Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 110
Capítulo 110




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Capítulo 110 - Corrida da Cerveja

 Apesar do novo emprego de Thiago exigir presença todos os dias da semana ele tem permissão de sair mais cedo aos domingos. E domingo à tarde é uma ótima oportunidade para fazer o que não se faz no resto da semana: aproveitar alguns momentos junto com a namorada.

- Caminhar pela praia...faz tempo que não faço isso - disse Mariana, andando de mãos dadas com Thiago.

- Eu também. Essa nossa vida é bem corrida, né? - falou Thiago, aproveitando cada instante daquele passeio.

- Nós moramos perto da praia, trabalhamos anos na praia, mas raramente aproveitamos para simplesmente passear por aí. Faz muito tempo que eu não nado também...

- Se quiser podemos nadar - falou Thiago.

- Não trouxe biquini - justificou Mariana.

- É...eu também não trouxe um calção de reserva - acrescentou Thiago - Se fosse uma praia de nudismo não teríamos esse problema e...ai!

 Desnecessário dizer que foi um tapa de Mariana.

- Será que nem nessas horas você consegue parar de pensar em besteira?

- Eu só fiz um comentário...

- Não teria comentado isso se não tivesse uma mente cheia de mulher pelada.

- Não, não tem mulher pelada na minha mente...acho que elas não caberiam lá...

- Não tente disfarçar com questões filosóficas e...

- Com licença, casal - falou um jovem desconhecido, com a camiseta de uma marca de cerveja, entregando um panfleto - Apareçam para nossa corrida no próximo domingo.

- Corrida? - perguntou Thiago ao ver o folheto - O que será?

- Corrida da cerveja - viu Mariana - Nunca vi um negócio desses antes..

- Ah, é a primeira vez que estaremos promovendo esse evento - respondeu o rapaz, enquanto entregava os folhetos para outros pedestres - Qualquer dupla maior de idade pode participar. Ah, e se beber, não dirija.

- Aqui diz uma corrida de três pernas em duplas - observou Thiago ao ler o que estava escrito no folheto - Parece esquisito..

- Nunca participou de nenhuma corrida de três pernas, nem na época de colégio? - perguntou Mariana.

- Bem, até participei, mas tropecei logo no começo. Era meio desajeitado com esportes.

- Ah, tá - disse Mariana, nem um pouco espantada com a resposta - Eu também já participei algumas vezes. Até que era boa nisso, mas parece que aqui as regras são diferentes.

- Como assim?

- Bem, diz que não basta correr. Alguém da dupla também precisa passar em cada um dos postos de cerveja do percurso da corrida e tomar pelo menos uma lata.

- Estranho

- Ridículo você quer dizer. Seria uma corrida de bêbados. Essa fábrica de cervejas vagabunda deve estar quase indo à falência para tentar ganhar publicidade com uma coisa dessas! 

- Mas aqui diz que é a cerveja mais leve do mercado.

- E daí? Isso não muda o fato de ser alcoólica. Por que alguém participaria disso?

- É verdade, por que se submeter a ...cacetada!

- O que foi?

- Você...você viu o prêmio para a dupla vencedora?

 Mariana arregala os olhos após ver o valor de dez mil reais registrado no prêmio da dupla vencedora.

- Dez mil, é? Podia ser um carro...

- Ei, não desdenha não. É uma ótima grana.

- Mas vale a pena mesmo? Imagina o número de babacas que estarão participando dessa coisa!

- Pelo visto você não quer mesmo participar, né? - percebeu Thiago.

- Não acho que valha a pena - explicou Mariana.

- Bem, sendo assim, vou ter que procurar outra pessoa...

- Como é que é? Tá pensando mesmo em participar?

- Ora, é uma ótima grana! Para mim vale a pena...você deve achar pouco, já que como estagiária de engenharia conseguiria pegar uma grana dessas facilmente se economizasse, mas eu não. Até arranjar alguma coisa, uma grana a mais sempre é bom!

- Você devia procurar um estágio de verdade ao invés de perder tempo com essas bobagens - reclamou Mariana.

- Já vai jogar na minha cara que não penso no futuro, é?

- Não tô jogando nada na cara de ninguém e...e...além disso, você nem bebe!

- Eu não, mas conheço alguém que venceria essa corrida na maior moleza - disse Thiago com voz confiante.

- O quê?! Ganhar dez mil só pra encher a cara? Quando? - era Fabíola, a médica que morava na pensão (além da pessoa mais resistente à bebida que Thiago conhecia). Parece ter ficado radiante quando o rapaz contou sobre a corrida a ela naquele mesmo dia.

- Esse domingo e...na verdade a gente dividiria meio-a-meio...cinco mil pra cada um.

- Nossa, tô dentro - concordou a médica - Semana que vem, né? Vou me guardar bem para esse dia...

- Bom saber que está animada, ao contrário de certas pessoas - disse Thiago, olhando para Mariana, que respondeu o olhar com uma cara nada satisfeita.

- Então sua parceira vai ser a Fabíola? - perguntou Mariana.

- Você não fica chateada, né, Mari? - falou a médica - É uma sociedade de negócios e...

- Claro que não. Pode fazer o que quiser...não tô nem aí - disse a loirinha, saindo de cena sem falar mais nada.

- É, ela tá chateada - disse Fabíola.

- Mas ela acabou de falar que não está - argumentou Thiago.

- Ai, Thiago! Mais de um ano namorando e ainda não sacou quando uma mulher está chateada? Ela não precisa nem falar, tá chateada.

- Bah, eu faria dupla com ela, mas ela acha isso idiota. Não vou ficar insistindo.

- Relacionamentos são complicados mesmo. Ainda bem que eu tô de boa - disse Fabíola, enquanto lia alguma coisa em uma revista - E o seu trampo? Não vai pegar nada?

- Heh. Tô ligado que no domingo as irmãs Himura nem dão as caras no hotel. Vai ser fácil escapar dessa. Além disso, cinco mil são mais do que suficientes para compensar o prejuízo de uma falta no trabalho.

- Mas isso se a gente vencer, não?

- Ora, e você ainda tem dúvidas? É claro que a gente ganha! - disse Thiago, com toda a confiança do mundo.

- E posso saber por que tanta certeza?

- Ah, Fabíola, você é a pessoa que se dá melhor com bebida - respondeu o rapaz.

- Tá me chamando de bêbada, é?

- Não, não, jamais! - disse o rapaz nervoso - Apenas...forte à bebidas.

- Ah 

 Enquanto isso, Mariana deixava claro seu mau humor.

- Oi, mana - disse Renata, entrando no quarto para arrumar alguma coisa.

- Oi - disse Mariana secamente, enquanto se agarrava ao travesseiro.

- O que foi? - perguntou Renata, conhecendo bem sua irmã.

- Nada.

- Até parece. Eu te conheço desde o útero da mamãe...pode ir falando o que tá acontecendo.

- É, de você não dá pra esconder nada. É o Thiago.

- O que ele fez? 

- Está sendo um babaca de novo. Acredita que ele vai participar de uma corrida de beber cerveja?

- Corrida de quê?

- É uma corrida em duplas. Você corre a três pernas com o parceiro e vai parando nos postos do percurso para tomar latas de cerveja. A coisa mais ridícula do mundo.

- E você não quis ir com ele?

- Claro que não. Mas a Fabíola quis.

- Ela deve ter aceitado só pelo dinheiro, relaxa.

- Eu sei. Não sou ciumenta.

- Aham.

- Bem, não com a Fabíola, mas parece que ele fez isso só pra me irritar! - desabafou a loira - Ele sabe que eu detesto essas coisas, mas ele insiste em fazer. Dá pra aguentar?

- Você sabe...o Thiago tem uns gostos peculiares, né? Você sabe que é difícil mudar uma pessoa...se você gosta dele, precisa aceitá-lo como é.

- Pode até ser, mas que é difícil, é! Tsc...pois eu ainda acho que ele tá fazendo isso só de pirraça! Aposto que ele nem tá mais ligando para o prêmio, só vai estar lá pra me irritar mesmo!

- Deixa de ser exagerada. 

- E ainda meteu a Fabíola nisso, tsc. 

- Relacionamento exige alguma renúncia também, Mari - disse Renata em tom maduro - Não pode controlar a vida do Thiago. Se ele gosta de certas coisas que você não gosta, não pode mudar o gosto dele do jeito que você quer.

- É. Tem razão. Talvez seja melhor falar com ele. Quem sabe eu até participe dessa competição só pra deixar ele feliz.

- Também não exagera. Você nem bebe.

- Bem, muito de vez em quando, socialmente.

- Você que sabe.

 Mariana muda repentinamente de humor. Ela procurou Thiago com toda a boa intenção de acabar com o clima tenso.

- Thiago - chamou ela, batendo na porta aberta do quarto dele.

- Está aberta - falou ele, enquanto lia alguma história em quadrinhos.

- Err...sabe aquela história da corrida? Eu...

- Ah, sim, a Fabíola ficou super contente de ajudar - falou Thiago - Com ela do meu lado com certeza vou ganhar essa competição!

- Hã?

- Já que a minha própria namorada não quer ajudar, pelo menos os amigos ajudam, né?

- Seu...ah, quer saber? Faz o que você quiser! Não tô nem aí! - gritou Mariana, saindo do quarto e batendo a porta.

- Eu, heim? - disse Thiago indiferente.

 A loirinha voltou para o quarto espumando de raiva. Renata notou na hora.

- Não deu certo, não é?

- Eu sei que gosto dele, mas que é um idiota, é! - exclamou Mariana - Eu fui lá, na maior boa vontade, nem começo a falar e ele já solta um monte de bobagens! Grrrr! 

- Calma, mana, calma - falou Renata, tentando deixá-la mais tranquila - Com o tempo vocês superam isso..

 Nisso, Mariana olhou para Renata e teve uma ideia peculiar.

- Ei, Renata.

- Sim?

- Somos duas, não somos?

- Que papo é esse? Claro que somos duas, não?

- Então...temos total capacidade de entrar naquela corrida!

- Quê?!

- Você é mais forte com bebidas do que eu e se o problema for perder um dia de trabalho eu pago seu prejuízo. Vamos entrar nessa corrida e dar uma lição no Thiago!

- Mas você não acabou de dizer que era uma competição ridícula?

- E é. Mas agora fiquei com raiva da provocação do Thiago. Vou entrar na corrida também e acabar com essa ceninha dele.

- Não está sendo tão infantil quanto ele?

- Essa é a única linguagem que ele entende, né? Então que seja!

"Ela é mesmo uma criança", pensou Renata.

- E aí? Vai ou não vai? - perguntou Mariana.

- Tá bom, vai. Pode ser divertido.

"Heh. Thiago, você vai ver só!", pensou Mariana. Uma competição entre o casal? Será que isso vai dar certo?


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