— Eu ainda estou tentando entender como eu vim parar aqui, nesse carro, quando eu poderia ter ido com o Emmett – Bella resmungou mais uma vez, me deixando irritado. Caramba! Nem eu havia entendido a lógica da Alice e ela me vinha dizer coisas sem noção? Ela não era a única que estava tentando “fugir”.

— Você é tão egoísta – eu não controlei e falei, vendo de relance que ela olhou para mim brava – nossa, disse isso em voz alta? – virei por dois segundos para ela – egoísta – e voltei a dirigir. Percebi que ela abriu e fechou a boca pelo menos duas vezes, mas desistiu de responder, virando-se para o lado, olhando para a escuridão.

Alice havia dito a todos que queria visitar a cabana da família que ficava pelo menos 3 horas de Forks no fim de semana. Porém, em vez de economizar gasolina, Alice fez todo mundo ir em carros diferentes, sobrando para mim e para a Bella de ficarmos juntos (eu sei, vou morrer torturado hoje). Alice pediu para que eu fosse na frente dirigindo enquanto eles me seguiam. Eu não recusei, Bella gritou nos primeiros 45 minutos e agora já está conformada. As luzes da estrada me faziam ter certeza que os outros carros estavam atrás de mim.

— Parece que vai vir uma chuva forte – Bella confirmou ao olhar para o céu. Não parecia querer uma resposta, então me mantive concentrado na direção – você vai parar para depois seguir viagem? Parece que vai ser bem pesado...

— Não – respondi. Ela não estava sendo grossa, por que agora vou dar uma de monstro? – Estamos na metade do caminho, se pararmos a estrada para a cabana estará bem mais lamacenta e teremos problemas para entrar lá depois...

— Okay – e segundos depois a chuva caiu. Era intensa e mesmo com o farol alto estava com pouca visibilidade. Bella, então, virou-se para a frente e encarou as gotas de chuva que estavam visíveis. Eu não estava esperando me sentir confortável ao lado dela, ainda mais com tanto silêncio. Normalmente ela expressa sem nenhum filtro suas opiniões e agora parecia que todas elas estavam presas dentro de sua cabeça.

O tempo de viagem, devido a chuva, subiu para uma hora a mais do planejado, porém parecia que nenhum de nós estava se importando. Quando a chuva diminuiu estávamos perto da saída para a cabana. O chão estava molhado, e a terra estava fofa, fazendo com que se não dirigíssemos mais rápido, poderíamos ficar atolados.

— Chegamos – ao me virar para ela, que dormia. Rolei os olhos e tentei de novo – hey, cabeção, acorda – ela se remexeu, mas virou-se para o outro lado e continuou a dormir – essa pessoa tem problemas, fala sério – cutuquei-a, mas sem sucesso – o Emmett nunca me disse que quando ela dormia ela calava a boca! Deveria dopar ela mais vezes – ri de minha ideia mirabolante, mas decidi sacudir Bella e ver como ela reagiria – acorda caramba! Quero ir pra uma cama de verdade!

— Hum? – ela respondeu esfregando os olhos e sacudindo a cabeça – a gente fez uma parada desnecessária? – eu neguei com a cabeça apontando para a cabana – ah, a gente já chegou – eu ainda não entendia por que eu estava sentado olhando para suas reações após acordar. Sacudi a cabeça murmurando alguma coisa e então forcei meu corpo a encarar a temperatura mais fria devido a chuva. Por que prestar atenção nela? Bella não tinha nada comparado as outras garotas que eu namorei, fiquei, peguei na balada, dei uns beijinho no cinema. Mas ainda assim... vê-la sair do carro e encarar encantada para a cabana, me fazia continuar observando-a. Preciso de mulher! Qualquer uma! Que essa coisa de encarar essa menina está ficando estranho!

— Eu vou, pegar as malas – falei ao perceber que ela estava me encarando confusa. Provavelmente eu estava a encarando tempo demais. Não que exista uma regra, mas incomoda! Ao abrir o porta malas eu parei – Bella – ela resmungou alguma coisa, e não me respondeu – Bella – perguntei de novo, mas ela resolveu me ignorar, vou matar essa vadia – o caralho de garota! Sua mala não está aqui!

— Quem disse que você pode falar comigo desse jeito? Tá me achando com cara de Victoria? – ela colocou as mãos na cintura e se aproximou do porta malas, vendo por si mesma que só havia minha mala e uma sacola pequena com minhas botas. A morena arregalou os olhos e respirou fundo – eu não sabia que iriamos em carros separados e que eles não estariam aqui... – de uma pessoa preocupada a uma rabugenta, Bella grunhiu virando-se para mim apontando o dedo – a culpa é sua! Se você tivesse parado a gente agora teria a minha mala!

—  Acho que você se enganou de pessoa! – levantando as mãos em rendição – Esqueceu que foi a Alice quem te empurrou pra esse carro? Então, minha querida, sobreviva com o navio dela que tem dentro dessa casa – Bella estremeceu só de pensar nas roupas da Alice. Eu sabia um pouco sobre ela e as roupas espalhafatosas de minha querida irmã não eram o que ela considerava boas – pelo menos vamos ver um pouco de corpo não é mesmo? Por que roupas tao largas! Até parece que você não gosta de si mesma!

— Você tem ideia de que estamos em uma cabana deserta e que eu posso te matar, esconder o corpo, voltar para casa e ninguém saber disso? – sorri irônico ao ver que ela não estava disposta a ceder ou abrir a guarda. Por isso era tao divertido brincar com Bella: Ela sabia como incendiar uma briga. Peguei minha bolsa e comecei a andar enquanto ela permanecera parada – HEY! – eu sabia que ela iria começar a chamar a atenção, com certeza não quer ficar sem as roupas dela, que ingelizmente eu não tenho – HEY! – os seus gritos estavam longe e então algo voou alguns centímetros do meu ombro esquerdo, próximo a minha orelha e vi que era seu sapato. Essa menina tinha uma boa mira para alguém que odeia esportes – ESTOU FALANDO COM VOCÊ!

— Na verdade – disse me virando com cara de sabichão – você está só gritando, então, se quiser falar algo vire uma gata manhosa e diga o que quer – seria muito bacana ver Bella se rastejando e pedindo por algo. Ela estreitou o olhar contra mim e começou a caminhar em passos duros quase me jogando para fora da varanda, esperando que a porta fosse aberta – ui, gata! Assim você me mata! – ela grunhiu de raiva enquanto eu procurava a chave no meu bolso – nossa, já está até ronronando – Bella me olhou quase faltando segundos para me matar – não se preocupe, gatinha manhosa, eu abro a porta pra você – sorri travesso e abri a porta, entrando primeiro na casa. Joguei minha bolsa na sala e comecei a me preocupar em acender a lareira, já que o termostato da casa parecia estar no frio.

— Isso não é uma cabana – exclamou Bella e eu não estava prestando muita atenção pois precisava ligar o fogo. Era uma lareira elétrica, por isso não precisávamos de madeira para queimar – isso é uma mansão! Hey Cullen, não precisa ostentar para os pobres não! – a mesma colocou as mãos na cintura e começou a olhar ao redor – onde é o quarto da Alice? Acho que terei que aceitar as roupas dela mesmo...

Eu havia conseguido acender o fogo (não direi que não me senti o homem da casa!) e eu estava vendo o que dava para comer na geladeira. Pelo menos Alice havia preparado bem a casa com tudo que ELA gosta, isso significava que não havia nada pra que EU pudesse comer. Após uma procura sagaz, consegui encontrar queijo, pão e alguns outros frios.

— Hey! Eu quero um cobertor – Olhei para Isabella que respondia mandona. Ergui a sobrancelha e só então reparei que ela estava... envergonhada – OLHA PRO OUTRO LADO! PRA MINHA CARA PELO MENOS! – foi então que eu reparei que eu estava olhando para os seios dela. Desde quando ela é gostosa? – OLHA PRA CIMA SEU RETARDADO! Ai não, você está começando a ficar animado – ela correu para uma pilastra quando percebo que a barraca estava armada. Entendeu?

— Tenho culpa? – os gritos dela a procura de algo para se esconder pioravam a minha situação – cala a boca Isabella! Já não basta você estar parecendo prostituta e agora eu tenho um problema – ela se virou para mim muito brava e pude ver seu pijama. Os shorts curto era justo e mais parecia uma calcinha azul escura, marcando bem seu corpo. A blusa deixava à mostra uma parte de sua barriga, e era justa ao corpo dando um destaque especial ao seu busto. Quando nossos olhos se conectaram, percebi que ela parecia também se demorado em me observar – velho, o que a Alice fez?

— Pera ai... – ela correu pegando uma almofada, jogando-a para mim e ela se escondeu entre as outras almofadas – só acho que algo está errado! A essa hora eles já deveriam estar aqui, não?

NARRADOR P.O.V.

— Quando eles voltarem dessa viagem eu serei considerada um cupido! – era a quinta vez que Alice dizia isso ao grupo que estava na mesma casa que a baixinha. Ela batia palmas felizes, enquanto Jasper preparava um chocolate quente para todos que estavam na cabana.

— Me diz, Jasper – começou Emmett, fazendo Jasper rir, nem mesmo sabendo o proposito da frase – como desliga essa menina? – Jasper já sem se controlar ria muito alto, chamando a atenção de Rosalie – Ursinha, me diz como desliga a baixinha? Não aguento mais ela dizendo de cupido!

— Na verdade – disse Rosalie sorrindo – eu aposto 10 dolares que eles vao sair dali pior do que entraram... e que vao se matar quando voltarem – Jasper, ao ver as sobrancelhas da irmã levantarem como um convite para participar da aposta suspirou.

— Eu aposto que pelo menos um beijo acontece – olhou para Alice que continuava fazendo sua dança – até por que isso ajudaria a minha flor...

— Eu já aposto 20 que eles vão é ir pro rola rola – Emmett não conseguiu ver a mão de Rosalie o atingir em sua nuca gemendo com a surra – que? Se eles não apagarem o fogo, os bombeiros vao ter que aparecer! E você acha que a Alice vai deixar eles em paz?

— Acho que, no fim das contas, teremos que controlar a Alice e não os dois – Jasper falou – AI DROGA! VOU QUEIMAR ESSE CHOCOLATE!