O Livro de Eileen escrita por MundodaLua


Capítulo 17
Viagem Inesperada


Notas iniciais do capítulo

Oi gente bonita, mais um capítulo pra vocês.
As coisas vão começar a ficar meio loucas ;D



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Enquanto voltavam para casa, o clima no impala estava além do constrangedor. Castiel e Eileen foram no banco de trás, e o anjo nem mesmo tentou disfarçar que estava encarando a menina. Todas aquelas novas informações e nenhuma resposta, Dean disse que ele saberia de tudo que precisava assim que eles chegassem ao bunker. Eileen por sua vez, não sabia o que dizer ou para onde olhar. Segurava o frasco que continha a essência de Lúcifer, que provou ter um comportamento estranho: se qualquer um dos outros rapazes a segurasse, o espectro azul se rebelava e tentava quebrar o vidro, mas uma vez que estava nas mãos de Eileen, ele parava e se tornava calmo.

— Cas, dá um tempo. - Dean começou, pelo retrovisor ele observou que o anjo olhava para a menina como se ela fosse algum animal exótico.

— Desculpe. Me desculpe. - Disse para Eileen – É só que ela ainda está emanando poder. - Virou-se para Dean – Vocês não podem ver, mas eu sim. É diferente de qualquer coisa que eu já tenha sentido.

Foi a vez de Eileen se desculpar – Eu não sei como fazer parar – Disse olhando para Castiel – Mas se for de alguma forma incomodo, não seria melhor parar e esperar que isso passe. Eu posso caminhar um pouco por ai até que toda magia tenha acabado.

— Não, não é incomodo, é só que… - A verdade é que ele não conseguiria explicar, o sentimento variava entre o espanto e a sensação de ameaça, apesar disso não era ruim, porque alguma coisa na menina o fazia ter certeza de que ela jamais agiria de maneira a feri-los.

Naquele momento a conversa cessou dentro do impala, e eles nada disseram até estarem uma vez mais no bunker. Assim que puderam descansar, todos sentados ao redor da mesa na biblioteca, eles começaram a longa narrativa sobre como conheceram Eileen. Castiel manteve uma cara de interrogação durante toda a história, mas não a interrompeu em nenhum momento. O caso do carro chamou especialmente a atenção dele, isso e a parte final da história que culminava com o novo poder da menina e o pedido de Dean para que ela os ajudasse a tirar Lúcifer de Castiel.

— Dean, eu entendo que você queria me ajudar, mas eu não estava com Lúcifer de má vontade, eu escolhi. - Ele disse por fim, seu olhar se tornou sério – Achei que eu seria mais útil desse jeito.

— Você achou que seri mais útil desse jeito? - Dean começou, a voz mostrando sinais de irritação – Cas, você faz ideia da preocupação que você causou na gente? O que te fez pensar que você precisava se aliar ao Lúcifer pra ser útil? - A princípio Castiel nada disse, ele apenas desviou os olhos de Dean e encarou o chão por alguns segundos.

— Eu pensei que talvez ele pudesse derrotar a Escuridão. - Falou por fim, voltando os olhos novamente para o mais velho – Todo mundo estava fazendo o melhor que podia, mas eu não podia fazer nada.

— Não vem com essa. - A voz de Dean se alterou ainda mais, ele sabia que em algum momento a conversa teria que chegar nisso – Nós não precisamos do Lúcifer antes, não vamos precisar dele agora. Nós temos a Eileen, ela é a chance mais certa que nós já tivemos até agora. - Enquanto o mais velho falava, sua respiração se tornou acelerada e audível. Sam e Eileen só observaram, deixando que o mais velho botasse para fora o que ele precisava dizer.

— Me desculpe Dean. - Catiel disse apenas – Mas agora eu voltei pra mesma situação de antes, eu sou completamente inútil nessa batalha.

— Eu não veria desse jeito. - A voz de Eileen fez-se ouvir, ela tinha um olhar calmo – Quero dizer, você me curou. Eu teria passado muito tempo me recuperando se não fosse por você. - Ela então olhou para os irmãos – Isso é uma carta branca pra realizar os feitiços na medida que eu quiser sem me preocupar muito. - Ela finalizou dando de ombros como se dissesse “Faz sentido não faz?”.

— Na verdade é uma ótima ideia. - Foi a vez de Sam falar – Nosso tempo de treino vai se reduzir muito. Eileen vai poder realizar a magia de forma mais potente sem se preocupar, e quem sabe assim os outros poderes sejam liberados com mais rapidez.

— Exatamente. - Eileen disse virando-se para Castiel – Eu te declaro oficialmente meu curandeiro. - Disse em gracejo e notou com alívio que o anjo esboçou um pequeno sorriso – Agora vocês me perdoem rapazes, mas com ou sem sonhos esquisitos eu preciso dormir. - Todos acenaram que sim, os irmãos também se sentiam cansados, os últimos acontecimentos ainda precisavam ser organizados na mente, e nada melhor do que um bom cochilo para pôr tudo no lugar.

Quanto a Castiel, ficou assistindo TV, que ele notara era muito diferente daquela que ele havia criado em sua cabeça quando ainda estava com Lúcifer. Tantos filmes, séries e programas diferentes. Se permitiu mais um breve sorriso, pensando que finalmente teria alguma serventia para os Winchesters.

Assim que Dean acordou ele se dirigiu para a cozinha, mas o som de conversa vindo da biblioteca capturou sua atenção. Eileen estava mostrando seu livro para Castiel, enquanto Sam tomava uma xícara de café, concentrado em seu notebook. O anjo tinha o cenho franzido enquanto a menina falava a respeito do que estava escrito em cada página. Eileen havia colocado o frasco com a essência de Lúcifer em um colar. Ela mencionou a respeito do teletransporte e leitura de mentes, e sobre como ela só conseguia fazer o último.

— Se você quiser ajuda. - Ele soltou apenas, ao que Dean entrou na biblioteca – Bom dia. - Virou-se para Dean por um instante, mas logo voltou sua atenção para Eileen uma vez mais.

— Como você faz para teletransportar? - A menina perguntou.

— Eu só me concentro no lugar para o qual eu quero ir e simplesmente acontece.

— Certo, vamos ver se funciona. - O mais velho assistiu enquanto a menina fechava os grandes olhos castanhos e agarrava o livro. Num minuto ele achou que funcionaria, mas no outro, seus olhos se arregalaram e todos que estavam ali soltaram um som de surpresa.

Aquele não era mais o bunker, na verdade não era nem mesmo um lugar fechado. Dean, Castiel, Eileen e Sam se encontravam agora em uma estrada pavimentada com paralelepípedos, de ambos os lados se viam pequenos prédios feitos de tijolos com grandes janelas. O movimento naquela rua era intenso, com várias pessoas indo e vindo, mas para o espanto do grupo, todos ali usavam roupas em estilo vitoriano, como os que eles viam em filmes que se passavam na Inglaterra no século XIX. E foi com mais espanto ainda que notaram, eles mesmos vestiam roupas nesse estilo. Os rapazes estavam usando fraques da cor preta, coletes e lenço, enquanto Eileen usava um longo vestido também negro, com detalhes em verde e um gigante laço nas costas. Para arrematar tudo, Dean usava uma cartola e Eileen um pequeno chapéu e luvas que iam até o cotovelo, ambos verde-escuro.

— Mas o que…? - A menina começou – Eu pensei em dar um pulo em Londres e acabei viajando no tempo? - Ela parecia transtornada, enquanto estendia os braços para ver melhor a roupa que usava.

— Certo – Dean começou – Ninguém entra em pânico. Eileen só precisa levar a gente de volta. - Ele olhou para a menina, sua expressão era de total perplexidade.

Eileen assentiu, e, fechando os olhos, pensou no bunker, mas nada aconteceu – Merda, merda, vamos lá, eu quero voltar pro bunker, vamos voltar pro século certo. - Aumentou o aperto nos olhos e trouxe seu livro para perto, mas assim que ela os abriu, viu que ainda estavam no mesmo lugar. Transtornada, começou a andar a ermo com os olhos novamente cerrados, até que deixou a calçada em que se encontravam. Os três rapazes notaram uma carruagem que se aproximava em direção a menina, mas antes que pudessem alertá-la ou tirá-la de lá, um homem a puxou de volta para a segurança, segundos antes dos cavalos passarem.

— Minha senhorita, não deveria andar por ai de olhos fechados. - Disse. Eileen sentiu o aperto em seu pulso, mas demorou ainda alguns segundos para abrir os olhos.

O homem que a puxara tinha a aparência típica de um cavalheiro de filmes. Os olhos tão azuis quanto os do receptáculo de Castiel, e um bigode loiro bem aparado eram as feições que mais chamavam a atenção. Tinha a postura ereta, com os ombros perfeitamente colocados, quase a maneira militar. Ele trazia um pequeno sorriso de alívio nos lábios, e carregava um jornal sob o braço.

— Obrigada. - Eileen disse apenas, ao que livrou seu pulso do aperto. Logo os outros três apareceram.

— Você ‘tá bem? - Dean perguntou, a menina confirmou com a cabeça.

— Senhor, poderia nos dizer que ano é esse? - Sam peguntou, vendo que o homem adotou uma expressão confusa antes de responder.

— 1890, mas por que pergunta?

Sem responder o grupo apenas se entreolhou, não era possível dizer qual deles parecia mais atônito. A respiração de Eileen começou a se tornar pesada, e parecia que ela começaria a hiperventilar. A mão que não segurava o livro foi direto para a sua testa, ela não podia acreditar no que fizera.

— Está tudo bem? - O homem perguntou. Era como se ele tivesse acabado de anunciar o fim do mundo, e não simplesmente dito qual era aquele ano.

— Não, não está nada bem. - Eileen respondeu – Eu preciso de água, e sair dessa multidão.

— Se vocês quiserem, eu posso levá-los até meu apartamento, lá a senhorita pode tomar sua água. Se tem algo que aflige vocês eu tenho certeza que ficarão perfeitamente seguros lá, e estou certo que meu colega não se oporá a presença de vocês cavalheiros.

Todos concordaram, e o gentil rapaz estendeu a mão para Castiel em primeiro lugar dizendo – É um prazer conhecê-los, eu me chamo John Watson. - O anjo retribuiu o aperto, seguido por Dean.

Eileen virou-se abruptamente para Sam, e ambos se encararam por alguns segundos parecendo ainda mais pasmados. Castiel e Dean não entenderam a princípio, mas logo o mais velho se lembrou dos filmes, e Castiel acessou o vasto acervo de livros que Metatron havia passado para ele. Foi com mãos trêmulas que Sam cumprimentou o homem. Assim que ele se virou para cumprimentar Eileen, ela tinha uma expressão que ia além do espanto.

— Você com certeza não está bem. - Watson começou – Vejam, eu sou médico, se a senhorita não está se sentindo bem seria um imenso prazer ajudá-la.

— Você é John Watson? - Ela perguntou incrédula.

— A senhorita já pode ter ouvido falar de mim por alguma história publicada nos jornais, foram poucas, mas eu devo admitir fizeram grande sucesso. - Eileen sentiu vontade de gargalhar, mas se conteve, e com toda a sobriedade que conseguiu reunir, ela disse o próprio nome, e que também era um prazer conhecê-lo. 

Watson ofereceu o braço para Eileen, que, relutante, aceitou. Ela mal poderia acreditar, estava na presença de John Watson, um de seus personagens mais queridos. Olhou para trás, e por um momento Dean achou que ela e Sam começariam a gritar e dar pulinhos. Naquela estranha confusão na qual caíram, estavam prestes a conhecer Sherlock Holmes.


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Notas finais do capítulo

Eu não pensei em nenhum ator quando eu estava escrevendo, mas vocês podem se sentir livres para imaginá-lo como qualquer um dos atores que já tenham interpretado o Watson. Eu pensei em deixar esse, e o próximo capítulo que segue como um daqueles episódios de Doctor Who em que eles viajam e acabam conhecendo algum escritor famoso, porque em geral esses são meus episódios favoritos da série. Eu não vou colocar no início Supernatural e Sherlock Holmes, já que só vão ter uns dois capítulos com eles, não acho que é necessário. Espero que tenham gostado e até a próxima :D