O Livro de Eileen escrita por MundodaLua


Capítulo 15
Uma Chance de Salvar Castiel


Notas iniciais do capítulo

Hei coisas lindas, mais um capítulo para vocês, me desculpem qualquer erro
Boa leitura :D



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Quando voltaram ao bunker encontraram Eileen adormecida no sofá, a TV ligada mostrando as cenas finais de “A Mosca”, Veronica ainda apontava a arma para o que algum dia fora seu amado Seth Brundle, agora transmutado em algo entre o humano, máquina e inseto. O mais velho saudou em silêncio a escolha do filme, e foi até a menina para acordá-la.

— Oi! - Ela começou assim que despertou de seu sono leve – O filme já acabou? - Perguntou tentando ver além de Dean que parara na frente da tela. Para sua frustração, viu que os créditos já rolavam – Como foi com o Crowley, o que ele queria?

O mais velho hesitou, por alguma razão era difícil mentir para Eileen, talvez pela cara de expectativa que ele fazia naquele momento, talvez pela nova informação que a tradução daquele texto lhe dera. Não poderia revelar a verdade porque não sabia até que ponto isso abalaria a mente da menina, se ela continuaria a ajudá-los ou não se soubesse da história que aquele texto contava.

— Ele não conseguiu traduzir. - Começou Dean, mostrando a cópia original que Crowley jogara para ele, tentando simular a melhor cara de desapontamento que conseguiu – Aparentemente ele não sabia enochiano suficiente pra entender o que estava escrito aqui. - Se culpou ainda mais quando viu a expressão decepcionada que surgiu no rosto de Eileen, mas as consequências de se contar a verdade não poderiam ser ignoradas – Vamos lá na cozinha, Sam arrumou tudo pra gente comer, ai você aproveita e conta as novidades sobre o livro. - Eileen acenou que sim.

Entre uma mordida e outra no x-bacon que Dean trouxera para ela, a menina começou a contar quais eram as novidades sobre seus poderes – Dessa vez tem uma explicação de como a magia funciona. Acho que o pequeno susto que nós levamos quando eu fiz o feitiço sem querer, na primeira vez, fez com que o livro se preocupasse em me explicar. – Começou, a boca ainda meio cheia – Esse novo poder, segundo o livro, funciona para expurgar "presenças malignas".

— Tipo exorcizar? - Sam perguntou, tentava garfar um pedaço de alface no seu pote de salada.

— É, só que de uma forma mais ampla, não só demônios. E eu consigo absorver essa natureza do mal, pelo menos é o que diz no livro. Maldições, demônios, feitiços com intenções nocivas, eu consigo trazer pra mim, e se eu quiser eu posso passar pra outras coisas e ou pessoas. - Pontou a frase com mais uma faminta mordida em seu lanche.

Sam e Dean se entreolharam, os olhos do mais velho denotavam a conclusão a qual ele chegara com aquela nova informação, e o mais novo não demorou nem um segundo para entender as ideias do irmão. Se aquele novo feitiço servia para exorcizar presenças ou essências malignas, talvez servisse para salvar Cas de Lúcifer. Mas com um olhar mais significativo, Sam tentou dizer que era melhor se acalmar. Aquela magia era nova, se, de repente, eles quisessem que Eileen tirasse o anjo caído mais famoso de dentro do amigo deles, sem qualquer prática ou treino, ela provavelmente passaria mais longos dias no hospital, ou, no pior caso ela poderia nem mesmo resistir.

Mas Dean pareceu não aceitar a repreenda do irmão. Aquela era a primeira chance que aparecia em muito tempo de poder salvar Cas, eles não poderiam se dar ao luxo de semanas de prática em casos. Diferente de Amara, que, por enquanto, estava fora da briga se recuperando, Lúcifer estava a solta fazendo sabe-se lá o que, vestindo Cas. Eileen com certeza aceitaria se ele pedisse, e depois de tanto repetir o primeiro feitiço, ele imaginava que ela já ganhara alguma resistência extra.

— Eileen… - Começou, mas foi logo interrompido por Sam.

— Dean, eu preciso falar com você. - Disse de forma abrupta, fazendo com que Eileen o olhasse espantada.

— ‘Tá tudo bem Sam? - Ela perguntou.

— Sim, eu só preciso conversar com o Dean… Nós já voltamos pra conversar melhor sobre esse novo poder. - Disse, fazendo um gesto com a cabeça, indicando que o mais velho deveria segui-lo.

Assim que os dois deixaram a cozinha, o mais novo começou em voz baixa – Você não quer mesmo que ela faça isso né? Salvar o Cas, sem qualquer preparo?

— Você viu o que ela tem feito, ela é forte Sam. Isso pode resolver um dos problemas da lista. - Disse determinado.

— Eu não estou dizendo que ela não pode, no futuro, fazer isso. Mas agora, Dean? Pensa bem, você quer ver a Eileen de novo naquele mesmo estado em que ela ficou, quando me salvou da Inanna? - Seu tom era grave e preocupado, a mera lembrança da menina no hospital trouxe algo de tristeza na mente do rapaz. E ele percebeu que Dean esmoreceu ante a lembrança dos primeiros dias em que Eileen permanecera entre a vida e a morte.

— Não, é claro que não. - O mais velho começou – Mas quanto tempo vai levar até que ela se sinta segura pra realizar o feitiço? E se até lá acontecer alguma coisa?

— Por que vocês não param de sussurrar pelos cantos, e me contam logo o que vocês querem que eu faça, e eu decido se vou ajudar ou não? - A voz da menina fez com que os dois pulassem de susto. Eileen os seguira assim que eles deixaram a cozinha, e ouvira parcialmente a conversa.

Os dois a olharam de maneira culpada, a menina estava encolhida num canto e parecia triste. Achava que eles já confiavam o suficiente nela, mas viu que estava enganada. Bastou que algum assunto interno surgisse para que eles a deixassem no escuro. As expressões tristes foram substituídas por desgosto, passou por eles, que nada disseram, e seguiu em direção a biblioteca. Alguns segundos depois os irmãos apareceram e, quando Eileen viu que Sam começaria com alguma desculpa, ela se adiantou:

— Me poupe Sam. - Disse áspera, o rapaz se calou – Se toda vez que vocês resolverem discutir alguma coisa que me envolve, vocês não me chamarem pra discutir junto, nossa relação vai ficar bem complicada. Nesse ponto vocês já deveriam confiar na minha amizade, e na minha lealdade com vocês, e, se mesmo assim, vocês ainda preferem se esconder por ai e sussurrar pra que eu não ouça, eu não sei mais o que eu posso fazer pra convencer vocês de que eu realmente quero ajudar.

— Não é que nós não confiamos em você… - Começou Sam.

— É só que o que nós queremos te pedir é algo muito arriscado. - Dean completou.

— Mais arriscado do que lutar contra a própria escuridão? - Ela perguntou exaltada – Nada pode ser mais arriscado que isso, e, mesmo assim, ai estão vocês relutando em me contar a verdade. - Os olhos de Eileen começaram a marejar, mas nenhuma lágrima desceu.

Os irmãos se entreolharam, sentindo a culpa crescer ainda mais. Sentaram-se próximos de onde a menina estava, os grandes olhos castanhos se tornaram vermelhos e brilhantes pelas lágrimas que seguravam. Dean colocou a mão sobre o ombro da menina – Desculpa. - Começou – Nós vamos te contar tudo e deixar que você decida.

Começaram então o longo relato a respeito do amigo anjo. Por certo Eileen já não se surpreendia mais, pelo menos não muito. Ouviu toda a história de Castiel, e sobre como, em um último ato de desespero, ele aceitara servir a Lúcifer, para que este quem sabe pudesse derrotar a Escuridão. Sentiu o peso da tristeza no olhar do mais velho, cuja amizade com o anjo era fortalecida pelo laço formado quando ele fora tirado do inferno. Fora naquele momento, quando Dean pareceu mais desanimado, que Eileen decidiu que ajudaria, mesmo que isso lhe custasse mais semanas no hospital.

— Tudo bem, eu faço. - Disse por fim, fazendo com que os irmãos a olhassem com certo espanto ante a certeza na voz da menina – Se ele é um amigo tão importante, vocês não deveriam ter relutado em me pedir. Essa magia serve pra isso, e, se ele é mesmo um anjo, e salvou vocês tantas vezes, eu espero que quando eu cair quase morrendo, o que, com certeza, vai acontecer, ele possa me curar como curou vocês.

— Eu não tinha pensado nisso. - Dean disse, o cenho franzido, pensando pela primeira vez que o amigo de fato poderia curá-la se alguma coisa acontecesse.

— Isso é por que vocês são muito estúpidos. - Disse com um meio sorriso – Mas, como, mesmo assim, eu não quero nenhuma surpresa na hora de realizar esse feitiço, eu quero fazer ele pelo menos uma vez antes, só pra sentir como funciona.

— É justo. - Dean começou – Nós podemos pedir pro Crowley trazer um dos demônios dele pra servir de cobaia.

— Eu não quero machucar ninguém… - Eileen disse, olhando séria para o mais velho.

— Pensa que você vai salvar um humano, e não machucar um demônio.

— Certo, mas você acha mesmo que ele vai entregar um dos próprios demônios?

— Eu tenho certeza que vai. - Dean disse por fim – Mas antes que preciso de, pelo menos, quatro horas de sono. - O mais velho sentiu um alívio que há muito não experimentava, um dos problemas logo estaria resolvido e seu amigo estaria de volta. Ele se daria ao luxo de dormir tranquilamente,como não fazia há muito tempo, e no outro dia conversaria com Crowley.

No fim das contas Dean estava certo, Crowley aceitou que eles usassem um dos seus para que Eileen praticasse. Ele também queria ver Lúcifer fora do jogo, pagando por toda a humilhação que o fizera passar. Além disso o demônio teria uma oportunidade de ver a Eileen em ação. Sendo assim escolheu algum de seus muito demônios inferiores, a pedido expresso da menina, pegou um cujo o humano ainda estivesse vivo. O prenderam na armadilha escondida atrás da sala de arquivos no bunker.

Pela segunda vez, Crowley e Eileen se encontraram, enquanto a menina olhava de forma séria para o demônio que se debatia na cadeira no centro da armadilha, o rei do inferno olhava atentamente para a garota. Algo nela havia mudado desde a última vez em que eles se viram, nada físico, mas na própria essência. Ela estava começando a se transformar em algo que Crowley tinha certeza, teria um imenso poder. Sam e Dean também olhavam para a menina, que empunhava seu livro, e parecia tomar coragem para fazer o que tinha que fazer.

— Vamos lá docinho, algum de nós aqui não tem a vida toda pela frente. - Soltou Crowley, ao que Eileen olhou de forma ainda mais grave.

— Certo - Ela começou, virando em direção ao demônio preso na cadeira – Eu vou salvar um humano. - Disse em voz alta, mais para si mesma – Salvar um humano. - Repetiu, sentindo a boca secar. Ela era obrigada a admitir que sentia um pouco de medo do efeito que realizar aquela magia teria, mas um rápido olhar em direção a Dean a fez se sentir segura de novo, ela ajudaria seus amigos e isso era o mais importante. Quando os ouvira falar sobre Castiel, sentiu a intensidade da amizade que eles compartilhavam, algo que ela nunca teve, nem mesmo com os antigos amigos da faculdade. Desejava agora, poder conhecer o anjo, e se isso significava ter que tirar o próprio Lúcifer do caminho, que o cosmos a ajudasse, ela sem dúvidas o faria. Voltou seus olhos em direção ao livro e leu – Livahnoun.

Assim que proferiu a palavra, o fogo verde em suas mãos brilhou mais uma vez, e mesmo que ela estivesse coberta por uma luva de couro preta que a menina ganhara de Dean naquela manhã, ainda sim era possível vê-lo criptar por sobre o tecido. Mas coisas diferentes começaram a acontecer. Os olhos da menina se tornaram completamente negros, como os dos demônios, ela estendeu a mão em direção a figura sentada na cadeira, e era como se Eileen não estivesse no controle do próprio corpo. O demônio, que até então vinha fazendo um estardalhaço, tentando se soltar, de súbito parou, e sua boca foi se abrindo, enquanto os olhos se fechavam.

No instante que se seguiu, o fogo na mão de Eileen adentrou o corpo do demônio. Mais uma vez ele começou a se debater, como se sua essência demoníaca estivesse lutando contra a magia da menina, luta que se provou inútil, logo uma fumaça negra deixou o corpo do rapaz, e seguiu seu caminho em direção a mão direita da menina. Sam havia preparado um pequeno frasco com uma armadilha de demônio desenhada, estava em uma mesa ao lado de Eileen. Com a fumaça ainda em mãos ele deixou seu livro sobre a mesa e pegou o recipiente de vidro – Diath – Disse por fim, e a fumaça começou a adentrar o frasco, até que deixou completamente a mão da menina.

Assim que o feitiço se completou, Eileen sentiu seu corpo ceder, e antes que qualquer um dos três homens pudesse apará-la, ela caiu. Eileen achou que fosse desmaiar, mas a dor que se formou em seu quadril assim que ele atingiu o chão a manteve acordada. Foi Crowley quem primeiro chegou até ela, o demônio estava admirado com o que vira, jamais em sua vida sentira tal poder emanando de uma magia.

— Isso foi incrível. - Disse enquanto ajudava a menina a se apoiar na mesa, mas logo Dean também veio de encontro a ela, enquanto Sam foi até o rapaz desacordado na cadeira.

— Ele ‘tá bem? - Eileen perguntou em um sussurro rouco, a garganta estava completamente seca, e a cabeça começava a doer. Sam verificou o pulso do rapaz e sinalizou que sim quando sentiu que ele ainda estava vivo.

— E você – Dean começou – Está bem? - Perguntou, afastando Crowley.

— Sim, eu só preciso de um pouco de água. - O mais velho assentiu e foi em busca da água na cozinha.

— Foi simplesmente fantástico. - O demônio continuou, e Eileen se permitiu sorrir ao notar a sinceridade daquele espanto. Imaginava que não fossem muitas as vezes em que Crowley ficava realmente admirado com alguma coisa. Ele por sua vez estava ansioso por ter outra oportunidade de presenciar os poderes da menina.

Logo Dean voltou trazendo o copo com água. Ele a ajudou a voltar até a sala e deixou Sam e Crowley encarregados de soltar o rapaz e descobrir quem ele era. Embora o demônio tenha insistido em ficar para conversar mais com Eileen, esta prometeu que assim que se sentisse melhor, mesmo que Dean não tenha concordado totalmente com isso, conversaria o quando ele quisesse. Sendo assim, ele desapareceu, enquanto o mais novo cuidou de Adam, o pobre ex possuído a voltar para casa.

— Ele não é tão mal quanto parece. - A menina disse, se referindo a Crowley, e o mais velho sorriu.

— Obrigado. - Dean soltou, e Eileen o encarou confusa – Por aceitar fazer isso, significa muito pra mim.

— É por isso que eu aceitei fazer. - Ela também sorriu. Momentos assim, para o mais velho, eram raros, mas com a menina eles tinham se tornado frequentes – Afinal, é o que dizem, amigos são pra essas coisas. - Completou, e o semblante de Dean se tornou suave – O Castiel, como ele é?

— Estranho – O Wichester mais velho começou, voltando a sorrir – Meio lento com as referências, estava mais pro Pink do que pro Cérebro. - Eileen soltou um riso baixo – Mas com o tempo a gente foi se acostumando, e ele também.

— Eu me perguntou… - Eileen soltou, fazendo com que Dean a olhasse confuso – Eu me perguntou o que há nos Wichesters que faz com que você sinta vontade de protegê-los. - Um terno sorriso surgiu nos lábios da menina. E dessa vez foi ela quem começou um abraço – Eu vou trazer ele de volta, eu estou curiosa pra conhecer o anjo. - Disse por fim.

Eles passaram o resto daquele dia conjecturando como fariam para atrair Lúcifer, e enquanto Sam e Dean preparavam uma ou outra coisa necessária para realizar um feitiço de invocação, Crowley teve sua chance de conversar com Eileen, e por mais incrível que pudesse ter parecido para os irmãos, ele estava genuinamente curioso a respeito da garota, e em nenhum momento eles ouviram o demônio agir como normalmente o fazia, ele deixou até mesmo que Eileen lesse seus pensamentos, ao que a menina descobriu que o maior medo dele era voltar a ser o animal de estimação de Lúcifer.

Naquela noite eles não dormiram, assim que Crowley se foi, sentaram no sofá e assistiram a uma seção de filmes antigos de ficção científica, e naquele momento eles quase pareciam pessoas normais, entretidos em assistir A Noiva de Frankenstein, e logo em seguida O Monstro de Mil Olhos. E embora Eileen ainda parecesse abatida, com os olhos fundos e um aspecto geral cansado, Dean confiava que ela daria conta de salvar Castiel.


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Notas finais do capítulo

Isso é tudo pessoal, até semana que vem ♥



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