1 ano depois...

Pov Bonnie

Um ano. Um ano se passou e Kai... Kai não me respondeu aquela carta. Se eu fiquei triste? Eu entrei em desespero. Kai estava em uma guerra, as chances de morrer eram... eram totalmente possíveis. Se eu superei? Não. Sabe, o amor da minha vida morreu e... e você não pode imaginar a dor que sinto por todo esse tempo. Kai tinha que viver para me tirar daqui, Kai tinha que me salvar, ele não devia ter ido pra lá, ele não devia nem ter saído do orfanato eu... eu me sinto tão culpada por tudo isso.

Eu me encontrava agora em meu quarto. Se fiquei melhor? Eu estava muito bem fisicamente. Se Charles cumpriu o que disse? Cumpriu sim. Charles estava tentando ter um filho comigo. Se eu aceito isso? Não. Desde que melhorei, pedi para Jacque pegar ervas que me fariam infértil enquanto eu as tomasse.

Jacque: senhora?- falou batendo na porta.

Bonnie: sim?

Jacque: hora do chá.

Bonnie: entre Jacque- ela entrou com uma bandeja em mãos.

Jacque: acho bom tomar esse chá- sorri.

Ela pôs a bandeja na mesinha ao lado da cama e me deu a xicara. O gosto não era agradável, mas era bom por me fazer infértil.

Jacque: deseja mais alguma coisa?

Bonnie: poderia me trazer algo para tirar esse gosto horrível?- fiz uma careta e ela riu.

Jacque: eu já trago- ela levou a bandeja com a xícara.

Eu voltei a ler meu livro. Após um tempo Jacque trouxe um pedaço de torta de amora. Eu comi e Jacque levou a bandeja com o prato. Passou-se mais algum tempo antes de Charles entrar pelas portas de nosso quarto.

Charles: ora, ora, ora. Olá minha linda esposa- sorriu e eu continuei com a mesma expressão.

Bonnie: chegou cedo- fechei o livro.

Charles: não precisaram mais de mim- sentou-se na cama e começou a tirar os sapatos- e então, como estão as regras?

Bonnie: ainda não vieram- ele sorriu. isso significava uma grande vitória para ele e uma derrota para mim.

Charles: bom, acho que teremos de nos certificar de que ela não venha- ele subiu na cama e começou a beijar meu rosto.

Eu não lutei desta vez, acho que lutar seria bem pior.

**

Charles dormia profundamente. Acho que estava perto de amanhecer, já que o sol já começava a mostrar seus primeiros raios. Eu não consegui dormir. Charles tinha razão, eu nem parei para pensar em minhas regras. Elas não vieram e... e elas não costumam atrasar. Não! Eu não podia engravidar de Charles Everson! E se eu estivesse gravida? Eu não poderia acabar com a vida de um ser tão pequeno e indefeso.

Levantei da cama e me dirigi ao banheiro. Tomei um bom banho. Todas as vezes que Charles me tocava eu me sentia impura, e eu me sentia melhor quando tomava um bom banho. Era como uma criança que passou o dia brincando na lama e enfim tomou um banho. Me enxuguei, me vesti e saí do quarto. Fui até a biblioteca e sentei na poltrona.

Ali era um dos meus portos seguros. Na biblioteca eu me sentia bem melhor. Peguei um dos muitos livros que estavam em cima da grande mesa e comecei a lê-lo.

Eu nem percebi que o sol já havia nascido e brilhava forte lá fora. Só vim retornar a realidade quando bateram na porta.

Bonnie: sim?

Jacque: senhora, tem um homem lá em baixo- meu coração acelerou.

Bonnie: como?- falei abrindo a porta.

Jacque: um soldado. Um soldado a espera lá em baixo- meu coração acelerou ainda mais.

Descemos as escadas e eu fui até a sala de estar. Um homem fardado estava sentado no sofá. Será que... que era Kai? O homem se levantou e meu coração dessa vez apertou-se. Não era Kai. Claro que não Bonnie, Kai morreu! Aceita isso.

Soldado: senhora Everson?

Bonnie: sim, sou eu- me doía admitir isso.

Soldado: seu marido se encontra?

Bonnie: sim, ele... ele está dormindo.

Soldado: poderia chama-lo? É importante!

Bonnie: cla-claro- sorri- só um minuto, sim?

Soldado: sim senhora- sorriu.

Subi as escadas e fui até o nosso quarto. Entrei e Charles roncava muito. Será que iriam leva-lo? Será que Stefan me ajudou nisso? Ou... ou Charles estaria sendo convocado para a tal guerra?

Bonnie: Charles?- falei mexendo-o- Charles?

Charles: hum...

Bonnie: acorde Charles- ele abriu os olhos.

Charles: o que você quer?- perguntou zangado.

Bonnie: um soldado deseja falar-vos.

Charles: um soldado?- assenti- que merda Bonnie! Por que não disse que... que eu viajei?

Bonnie: depois quem iria se ferrar era você, e se ele decidisse comprovar?

Charles: diga que já vou- assenti.

Saí do quarto e fui até a sala de estar. Avisei ao soldado e enquanto ele esperava pedi para Jacque preparar um café para ele. Ele já havia terminado quando Charles desceu.

Charles: estou aqui- o soldado se levantou.

Soldado: senhor Everson, o senhor está sendo convocado para a guerra- eu quase sorri com isso.

Charles: como assim? Eu... eu tenho minha esposa e... e ela está gravida- quase desmenti.

Soldado: sinto muito senhor Everson, mas será preciso.

Bonnie: tudo bem querido. É preciso- olhei para Jacque e ela tapava um riso.

Charles: mas... e você meu amor?

Bonnie: sei me cuidar Charles. Aliás, eles precisam de você- olhei para o soldado- não é?

Soldado: sim, nós precisamos.

Charles me lançou um olhar com um pouco de ira e enfim cedeu. Ele saiu com o soldado, mas antes de sair pediu um momento a sós comigo. Assim que estávamos a sós ele segurou minh garganta com força.

Charles: escuta aqui vadia, eu vou voltar e quando eu voltar você vai desejar nunca ter me enfrentado assim ouviu? Aliás, não fuja, vai ser bem pior pra você- e me largou.

Bonnie: você... você é... é um monstro- falei recuperando o ar e pondo a mão na garganta.

Charles: vou sentir saudades- sorriu maleficamente e enfim saiu.

Ouvi quando o carro já estava longe. Jacque veio até mim e me ajudou a sentar na poltrona.

Jacque: ah senhora, o que ele fez?

Bonnie: não se preocupe Jacque- falei passando a mão em meu pescoço, que estava dolorido- ele não me fará mais mal algum.

Jacque: que Deus faça justiça- assenti.

Fui para meu quarto e deitei na cama. Charles não voltaria mais. Ele iria morrer naquele campo e tudo que um dia fez comigo será vingado. E quanto a Kai... eu vou sentir falta dele mas... mas preciso superar.