A semana passou muito rápido, algumas memórias haviam voltado, mas nada sobre Damon, eu tive uma consulta com o Dr. Lincoln, ele disse que o meu cérebro já estava recuperado, e não havia motivos físicos para ainda não ter recuperado a memória, disse que provavelmente seria algo emocional, e me recomendou uma psicóloga. Damon continuava me dando apoio, mas eu percebia que a cada dia que passava a frustração crescia em seu peito, mas ele em momento nenhum deixava isso evidente, algumas noites quando ele ia para um dos bares resolver algo, eu acordava com um bouquet ao meu lado na cama, ele era muito fofo.

 Hoje é sábado, e nós iremos no jantar que minha mãe está preparando para mim, o que é muito bom, porque não aguento mais ficar em casa, e vai ser bom rever meus amigos.

 Por volta das 19h eu fui começar a me arrumar, Damon não estava em casa, ele havia ido resolver alguns assuntos no bar. Tomei um banho demorado e relaxante, vesti meu roupão e fui arrumar meu calo, o sequei com o secador, e fiz um babyliss nas pontas de meu cabelo castanho e comprido, passei uma maquiagem leve, abri as portas da minha parte do guarda roupa, eu tirei quase todas as peças que estavam lá, e nas gavetas, nada que fosse bom para esta ocasião, quando ouvi batidas na porta.

— Posso entrar?

— Claro – joguei algumas roupas de volta no guarda roupa.

— Está tudo bem? – Damon perguntou vendo minha cara de frustração.

— Está sim, é só que... Eu não tenho nada para vestir, nada adequado.

— Que bom – ele sorriu – porque eu lhe trouxe isto – ele me entregou duas sacolas brancas – eu via a sua cara frustrada toda vez que abria o seu guarda roupa, e imaginei que queria algo mais parecido com... – ele pausou procurando a palavra certa – Com a antiga Elena.

 Abri a sacola e de lá retirei algo embrulhado em um papel branco, peguei o tecido preto, era um vestido de alsas, todo preto, justo até a parte do tórax e depois ele era mais soltinho, ele era lindo.

— Nossa – fiquei sem palavras – não sei nem o que dizer, eu amei Damon, obrigada – lhe lancei um sorriso carinhoso.

— Abre a outra – ele disse indicando a outra sacola, que havia uma caixa.

 Abri a caixa também branca, e de lá tirei uma sandália de salto alto, também preta, com uma tira em cima dos dedos, e outra no tornozelo, ela era delicada e linda.

— Damon – eu disse ainda mais surpresa, soltei a caixa e lhe dei um abraço, ele passou a mão pela minha cintura, e eu senti ele respirar fundo e me apertar um pouco mais contra seu corpo.

— Não tem de que Lena. – ele se afastou um pouco de mim – eu vou tomar banho agora, não quero lhe atrasar.

 E ele foi até o banheiro, tirei o roupão e vesti o lindo vestido preto, e calcei as sandálias, ambos serviram perfeitamente, eu estava muito feliz, Damon fez isso para me deixar feliz, e eu estava, na verdade feliz era pouco, não era apenas pelos presentes, mas também pela sua atitude.

 Acabei de me arrumar, peguei um sobre tudo preto, e fui para sala esperar o Damon, cerca de vinte minutos depois ele apareceu na sala, e estava deslumbrante, com uma camisa social preta, uma calça jeans escura, e um sapato social preto, e um blazer por cima, seu cheiro invadiu minhas narinas.

— Como estou? – ele disse parando á minha frente, me aproximei e arrumei a gola de sua camisa.

— Agora está perfeito – sorri.

— Você também, perfeita, acertei o seu tamanho certinho –ele sorria com orgulho de si. – Vamos?

— Claro – eu sorri, vesti meu casaco, e nós saímos.

 Eu entrei no carro, e Damon fez o mesmo, ele ligou o radio, e tocava uma musica que eu gostava muito, She will be loved do Maroon5, Damon a cantarolava sem perceber que eu o observava, quando eu soltei uma risada e ele percebeu, e então começou a cantar mais alto, e totalmente desafinado, mas esgraçado, ele fazia caras engraçadas.

— Você canta bem – disse assim que a musica terminou.

— E você mente muito bem também – nós dois rimos.

 Não havia transito, o que nos fez chegar em cerca de vinte minutos á casa de meus pais em Manhattan, descemos do carro e Damon veio até mim, e me estendeu o braço.

— Vamos? – seus olhos azuis brilharam.

— Claro – sorri e entrelacei nossos braços.

 Nós fomos andando até a porta, toquei a campainha, segundos depois a porta se abriu, uma senhora de idade, baixinha e de cabelos castanhos me olhou com um sorriso afetuoso.

— Olá srta Elena, quanto tempo.

— Olá – sorri tentando disfarçar, eu não a reconhecia.

 Fomos andando até a sala de estar, lá estavam meus pais, Jeremy, alguns familiares,  Bonnie, Tyler, Liv e... Não acreditei no que vi, era Matt, ele estava sentado ao lado de meu pai, meu coração se acelerou, a respiração falhou por alguns segundos, mas fiz o possível para agir naturalmente.

— Querida – disse minha mãe sorridente vindo até mim e me puxando para um abraço – Oi Damon – ela lhe lançou um sorriso meigo.

— Olá Sra. Gilbert – ele deu um beijo em seu rosto.

— Vejam quem está aqui – minha mãe me levou até o centro da sala.

 Um a um comprimentei todos, meu pai me olhava de um jeito diferente do dia do hospital, mas dei de ombros.

— Oi Elena – senti uma mão em minha cintura, e grandes olhos azuis piscina me encarando.

— Matt – sorri, seu toque á meu corpo foi como uma faísca, meu coração acelerado não se acalmava.

— Eu fiquei tão preocupado – ele me abraçou com força, e assim que levantei meus olhos, pude ver Damon revirar os olhos e ir se sentar em uma das poltronas.

— Eu estou bem agora.

— Fico muito feliz por isso.

— Matt, não quero parecer indelicada, afinal eu nem me lembro de nada, mas nós terminamos, por que você veio aqui hoje?

— Seu pai me chamou. – meu pai sempre adorara Matt, os dois tinham os mesmos interesses sobre politica, e Matt sempre apoiava meu pai em suas campanhas.

— Entendi – forcei um sorriso.

 Eu estava confusa, sou casada com o Damon, mas tudo que me lembro é de estar noiva de Matt, não me lembro do nosso rompimento, não me lembro os motivos, e meu coração parecia tão feliz em ver ele ali, e no fundo, eu também estava.

— Venham, vamos jantar. – mamãe disse guiando todos á sala de jantar.

 Me sentei em uma das cadeiras, Damon se sentou ao meu lado, e Liv do outro, Matt estava bem á minha frente, e não tirava os olhos de mim, pude sentir a tenção de Damon.

— Elena é tão bom te ver de novo – Liv pegou a minha mão e sorria – Mesmo que nós não nos falássemos a algum tempo, quando eu soube que você estava em coma eu fiquei desesperada.

— Porque nós não nos falávamos? – Liv era uma das minhas melhores amigas, estudamos juntas, fazíamos tudo juntas, não via motivos para termos nos afastado.

— Bom – ela pausou procurando o que dizer – Você mudou Elena, do nada você terminou com o Matt, largou a faculdade, e começou a andar com outras pessoas.

— Entendi.

 O que houve para eu ter mudado assim do nada? O que aconteceu comigo? Eu amava meus amigos, amava meu noivo, não gostava muito da faculdade, mas eu fazia ao máximo para agradar meu pai.

 O jantar foi alegre, todos riam e conversavam , Damon estava praticamente mudo, ria de uma piada ou outra, mas permanecia em silêncio, algumas vezes eu o pegava me olhando.

— Eu proponho um brinde – disse Matt se levantando – um brinde a Elena, que conseguiu vencer a morte. – pude ver o punho cerrado de Damon.

 - A Elena – todos brindaram me lançando sorrisos, eu fiquei totalmente desconfortável com aquilo, mas agradeci.

 A noite foi passando, Damon agora conversava com Jeremy, ambos com um copo de whisky nas mãos, eu trocava algumas palavras com Tyler. Fiquei observando Bonnie com Liv, ela não veio falar comigo nenhuma vez, me deu apenas um oi, e me lançava sorrisos quando percebia que eu a olhava,  quando senti alguém tocar meu braço e me tirar de meus pensamentos,  me virei e era Matt.

— Então – ele sorria – o que você acha de nós almoçarmos algum dia desses?

— Matt eu – demorei a pensar no que dizer, eu queria aceitar o convite. – Eu não posso, sou casada com o Damon, mesmo eu não me lembrando de nada, eu não posso fazer isso com ele.

— Eu entendo – seu sorriso agora era fraco e forçado – se mudar de idéia, sabe o meu numero – ele me deu um beijo demorado na bochecha, e foi se despedir de meus pais.

  Eu já estava cansada, chamei Damon para irmos embora, nos despedimos de todos e saímos em direção a porta. Entramos no carro e um silêncio dominava aquele ar.

— Então, o que achou? – Damon sorria.

— Foi ótimo, foi bom rever meus amigos, eu só queria entender o que houve comigo.

— Como assim? – ele olhou para mim.

— Bem, em um momento eu estou noiva do Matt, fazendo faculdade de economia politica, com minhas melhores amigas, e no outro eu termino o noivado, desisto da faculdade, deixo minhas amigas de lado, eu não faria isso.

— Você deve ter tido algum motivo para isso Lena.

— Sim, mas qual? – Damon desviou o olhar de mim, ele parecia saber de algo. – você sabe alguma coisa?

— Não – ele deu de ombros, e eu percebi que era mentira, não perguntei mais nada.

 Fomos em silêncio o restante do caminho, assim que chegamos fui para o quarto, tirei meu vestido, vesti um pijama e voltei a sala.

— Queria te agradecer de novo – disse me sentando ao lado do Damon no sofá.

— Pelo que? – ele se virou para mim.

— Pelo vestido, e pelos sapatos, bom na verdade, mais pela sua atitude.

— Isso não foi nada, já fiz coisas melhores – ele sorria de lado.

— Mesmo assim obrigada.

— De nada – ele deu um beijo demorado na minha bochecha e se levantou.

 Respirei fundo, meu corpo se arrepiou com seu toque á minha pele, ele foi até o quarto, e voltou alguns minutos depois.

— Bom, eu vou deixar você dormir – disse me levantando, e ele me segurou pela mão.

— Se quiser ficar, eu não estou com sono, nós podemos assistiu á um filme.

— Ok – sorri .

 Me aconcheguei em uma ponta do sofá, Damon em outra, nos cobrimos e ficamos assistindo ao filme, e aos poucos eu peguei no sono.