Sentado naquele balanço, em meio ao parque vazio, meus soluços seriam altos demais até para mim. O barulho, das correntes já enferrujadas, que me invadia os ouvidos toda vez que ele ia para frente, ou para trás, me deixava alheio a tudo, concentrado naquele som, nada podia me fazer voltar a respirar, uma vez que tudo voltava à tona.
 Seus sorrisos, abraços, silêncios, carinhos.Por que você tinha que ser tão diferente do que eu realmente esperava que fosse? Por que sua voz podia se tornar alta e fria em milésimos de segundos quando eu queria apenas um sorriso e uma palavra de ajuda? Por que eu tinha que ser sensível o bastante para me indignar com isso e te afastar de mim?
 E por que... por que tudo voltava como se me culpasse por atos os quais não tive culpa por cometer?
 E, eu, como poderei pedir perdão pelos pecados de outro se não acredito em algo que possa me perdoar?
 Não quero me afogar em solidão novamente. Não quero os tempos antigos de volta, quero só o presente que acabara de se arruinar e se tornar um pretérito não tão agradável.
 Eu só queria um abraço, mas tive que ouvir muito.
 A quantidade de vezes que ouvi um "você não se importa" foi a quantidade de vezes que os soluços escorreram de meus lábios, indo de encontro ao ambiente, junto com partes internas minhas.Talvez eu seja um tremendo exagerado, um ser sensível demais, egoísta demais para perceber que cometeu os erros. E os motivos talvez tivessem partido de mim.
 Mas eu ainda o queria, queria e queria. Queria tudo de volta, queria que não se tornasse um pretérito e um futuro sem a presença dele. Porém, orgulho é o que não me falta, mas deveria faltar. Não posso deixar que acabe assim...
 Será que morrer dói? Dói.... mas não deve doer tanto quanto está doendo agora. O riso escapa de meus lábios, as mãos apertando as correntes enferrujadas, tudo isso quando percebo quão covarde eu sou. Já estou pensando em fugir de tudo e dormir eternamente, sem consciência, sem ninguém.
 Quero provocar dor em quem eu amo? Quero provocar dor nele? Sim... mas não quero deixar aqueles que tanto amo.
 Não quero que depois me amaldiçoem por ser tão covarde. 
 Não quero ouvir lamúrios de desaprovação.
 E o que me resta agora?Voltar e tentar outra vez?
 Acho que apenas tenho direito de permanecer calado, uma vez que "desculpa" não existe.
 As magoas não são esquecidas... sempre ficam dentro, né?
 Pergunto novamente, o que me resta agora?
 A dor de um amor correspondido, mas não cuidado?
 E o que eu posso fazer? Eu o quero...
 Eu te amo, Akira.
 Mas acho que isso não é o bastante, né?
 Perdão?
 Não importa mais, só me resta voltar e conviver com os olhares tristes e desapontados que me envia.
 E os sorrisos falsos que enviamos aos outros.
 O barulho das correntes ainda invade meus ouvidos, e isso me acorda dos devaneios.
 Voltar. Estou voltando, mesmo que com passos lentos e hesitantes. Agora sei que estou tão preso à vida quanto não gostaria de estar, mas, pelo menos, ainda tenho pra onde ir.
 E o som das correntes ainda me invade os ouvidos, mas não tão só quanto antes, meus passos e soluços a acompanham.
Que bela melodia.