"Tive sorte de encontar você,

que debocha do meu jeito de ser;

De repente faz juras de amor.

Me esquenta no frio, me refresca no calor..."

Coisas de casal

Radio Táxi

—Não é brncadeira.- a voz de Connor se faz ouvir -- Eu e Sarah nos casamos...

30 Dias antes

Connor & Sarah

"Tivemos sorte de encontar o único cartório aberto em toda Chicago em pleno feriado. Quer dizer, não foi bem sorte. Desde que a ideia me passará pela cabeça, tinha pesquisado quais lugares funcionariam mesmo em um feriado. Descobri que havia um rodízio entre eles.Só precisei pegar a lista de qual iria funcionar e quando. Confesso que não havia planejado para este final de semana em especial, mas alguma coisa me impeliu a fazê-lo,especialmente depois que Sarah aceitou meu pedido. Só precisei esperá-la dormir e ligar para Claire me ajudar,ou melhor,terminar de me ajudar..

—Claire? Desculpa te acordar. Pode falar?? - questiono.

< Posso.Não estava dormindo. - responde minha irmã - O que houve? >

—Sarah aceitou meu pedido - informo - De namoro.Por hora.

< Que maravilha Connor! -festeja - Gostei dela mesmo antes de saber que tinha conquistado  o coração do meu irmãozinho!! > diz, e posso imaginar seu sorriso.

—Conseguiu fazer o que te pedi? - pergunto.

< Hum hum, fiz sim. Não foi difícil visto que tinha tudo que precisava - avisa - Você tem certeza de que é isto mesmo que quer Connor? É uma decisão muito séria.Um passo enorme. Não que eu seja contra,ao contrário.Fico feliz em saber que você vai "criar raízes", especialmente se isto significar que vai ficar aqui de vez. Já não era sem tempo de eu ter meu irmão de volta! -comemora - Mas estão juntos a tão pouco tempo. Não sei não. E se ela não aceitar? >

—Ela vai. - afirmo - Nos amamos Claire e mesmo sendo realmente pouco tempo,reconheço, não imagino minha vida sem ela! - admito - Nunca me senti assim com ninguém. Sabe, por tudo que passamos e vimos durante e dentro do casamento de nossos pais, o quanto fugi de sentimentos como este até hoje. Assim como você. -continuo - Se ela não quiser que seja agora, espero . Só preciso ter certeza,entende?

< Espera, você está pensando nisso pra já? Tipo.....>

—Amanhã,quando voltarmos - aviso e escuto um "ohhh" de assombro.

< Connor, é muito em cima. Quer dizer, está tudo pronto, toda papelada e tal. Eu só preciso ligar pro advogado e...>—a interrompo.

—Me diz que nem Joanne e muito menos nosso pai sabem de nada ,por favor! - choramingo;

< Connor, por favor, eu tenho juízo! - rebate - Ao contrário de uns e outros! - brinca e ambos rimos - Lógico que Joanne e papai não sabem de nada.- garante - Sinceramente, não entendo o por quê dessa implicância tanto de nosso pai com Sarah quanto da mãe dela com você! >

—Claire, o que há entre eles? - questiono- Algo além de uma relação profissonal?

< Honestamente, não sei te dizer. - afirma - Às vezes penso que estão juntos,tendo um caso ou sei lá o que. Em outros momentos, ...Não sei. - faz um breve intervalo - Preciso desligar. Papai acaba de chegar. Qualquer coisa me avisa. Vou estar alerta.>

—Aviso sim. Pode deixar. E Claire, muito obrigado! - agradeço.

< De nada. Foi um prazer voltar um pouco aos velhos tempos! - comenta e mais uma vez posso imaginá-la sorrindo - Senti sua falta Connor! Muito.>

—Eu também! - confesso - Vou ser mais presente Claire, eu prometo.

< Eu sei. Beijos >

—Beijos. - desligamos ao mesmo tempo. Fico sentado na varanda alguns minutos refletindo. Nunca poderia imaginar, quando decidi retornar para Chicago depois de tanto tempo, o quanto minha vida mudaria. E em apenas dois meses!

Depois do acidente envolvendo Rod, eu e Claire, aos poucos nos reaproximamos. Ultimamente, temos nos falado quase todos os dias por telefone ou mensagens. Maggie, Sarah e Natalie tinham grande parcela de culpa nisso. As três insistiam para que eu me entendesse com minha irmã e foram, aos poucos, vencendo minha resistência. O passo decisivo foi minha decisão de pedir Sarah em casamento. Ou melhor, de preparar toda documentação para o casamento no civil. Para fazer isto, precisaria de ajuda e quem melhor do que minha irmã? 

Apesar de achar uma loucura, Claire acabara por concordar em me ajudar. E a atitude de meu pai ao tentar impedir nossa relação só reforçou minha decisão. Aliás, isto tinho sido uma das poucas coisas que não mudara: minha relação com ele.

—Connor??- me viro e vejo Sarah vindo em minha direção, enrolada no lençol, ainda sonolenta. Um sorriso se forma em meu rosto. Estendo os braços convidando-a a se juntar a mim.

—O que houve? Algum problema? - questiona ,sentando a meu lado, ao ver o celular em minha mão

—Não,nada.- respondo,beijando seu ombro nu - Sarah, posso perguntar uma coisa?

—Hum hum .- concorda,deitando a cabeça em meu ombro

—Aceitaria casar comigo?? -pergunto e ergue a cabeça,arregalando os olhos, surpresa.

—Acabo de aceitar seu pedido de namoro e já está pensando em casamento? Sempre foi rápido assim doutor Rhodes?- pergunta, um riso de divertimento no rosto.

—Não,nunca. É a primeira e única vez! - digo, sorindo de volta - Sei que, talvez considere ser muito cedo, mas...-paro buscando as palavras certas a dizer - O casamento de meus pais não foi exatamente um mar de rosas. Ao contrário. Eu e Claire crescemos em meio a periodos de calmaria e tempestade, o segundo predominando, que culminaram com o suicídio de nossa mãe - respiro fundo antes de continuar - Não é desculpa, mas por conta disso, nós dois acabamos por evitar nos envolver mais seriamente com alguém, optando por relações superficiais e passageiras. Comigo funcionou até conhecer você. - digo, vendo-a corar - Agora, tudo que quero é justamente o que sempre evitei: estabilidade, rotina, calmaria..

—Tem certeza? - pergunta - Olha que, pode até não parecer, mas não sou exatamente uma pessoa fácil de lidar! Tenho meus demônios pessoais pra lidar e espantar.- diz, séria.

—Então somos dois! - afirmo - Está esquecendo do meu fã número um? - relembro-a- Entre outras coisas que ainda não sabe...

—Tipo? - me olha interrogativa.

—Tipo abandonar um amigo a própria sorte sem me preocupar se poderia ou não ajudá-lo; Preferir fugir,com a desculpa de me especializar, do que enfrentar um pai ditador;  Abandonar minha irmã sozinha nas mãos desse mesmo pai - digo - Pode escolher! - termino, encarando-a . Mas ao invés de condenação e repulsa,ou algo assim, encontro solidariedade e carinho em seu olhar.

—Acho que ganhou! - exclama, acariciando meu rosto, um sorriso doce nos lábios. Suspiro.

—Agora me diga, como posso viver sem isso? Sem esse sentimento? Sem você?- tomo seus lábios em beijo casto e apaixonado - Case comigo Sarah. - peço - Amanhã, depois, o dia que achar melhor, mas case comigo! - reitero.

—Amanhã não me parece ser uma má ideia! - brinca, me beijando de volta.

—Ótimo, então será amnhã! - afirmo, sorrindo e ela franze o cenho, sem entender - Preciso confessar uma coisa. Mais uma- ergo o dedo - Sabe quando deixou seus documento com Lilian para que os xerocasse? - pergunto e acena positivamente - Pois é, eu pedi que tirasse cópias extras dizendo que você pedira. Tirei xerox dos meus e, com a ajuda de Claire, dei entrada na papelada para o casamento civil! - finalizo vendo sua expressão ir do divertimento,passando pela surpresa, terminando em irritação - Desculpe! - peço com um sorriso amarelo.

—Connor, casamento é coisa séria, pelo menos para mim...-interrompo.

—Pra mim também, acredite! - garanto.

—Como posso acreditar se você tomou todas as providências para nosso casamento -NOSSO - sem Me consultar antes? - pergunta, ainda irritada.

—Se tivesse falado, teria concordado?- pergunto.

—Lógico que não! - afirma - Connor, estamos juntos a o quê? Um mês? Um pouco mais, talvez..Como posso pensar que esteja considerando,seriamente, a possibilidade de nos casarmos? Você mesmo acaba de afirmar que mal nos conhecemos...

—Podemos fazer isso juntos, casados! - argumento, e me olha com incredulidade - Olhe só, não precisa responder agora certo. Pode pensar - ela abre a boca para protestar mas não deixo- Apenas considere ok?  - pondero - De qualquer forma, os papeis valem por um mês, depois terei que refazer tudo de novo.

—Refazer? Como assim? - questiona..

—Não pretendo desistir Sarah. Quero que seja minha mulher,minha esposa, diante da lei, a princípio, diante de Deus depois, se quiser. Amanhã, depois, daqui a um mês, não importa. Só não me peça para desistir ou mudar de ideia. Isso não vai acontecer! - asseguro.

Ela me encara, pensativa, por um longo período, e, sem dizer nada, se aninha em meus braços, apreciando o nascer do sol.

Durante a manhã, evito tocar no assunto, aproveitando cada minuto a seu lado, temendo ser o último. Se decidisse não apenas recusar minha proposta mas também se afastar definitivamente de mim ( nada indicava que isto aconteceria ,mas como havia ficado bastante chateada, nunca se sabe!) não iria suportar. E se isso acontecesse,sabia de antemão que  teria que lutar muito para reconquistá-la. Uma coisa era certa: não pretendia desistir de nós fosse qual fosse sua resposta.

Depois do almoço, partimos para evitar o trânsito pesado. No começo, ela permaneçe calada. Ligo o rádio para quebrar o silêncio....

"...Se você jurar, eu posso até te acostumar,numa vida mais à toa;  É só você querer que tudo pode acontecer no amor de outra pessoa; Base de um descanso milenar..."

— Se eu aceitar - escuto-a dizer - E estou dizendo "se", será sob uma condição - para, voltando o rosto para mim. Reduzo a velocidade, indo para o acostamento, parando a seguir. Me ajeito no banco, ficando de frente para ela, que faz o mesmo - Nós não vamos nos encontrar excerto no hospital, até depois de minha formatura. E desta vez terá que ser pra valer.- adverte - Nada de fugidinhas ou amassos nem encontros às escondidas. Nossa relação ficará restrita apenas ao lado profissional,concorda?

Encaro-a, ponderando sua proposta. Ao ver minha indecisão, completa.

—Falta pouco tempo agora Connor. Sei que vai ser difícil tanto pra você quanto pra mim. Mas, em compensação, teremos a vida inteira pela frente!

—Sabe que esse não é um bom argumento, não sabe?- contesto - Lidamos com isso todos os dias. Sabemos o quanto a vida é frágil.

—Sei. Mas a ideia de enganar miss Goodwin, ainda mais, depois de ter nos dado um voto de confiança também não me agrada . -revela - Sem falar em nossos amigos,ou pretende contar para eles? -pergunta e nego com um gesto, fazendo-a suspirar - Já que tivemos este fim de semana maravilhoso, graças a ela e a eles, o minímo que podemos fazer em troca é atender o pedido deles não acha? - argumenta e não tenho outra opção além de concordar.

—Ok. Aceito, contanto que seja hoje então. -  negocio e ela aceita. Pego o celular e ligo para Claire dando as intruções do que deveria fazer, recolocando o carro em movimento.

Quando paro em frente ao prédio,Sarah vacila mas acabo por convecê-la. Descemos do carro entrando no cartório de mãos dadas. Lá dentro, encontramos minha irmã nos aguardando em companhia do advogado, sorridente. Seguimos para a sala do juiz onde, tendo Claire, o advogado, o irmão e a cunhada de Rod por padrinhos e dois amigos de Claire por testemunha, oficializamos nossa relação diante da lei. Saímos do prédio , junto com Claire e nossos padrinhos,direto para meu apartamento, onde comemoramos com um pequeno jantar que minha irmã providênciara.

Ao final, peço que Claire leve Sarah até seu apartamento, o que faz , não sem antes nos fazer lhe dar um relatório completo do porquê de ela não poder ficar comigo.

—Pensando bem, estão certos- pondera Claire - Se tem que ser assim, melhor começar logo do que ir adiando! -nos olha solidariamente - Só não queria estar no lugar de vocês, honestamente. Espero que esse tempo passe rápido ou sinto que terei que dar uma mãozinha pro casal, não é mesmo?- pisca nos fazendo rir - Vem cunhadinha -pega o braço de Sarah - Vamos logo antes que meu irmão esqueça tudo que prometeu , ou pior, te olhe com aquele olhar do gato de botas e coloque tudo a perder! - brinca, saindo pela porta levando consigo minha esposa!

Continua

"...E todo o sentimento que rodeia;

Foi a luz do sol,ou foi o vento que soprou;o macio dessa areia..

Eu sei lá.."