O Coração de um Nerd escrita por LivyBennet


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Cap. de reconciliação, gente ^^
#fofinho



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POV. GREG (Midtown Manhattan - 1986)

O salão de leitura da Biblioteca Pública de Nova York estava bem cheio para o normal das 16h. Do meu lugar no balcão, eu mal conseguia enxergar alguma cadeira vazia. A maioria eram alunos das escolas próximas, estudando para os exames finais do ano letivo. Eu aproveitava aquelas poucas horas de paz enquanto todos estava ocupados, pois sabia que meu trabalho realmente começaria quando todos viessem devolver os livros que estavam usando.

Sra. Harris estava sentada ao meu lado, também desfrutando um pouco do sossego. Assim como eu, ela tinha um livro nas mãos, mas diferente de mim, parecia bem interessada no conteúdo dele. Olhei mais uma vez para o mesmo parágrafo que eu já lera 12 vezes sem absorver nada, simplesmente porque eu não conseguia me concentrar. O motivo era bastante óbvio.

Faziam 4 dias desde que Meggie e eu havíamos discutido e ainda não tínhamos conversado a respeito. Seguindo o conselho da Lizzy, dei algum tempo para que ela se acalmasse, mas 4 dias já era ridículo. Nunca havíamos passa tanto tempo sem nos falar, e eu sentia sua falta loucamente. Mas eu sabia que ela ainda podia estar com raiva, e como eu não queria brigar, não a procurei.

Naquela tarde faziam 5 dias e aquele foi o meu limite. Liguei para a telefonista; não foi difícil conseguir o endereço dela. Eu estava decidido: daquela tarde aquela birra ridícula não passaria.

Por isso, quando os alunos começaram a devolver os livros, não perdi tempo e já fui organizando e recolocando tudo nas prateleiras. Queria deixar o mínimo possível de livros fora do lugar pois, quando eu saía, a sra. Harris ainda ficava para arrumar o que sobrava.

No meu horário, despedi-me dela, peguei minha mochila e fui em direção à saída. Enquanto andava, busquei no bolso o papel onde eu tinha anotado seu endereço, já planejando chamar um táxi. Mas ao descer as escadas da biblioteca para a rua, vi distintamente o Porsche vermelho estacionado no meio fio e Meggie encostada à lataria. Ela vestia uma calça jeans clara e uma blusa sem mangas azul. Aproximei-me lentamente, sem saber se ficava feliz ou com raiva, e ela me cumprimentou com seu sorriso habitual.

“Pensei que nunca fosse sair de lá.”

Resisti ao impulso de sorrir de volta e abraçá-la. Eu estava feliz em vê-la, mas também estava magoado. Ele havia me punido com sua ausência e seu silêncio por dias por causa de algo que ela havia mal interpretado. Eu merecia ao menos um pedido de desculpas, mas também não queria ali, na porta do meu local de trabalho.

“Você some por 5 dias e acha que com um sorriso ficará tudo bem?”

Seu sorriso se desfez e ela baixou os olhos para o chão. Doía em mim ser duro com ela, mas eu não gostava quando duvidavam de mim sem motivo.

“Greg, eu-”, ela começou com a voz fraca, mas eu interrompi.

“Aqui não”, falei, descendo o resto das escadas.

Sinalizei em direção ao carro, indicando que ela entrasse, e entrei no banco do motorista, colocando a mochila no banco de trás. Eu havia tirado minha carteira há algumas semanas, com meu primeiro salário, e já havia me familiarizado com seu carro.

Com ela sentada ao meu lado, dei partida; não iríamos longe. Simplesmente dei a volta na biblioteca; aos fundos ficava o Bryant Park, um lugar relativamente tranquilo onde poderíamos conversar.

Estacionei o carro perto da parte mais vazia do parque, a uma distância razoável dos poucos restaurantes que funcionavam por lá. Descemos e, tomando sua mão, a guiei até a parte onde eu costumava ir ler. Apesar do parque como um todo estar iluminado, aquela parte ficava na penumbra, o que nos daria alguma privacidade dos olhos e ouvidos curiosos.

Encontrando meu banco habitual vazio, indiquei que ela sentasse e sentei de frente para ela. Fixei meus olhos nela, distinguindo em seu rosto um leve tom de vermelho. Ela não me olhou; torcia as mãos no colo com certo nervosismo. Esperei em silêncio até quando pude, mas minha paciência não era eterna.

“Então, Meggie?” pressionei com um tom de voz suave.

Ela respirou fundo algumas vezes até me olhar nos olhos. Quando falou, sua voz já era mais firme.

“Greg, eu sinto muito pelo que eu disse naquele dia e por ter sumido depois. Eu estava muito confusa. Tive medo de te perder.”

“E achou que me afastar seria a solução? Não faz sentido, Meggie.”

“Eu sei que não faz; agi por impulso. Doeu tanto te ver com outra garota, sorrindo para ela com sorri para mim.” Pude ver as lágrimas em seus olhos, mas ela não deixou que caíssem. “Até aquele dia eu não sabia o que era ter ciúmes porque eu nunca tinha me apaixonado de verdade por ninguém.” Meu coração acelerou descontrolado e minha boca se entreabriu, sem palavras. Ela está se declarando para mim? “Você foi o único que mexeu comigo, que se interessou por mim por quem eu sou.”

Ela desviou os olhos dos meus, voltando a olhar para as mãos. Eu ainda estava mudo: ela tinha se declarado para mim. De verdade. Me forcei a encontrar algo decente para dizer.

“Meggie… eu entendo você. Admito que também não ficaria feliz se te visse com outro cara.” Ela me olhou e seus olhos brilhavam. “Eu só queria que você tivesse me dito isso naquele dia. Nós não teríamos brigado.” Ela assentiu.

“Eu sei, mas não estava pensando direito. Desculpa.”

Assenti e tomei suas mãos nas minhas, vendo o esforça que ela estava fazendo para se abrir comigo.

“Tudo bem. Mas me promete uma coisa?”

“Qualquer coisa.”

“Seja sincera comigo, ok? Sem segredos.”

Por um instante ela pareceu hesitar, mas logo assentiu. Sorri e a abracei. Ela correspondeu, suspirando feliz e fazendo meu coração não saber se batia ou parava de bater. Afastei-me um pouco dela e olhei ao redor; ninguém prestava atenção em nós. Melhor assim…

“O que foi, Greg?”

“Nada. Só checando o ambiente”, respondi, olhando para ela outra vez. Sua expressão era de confusão.

“Para quê?” Sorri.

“Para isso.”

Uni nossos lábios em um beijo cheio de saudade, e suspirei ao sentir seu gosto outra vez. Seus braços me envolveram pelo pescoço e os meus abraçaram sua cintura, puxando-a para mim. Seguindo o instinto, mordi levemente seu lábio inferior, sendo recompensado com um gemido fraco. Suas mãos subiram e puxaram meu cabelo; grunhi em protesto pela dor e ela acariciou minha língua com a sua como pedido de desculpas.

Eu sentia minha consciência flutuar de prazer e queria mais, mas sabia que não devia. Debati internamente, com a mente ainda anuviada pelo gosto e o cheiro dela, até que a prudência acabou ganhando.

Com um beijo leve e muito autocontrole, me afastei um pouco dela. Estávamos ofegantes e rimos sem graça. Ela me abraçou, escondendo o rosto no meu peito e eu afaguei seu cabelo. Ficamos apenas sentindo um ao outro até que ela se afastou com um sorriso e, se erguendo, tomou minha mão, me puxando para a parte mais iluminada do parque. A princípio não entendi sua intenção, mas logo o letreiro iluminado de um dos restaurantes do parque apareceu. Sorri ao provocá-la.

“Sério? Vai querer me ganhar pela barriga?”

Ela parou de me puxar de repente e eu pensei ter dito algo de errado até ver sua expressão. Um leve sorriso a deixou ainda linda. Atrás dela, as luzes do parque a iluminaram de um forma que me fez crer que eu estava apaixonado por um anjo.

“Não”, ela respondeu minha pergunta. “Não preciso te ganhar pela barriga. Eu já tenho você por aqui”, ela disse, pondo a palma da mão sobre o lado esquerdo do meu peito.

Sorri sem graça ao perceber o quanto ela me deixava bobo. Beijei suavemente seu rosto, e com um sorriso, ela me guiou novamente na direção do restaurante.

 

***


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Notas finais do capítulo

E aê, seus lindos? Gregzinho cresceu muito né?

Próximo cap.: NTMOC - T3.E20 - Todo Mundo Odeia o Baile da Nona Série



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