Como viemos parar aqui? - Segunda Temporada escrita por Influenza


Capítulo 8
Aves de Rapina


Notas iniciais do capítulo

Hellooooo ♥ Aqui está o capítulo 8, gente, dessa vez focado no Fugaku e na tia Mikoto *-* Espero que gostem, gente, pois achei muito interessante escrever este capítulo (e quando vocês lerem vocês vão entender por quê :v). Vou tentar sempre postar cedo pra vocês ♥

PS: GENTE, EU LANÇAR ESSE CAPÍTULO NA MESMA SEMANA DE ESTREIA DO FILME DA ARLEQUINA É UMA COMPLETA COINCIDÊNCIA KKKKKKKKK.



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Todos aqueles túmulos, pertencentes a todas as vítimas do Massacre do Clã Uchiha, estavam agrupados num lugar específico daquele cemitério, separados de todos os outros. Cada uma das lápides tinha o símbolo do Clã gravado detalhadamente na pedra. Embora, provavelmente, essas características representassem uma homenagem ou algo semelhante, Fugaku não pôde deixar de notar o quão irônicas eram tais escolhas, levando em conta o isolamento imposto pela própria vila aos Uchiha.

Como se fossem monstros perigosos dos quais as pessoas ‘comuns’ precisavam ser protegidas.

Desde o ataque da Nove Caudas, muitos anos antes de onde Fugaku se encontrava na misteriosa linha temporal, o Clã Uchiha vinha sendo tratado como se fosse um criminoso, principalmente pelos anciões da vila. Fora isolado, injustiçado e sabotado de diversas maneiras, condenado a uma vida acorrentada por uma simples suposição de que algum membro do clã estivesse envolvido no incidente.

E saber que esse fardo os seguiu até na morte era frustrante.

Contudo, antes mesmo da frustração, ele não pôde deixar de sentir um enorme pesar ao constatar o número exorbitante de lápides que pertenciam às vítimas do genocídio. Existiam tantas, que ele sequer havia encontrado a dele ou do restante da família. Todas elas de colegas, amigos e parentes muito queridos para Fugaku.

Se, no dia anterior, o que dominou seus sentimentos foram a raiva e o ressentimento, neste dia eles deram finalmente lugar ao luto.

A única certeza que o presenteava com um leve alívio era a de que seu filho mais novo não estava entre os desígnios do seu luto.

E tal pensamento o intrigava de uma maneira incrível.

 

Por que, afinal, Sasuke fora o único que sobreviveu ao Massacre? Caso o governo da Folha houvesse realmente descoberto sobre o Golpe de Estado – como estava teorizando em sua mente desde que teve conhecimento sobre o assassinato de sua família –, Fugaku não tinha dúvidas de que mandariam alguém poderoso o suficiente para exterminar um clã inteiro, sem deixar vestígios de que algum dia ele existiu. E, naturalmente, não tolerariam falhas.

Deixar uma única pessoa viva era uma falha monstruosa.

Aquela gente não teria misericórdia de uma criança. Muito menos se ela pertencer ao clã Uchiha. Menos ainda se a criança em questão for a criança do líder que eles tanto odeiam. Assumindo que tivessem deixado Sasuke viver por livre e espontânea vontade, isso simplesmente não entrava na cabeça do Uchiha. Toda aquela situação era como um quebra-cabeça de, talvez, centenas de peças, cuja única peça fundamental, aquela que faria tudo fazer sentido, Fugaku ainda não havia encontrado.

Tinha que haver alguma explicação mais plausível para o ocorrido. Fugaku só tinha uma certeza: os anciões nunca iriam querer deixar seu filho mais novo viver. Nem por bondade, nem por piedade. Assim, mesmo que, teoricamente, Sasuke tivesse sobrevivido por mera sorte, mais cedo ou mais tarde aqueles velho decrépitos agiriam contra Sasuke.

Contra seu filho.

 

Como se ele não tivesse sofrido o suficiente.

 

Fugaku cerrou os punhos fortemente, até sentir-se ferido pelas unhas. Apesar de ter várias dúvidas quanto a esse caso, o que mais o abalava naquele momento eram suas certezas. E a maior delas era a de que, comparada à dor que sentiria no futuro, a de Sasuke seria muito mais profunda e duradoura.

“... Droga!”

Ele queria voltar no tempo. Voltar ao momento exato em que o Clã Uchiha pereceu. Assim, Fugaku poderia entender tudo o que aconteceu. Tudo ficaria tão claro: a peça principal que fazia tudo fazer sentido; o porquê de Sasuke ter sido o único a sobreviver...

E a identidade do assassino para o qual todo a sua fúria deve ser direcionada.

 

Veja bem, não é que os velhos decrépitos do Conselho não a merecessem; a eles, sempre estiveram reservados a repulsa, o desprezo, o rancor e, quase sempre, a própria fúria – os quais eles, obviamente, vão merecer até o tão esperado dia de suas mortes. Entretanto, naquele momento, ela não tinha um alvo claro. Pois os pensamentos de Fugaku automaticamente a direcionavam – e somente ela – ao autor efetivo do genocídio.

Porque foi ele quem destruiu tudo o que fora antes construído; foi ele quem aniquilou tudo o que importava para ele; e, acima de tudo, foi ele quem fez Sasuke suportar um peso nos ombros que não deveria.

Como não pode retornar no tempo e presenciar o ocorrido, a única coisa que deve fazer é transcender as areias do tempo ali mesmo. Assumindo que o Hokage – e demais detentores da informação desejada – provavelmente jamais abririam a boca, Fugaku não tem outra escolha a não ser transcender as areias do tempo através da análise e averiguação.

O Uchiha conduziria sua própria investigação particular sobre o caso. E encontraria a identidade do assassino.

Chutou uma pedra acidentalmente, e perdeu o foco devido ao barulhinho de pedra batendo em pedra. A concentração inerente aos Uchiha é incrível, não é? Enquanto caminhava por entre as lápides, e apesar de seus pensamentos estarem a mil, Fugaku nunca deixou de analisar cada nome – por mais incrível que pareça, ainda não havia encontrado o seu próprio, tamanho era o número de mortos. Todos nomes que lhe eram muito conhecidos, o que fez seu coração apertar.

Contudo, juntamente aos nomes, uma coisa marcante que lhe chamara a atenção em todos os túmulos eram as datas de morte, que obviamente sempre se repetiam. Eis aí, sua primeira pista: contando do presente, o Massacre ocorreria dali a mais ou menos uma semana.

Enquanto caminhava, sua mente estava a todo o vapor trabalhando em hipóteses sobre o que aquela data poderia implicar. Até deixou de prestar atenção nos nomes dos finados Uchiha, a fim de tentar trabalhar mais rápido, e...

E nada. Uma data não era evidência suficiente. Suspirou, decepcionado. 

Foi nesse momento que um som suspeito lhe chamou a atenção. Parecia o crocitar estranho de alguma ave desconhecida. Intrigado, parou e decidiu procurar a fonte do estranho som, e lá estava ela, repousando tranquilamente no galho de uma árvore ali perto: Uma exótica águia de penas douradas.

Fugaku tinha certeza de que não existiam águias na Vila da Folha. Principalmente águias de características tão particulares. Talvez ela tivesse se perdido. Entretanto, a ave de rapina não parecia nem um pouco perdida. A postura firme, os olhos penetrantes e a calma avassaladora com que retribuía seu olhar diziam ao Uchiha que a águia estava exatamente onde queria estar e com quem queria estar.

Além disso, como se a situação não pudesse ficar mais estranha, ela claramente trazia algo no bico. Era, certamente, algum tipo de papel, talvez até uma foto. A distância, mesmo para um Uchiha, era um empecilho para saber com exatidão o que aquele animal segurava.  E, pela maneira com a qual olhava fixamente para Fugaku, provavelmente era para ele. Talvez aquela águia fosse um tipo de pombo-correio ou algo assim.

Ao concluir que aquele era um pensamento divertido demais para alguém como ele, Fugaku desviou seu olhar de volta às lápides, na tentativa de ignorar aquela ave esquisita – que podia ser facilmente uma alucinação causada pelo seu desconforto.

Contudo, não podia estar mais surpreso ao encontrar a mesma águia dourada repousando numa lápide imediatamente à sua frente.

 

E ela permanecia olhando fixamente para ele.

 

Qual era a probabilidade de haver duas águias douradas num lugar onde, reafirmo, não existiam águias? Por reflexo, o Uchiha imediatamente direcionou o olhar para o lugar onde a ave antes repousava: não havia sequer um único traço de afirmasse que uma águia já estivera lá. A ave a sua frente, portanto, era a própria – e Fugaku não pôde deixar de noticiar a ironia no fato de que o pássaro realmente tinha um bilhete amarrado ao tornozelo direito, semelhante a um maldito pombo-correio.

Com a confirmação, Fugaku parou para analisar a estranha ave que, aparentemente e de alguma forma, tinha velocidade e discrição comparáveis às de ninjas de elite. Entretanto, seus instintos diziam que aquela ave de rapina não era uma invocação ninja, apesar de parecer entender tudo o que se passava completamente – até mais que o próprio Fugaku. As penas douradas ficavam ainda mais brilhantes e chamativas em contato com os raios de sol, embora seus olhos igualmente dourados não parecessem ter nem metade desse brilho.

Ademais, a despeito das cores chamativas, o que mais conquistou a atenção de Fugaku naquela águia foi o que ela segurava no bico: era, de fato, uma fotografia. Porém, não era uma fotografia qualquer; era um retrato de família. Sua família.

Ele, Mikoto, Itachi e Sasuke, anos antes na linha temporal. O mesmo retrato que vira na casa de Sakura. E ele não fazia ideia de como aquela ave de rapina havia o conseguido.

A águia dourada curvou-se na direção do Uchiha, e parecia, agora, impaciente. “Ela quer que eu pegue?”, indagou para si mesmo. Vendo que não havia nada a perder, pegou a foto e analisou-a. Noticiou que alguém a havia rasgado em quatro partes – uma para cada membro da família – e, depois, remendado outra vez com fita adesiva. E era somente isso. Não tinha ideia do que aquilo deveria significar – até porque poderia significar literalmente qualquer coisa –, então lançou um olhar indagador para o animal.

Porém, a ave não fez nada além de retribuir um olhar cheio de expectativas.

Derrotado, voltou a olhar para a foto rasgada. Será que aquilo era uma pegadinha? Ou será que finalmente ficou biruta? Faria sentido, levando em conta a completa ausência de sentido daquela situação. Aliás, tudo que aconteceu desde que fora trazido para o futuro não fazia sentido NENHUM. Tanto a águia, quanto a foto, poderiam ser tão somente alucinações, de tão bizarras. Aquela águia esquisita só veio para reiterar o que Fugaku já sabia: ele já estava louco de pedra.

Suspirou, casualmente virando a foto para olhar atrás, só para dizer que tentou.

Pode imaginar qual foi sua surpresa ao encontrar várias linhas e rabiscos, assim como uma rosa dos ventos, uma escala e o símbolo de uma folha, desenhados à giz de cera no verso.

Como se fosse parte de um mapa.

Com o susto, deu um passo cambaleante para trás e instintivamente levantou a cabeça, a fim de olhar para o pássaro – que, àquela altura, até poderia ser bizarramente real. Porém, ela já não estava lá. Como se a ave de rapina nunca houvesse sequer existido.

A águia dourada se fora – e junto com ela, aquele bilhete em seu pé, que Fugaku provavelmente nunca terá a oportunidade de ler.

Estava com dificuldade para chegar a uma conclusão no que diz respeito àquela águia ser uma alucinação ou não. Pensando bem, ela até parecia ser meio etérea, porém o foto havia ficado com ele. E ela parecia BEM real. Tudo era TÃO confuso; Fugaku estava quase convencido de que jamais teria uma resposta – até porque, quando retornasse ao presente, esqueceria de tudo e, se Deus quiser, voltaria ao juízo perfeito.

Contudo, logo voltou atrás na questão ao ler as palavras gravadas na lápide em que a águia dourada anteriormente jazia, pois alucinação nenhuma é tão perspicaz assim:

“Aqui jaz Fugaku Uchiha, um amado pai, líder e amigo.

Vítima do genocídio que destruiu um clã.”

~O~O~

Vendo o filho mais velho e a nora seguirem para um lugar onde ninguém os ouviria, Mikoto não pôde deixar de se perguntar o que seria tão confidencial. Estava morrendo de curiosidade. Entretanto, não tentaria ouvir por trás da porta. Caso o conteúdo daquele diálogo dissesse algum respeito a ela, Mikoto tinha confiança de que Itachi também a teria puxado para um lugar super secreto para conversar sobre segredos super secretos.

 

Mordeu o lábio. Ah, que curiosidade!

Além disso, escutar por trás da porta era com certeza o que uma “espiã corrupta” faria.

Mikoto abafou um risinho com a lembrança. Apesar de tudo, entendia o motivo de Sakura se sentir daquela forma. O instinto de proteger os filhos do mal do mundo era inerente às boas mães, e qualquer possível ameaça já as faz ficar com o pé atrás. Imagine: do nada, pessoas alegando ser a família morta de seu cônjuge vem morar na sua casa somente por alegarem ser a família morta de seu cônjuge. Mesmo com a aval do Hokage, a situação como um todo era suspeita; Hokages também sempre podem se enganar – “Afinal, Kages podem ser meio birutas às vezes.”, concluiu a Uchiha em pensamento. Teoricamente, Mikoto conseguia tentar se pôr no lugar de Sakura para entendê-la.

Embora, na prática, ela jamais poderia ter essa experiência, visto que Fugaku já teria os chutado para fora – depois de acusá-los de “espiões corruptos”, claro – antes de poder pensar em qualquer coisa.

Desta vez, Mikoto não tentou impedir a manifestação de seu divertimento, e o som de uma risada ecoou pela cozinha.

— Oh, já acabou. – Declarou surpresa, noticiando que todas as panelas já haviam sido lavadas. Estava tão imersa em pensamentos enquanto executava a tarefa de forma quase automática que não percebera. Desligou a torneira e suspirou ao olhar para a sobremesa no forno. – Minha nossa, como eu quero comer torta. E bolo. Ah, tem também dango! E também...

Sua deliciosa linha de pensamento foi interrompida quando uma sombra bloqueou 90% da luz que vinha de uma janela aberta à frente da pia.  Mikoto deu dois passos para trás com o susto, porém logo preparou-se para “chutar a bunda” de qualquer ladrão que tentasse roubar sua torta. Contudo, quando parou para tentar reconhecer o responsável, acabou percebendo que não era um ser humano.

Era um falcão.

 

E ela conhecia aquele falcão.

— Garuda? – Chamou, atordoada com a repentina surpresa. Em resposta, o falcão crocitou de forma muito familiar. – Oh, meu Deus! Não acredito que é você mesmo! – Mikoto acariciou as penas da ave de rapina, e Garuda parecia gostar disso. Ele, até mesmo, aparentava sentir falta daquele toque, visto que fechou os olhos completamente negros para aproveitar enquanto ainda podia. – Fico tão feliz que ainda esteja vivo, Garuda. Olha só como você está grande! Quase não cabe nessa janela enorme!

 

A ave piou, orgulhosa, e estufou o peito. Mikoto lembrava-se do dia em que fizera, juntamente com seu marido, um contrato de invocação com aquele falcão, o que a deixou estranhamente nostálgica – quem sabe algum efeito colateral por estar, literalmente, com a cabeça no futuro. Desde então, Garuda acompanhara cada passo que a família Uchiha dera, sejam eles grandes ou pequenos.

Itachi não era tão próximo da ave, porém Sasuke a adorava. Fugaku sempre comentava com Mikoto, enquanto estavam à sós, sobre como Sasuke parecia ter uma conexão especial com o falcão, e que ele orgulhosamente pretendia confiá-lo ao filho mais novo quando chegasse a hora. A lembrança aqueceu seu coração.

E fez a Uchiha se questionar como raios Garuda havia chegado ali.

Tentou olhar de relance para o pouco do mundo externo que o falcão não conseguia esconder, contudo mesmo assim não enxergou ninguém que pudesse tê-lo invocado. Também não sentiu o chakra de ninguém. Como Sasuke era o único membro vivo da família Uchiha, teoricamente, o contrato de sangue com Garuda teria passado para Sasuke em algum momento – seja por iniciativa dele ou do próprio falcão, devido a sua lealdade ímpar –, então por que...?

Ooooooohhhhh.

 

Hihihihi.

 

— Garuda, chega mais perto. – Sussurrou misteriosa, fazendo um gesto com as mãos para chamar a ave. A ave de rapina curvou o corpo para atender ao pedido de sua antiga dona. – Olha, vou te perguntar uma coisa muito importante, mas tem que ficar só entre nós, tá? – O falcão assentiu, e desse modo Mikoto continuou: – Foi o Sasuke que te mandou aqui, não foi?

Garuda assentiu alegremente em confirmação. E Mikoto não podia estar mais feliz. Esta era com certeza a melhor parte de estar no futuro: aproveitar o que ela sabia que a morte tiraria violentamente dela. E, para uma mãe, sumir com a possibilidade de ver o crescimento dos filhos que tanto amou era a coisa mais cruel a se fazer. A Uchiha queria saber tanto sobre seu garotinho – que, agora, já era um homem.

Um homem que vivera com o fardo de ser o único sobrevivente de um genocídio que o separou de tudo o que ele amava.

Mikoto mordeu o lábio em frustração ao realizar que fora incapaz. Incapaz de proteger seu filho mais novo de todo esse sofrimento; incapaz de, como a primeira-dama, defender seu clã; incapaz de preservar tudo o que seu marido fizera pelo clã Uchiha; e incapaz de se desculpar por tudo isso.

E, apesar de tudo o que quer saber sobre Sasuke, ‘me desculpe’ serão as primeiras palavras que dirá ao vê-lo.

Seu coração batia num ritmo firme e, ao mesmo tempo, ansioso, enquanto fechava os olhos. Ela podia sentir que seu Sasuke estava perto. Tão perto. Não sabia dizer exatamente como, mas sabia que não tinha nada a ver com chakra, uma vez que, embora parecesse perto, também parecia tão...

...

... Longe.

Como se sua presença não pudesse ser sentida nem mesmo nos atos de sua invocação.

— Garuda. – Mikoto chamou, e o falcão pendeu a cabeça de penas para um lado, curioso – Sasuke não te mandou aqui para me ver, não é? Está indo contra as ordens dele?

Garuda ficou cabisbaixo, como se fosse uma criança que fora pega no flagra no meio de uma travessura. Assim, assentiu em resposta, confirmando a teoria de Mikoto. Embora estivesse curiosíssima sobre o real motivo da ave de rapina ter sido invocado em primeiro lugar, continuou:

— Own, querido. Apesar disso, fico muito feliz que tenha vindo me ver. – Afagou as penas de Garuda carinhosamente. Mesmo que Sasuke não tivesse mandado o falcão para ela, Mikoto ficou mexida com a consideração que aquele amigo ainda tinha por ela, mesmo depois de tantos anos. A Uchiha suspirou e continuou, gentilmente: – Não sei quantos anos faz que nos separamos, mas isso não é motivo para desobedecer às ordens de Sasuke, está bem?

Garuda crocitou em resposta.

— Ele deve estar preocupado com você. – Declarou, e a ave assentiu, concordando. Porém, Garuda estava hesitante; não queria sair dali. Como se pensasse que, caso voasse para longe, nunca mais veria Mikoto de novo. A Uchiha sorriu, encorajadora. – Tenha fé, Garuda. Tenho certeza de que nos veremos de novo. Agora, vá. Sasuke está te esperando, não é?

Garuda crocitou, conformada, e abriu as grandes asas – que não cabiam na janela, diga-se de passagem –, enquanto encarava uma última vez o ser humano que secretamente via como mãe. Por fim, bateu as fortes asas – produzindo vento, que acabou passeando pela casa – e saiu voando pela manhã sem nuvens.

Mikoto riu, arrumando os cabelos negros que o vento forte desarrumara. “Espero que volte logo, Garuda”, pensou, ao encarar o horizonte no qual seu falcão desaparecera.

Logo depois, deu mais uma olhada na torta e analisou o cômodo a fim de assegurar que o vento não derrubara nada. Infelizmente ele, de fato, desorganizou alguns talheres e copos de plástico, que caíram no chão – embora não haja perdas materiais. Quando arrumou tudo, Mikoto foi checar a sala de estar, e vários retratos haviam caído devido ao vento – perto da mesinha, havia até algumas penas estranhamente douradas que devem ter sido trazidas junto à corrente de ar. Três dos porta-retratos, que continham fotos de Sakura, de Sarada e da antiga família Uchiha – sua família – caíram para trás, enquanto um maior curiosamente caiu de cara no chão.

Quando pegou o dito cujo – que continha várias fotos, sendo a que se encontrava no meio a figura adolescente de seu Sasuke – do chão, logo depois de organizar os outros três, percebeu que o vidro estava estranhamente intacto. Nem um mísero arranhão podia ser visto. Ademais, uma das fotos parecia estar simplesmente saindo de seu lugar no retrato de madeira. Aparentemente, a figura de Sasuke fazia parte de uma foto bem maior.

Deixando sua curiosidade a dominar, Mikoto puxou cuidadosamente a parte visível da fotografia, retirando-a do porta-retrato. Ao lado de Sasuke, estava uma mulher de cabelo vermelho que usava óculos; um garoto esguio de cabelo branco; e um homem ruivo enorme.

“Me pergunto quem são essas pessoas”, questiona para si mesma. Enquanto andava pela vila, no dia anterior, não notara ninguém com tais características tão marcantes. Ora, eram quase tão marcantes quanto cabelo rosa! Não passariam despercebidos de jeito nenhum. Mikoto virou a foto, a fim de verificar se tinha algum nome escrito, mas só encontrou alguns rabiscos feitos à giz de cera, assim como uma figura desenhada num ponto específico do lado esquerdo do verso.

Uma cobra.

A primeira-dama do clã Uchiha não teve tempo para avaliar o que aquela figura possivelmente significava. Sakura e Itachi desceram correndo as escadas, desesperados; quando a viram na sala de estar, rapidamente vieram em sua direção, suando e respirando com dificuldade. A angústia em seus olhos era palpável, principalmente nos da rosada, dos quais lágrimas de aflição ameaçavam cair.

Sakura e Itachi, de tão assombrados, sequer perceberam a fotografia nas mãos de Mikoto.

— Mikoto-san, pelo amor de Deus, nos ajude! – Implorou Sakura, numa voz falha e desesperada, enquanto segurava as duas mãos da sogra em apelo. O entrelaçar de mãos estava, curiosamente, movimentando-se freneticamente no ar, e, em razão disso, Mikoto noticiou que as mãos de Sakura estavam tremendo.

Tremendo, como se nunca houvesse sentido tanto medo em toda a sua vida.

— Lá... Lá em cima... Ela... – Não importava o quanto tentasse, suas cordas vocais não deixavam de falhar. – Ela...

Mikoto estava em choque perante o estado praticamente destruído em que sua nora se encontrava. Seus olhos expressavam nada além de apelo, inquietude, preocupação e, talvez, até sofrimento. A Uchiha do passado tinha até a impressão de pode ouvir os batimentos cardíacos da de olhos esmeraldas; batimentos tão rápidos quanto desesperados.

Percebendo a dificuldade da cunhada, Itachi, que tinha um estado mental minimamente mais estável naquele momento, decidiu falar em seu lugar.

E o que Mikoto ouviu foi como um balde de água fria.

 

— Sarada-chan...

“Desapareceu.”


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Notas finais do capítulo

Link do retrato que a águia deu para o Fugaku: https://images.uncyc.org/pt/thumb/c/c1/Uchiha%27s.PNG/300px-Uchiha%27s.PNG

Então, gente, o que vocês acharam deste cap.? Inicialmente, eu tinha planejado colocar neste cap. a parte do Fugaku e uma parte do Sasuke, mas eu decidi colocar a Mikoto aqui pra fazer um contraste entre os pensamentos dela e de seu marido. Ela quer, primeiramente, o perdão de Sasuke, e ele quer, primeiramente, se vingar por Sasuke. Achei interessante colocar isso aqui ^-^

Ah, a águia dourada e o falcão do Sasuke (que eu não fazia ideia que se chamava Garuda KKKKKKKKK). Podem esperar mais aparições deles ♥ Mas, enfim, o que vocês acham que essa águia quer? E de onde ela veio? Onde Sarada-chan se meteu? Me digam aí, tô curiosa pra saber o que vocês pensam hahaha.

Bem, é isso. Espero que tenham gostado, gente. Until We Meet Again The Series me espera, e eu tõ preparada pra chorar no ep. de hoje ASHSUSHAUSHUSHAUSHAU.

Beijinhos ♥



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