Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 122
Capítulo 122




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Capítulo 122 - Recaída

 Sim, era mesmo a Raquel, ali, sentada na praça, tentando tirar algumas notas coerentes de seu violino. César se aproximou lentamente da garota e a tocou no ombro.

- Aaaah! - gritou a ruivinha, batendo na cabeça do pobre garoto com a vara do violino. É, ela estava mesmo distraída.

- Ai, calma. Sou eu...lembra de mim? - disse César, verificando se não tinha nenhum galo na sua cabeça.

- César?! Nossa, desculpa. Você me deu um susto. Tava distraída.

- Percebi - disse o rapaz, olhando para o violino que a moça carregada - O que está fazendo aqui tão cedo?

- Ah, queria ensaiar um pouco de violino antes de ir trabalhar - disse ela - Comecei há pouco tempo.

- Está fazendo conservatório?

- Não. Estava tentando aprender sozinha - respondeu ela, toda confiante. César sente uma gotinha escorrer pela sua cabeça. Aprender a tocar um instrumento sozinha, sem aulas, poderia ser uma tarefa extremamente difícil (e dolorosa para os ouvidos).

- Mas...você tem alguma noção de música?

- Tem que seguir essas bolinhas aqui, não é? Cada uma é uma nota ou algo assim - disse ela, mostrando uma página de partitura para o rapaz.

- Sim, na teoria é isso - respondeu César.

- Mas é difícil. Como vou reconhecer tantas bolinhas ao mesmo tempo?

- Daí vem a prática, não? Tenta fazer um dó aí.

 Raquel toca o violino, mas acaba tirando um ré.

- Não, não, isso é um ré - disse César - Dó é mais grave que isso.

- Como?

- Pode me emprestar?

 Raquel entrega o violino para César que tira a nota dó, embora não tenha saído muito boa.

- Esse violino tá afinado?

- Ele já não vem afinado? - perguntou Raquel.

- Você procurou entender alguma coisa de violinos antes de comprar um?

- Ah, achei que já viesse afinado - lamentou a garota - Tá, tá bom, eu não manjo de violino, mas eu queria muito aprender a tocar.

- Peraí...se eu mexer um pouquinho aqui - César afinou as cordas do violino e conseguiu tirar um dó mais consistente - Agora...deixa eu ver se eu lembro...dá pra tirar uma música simples, tipo, Brilha Brilha Estrelinha.

 E ele tocou. O cara sabia mesmo como tocar.

- Você sabe tocar violino? - perguntou Raquel.

- Aprendi um pouco quando garoto, mas ele quebrou logo.

- Sério?

- É. Minha tia tinha um medo irracional de ratos, daí como meu violino foi a primeira coisa que ela viu na frente quando apareceu um rato em casa...

- Oh, que pena.

- E eu ainda estava segurando o violino...isso foi o mais traumatizante.

 Raquel deu alguns tapinhas no ombro de César. Ele era mesmo um garoto com uma infância difícil.

- Pelo menos você lembra como se toca.

- Alguma coisa.

- Ei, peraí. Você sabe tocar. Eu quero aprender a tocar. Quem sabe pode ensinar, então...

- Ei, que lógica é essa?

- César...você...poderia me ensinar a tocar?

- E-Eu? Não, peraí, sou só um amador. Deveria procurar um professor experiente.

- Amador? Tá. Tenta tocar essa música.

 Raquel entregou o violino e a partitura para ele. César começou a tocar, não confiante, mas aos poucos foi se lembrando como fazia. A música saiu tão boa que até uma pessoa que atravessava a pracinha deixou uma nota de cinco reais no estojo do violino que estava no chão.

- Viu? Você sabe tocar?

- Ah...eu errei várias aí no meio.

- Nada. Nem deu pra perceber. Você...poderia me ensinar?

- Não sei - César parecia meio vermelho. Raquel também enrubesceu e se vira para o outro lado disfarçando.

- C-Claro que eu pagaria. Não estou pedindo de favor.

- Imagina. Ensinaria com todo prazer mesmo que você não pagasse.

 "Não, não posso me envolver muito. Ele já me dispensou uma vez. Não posso voltar a sentir algo por alguém que já me deu um fora", pensou ela.

"Será que com essas aulas...aconteceria algo mais? Sim, talvez...talvez meu destino seja mesmo com a Raquel. As irmãs Himura são muita areia para o meu caminhão...quem sabe com a Raquel", pensou nosso indeciso amigo, enquanto Raquel mexia disfarçando nas cordas do violino.

- Tá bom, acho que posso aceitar, mas vou aceitar apenas um preço simbólico. Afinal, não sou tão bom assim.

- Mesmo?! Ai, brigada! - disse Raquel, toda feliz, abraçando o garoto. Mas ela logo o solta encabulada - Quer dizer...que bom. Quando podemos começar.

- Posso passar aqui toda manhã. Ao ar livre é melhor para não incomodar os vizinhos.

- Tá. Por mim tudo bem - aceitou Raquel.

- Combinado? - perguntou César, pedindo uma confirmação.

- Combinadíssimo - concordou Raquel, ainda meio encabulada. César também estava meio vermelho.

- Bom, então...é isso - disse ele.

- Sim. Eu...preciso ir trabalhar agora. 

- Você não estuda mais de manhã?

- Comecei a assistir as aulas à noite. É mais cansativo, mas prefiro trabalhar primeiro. Administração tá bem legal.

- Pena que desistiu da engenharia. Poderíamos ser colegas, né?

- Quem sabe a gente não faça alguma matéria em comum juntos. Tava pensando em pegar alguma optativa da engenharia de produção.

- É...quem sabe.

 Os dois ficaram em silêncio por mais um tempo, até que Raquel finalmente pegou seu estojo e partiu para o trabalho.

- Tchau, César. E obrigada.

- Tchau, Raquel. Até mais.

- Até.

 "Será que...isso pode ser mais do que apenas aula?", pensou César, "Não, não, ela não pode estar gostando de mim outra vez, ou pode? Será que pode? Ou não?"

 Pode ou não? Pode ou não? Pode ou não? César ficou com essa pergunta na cabeça o resto do dia. O que, claro, não poderia dar resultados muito bons para sua própria saúde.

"Pode ou não? Pode ou não?", pensava ele, enquanto andava distraído pelo prédio de engenharia até bater com uma pessoa não tão aleatória no meio do caminho.

- Ei, olha por onde anda - reclamou a garota, nada menos que uma baixinha espevitada conhecida como Talita (aluna de primeiro ano).

- Oh, desculpe, eu...ei, é você?

- Você?! - Talita também saltou para trás ao vê-lo. Parece que era destino dos dois se encontrarem de novo depois de fazerem dupla na corrida da cerveja. Será que eles tem algo em comum para conversar?


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Notas finais do capítulo

Desculpem o capítulo curto, mas é que hoje eu tava com preguiça de escrever. Ah, ninguém mais lê essa história mesmo. O quê? Você tá lendo? Prove. Duvido você escrever um review. Vai, esperto!
Até a próxima!



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