteando os cabelos.

— Voltei, bebê chorão. Vou te ensinar como se coloca um absorvente interno... - Brinquei balançando a sacola.

— In-interno? - Gaguejou arregalando os olhos. - São aqueles troços esquisitos que ficam enfiados lá dentro? - Se apavorou e eu assenti, prendendo o riso. - Você é louca? Eu não quero ser estuprado com isso! - Tentou correr para fora do banheiro.

O detive, agarrando-o pelo cabelo, e ele começou a chorar.

— Ei, não é pra tanto. Estou brincando, chorão. - Falei soltando-o.

— Por quê estou assim? Tão sensível? Não tô conseguindo evitar. Isso tudo é tão estranho... - Confessou.

— Isso faz parte da TPM, meu colega. - Sorri dando tapinhas em suas costas.

Fomos para seu quarto, ele pegou a mochila e a colocou em cima da cama, abriu a mesma e retirou uma muda de roupa de lá. Abri a embalagem do absorvente, após ele pegar uma... Já deu pra entender, odeio profundamente essa palavra.

— Comprei com abas. - Falei mostrando o absorvente aberto. - Essas coisas são as abas, elas ficam coladas na... Ah, você sabe. - Apontei para a peça íntima. - E o absorvente é colocado assim... - Mostrei como se colocava. - Entendeu? - Perguntei.

— Sim. Parece fraldinha de bebê... - Fez careta estranhando.

— É, agora se troque. Vou tomar um suco e assistir TV. - Inventei algo para deixá-lo sozinho se arrumando.

Corri para o banheiro, eu estava apertada. Tranquei a porta, abaixei as calças depressa, libertando aquela "coisa". Eu nunca ia me acostumar com aquilo, era tão esquisito. E tinha aquelas "bolas" que balançavam e coçavam... Credo!

O peguei enojada, levantei a tampa da privada. Tentei me concentrar e mirar corretamente para dentro do vaso, eu não queria sujar nada. Respirei fundo, segurando um pouco desajeitada. O xixi saiu espirrando, molhando até a parede. Como um pequeno jato forte, descontrolado. Praguejei, olhando para o estrago. Por quê urina de homem é mais forte e fede tanto?

Balancei a "coisa" molenga, prendendo a respiração. Enfiei na cueca e subi a calça, peguei um pedaço grande de papel higiênico e limpei o que acabei molhando. Lavei as mãos com bastante sabonete líquido, as enxuguei e saí do banheiro cantarolando.

Encontrei o rapaz no corredor, ele andava bem devagar, com as pernas meio abertas, todo desengonçado. Tapei a boca, abafando o riso. O segui em silêncio me preparando para lhe dar um susto.

O alcancei, ele nem me percebeu.

— BUNDÃO! - Gritei batendo em suas costas.

Ele gritou, o grito saiu fino e esganiçado. Comecei a rir pra valer.

— Sua maluca! - Me olhou raivoso e fez bico.

— E aí? Por quê você está andando desse jeito? - Sai na frente, imitando seus passos.

— Isso incomoda. - Respondeu, chateado. - Sei lá, como vocês mulheres conseguem usar um troço desses pregado na calcinha? - Perguntou, incrédulo. - E como conseguem suportar essa dor de cólica infernal? E usar trecos chamados sutiãs? Me diz, como conseguem? - Questionou, surtado.

— Porque somos heroínas, baby. Vocês homens é que são o "sexo frágil". Duvido que vocês homens aguentariam parir um bebê pela vagina, acho que até uma cesariana mataria vocês. Não é moleza ser mulher, colega. A gente enfrenta cada barra. Já imaginou as dores de um parto? Deve doer pra caralho! Você tem sorte de ser homem. E também, nós mulheres somos mais inteligentes e habilidosas, isso eu te garanto! Ah, e falando em dores... Você não imagina o quanto sofremos para fazer as sobrancelhas, depilar o corpo e vocês homens ficam reclamando de tirar a barba. Bobagem. Se barbear não se compara a depilação íntima. Raspar com aparelho de barbear e gilete não dói, mas as vezes a gilete machuca. E usar cera quente, então? Dói pra cacete. Já fiz isso e me arrependi... Como eu disse, não é moleza ser mulher. A gente tem que estar sempre bonita, perfumada e depilada. E sabe, na maioria das vezes vocês malditos nem percebem. O traste do Tyler nunca elogiou a minha "obra de arte", acho que ele não daria a mínima se eu deixasse a "floresta Amazônica crescer", afinal, ele nem ia reparar... E você se importa? Já pegou alguma garota num estado crítico? Tipo, com axilas peludas e uma "mata" entre as pernas? - Questionei o pondo contra a parede.

— Acho que não... - Balançou a cabeça, me olhando assustado. - Mas eu até gosto... Gosto do jeito que você depila... - Admitiu.

Me afastei, sentindo minhas bochechas pegarem fogo.

— Go-Gosta? - Gaguejei.

— Sim. É muito sexy... O pequeno e estreito caminho de pêlos loirinhos, sabe? Eu não gosto de bocetas completamente lisinhas, parecem infantis. E fica bizarro! - Afirmou.

— Idiota! - Desferi um tapa bem dado.

— Mas o quê? - Me olhou confuso, massageando a bochecha. - Você estapeou o próprio rosto? Louca! O que eu falei demais? - Quis saber.

— Aquela palavra feia... O que nós mulheres temos entre as pernas tem nome, sabia? E eu não te dei intimidade pra falar da minha depilação íntima, seu descarado! E você devia aparar seus pêlinhos também. - Falando isso, fui embora, irritada.

— ADMITA QUE VOCÊ GOSTA DO JEITO QUE ESTAR! VOCÊ SENTE TESÃO TODA VEZ QUE DAR UMA BOA OLHADA! - Gritou me provocando.

— MENTIRA! O SEU CORPO INTEIRO ME DÁ NOJO! - Berrei de volta.

[...]

— O que vamos ter para o almoço? - Invadiu a cozinha esfregando a barriga.

— Eu vou comer salsichas e  macarrão com molho. Faça sua própria comida, queridinho. - Sorri maldosa, fritando minhas salsichas aceboladas.

— Tomara que morra engasgada. - Saiu batendo o pé, todo irritadinho.

— Se eu morrer, venho puxar seu pé de noite. - Falei alto o bastante para ele ouvir.

Preparei meu almoço, enchi meu copo com suco de uva e fui comer em frente a TV, estava passando um filme legal de ação.

O idiota chegou de mansinho, massageando a barriga. Ainda estava sentindo dores, bem feito. Sentou ao meu lado e olhou para o meu prato cheio, quase salivando.

— Estou com fome. - Disse com a voz triste.

— Frite um ovo. - Falei de boca cheia.

— Mas eu quero comer a sua comida, parece deliciosa... - Tentou tocar no meu prato.

— Gosta de salsichas aceboladas com macarrão? - Abri um sorriso e ele assentiu, sem tirar os olhos do prato. - Que pena, acabou. Só tinha essas quatro. - Fingi estar lamentando.

— Vai ter que dividir comigo. - Disse, sério.

— Nem fodendo... - Retruquei.

— Ah, mas vai sim... - Enfiou a mão na MINHA comida.

Botou um punhado de macarrão com molho na boca e pegou uma das salsichas que fritei inteiras.

— MALDITO! ABUSADO! CRETINO! CACHORRO! DESGRAÇADO! PAU NO... - Ele me calou enfiando um pedação de salsicha na minha boca.

— Vai mesmo repetir o último xingamento? - Me olhou furioso.

Mastiguei com força, e enguli com raiva.

— Vou. Você é um tremendo pau no... - Ele me interrompeu esfregando molho de tomate na minha cara.

— Cuidado com a boca, mulher. - Avisou e eu gritei, irritada.

— Vou enfiar essas salsichas no seu... - Ele enfiou outra salsicha na minha boca.

— Não tenho medo de suas ameaças. - Sorriu, debochado.

Ergui o prato e o virei na cara dele, a comida escorreu por seu corpo...

— Ha, ha. Bem na sua cara, bundão! - Levantei e apontei pra ele.

— Vou te pegar e mostrar quem é bundão aqui. - Ameaçou, raivoso.

— Tente me pegar, mané. - Falei e saí correndo.

Minutos depois...

Me escondi debaixo da cama, ouvi seus passos e fiquei imóvel.

— Quando eu te pegar, você vai implorar por piedade... Ah, se vai. - Resmungou abrindo o guarda-roupa, ouvi as portas batendo.

Fechei os olhos, prendendo a respiração.

— Uh. Te achei! - Exclamou e agarrou meus pés.

Gritei sendo arrastada, ele me tirou debaixo da cama.

— Me solta, seu viado. BAITOLA COM CABEÇA GRANDE! - O xinguei aos gritos.

— Me respeita, eu não sou gay porra nenhuma. - Ele estava mesmo puto comigo.

— Se bater em mim, eu ligarei pra polícia, covarde! - Esperneei.

— Não bato em mulheres. - Me ergueu. - Mas você está merecendo umas boas palmadas, mocinha. - Abriu um baita sorriso sinistro.

— ME SOLTA, SEU ESCROTO! - Tentei me livrar de seu aperto.

— Não, vou te colocar de castigo, mostrar quem é que manda aqui.... - Saiu me puxando para fora do quarto.

— NÃO! - Usei suas forças e consegui me soltar, mirando um soco que o fez cambalear.

— Caralho! - Exclamou de dor. Aquilo ia ficar com marca.

Me encolhi contra a parede quando ele avançou, fechei os olhos... Ele socou a parede ao lado do meu rosto, estremeci...

— Minha mãe nunca me bateu, eu nunca apanhei na escola e nunca apanhei por aí também. Já cansei de ser seu saco de pancada, acho que você merece isso... - Deu uma joelhada atingindo aquele lugar.

Quase desmaiei com a dor, escorreguei para o chão, sentindo uma dor insuportável. Cacete. Doía muito. Muito mesmo.

— Sam... - Se abaixou parecendo arrependido.

— Não. Toque. Em. Mim. - Falei entre pausas e com dificuldades.

— Sinto muito, eu não pensei... Eu não... Por favor, não chore. - Se desesperou limpando minhas lágrimas.

— SAI DAQUI! - Reuni forças e gritei chorando.

Ele não foi embora, deu um jeito de me pegar no colo e me levou para o banheiro. Deveria ser uma cena engraçada, a cena de uma garota carregando um marmanjo. Mas na verdade, estávamos apenas com corpos trocados.

Ambos sujos de comida, cheirando a molho. Ele me sentou na tampa do vaso e fechou a porta, e se despiu ficando apenas de calcinha... Que porra ele estava fazendo?

— Me deixa dar banho em você, amor? - Se aproximou.

— Quê? Tá me estranhando? Sai pra lá. Curto outra coisa. - Falei desconfiada.

— Nossa! Eu não estou com segundas intenções. Também curto outra coisa, será apenas um banho. - Explicou.

— Isso tá estranho, cara. Acho que tu curte o mesmo que eu. - Duvidei.

— Tá me zuando? Eu não sou gay. - Disse ele me levantando.

— Pois parece, você está querendo...

Ele me calou completamente, grudando nossas bocas. Foi estranho, aqueles lábios nos meus. Eram macios, delicados e... Porra, eu estava beijando um cara num corpo de uma garota. Um cara habitando meu corpo. Estranhei e retribuí. Caraba, eu estava gostando do meu próprio beijo? Aquilo continuava sendo o meu beijo, certo? 

Suas mãos apalparam meu corpo, estavam descontroladas. Nossos corpos estavam colados, agarrei seus cabelos. Ele começou a apertar minha bunda... Parou o beijo, desceu os lábios para o pescoço...

Senti um incômodo, formigamentos e algo pulsando.

— CREDO! VOCÊ ME DEIXOU DE PAU DURO! - Gritei o empurrando, espantada, coloquei as mãos confirmando.

É, a "barraca" havia subido...


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Notas finais do capítulo

E aí??? O que acharam do capítulo???

Comentem, pessoal!!! Bjs e até o próximo.