Por Luna

Dois dias depois da competição entre pistas que eu e o Matteo ganhamos estávamos no avião voltando pra casa. Eu olhava as nuvens brancas pela janela e percebi que uma delas tinha a forma de patins. Ri com esse pensamento. Parecia que até mesmo o céu gostava de patinação. Me virei e olhei para Matteo, dormindo no outro banco. Ele era tão lindo quando dormia. Não, eu não podia pensar assim. Eu não podia gostar do mauricinho. Ah, a verdade era que isso tudo estava me deixando muito confusa. Eu sentia que gostava do Matteo, e esse afastamento dele depois do beijo com o Simón me doía, mas meu coração também se apertava ao pensar que meu melhor amigo gostava de mim, e por isso poderia se afastar. Suspirando, fechei os olhos e logo adormeci.

Sonho On

Uma menina, que aparentava ter uns quatro anos, estava no balanço. Ela sorria e ria, completamente feliz. Até que uma mulher de cabelos castanhos, muito parecida com ela se agachou para que as duas ficassem na mesma altura. Ao ver quem era, a doce meninha estendeu seus braços, e a jovem mulher a pegou no colo.

— Mamãe! - Ela exclamou, feliz.

— Ah, minha filha. Você é meu bem mais precioso, nada nesse mundo  é mais importante para mim do que a sua segurança. - A mulher falou, e pegou uma medalhinha dourada em forma de lua, colocando-a na mãozinha da pequena, que abriu um sorriso terno, encantada com o que estava vendo.

— Esta é apenas uma parte da medalhinha, filha. A outra ficará com sua irmã. Se vocês algum dia se separarem pelas circunstâncias da vida as duas partes da medalha sempre vão uni-las.

— Te amo, mamãe. - A garotinha deu um beijo estalado na bochecha de sua mãe.

— Eu também, filha, eu também!

Sonho Off

— Menina Delivery, acorda! Chegamos. - Uma voz familiar falou.

Abro os olhos, confusa e dou um meio-sorriso ao ver Matteo me olhando, também com um pequeno sorriso no rosto. Nos olhamos por alguns segundos, sem dizer uma só palavra, apenas admirando um ao outro. Isso até que Âmbar apareceu, interrompendo o momento.

— Luninha, Matteo, vamos. Só falta a gente para sair do avião. - A loira notou, com as mãos na cintura.

Eu e o Mauricinho nos olhamos mais uma vez até que nos levantamos e saímos do avião. Depois de pegar nossa bagagem nos despedimos de Tamara e Simón, que me olha um pouco friamente, e eu, Matteo e Âmbar entramos no taxi. Âmbar se senta no banco só meio, entre mim e Matteo, mas isso não impede que continuemos nos olhando discretamente. Logo desencano do Mauricinho, recostando a cabeça na janela do carro e pensando no sonho que eu tive no avião. Aquela medalhinha era igualzinha a minha. Será que a menina era eu? Será que aquela era minha mãe biológica? Suspirei, confusa.

— Pai, mãe! Estava morrendo de saudades. - Falei, abraçando-os carinhosamente quando entrei pela cozinha.

— Também morremos de saudades, meu amor. - Mamãe falou, beijando minha testa. - Parabéns pela competição. Estamos muito orgulhosos.

— Obrigado. A verdade é que foi tudo muito mágico. Foi um sonho realizado. - Falei, extremamente feliz.

 - Mas, Luna, minha filhinha querida do meu coração. - Meu pai falou, com os braços cruzados. - Que história é essa de você patinar com o namorado da Âmbar e ele te beijar, hein? - Perguntou.

Droga! Tudo que eu menos queria agora era ter que falar disso.

— Ham. - Tentei procurar as palavras certas para explicar tudo para meus pais, mas não conseguia encontrar nada coerente de se dizer. - Estou cansada, é melhor eu ir pra cama. Depois conversamos. - Falei, tentando me esquivar.

— Ok, mas não escapará desta conversa, viu mocinha? - Falou papai, tentando parecer bravo mas me fazendo rir com a careta que ele fez.

Abracei meus queridos papais novamente, e me preparei para ir pro quarto, mas Matteo apareceu em meu caminho, me surpreendendo.

— Com que então você não quer contar pros seus pais sobre a gente? - Indagou ele, com um sorriso irônico no rosto.

Suspiro. Me impressionava saber que, ao mesmo tempo que eu odiava esse jeito irônico dele, também amo. Resolvi entrar no jogo de provocações dele e cutuquei seu peito, brincalhona.

— E o que tem a gente que seja importante comentar com meus pais? - Provoco. - Foi só um beijo, não somos namorados, Mauricinho!

Ele sorriu e se aproximou ainda mais de mim, me deixando completamente tensa e nervosa. Ele teria coragem de me beijar novamente?

— Ainda não, mas se depender de mim não vai demorar muito para o sermos, Menina Delivery. - Ele sussurrou, e me roubou um selinho rápido.

— Ei! - Reclamei, batendo de leve no seu braço. - Quem disse que você podia me roubar beijos? - Falei, tentando parecer brava.

— Você adora isso, Menina Delivery. Não negue. - Disse ele, me abraçando logo em seguida. - Boa noite.

Ele logo saiu, me deixando sozinha pensando no selinho rápido que eu me roubou. Não podia negar que eu havia adorado.

Por Nina

Cheguei em casa completamente exausta. E ainda tive que aguentar as milhares de perguntas da mamãe. Será que ela não poderia desencanar de mim, nem que só um pouquinho? Depois de jantarmos, comida saudável por sinal, fomos todos dormir. Mas eu não conseguia pegar no sono. Minha mente rondava de Xavi para Roller Track. O primeiro era um fofo, e tão parecido comigo. Quando eu estava perto dele me sentia feliz e nervosa ao mesmo tempo. Se tivéssemos um relacionamento ele teria 95% de probabilidade de dar certo. Infelizmente ele voltou para o Brasil, e provavelmente nunca mais nos veremos novamente. Já o Roller Track. Também tínhamos coisas em comum, e ele parecia ser meu fã numero um, mas parece que isso mudou porquê ele nunca mais me mandou mensagem nenhuma, e isso me doía. Ah, eu estava completamente confusa.

Até que ouvi o bip do meu Tablet. Olho para ver o que era e vejo que o perfil da Felicity tinha recebido uma nova mensagem. E era do Roller Track! Dei um meio-sorriso e a abri.

"Olá, Felicity! Sei que deve estar ocupada, e não querendo falar comigo, já que não respondeu mais minhas mensagens, mas preciso tentar. Desde que te conheci, mesmo que virtualmente, tudo mudou! Você me inspira. Consegue captar tudo o que sinto. Eu preciso te conhecer pessoalmente, preciso saber quem você é. Eu sei que não deve querer se revelar a ninguém, e eu respeito isso. Mas, por favor aceite se encontrar comigo. Nem que seja apenas uma vez. Prometo que guardarei seu segredo. - Roller Track.

Respirei fundo. Estava suando. Tinha muito medo de me revelar para alguém, revelar quem realmente era. E se ele não gostasse de mim? E se me desprezasse? Não tinha a menor ideia do que aconteceria se eu me encontrasse com ele. Mas, resolvi arriscar.

Olá, Roller Track! Me encontre amanhã no parque perto do Blake South College. Até lá. - Felicity For Now.

Suspirei. Será que tinha tomado a decisão certa?

Dia Seguinte..

 Por Yam

— Pedro, temos que encontrar um jeito de ajudar os nossos amigos a se resolverem de uma vez. Não aguento mais ver a Jim sofrer. - Falei triste.

— Eu também não gosto nada de ver o Nico pra baixo. Mas, o que faremos? - Indagou.

— Não faço a menor ideia. - Falo, cabisbaixa.

Dia seguinte..

Por Âmbar

Bufo. Estou esperando pelo Simón a uma hora e meia no parque atrás do Blake, já que hoje não tem aula. Quero combinar com ele o que faremos para separar a Luninha e o Matteo. Posso não voltar com ele, mas os dois me humilharam, e ninguém humilha Âmbar Smith e fica por isso mesmo. Mas eu odeio quando as pessoas se atrasam. Esse mexicano vai se ver comigo.

Logo avisto o idiota vindo patinando na minha direção. Me levanto do banco em que estou sentada e ponho as mãos na cintura.

— Desculpa pelo atraso, Âmbar. - Simón fala, ofegante.

Ainda mais irada do que antes, me aproximo dele e quase colo nossos rostos. Por algum motivo, essa aproximação me faz ficar nervosa, mas eu ignoro a sensação.

— Não desculpo! Como vamos separar a Luna e o Matteo se você é um completo incompetente? - Pergunto, suspirando.

— Eu não vou mais te ajudar, Âmbar. Eu amo a Luna, e não quero que ela saia magoada. Se ela quiser ficar comigo vai ser por escolha própria dela. - Ele fala, me deixando furiosa.

Me afasto de Simón e bufo. Era só o que me faltava. Como ele quer conquistar a Luna sendo tão covarde dessa maneira? Bem, eu não preciso dele. Consigo sozinha.

— Você, Simón, é um completo covarde. - Grito, irritada. - Não preciso de você mesmo. - Me viro para ir embora, mas ele segura meu braço e me puxa para perto dele, me deixando arrepiada.

— Eu. Não. Sou. Covarde. - Simón fala pausadamente. Posso sentir a fúria em seus olhos.

Até que ele se aproxima ainda mais e me beija!

Por Luna

Estou no Jam & Roller praticando novos passos de patinação, já que hoje não tem aula. Realmente, patinar é minha paixão. Percebo isso cada vez que entro nesta pista. Mas então eu arrisco fazer um novo passo mais ousado e acabo me desequilibrando. Mas, ao invés de cair no chão Caio nos braços de um garoto de cabelos castanhos e olhos verdes, que sorri pra mim. Eu acabo sorrindo também.

— Obrigada. - Falo, ao me levantar. Por algum motivo esse garoto me faz ficar nervosa e envergonhada.

Ele se aproxima ainda mais de mim e beija minha mão.

— De nada. Estou as suas ordens sempre que precisar. Sou Rodrigo. - Se apresenta.

— E eu sou a Luna. - Sorrio.

— O que tá acontecendo aqui? - Pergunta Matteo, com uma cara brava. Será que ele tá com ciúmes de mim?