Minha Presa escrita por FireboltVioleta


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo


Olá, pipous!
Depois de um longo jejum, aqui está minha nova oneshot.
Gente, eu fui assistir Zootopia faz alguns dias.
Tudo bem, os dois são amigos, bla bla bla. PHODA-SE, EU SHIPPEI. E CHOREI quando vi que não rolou nada.
MAS CARA, FUI VER FANARTS.
DESCOBRI QUE NÃO FUI A ÚNICA ILUDIDA NO CINEMA. Milhares de fãs estão shippando o casal mais improvável do século.
Então eu pensei: "por que não?"
Aqui está, para vocês, meu mais novo shipp favorito: Nickudy ♥
Espero que gostem!
Boa leitura!



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Nick Wilde encarava o céu limpo e sem nuvens, franzindo o cenho petulantemente. Ao seu lado, Judy Hopps cantarolava alegremente, animada, enquanto remexia na cesta de guloseimas.

— Ainda não entendi como me convenceu a vir para este piquenique – a raposa resmungou, olhando a coelha lhe lançando um revirar de olhos, ainda sorrindo.

Judy nem sequer tirara o uniforme de policial, embora tivesse enchido a paciência de Nick sobre aquele piquenique a semana inteira, marcando-o no dia de folga dos dois.

— Ah, eu sei que você adorou as tortas de Gideon – ela falou, referindo-se á raposa que vivia em Burrowland, perto da fazenda onde crescera.

O que o deixava mais confuso ainda era a amiga ter-lhe pedido que viesse com sua costumeira roupa social, a mesma que usara quando haviam se conhecido, dois meses atrás.

— Mesmo assim – ele bateu a pata no canto da testa, num sinal de falsa exasperação – por que falou para que eu viesse com essa roupa?

Judy parou o que estava fazendo, sentindo as pequenas bochechas corarem sem seu consentimento.

Preferia enfiar a pata traseira em outra estátua pontiaguda, a confessar que achava que Nick ficava bonito com aquelas roupas.

O fato é que, há alguns dias, tinha percebido que gostava de Nick Wilde muito mais do que deveria. Suspeitava que talvez o quisesse como algo bem mais sério do que um simples amigo.

— Hum... você passaria calor com o uniforme da polícia – murmurou, baixando os olhos violeta de volta á cestinha, sentindo o rosto ainda mais quente.

A raposa ergueu as orelhas, reparando o nariz de Judy chacoalhando loucamente, coisa que só ocorria quando estava muito nervosa.

A lembrança não o agradava.

Da última vez que vira aquele movimento, haviam passado por uma situação ruim. Por algum tempo, Nick havia se convencido de que Judy tinha medo dele.

A relação entre predadores e presas havia quase ruído, devido á tudo que acontecera em Zootopia pouco tempo atrás. Todo aquele conceito de instintos primitivos... e, por um tempo, quase acreditara naquilo.

Tinha ficado feliz em saber que fora apenas efeito das uivantes orquestradas pela odiosa vice-prefeita Bellwether. Aliás, se segurara em definitivamente não despedaçar aquele algodão ambulante, quando ela e seus capangas haviam cercado a ele e Judy no Museu de História Natural.

Mas agora, que tudo voltara supostamente ao normal, e se convencera de que sua amiga não o temia mais, estava vendo novamente aquela demonstração de insegurança surgir de modo inusitado.

Mas por quê?

— Está tudo bem? – Nick indagou suavemente, envergando a cabeça.

Judy sentia um bolo se formando no minúsculo estômago, olhando Nick fitando-a de modo preocupado. Sacudiu a cabeça, sem entender por que o olhar dele sobre ela estava subitamente a desconcertando. O que estava acontecendo?

— Sim. Está tudo bem – a coelhinha piscou, passando as patinhas pelas longas orelhas – acho que esqueci minha caneta.

Não era mentira. Tinha revirado a cestinha em busca do objeto.

Nick sorriu, expondo os dentes afiados num esgar zombeteiro. Levantou o braço, sacudindo a cenoura de plástico.

— Está falando disso aqui? – esnobou, dando uma piscadela – é, como sempre. Raposa esperta, coelha boba.

Ela levantou num salto, rindo. Judy estreitou os olhos.

— Pode me devolver, Nick!

— Venha pegar, coelhinha – Nick riu.

Ele também se levantou, erguendo a caneta ainda mais alto, e divertindo-se em ver Judy saltitando ao seu redor. Quase dois palmos menor que Nick, a coelha não chegava nem perto da pata do amigo, mesmo saltando o quanto podia.

— Nick! – ofegou Judy, encenando chateação.

Nick recuou, sacudindo a cenoura na frente de Judy.

Distraído, acabou pisando na própria cauda, e desabou de costas na grama. Judy, que estava diante dele, acabou caindo sobre Nick, estatelando as patas ao redor da barriga da raposa.

Aproveitando o atordoamento dele, apanhou a caneta de sua pata.

— Peguei! – comemorou, guardando-a no colete do uniforme.

Fez menção de tentar descer de cima do amigo.

Porém, uma pata negra agarrou a sua, impedindo-a de sair do lugar.

— Ei, Nick... – começou a dizer, interrompendo-se abruptamente.

Engoliu em seco, sem conseguir desviar dos arregalados olhos verdes de Nick, que pareciam fixados nela. Seu coração disparou inexplicavelmente, como se estivesse caindo em queda livre.

O rubor voltou, oculto por sua pelagem cinzenta, mas quase perceptível no ar.

Nick içou levemente a cabeça, voltando a olhar, perplexo, o nariz de Judy estremecer outra vez.

Podia quase sentir a palpitação veloz dentro dela. Uma adrenalina estranha percorrendo o pequeno corpinho, numa espécie de preparação para alguma fuga.

Mas seria mesmo um instinto de defesa, surgindo sem aviso?

E, pior ainda, sem motivo?

Judy não sabia por que sentia uma vontade imensa de fugir.

E nem Nick sabia explicar por que tinha uma pretensão imensa de se aproximar ainda mais.

Pela primeira vez, a ver o diminuto corpo retraído, os olhos roxos saltados de alarme e o leve tremor na patinha que segurava, Nick teve vontade, não de recuar, mas de puxar a pequena coelha para mais perto ainda de sua mandíbula.

— Nick...? – Judy guinchou, as orelhas baixando ao redor da cabeça. Parecia desesperada.

O desespero dela, no entanto, pouco pareceu importar para o instinto avassalador e dúbio, que dominou Nick completamente.

Judy sentiu medo.

Mas não era medo de Nick.

Sabia que ele jamais a machucaria. Provara isso há muito tempo.

Então, por que sentiu um desejo enorme de sair correndo - e, ao mesmo tempo, não queria sair do lugar?

Naquele momento, parecia só haver uma raposa, deparada com sua já encurralada e indefesa vítima.

A coelha viu um sorriso pretensioso cortar o focinho de Nick. A expressão dele não era parecida com nada que havia visto em sua vida.

Ele recostou o nariz no dela, parecendo achar graça.

— Está com medo, Judy? Sério?

— Não – ela balbuciou, assustada, encarando a pata de Nick agarrando seu pulso – estou?

Viu-o voltar a sorrir, com um misto de espanto e zombaria no rosto.

Não esperava que ele reagisse assim, diante do temor que a acossava.

— Sim – Nick gracejou – você está com medo, coelhinha boba. E sabe por quê?

O coração de Judy parecia á beira de uma taquicardia, quando Nick puxou-a pelo colete, mais perto do que nunca de seus dentes cerrados e risonhos, fazendo sua pelagem se eriçar, desde o delicado pompom, até a altura do pescoço.

— Por que você é uma presa.

Judy se encolheu, atônita, sem a menor idéia de como reagir. Fechou um dos olhos, como se o outro tivesse decidido ficar congelado e fixo na raposa que a segurava.

Sentiu os dedos de Nick segurarem suavemente seu queixo, imobilizando-a diante do rosto dele.

Reabriu o olho, ficando surpresa com a forma estranha como Nick a olhou.

Só vira aquela admiração carinhosa poucas vezes na vida.

Nick assentiu, suspirando.

— A minha presa...

A coelha só faltou desmaiar quando ele a abraçou, apertando-a contra a pelagem macia de seu pescoço.

As patinhas de Judy circundaram os ombros de Nick, enquanto ela levantava a cabeça, ofegante e chocada.

Tentou dizer algo coerente, mas ele não lhe deu tempo de pensar em nada.

Nick teve que sustentá-la em seu colo quando a beijou, por que Judy já não conseguia controlar o próprio corpo.

As orelhas de Nick se ergueram. Nunca tinha sentido nada tão bom na vida, enquanto a coelhinha retribuía - ainda aturdida - o gentil e carinhoso gesto da raposa, segurando seu rosto com as patas felpudas.

Sentiu vontade de rir quando ouviu o som da cauda de Nick batendo ritmicamente na grama, mas resolveu que não queria interromper aquele momento tão fantástico de seu primeiro beijo.

Não se importou com a evidente polêmica de uma presa beijando um predador. Nem com o que diriam seus pais quando soubessem – e se soubessem – daquilo. Não pensou em preocupação alguma.

Tudo que importava era passar o máximo de tempo possível no macio ninho laranja, que a embalava gentilmente em suas patas.

Apesar de tudo, foram rudemente interrompidos pelo som de alguém batendo as pernas na grama, numa espécie de conga.

Ambos se separaram, assustadiços, encarando Benjamin Garramansa, que pulava no mesmo lugar, os olhos vincados de satisfação, com uma caixa cheia de rosquinhas nos braços.

— Ai, meu Deus, que fofo! – o leopardo gorducho exclamou, abarcando o rosto roliço com uma das patas.

Nick revirou os olhos, martirizado, enquanto Judy usava a pouca coragem que tinha para ralhar com Garramansa.

— Benjamin – Judy estapeou o próprio focinho, agoniada – o que está fazendo aqui?

Garramansa riu.

— Já entendi, querem privacidade – arrulhou, derrubando duas rosquinhas de seus bolsos, enquanto desaparecia dentro do jardim, ainda guinchando de apreciativa alegria.

— Esse cara é louco – Nick bufou.

Após a interrupção do colega de trabalho de Judy, Nick finalmente percebeu que haviam se soltado um do outro.

Sem graça, virou-se para Judy, que ainda aparentava tentar recuperar o fôlego.

— Então – olhou para o chão, de repente achando ter feito uma tremenda estupidez – ahn... – de repente, a gola da camiseta pareceu-lhe decididamente quente – tem algum... plano para a noite?

Judy, pega de surpresa, ergueu as orelhas para cima, ainda ruborizada.

— Bem, vou á festa de batizado da filha de Fru-Fru mais tarde – arquejou, acrescentando depressa, diante do rosto murcho de Nick – m-mas... bem, a gente pode, sei lá... – tossiu, arrepiada – sair de novo...

— Um encontro romântico?

Ela fechou a cara para Nick, que começou a rir, descontraindo o ambiente tenso.

— Você também não ajuda em nada, hein?

— Não – ele negou com a cabeça.

Judy apanhou a cesta, levantando-se, e, para a surpresa de Nick, puxou-o pela longa gravata, até plantar outro beijo em seu focinho entreaberto.

A raposa sacudiu-se, pega de guarda baixa.

— Ah, te peguei – Judy riu, dando-lhe um sorrisinho malandro – coelha esperta, raposa boba.

Completamente abismado, admirou-a descer, saltitante, a colina do parque, balançando a pequena cestinha na pata.

Nick fungou, as pálpebras baixando levemente, num meneio de admiração, sentindo-se sorrir outra vez.

— Só dessa vez, pompom – expirou, não conseguindo sufocar um suspiro de ternura – só dessa vez...

 

 


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Notas finais do capítulo


Então? O que acharam?
Beijinhos e obrigada por ler!