O Livro de Eileen escrita por MundodaLua


Capítulo 25
C'est la vie


Notas iniciais do capítulo

Oi oi meus queridos leitores, desculpem o atraso (culpem meus professores, eles resolveram passar tudo ao mesmo tempo :'( )



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Os primeiros meses

Nos primeiros meses foi uma grande confusão. Três pais de primeira viagem tentando entender como cuidar de um ser vivo. O mais longe que Sam chegou na vida de cuidar de alguma coisa, foi na época em que teve um relacionamento com Amélia, e ele tomou conta do cachorro. Dean, obviamente tinha mais experiência, ele ajudara o pai a cuidar do irmão mais novo. Castiel por sua vez só cuidara de um bebê uma vez, e ele quase acabara morto naquela ocasião. Eles logo se decidiram pelo revezamento.

Montaram o berço da menina em um dos quartos extras do bunker. O anjo trouxe todo o tipo de decoração verde que ele conseguiu encontrar, e isso fez o Winchester mais velho sorrir em direção ao amigo. Junto ao berço, uma cama foi colocada. Assim que fossem sair para uma caçada, o fariam em duplas, logo, um deles sempre ficaria cuidando de Eileen. No primeiro momento em que o negócio da família chamou, Sam e Castiel foram atender o caso, alguns vampiros em uma cidade de Utah. Dean ficara mais do que feliz quando ganhou no “dois ou um” seguido de um “par ou ímpar”. Naquelas primeiras semanas que ele passou sozinho com Eileen, fez questão de deixar todos os seus discos preferidos tocando. Foi com muita alegria (e o Cosmos o ajudasse se ele não jogaria aquilo na cara de Sam mais tarde) que ele constatou que o único método eficiente para fazer a menina dormir, era deixar o álbum Houses of the Holy tocando na vitrola. O mais velho se aventurou na culinária para bebês, e se saiu muito bem. Dean assistiu seus filmes favoritos de faroeste com Eileen no colo, deixaria os filmes de terror para quando ela crescesse, sabia que a menina teria um gosto natural por eles.

Quando Sam e Castiel chegaram, encontraram o mais velho debruçado sobre uma banheira cheia de água e com um bebê risonho dentro. O mais velho tinha um punhado de xampu nas mãos, agindo com tamanha delicadeza, que o anjo e o mais novo se perguntaram que tipo de milagre se operara naquele tempo em que estiveram fora. Dean sorriu, exibindo o bebê intacto, limpo e feliz, capaz de dormir em menos de um minuto quando se colocava The Rain Song para tocar. O mais velho exalava orgulho pelo bom trabalho que desempenhara, e ele não negaria se dissessem que ele estava em uma competição pela maior afeição da menina.

Tão logo a caçada chamou, Dean foi obrigado a se separar e dessa vez Castiel ficou para trás, mas não sem antes receber uma longa lista de como ele deveria agir com o bebê, seguida de um sermão vindo do mais velho, sobre como ele arrancaria cada pena de Castiel se acontecesse algo a menina. Sam observou de longe enquanto o anjo afirmava, numa voz ofendida, que ele tinha plena capacidade de cuidar de um bebê, e adicionou a isso, para a surpresa do mais novo, um “Eu venho cuidando de vocês até agora, não pode ser muito diferente”. Isso garantiu uma expressão positivamente assassina vinda de Dean, e Sam só pode achar aquela cena bizarra e hilária ao mesmo tempo.

— Vamos logo. - Ele dissera a Dean. O mais velho deu um último adeus a Eileen – Por que você não conta quantos braços e quantas pernas, só pra ter certeza quando a gente voltar. - O mais novo provocou, e Sam foi obrigado a jogar as mãos para o céu e soltar um “brincadeira”, já que o olhar assassino recaíra sobre ele.

Castiel só poderia descrever aquelas semanas que passou sozinho com Eileen, como instrutivas e tranquilas. Ele ninou a menina contando história sobre a Terra, antigos e fantásticos acontecimentos, da época em que ele ainda era um guerreiro celestial. Foi com estranha satisfação que ele percebeu, a menina nem mesmo se mexia enquanto ele falava, como se prestasse completa atenção ao que o anjo dizia.

Castiel tinha se afeiçoado a Eileen, quando ela ainda era sua antiga versão, mas não fora como a afeição que ele tinha por Dean ou por Sam. Porém, agora, lembrando dos olhos castanhos gigantes e da personalidade animada e quase infantil, sabendo que essa nova Eileen não seria muito diferente, ele soube, como ele soube naquela noite no celeiro quando ele falou com Dean pela primeira vez, que um afeto incontrolável estava nascendo, do tipo que o faria proteger a menina com a própria vida. Com isso em mente ele sorriu, e se os Winchester estivessem ali para ver, diriam, com certeza, que aquele gesto fora o mais humano que Castiel jamais demonstrara.

Quando os irmãos chegaram, Castiel estava com as pernas esticadas no sofá, brincando com a menina que ele colocara sobre seu colo. Ela dava pequenas gargalhadas ao que o anjo parecia fazer cócegas nela. Dean deu um pequeno sorriso, e uma sensação de conforto como ele nunca sentira antes se apossou de seu peito. Sam não estava muito diferente, e a perspectiva de ser o próximo a cuidar da menina só aumentou essa sensação.

Quando chegou a vez do mais novo, ele não perdeu tempo, indo logo atrás de bons livros que serviriam tanto pra entretê-lo, como para divertir Eileen. Ele pensou que Dean tinha feito alguns pontos quando descobriu que a menina apagava ao som de Led Zeppelin, e Castiel achou sua arma contando as histórias da vida dele. Mas Sam pensou que também teria que ganhar algum crédito. Ele achou uma antiga e mofada versão de O Hobbit, e começou a leitura, logo no primeiro dia que o anjo e o mais velho deixaram o bunker, e foi mais do que efetivo. Os olhinhos que normalmente já eram brilhantes pareciam ganhar nova iluminação cada vez que os nomes Gandalf ou Bilbo eram ditos.

Foi um tempo tão pacífico para Sam, sem se preocupar com muito além do que ele faria para a menina comer. O mais novo nunca achou que poderia se sentir assim, e, principalmente quando ele lia para a menina, ele teve certeza de que cuidar de Eileen foi a melhor ideia que eles tiveram. Sem nenhum fim do mundo iminente, todas as caçadas tendiam a ser fáceis, ainda mais com Cas como suporte, logo a vida deles chegou o mais perto que poderia de uma vida normal.

Quando Castiel e Dean voltaram, encontraram tanto Eileen quanto Sam adormecidos no quarto da menina, o mais novo com o livro repousando nas mãos e a bebê, em uma roupinha verde cheia de desenhos de sapos, apagada no berço. Dean, ignorando as repreensões de Cas, bateu algumas fotos daquela cena, principalmente porque Sam tinha a boca aberta e babava sobre seu ombro. Aquela fotografia fora usada diversas vezes num futuro.

15 anos depois

Dean e Sam voltavam do Arkansas, onde um grupo de demônios estava dando trabalho para os moradores de uma pequena cidade religiosa. O mais velho sentia suas costas pedindo por salvação, e pensou se Cas não poderia dar um jeito naquilo – Eu to ficando velho pra isso. - Ele falou assim que entrou na biblioteca.

— Você disse que o Bobby caçava até de cadeira de rodas. - Ele ouviu a voz de Eileen vinda de trás dele. Se virou e sorriu, acentuando as rugas recém-adquiridas. A menina tinha crescido bem. Apesar de ter continuado tão pequena quanto sua antiga versão, essa Eileen, muito provavelmente pelo treino em boxe que Dean insistiu que ela começasse a fazer aos dez anos, tinha uma composição mais forte e musculosa. O rosto era basicamente o mesmo, infantil, inocente e dotado dos mais gigantescos e brilhantes olhos castanhos. A única coisa realmente diferente eram os cabelos, que, desde o aniversário de quatorze anos, vinham sendo pintados completamente de verde escuro(o que rendeu uma boa história com Castiel, pinceis e tonalizante por todo o banheiro), e não eram mais lisos e curtos, mas sim ondulados e alcançavam a cintura da menina.

Eileen adotou um sorriso travesso, levantou-se e foi abraçar o mais velho – Como foi? - Ela perguntou, se soltando e indo até Sam. Quando Eileen completara nove anos, eles começaram a explicar para ela o que faziam e como faziam. Por esse motivo ela não reclamou quando Dean pediu que ela aprendesse uma luta, ou quando eles a ensinavam a atirar. Com doze anos a menina já sabia desenhar a maioria dos símbolos de proteção e armadilhas, e há dois anos eles começaram a levá-la nas caçadas que pareciam mais tranquilas, mas só quando era a vez de Castiel ir.

— Eles nos deram uma surra, e ai nós demos uma surra neles. - Dean disse, e Eileen sorriu.

— Como foi a escola? - Sam perguntou. Ele insistira que ela frequentasse o colégio público mais próximo. Dean entendia a lógica cdf que o irmão adotara e não argumentou a respeito, além do mais, Eileen parecia gostar.

— Um novo professor de história começou hoje. - Ela falou, e, na forma como ela disse aquelas palavras, Dean pegou algo que o fez sorrir cheio de malícia.

— Bonitão? - Ele perguntou em tom de chacota, e Eileen deu seu “olhar de Castiel”.

— Por favor Dean. – Sem pai ou papai, ela chamava cada um deles pelo nome – Ele só pareceu legal, só isso.

Nesse momento Castiel chegou, e, com chegou, pode-se entender apareceu no meio do bunker. Dean invejava o fato de que o anjo continuava tão jovem quanto sempre fora, mesmo que dez anos tenham se passado. Obviamente em algum momento eles foram obrigados a explicar para a menina porque Castiel não envelhecia como eles, foi uma longa noite de conversa onde Eileen descobriu que um de seus pais era um anjo. Castiel ainda se lembrava bem de como ela sorrira, totalmente orgulhosa de si mesma e dele.

Eileen não se assustava mais quando o anjo simplesmente aparecia, mas Sam e Dean jamais se acostumariam com isso, logo eles saltaram de susto – Cas, quantas vezes nós vamos ter que falar sobre isso? - O mais velho soltou – Na minha idade você pode me matar do coração.

— Você tem 47 anos Dean! - Eileen e Castiel disseram juntos, no mesmo tom acusador e de tediosa seriedade. O mais velho ouviu Sam gargalhar.

— Seu professor. - Dean pigarreou, tentando voltar ao assunto – Qual o nome dele? - E lá estava de volta, Eileen pensou, o mesmo sorriso de gracejo.

— Lúcio. - Ela disse apenas, e os três homens se viraram em direção a ela, em um movimento sincronizado que sobressaltou Eileen – O que foi? - Ela perguntou, achando que talvez eles tivessem ouvido alguma coisa no bunker que ela não ouvira.

— Como ele é? - Sam perguntou.

— Loiro, olho azul, alto. Não tão alto quanto você Sam, talvez da altura do Dean. - Disse, sem entender aonde eles queriam chegar.

Dean, Sam e o anjo se entreolharam, pensando se aquilo seria possível – Ele falou com você? - Foi a vez de Castiel perguntar.

— Ele falou com todo mundo, foi o primeiro dia dele. - “Mas falou de uma maneira diferente” Dean insistiu – Eu não sei, pareceu bem normal pra mim.

— Nenhum de nós aqui tem um bom padrão de normalidade. - Castiel falou, e ergueu as sobrancelhas em um gesto que queria dizer “Olha só com quem você convive”.

— Algum problema com o professor? Eu devo me preocupar? - Perguntou por fim.

— Por enquanto eu acho que não. - Sam disse, e o assunto se encerrou pelo momento.

3 anos depois

— Eileen, você vai ter que trazer o impala até aqui. - Dean disse, enquanto apoiava Castiel pelos ombros. Eles tinham ido atrás do que parecera um espírito vingativo no Wyoming, mas que acabou sendo um ceifador descontrolado. O anjo saíra ferido num embate corpo a corpo enquanto tentava proteger a menina e o mais velho, no fim ele vencera, mas não sem antes uma espada celestial acertá-lo na altura das costelas. Eileen assistiu em pânico enquanto Castiel sangrava e, ao mesmo tempo, sua graça brilhava por entre o corte.

Dean a ensinara a dirigir, e usara o próprio impala, o que, para Sam, fora mais do que prova do amor que o mais velho sentia pela menina. Naquele momento ela saiu em disparada com as chaves na mão. O mais velho não tinha estacionado o carro muito longe dali. Suas mãos tremeram enquanto ela tentava colocar a chave na ignição. Não era a primeira vez que ela via um deles machucados, mas sempre a assustava da mesma maneira.

Ela levou o carro até o anjo e ajudou Dean a colocá-lo no banco de trás. - Eu vou ficar com ele. - Disse, e sentou-se de forma a poder apoiar a cabeça de Castiel em seu colo. Ela sabia que ele se recuperaria sozinho, mas pela expressão que o anjo fazia no momento, deduziu que ele estava sentindo muita dor, e que precisaria de conforto. Com uma mão ela começou a acariciar o cabelo dele, e com a outra buscou uma das mãos do anjo, que a apertou, agradecendo baixinho. No tempo que levou até chegar ao motel no qual eles estavam hospedados, Castiel já parecia melhor.

Naquele dia, quando o anjo já estava recuperado, eles se dirigiram para uma lanchonete ali perto. Dean nunca perdeu o costume de flertar com as atendentes, e a cada ano que se passava, Eileen achava mais engraçado quando o Winchester mais velho fazia aquilo.

— Vai com calma garanhão. - Ela disse, logo depois que a mulher saiu – Ela deve ter metade da sua idade.

— De repente agora eu sou velho. - Ele soltou. Eileen  gargalhou, e então começou a observar com calma as feições daquele homem que ela tanto adorava. Ela tinha visto em fotos como Dean se parecera quando jovem. Bonito, na opinião dela, e, mesmo agora, com os cabelos se tornando brancos e as rugas que apareciam, quer ele sorrisse ou não, ele continuava bonito. Ela sorriu afetuosa, virando-se rapidamente para Castiel, que, desde que ela se entendia por gente, era o mesmo. Eileen sentiu uma onda de amor tão profunda por eles, que achou que, se Sam também estivesse ali, ela teria começado a chorar. Dean que a ensinara a dirigir, Cas que pintara ( e ainda pintava) seu cabelo e sempre trazia todas aquelas porcarias que ela gostava quando ia ao mercado. Sam que sempre que podia, comprava um livro novo para ela.

— O que foi? - Castiel perguntou, vendo que os olhos da menina brilhavam intensamente.

— Nada, só pensando no quanto eu gosto de vocês. - Ela disse, e suas bochechas se tornaram vermelhas. Um contraste, na opinião de Cas, Eileen era um grande amontoado de contrastes. Talvez por ter sido criada por três pessoas com personalidades diferentes. As vezes ela era boca suja e maliciosa como Dean, usava camisetas de bandas que o mais velho gostava e tinha uma pose de durona. Em outras vezes ela exalava aquele ar inocente e de dúvida ou grande seriedade que Castiel costumava estampar. Em outras vezes ainda, ela era como Sam, sempre sabendo a resposta para tudo, querendo pesquisar e mostrando um lado mais sentimental.

Dean e o anjo sorriram ante aquela declaração. O resto daquele dia seguiu como era típico deles. O mais velho insinuou que deixaria Eileen beber algo alcoólico, Castiel o repreendeu, dizendo que Sam não aprovaria. Eileen ressaltou como eles pareciam um casal de velhos, o que sempre fazia com que eles parassem no ato.

Voltaram para o bunker, encontrando um Sam atarefado com pesquisas. O mais novo também estava começando a ter fios brancos, mas as rugas eram mais leves se comparadas às de Dean. Sam anunciou que tinha encontrado uma boa faculdade de matemática a distância, se Eileen estivesse interessada, e ela estava. Ele sorriu, e acenou para que ela viesse ver o que era necessário para a inscrição.

Naquela noite eles fizeram uma longa sessão de filmes, mais especificamente os baseados em livros do Stephen King. Quando ela foi trocar de "O Cemitério Maldito" para "Christine", notou uma sombra de desconforto no olhar dos irmãos, e franziu o cenho, dirigindo uma expressão de questionamento para eles.

— Não gostam desse filme?

— Não é isso – Sam começou, virando-se para encarar Dean – Traz algumas lembranças. - Disse de maneira vaga. Ainda não era o momento, o mais novo pensou.

— Eu posso pular para "It" se vocês quiserem.

Os dois concordaram, agradecidos por ela não ter perguntado mais. Logo chegaria a hora em que eles teriam que contar para ela a verdade, mas no momento eles queriam apenas aproveitar a tranquilidade da situação, que parecia perfeita na modesta opinião deles.


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Notas finais do capítulo

É gente, acho que chegamos ao penúltimo capítulo. Mas eu vou deixar pra ser emocional e chorona no último, por enquanto eu só posso agradecer a quem me acompanhou até aqui, vocês são o máximo ♥ ♥



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