Lilly foi embora por volta das quatro da tarde, Sophie dormiu enquanto assistia Zootopia, e Damon e eu ficamos no sofá conversando e assistindo o mesmo filme, desde que Sophie nasceu nós basicamente só assistimos desenhos, e o pior é, que nos realmente gostamos dos filmes, são tão fofos, e a mantém entretida o que é o melhor de tudo.

 Meu celular começou a tocar, era minha mãe, atendi.

— Oi mãe.

— Oi filha – pude ouvir ela sorrir – o que você acha de vir jantar aqui em casa? Eu queria ver a Soph, e quero que você conheça uma pessoa – pude ouvir em sua voz que ela estava com medo de me falar aquilo.

— Tudo bem mãe, eu vou sim.

— Obrigada querida, até mais tarde. – ela desligou.

 Eu sei que isso é importante para a minha mãe, ela conseguiu ficar bem, e já se passaram quase dois anos desde que meu pai se foi, mas eu não me sinto pronta para vê-la com outro homem, vai ser estranho, mas depois de tudo, acho que devo isso a ela.

— O que sua mãe queria pequena?

— Ela nós chamou para jantar lá na casa dela, ela quer que eu conheça o namorado dela.

— Então você vai conhecer o seu padrasto? – ele disse rindo.

— Parece que sim – ri também – acho isso tão estranho, a vinte e sete anos a única pessoa que eu vi com a minha mãe, foi o meu pai.

— Ela merece ser feliz Elena, você sabe muito bem como era o casamento deles, seu pai era difícil.

— Sei disso melhor que ninguém, e não é porque ele morreu que virou santo, mas vai ser estranho.

— Você vai ficar feliz pela sua mãe – ele me puxou para seu colo e me beijou.

 Algumas horas mais tarde eu dei um banho em Sophie, e a vesti com uma blusa de pelinhos bem quentinha, a blusa era toda branca e havia uma toca com orelhinhas, que ela adorava ficar passando a mão. Vesti uma calça jeans preta, uma blusa de manga comprida cinza clara justa e com decote em V, e uma bota preta de salto fino e cano curto, e nós fomos até a casa de minha mãe.

 Sophie balançava a chupeta em suas mãos, e vez ou outra a colocava em minha boca, eu fazia careta e ela ria. A porta se abriu e nós entramos, fomos até a sala de estar, Jeremy estava sentado na poltrona do meu pai de braços cruzados e cara amarrada, respirei fundo e fui até a minha mãe que estava no sofá, ela deu um sorriso de orelha a orelha.

— Oi filha  - ela me abraçou, abraçou Damon e então pegou Sophie – Oi boneca da vovó – ela disse para Sophie com voz boba – venham aqui – ela sorriu.

 Damon segurou minha mão e nós caminhamos até o homem que estava de costas, minha mãe tocou o seu ombro e ele se virou sorrindo, ele era alto e seu cabelo cinza, aparentava ter cinquenta e poucos anos.

— Esse é o Phill – disse minha mãe sorridente  - Phill essa é a minha filha Elena, o marido dela Damon, e essa é a Sophie – ele pegou a mão de Sophie e deu um beijo, e então olhou para mim.

— Finalmente a famosa Elena – ele riu – sua mãe fala muito de você, dos dois – ele esticou a mão para Damon que o cumprimentou sorrindo. – é um prazer finalmente te conhecer – ele se aproximou de mim e me deu um abraço, meus olhos se arregalaram, fiquei muito surpresa com aquilo, ouvi Damon rir ao meu lado, e então ele me soltou.

— É um prazer conhece-lo – sorri.

— Posso pega-la? – ele perguntou ficando ao lado de minha mãe, eu assenti e ele pegou Sophie no colo. – Oi – ele sorria para ela.

 Os deixei ali e fui até Jeremy, que estava com a cara emburrada.

— Oi para você – disse o abraçando.

— Oi Lena – ele nem olhou para mim.

— O que foi? Por que você está com essa cara?

— Por que a sua mãe é uma mentirosa, eu já tinha pedido para ela não trazer ele aqui, não me importava dela estar namorando – o encarei revirando os olhos – ok eu me importava, mas havíamos combinado que ele não viria aqui.

— Qual é o problema dele vir aqui?

— É a casa do nosso pai Elena, esse é o problema, é a minha casa também.

— Jer uma hora isso iria acontecer, achou que ela ficaria sozinha pra sempre?

— Não, mas não achei que seria tão cedo.

— Eu também não, confesso – suspirei e fiquei olhando para os dois, minha mãe o olhava sorrindo e ele brincava animado com Sophie. – O que você achou dele?

— Ele é todo sorridente – ele disse isso de forma negativa – alegre, é tão estranho ver ele com a nossa mãe.

— Temos que nos acostumar com isso irmãozinho – disse dando tapinhas em seu ombro.

— Eu acho que vou ter que me mudar – ele suspirou – tenho certeza que daqui a algum tempo ela vai querer que ele more aqui, e eu não vou aguentar.

— Se quiser ficar alguns dias lá em casa...

— Eu tenho um apartamento, se lembra? – ele disse rindo.

— É verdade – ri – mas você morando sozinho? Vai passar fome.

— Com certeza – ele riu.

 Alguns minutos depois Sophie veio caminhando até onde nós estávamos, e esticou os bracinhos para Jeremy, que a pegou e ficou brincando com ela um tempão, ele era todo babão com ela.

Durante o jantar minha mãe falava sobre Jeremy e eu, e depois contou a Phill sobre o meu casamento com Damon, e ele fez algumas perguntas, e depois começou a falar sobre a filha dele.

— Eu tenho uma filha também, o nome dela é Lucy, ela tem vinte e quatro anos, e tem um filho de cinco, o John, ela se casou quando ele nasceu, mas não deu certo – ele disse dando de ombros – quem sabe em breve vocês possam se conhecer – ele disse animado.

— Quem sabe – sorri.

 Nós ficamos ali conversando, ele falava todo animado sobre o neto, e o quanto gostava de futebol e esportes, e depois engatou uma conversa sobre basquete com Damon e Jeremy, que não parecia mais tão irritado.

 Os três foram para a sala, e eu fiquei com minha mãe na cozinha, ela brincava com Sophie, que estava sentada no balcão.

— O que achou dele? – ela perguntou cortando um pedaço de uma maça e dando para Soph.

— Ele parece ser bem divertido – sorri – e fala com carinho da filha e do neto.

— Sim, ele ama muito os dois – ela sorriu – você gostou dele?

— Acho que sim mãe, mas o mais importante é, você gosta dele?

— Sim – ela me olhou com os olhos brilhando – eu gosto dele, achei que depois do seu pai eu nunca mais gostaria de outro homem, até conhece-lo.

— Onde vocês se conheceram?

— Em um reencontro da faculdade, ele era da sala do seu pai, mas não seguiu a carreira politica, ainda bem – ela disse rindo.

— Eu torço por você mãe, sabe disso né?

— Eu sei filha, e eu te agradeço – ela me abraçou – obrigada por vir hoje.

— De nada.

 Nós ficamos mais algumas horas lá, Jeremy parecia mais relaxado e Phill também, e ele contava histórias sobre suas viagens, e lugares incríveis que conheceu, e depois ele e Damon ficaram conversando sobre bebidas.

 Sophie dormiu no meu colo, e nós resolvemos ir embora, nos despedidos e entramos no carro, minha mãe acenava toda alegre, e eu fiquei feliz por ela.

— Gostei dele – disse Damon.

— Eu também, e não foi tão estranho quanto imaginei.

— Sua mãe merece ser feliz, e merece alguém que a trate bem, ele parece trata-la bem, não é?

— Sim, eu só quero que ela seja feliz, e se ele faz isso, não tenho porque não gostar dele.

— A Soph também gostou dele – Damon riu – ele tem jeito com crianças.

— Sim, ele te mesmo.

  Quando chegamos em casa Damon levou Sophie para o berço, e eu vesti meu pijama e me deitei na cama, ele se deitou logo depois, e me abraçou, nós ficamos de conchinha.

— Se eu morrer, você promete que não vai deixar a Sophie chamar nenhum outro homem de pai? – eu ri.

— Prometo, mas se você morrer acho que eu não iria querer outro homem na minha vida.

— Eu seria grato por isso – ele disse rindo, e então começou a me beijar.