Amnésia escrita por BabyGirl


Capítulo 1
Amnésia




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Eu estava na frente do espelho tentando terminar de me arrumar, mas meu olhar estava distante, meu pensamento estava perdido e meu coração apertado. Como me sentia culpada. Mais uma vez, uma das minhas tatuagens feriu alguém importante para mim, talvez o que eu mais me importasse e que mais amasse nessa minha vida confusa e complicada.

Voltei a realidade e terminei, peguei minha bolsa, um casaco e as chaves.

 

Dirigi sem prestar muita atenção a nada, nem ouvia a música que tocava e nem via a estrada que passava bem diante dos meus olhos. Quando dei por mim, já estava lá no apartamento dele. Respirei fundo, umas duas ou três vezes acho, e não sei porque estava assim, tão nervosa. Arrumei minha roupa, passei a mão nos cabelos, e achei por bem prendê-los. Fiz isso. Peguei as chaves e abri a porta. Estava tudo tão quieto.

— Weller? - Chamei, mas nada em resposta.

Entrei, depois de trancar a porta e colocar as chaves no meu bolso, procurei por alguém, e ele estava no sofá. Tão sereno, tão lindo. Fiquei contemplando-o por alguns segundos. Será que estava sozinho? Como isso?

Dei mais alguns passos e sentei-me no outro sofá, ficando de frente a ele, meu olhar se perdeu e o pensamento vagueou.

— Quem é você?

Fui despertada com aquela voz, soou rouca.

— Sou eu. - Sorri, mas ele parecia não me reconhecer.

— Você? Quem? O que faz aqui? - Levantou-se ficando de frente a mim.

Fiquei sem reação por uma fração de segundos.

— Sou eu, Jane. Vim ver como você está.

— Como entrou aqui?

Levantei e peguei a chave no bolso e mostrei a ele.

— Você me deu. Não se lembra?

— Não. Não lembro.

— Não lembra de que?

— Não lembro de nada antes de acordar no hospital.

— O que? - Estava tão confusa. Weller havia perdido a memória? Também? Não podia ser!

— Seu nome é Jane, não é?

Eu apenas assenti, olhando-o fixamente.

— O que nós somos? Por que está aqui?

Respirei fundo. Me aproximei dele.

— Weller, nós trabalhamos juntos.

— No FBI?

— Lembra-se disso? - Perguntei esperançosa.

— Não, foi o que me contaram.

Agora estava revivendo toda aquela sensação, pensamentos e sentimentos de quando acordei na Times Square dentro daquela mala, rodeada de policiais, barulho e confusão.

— Weller - Tropecei nas palavras. — Sei como está se sentindo.

— Não. - Ele me interrompeu. — Não sabe.

— Sim, eu sei, acredite. Perdi minha memória também …

— Isso é algum tipo de jogo ou brincadeira? - Sua voz estava um pouco alterada.

E eu estava nervosa também. Será que ele esqueceu de tudo mesmo? De mim? De tudo o que passamos esses últimos meses?

— Weller é melhor voltarmos pro hospital. - Peguei minha bolsa e caminhei em sua direção.

Aquilo não podia estar acontecendo!



 

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Nesse momento Jane se aproxima de mim.

Ela estava tão preocupada e tão séria. Como eu estava gostando de vê-la assim tão preocupada comigo. Mas, não podia mais continuar com aquilo. E, sem querer, comecei a rir.

Vi sua expressão mudar, de preocupação para raiva.

— Weller?

Dessa vez eu me aproximei e toquei seus braços.

— Não preciso de hospital. - Disse olhando fixamente naquele par de graúdos olhos verdes, tão expressivos, que me fascinavam, que me faziam se perder neles, tão facilmente.

— Estava me enganando?

Assenti.

— De novo?

— Você sempre cai. - Brinquei e levei um soco no ombro. — Ai.

— Eu deveria te bater mais … Como brinca assim comigo?

— Me desculpe. - Como ela fica linda assim, brava.

Nem me dei conta que estava com ela em meus braços, envolvendo a pela cintura.

— Brincadeira mais sem graça, Weller. - Ela bufou.

Seu rosto estava vermelho. Fiquei com medo, ela poderia me dar uma surra, facilmente.

— Me perdoa, Jane? - Pedi quase num sussurro.

Ela assentiu. E revirou os olhos. Sorriu para mim.

— Você está bem? Fiquei tão preocupada …

— Estou, e melhor agora que você está aqui.

Ela acabou se afastando de mim e sentamos no sofá.

— Por que está sozinho?

— Porque estou bem. E a Sara está com meu pai.

— Você é muito teimoso. Deveria estar no hospital.

— Não, você está aqui agora.

Me aproximei, a envolvi em meus braços e a trouxe para mim, ela não se afastou, e a beijei, ela parecia surpresa no início, mas depois retribuiu, eu me entreguei ao beijo e notei como ela também se entregou. Foi um beijo maravilhoso, não queria me separar dela, nunca mais.

Ela se afastou, encerrando o beijo e eu ainda lhe beijei suavemente os lábios. Ela estava um pouco sem graça.

— É melhor eu ir. - Ela disse, desviando o olhar e já se levantando.

Mas, eu não podia deixar. Tinha que ao menos tentar.

— Por que você sempre foge, Jane? - A puxei novamente para o sofá. — A primeira vez, quando me beijou, fiquei surpreso mas, foi a melhor coisa da minha vida. E você foi embora e acabamos nos afastando, eu não quero isso de novo.

Ela olhou para cima, desviando os olhos dos meus.

— É complicado … - Explicou, suspirando em seguida.

— Jane, eu sei que é complicado, mas as coisas não vão ficar simples da noite para o dia.

— Eu sei, mas … é que …

— Eu quero e você quer, disso eu sei, e para mim é o suficiente. E o resto, vamos enfrentar juntos. Não importa o que aconteça.

Ela olhou para mim.

— Eu estou com medo, Kurt. - Admitiu.

— Eu sei, e te entendo. Eu também estou. Você me conhece, sabe como sou com relacionamentos, mas depois do que aconteceu hoje, eu poderia ter morrido sem dizer que eu te amava.

Ela me olhou de uma forma diferente, sorriu de lado, fazendo meu coração derreter, e foi a vez dela segurar em meus braços.

— Não vou negar que sinto o mesmo por você, Kurt. Mas, tenho medo que a pessoa que eu fui, te coloque em perigo.

— Primeiro, eu estou grandinho e sei me cuidar. Segundo, eu confio totalmente na pessoa que você é hoje. E as qualidades que você tem, como é leal com a equipe e que se arrisca pelos outros, é durona e teimosa, e essa mulher maravilhosa e extraordinária, tenho certeza que faz parte do seu ser, independente de você se lembrar ou não.

Ela fez um biquinho e sorriu.

— Tá, mas e o trabalho?

— Pare de inventar desculpas, mulher. Eu só quero você ... 

E antes de eu terminar ela me beijou, colocando uma das mãos em minha nuca e me puxando para mais perto dela, aprofundando o beijo. Eu a apertei mais forte em meus braços. Ela explorava minha boca. Me dominando. Eu pensei bobagens com o que ela poderia fazer comigo no meu quarto, na minha cama, e eu deixaria sem relutar.

Em seguida, Jane mordeu meu lábio inferior. Me fez gemer. Eu queria mais. Porém, tive que me controlar, para não perdê-la antes mesmo do começarmos. Ficamos com as testas coladas por um tempo, só sentindo nossas respirações e nossos cheiros.

— O que quer fazer? - Quebrei o silencio.

— Está sob cuidados médicos ainda, deixe de ser assanhado.

Eu ri.

— Não é isso. - A ouvi resmungar. — Só quero saber, se está com fome, quer comer?

— Sim, quero.

— Então vou fazer algo para nós.

— Não vai. Vamos pedir e você vai descansar, estou aqui para me assegurar disso.

— Que namorada mais 'malvada'!

— Sou mesmo, você me conhece e deveria ter pensado duas vezes. - Ela brincou, fazendo uma cara de brava.

— Não, eu estou bem seguro do que quero e é assim que eu gosto.

Ela beijou meus lábios e depois nos aconchegamos no sofá. Nem estava acreditando que estava junto com ela. Assim. Beijei-lhe o pescoço, onde está a tatuagem de pássaro. Senti sua pele arrepiar. Apertei mais forte o corpo dela contra o meu. Não a deixaria escapar de mim, nunca mais.




 

 

 

Baby, you're all that I want
When you're lying here in my arms
I'm finding it hard to believe
We're in heaven
And love is all that I need
And I found it there in your heart
Isn't too hard to see
We're in heaven

 

Meu bem, você é tudo o que eu quero
Quando você está aqui deitada em meus braços
Eu acho isso difícil de acreditar
Estamos no paraíso
E o amor é tudo o que eu preciso
E eu achei isso em seu coração
Não é tão difícil de enxergar
Estamos no paraíso

Heaven - Bryan Adams


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