Cronômetro escrita por KarenAC


Capítulo 6
Capítulo 6 - Segredos


Notas iniciais do capítulo

Calma! Não chorem!
Não roam as unhas!
Tá aqui o capítulo novo ♥



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Batidas surdas. Pancadas altas. Estouros. Tremores.

Adrien sentiu os olhos saltarem despertos, e por um segundo achou que as sensações eram de um sonho, mas quando correu até a janela, viu ondas altas invadindo as ruas em meio aos prédios. Ele atirou a cabeça em direção ao céu. Nenhuma nuvem, nada de chuva. O sol da manhã brilhava forte. Não era uma enchente. Era um akuma.

"Plagg, nós precisamos ir!" Adrien gritou, correndo em direção a cama onde o kwami ainda dormia.

"Não precisamos não, precisamos dormir e..." Adrien franziu a testa. Kwami preguiçoso "Plagg, mostrar as garras!" o kwami mal acordara, mas havia coisas mais importantes a serem feitas naquele momento. E após um brilho verde vibrante, Adrien virava Chat Noir.

Pulou para fora da janela, impulsionando-se com o bastão por cima dos prédios de Paris, procurando a fonte da água. Instintivamente, seu olhar também procurava uma sombra vermelha sobrevoando as construções da cidade. Poucos minutos depois, alcançava o centro da confusão.

Um homem alto estava em pé em um redemoinho de água, sobre o Rio Senna. Suas mãos sacudiam no ar como se regesse uma orquestra, mas ao invés de instrumentos quem lhe obedecia eram ondas altas e perigosa tomando conta da cidade. Gargalhadas cortavam o ar, volta e meia sendo abafadas pelo som das explosões aquáticas contra as paredes dos prédios.

Chat Noir olhou em volta. Nada da Ladybug. Ele teria que, pelo menos, distrair o vilão até que ela chegasse para purificar o akuma.

"Hey! Me disseram que o mar tá pra peixe hoje!" Chat Noir estava sobre um poste, equilibrando-se como um gato sobre os pés.

"Me dê seu Miraculous, Chat Noir! Ou eu, Maremarvin, vou inundar toda a cidade e afogar cada uma das pessoas que mora aqui!" o vilão ameaçava, mostrando com um gesto das mãos o estrago que já havia causado. As pessoas que haviam conseguido fugir estavam sobre os telhados das próprias casas, mas se a maré continuasse subindo, elas logo também seriam levadas.

"Nossa, que irritação! Alguém dormiu com o pé molhado essa noite!" Chat fazia graça tentando chamar a atenção de Maremarvin, enquanto percorria o topo dos prédios com a visão periférica, procurando Ladybug.

"Essas pessoas não merecem viver! Elas sujam a cidade dia e noite com o lixo que produzem! E sabe onde isso tudo vai parar? Ali!" Maremarvin apontava para o Rio Senna "E sabe quanto tempo demora pra limpar as bombas e manter a cidade protegida das enchentes? Muito tempo!" o vilão gesticulava visivelmente irritado, mas Chat Noir estava satisfeito que enquanto ele falasse, esqueceria de subir a maré para o meio das construções.

"Mas então você está preocupado com a cidade! Inundando tudo você é quem está causando o mal, e não mais essas pessoas." ele respirou fundo "Vamos, Ladybug, onde você está?" Chat Noir falou para si mesmo, entre dentes que sorriam para Maremarvin.

"Não tente me convencer do que não pode! Me entregue o seu Miraculous!" Maremarvin falou alto, e novamente suas mãos subiram, aumentando o nível das ondas. Chat percebeu então que as luvas, ao contrário da roupa verde-água excêntrica do vilão, eram escuras.

"Ali que deve estar o akuma dele." Chat Noir usou o bastão pra se impulsionar e pulou de poste em poste, até chegar a Maremarvin. Estendeu seu bastão e atirou-se na direção do vilão para golpeá-lo. Maremarvin estava distraído comandando as ondas e Chat o acertou em cheio, atirando-o para longe, mas um novo redemoinho de água formou-se no ar e o resgatou antes de cair nas águas. Irritado, o homem akumatizado levantou uma das mãos e várias línguas de água se ergueram na volta de Chat Noir, fechando-se em torno dele e elevando-o dentro de um tubo de água, onde Chat não conseguia respirar. Que ironia. Logo ele que era o mais rápido nas aulas de natação iria morrer afogado.

Sentiu o corpo perder as forças e a água começar a invadir os seus pulmões. Ardia como o inferno. Se perguntou, minutos antes de sentir sua consciência fraquejar, se quando Ladybug chegasse, neutralizasse o akuma e tudo voltasse ao normal, ele teria sua vida de volta.

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Chat Noir sentiu algo enrolar-se em torno da sua cintura e seu corpo ser puxado com violência. Será que era aquela a sensação de morrer? No próximo minuto estava sobre um prédio, tossindo toda a água que havia engolido.

"Eu achei que gatos não gostavam de água." Ladybug. Ele nunca ficara tão contente em ouvir a voz dela. A heroína estava abaixada ao lado dele, batendo de leve em suas costas. "Você está bem?" ela sorriu, mas o sorriso era apenas em seus lábios. O olhar estava cheio de preocupação. Chat sentou-se, aproveitando a carga de oxigênio em seus pulmões, ainda tossindo.

"Você sabe que me deixa sem ar, my lady." Chat sorriu e sacudiu a cabeça como um gato molhado, espalhando água por cima do prédio e molhando Ladybug.

"Que ótimo, Chat!" ela falou em tom de sarcasmo, pondo-se em pé, indicando a roupa que pingava.

"Pode me mandar a conta da lavanderia depois!" Chat levantou-se também "Mas antes nós temos um peixão pra pescar!"

Os dois heróis deslocaram-se em direção ao vilão que estava a alguns centímetros de distância de inundar completamente as casas de Paris.

"O akuma está nas luvas dele!" Chat Noir gritou para Ladybug enquanto eles pulavam de um prédio para outro.

"Eu sei!" os dois pousaram em um poste próximo a Maremarvin. Chat segurava Ladybug pela cintura "Eu estava observando." o garoto olhou para a heroína que estava séria, com a testa franzida. Observando? Por que observando? Ela podia simplesmente ter atacado. Porém, apesar dos pensamentos, não contestou. Confiava nos métodos dela desde a primeira vez em que haviam lutado juntos.

"Maremarvin, o que você quer?" Ladybug gritou de onde estava.

O vilão virou-se para o casal, percebendo pela primeira vez a presença da joaninha.

"Ladybug! Eu vou limpar a cidade dessas pessoas que só sabem poluir! E depois vou limpar vocês dos seus Miraculous!" ele gargalhava de cima de seu pequeno redemoinho.

Ladybug soltou-se dos braços de Chat Noir e jogou-se na direção do vilão sem pensar duas vezes. Chat arregalou os olhos ao perceber a velocidade com que ela se locomoveu. Era impressionante, muito mais do que o normal, e seus olhos tinham um brilho diferente do que ele lembrava. Algo estava acontecendo.

"Chega disso! Talismã!" ela atirou o iôiô para o ar, e um par de tesouras vermelhas com pintas pretas caiu em suas mãos. Percorreu o cenário em volta com os olhos. O poste alto a direita de Maremarvin acendeu. O da esquerda também. Ela sabia o que fazer, mas mudaria levemente o plano do talismã.

Pulou sobre o poste da direita e enrolou o iôiô na parte de cima. Segurando o fio do iôiô, atirou-se sobre Maremarvin e enrolou as mãos do vilão que não paravam de balançar enquanto controlavam as ondas, caindo em seguida sobre o poste da esquerda. Antes que Maremarvin reagisse, puxou o iôiô, colocando as mãos dele presas juntas sobre a cabeça.

Chat Noir comemorava em pé, sobre um prédio próximo aos dois. Conseguia vê-los, mas não os ouvia. Viu Ladybug andar por cima do fio do iôiô como se fosse uma passarela normal, sem sequer perder o equilíbrio, e aproximar-se de Maremarvin com a tesoura em mãos. Chat espreguiçou-se. Ladybug iria cortar as luvas, neutralizar o akuma, e ele poderia voltar para casa e dormir mais um pouco. Ela agachou-se acima do vilão, sobre o cordão do iôiô, posicionando a tesoura na barra das luvas. E não cortou. O sorriso desapareceu dos lábios de Chat.

Chat assistia horrorizado enquanto ela conversava com o vilão. Maremarvin sacudia a cabeça como se negando algo, e ela continuava insistindo, sacudindo o fio da tesoura com o tecido das luvas no meio dela. Chat estendeu seu bastão, impulsionando-se para pousar sobre um dos postes onde Ladybug havia enrolado seu iôiô.

"Onde ele está!?" ela gritava próximo a cabeça do homem "Se você não falar, vai perder os seus poderes!" O brinco de Ladybug piscou a primeira vez, sinalizando que a transformação não duraria muito tempo.

"Eu não sei! E m-mesmo que soubesse, nunca diria pra vocês!" Maremarvin gritava de volta, mas o nervosismo em sua voz era aparente. De onde estava, Chat conseguia ver gotas de suor escorrendo pelo rosto do homem.

"Ladybug, o que você está fazendo? Corta logo!" Chat não entendia o que estava acontecendo.

"Fica quieto, Chat Noir! Eu tenho contas a acertar aqui!" e ela empurrou a tesoura mais pra fundo no tecido "Fala logo! Onde ele está!?" após alguns segundos de silêncio do vilão, Marinette tirou com força uma das luvas do homem, colocando-a no meio da tesoura. Sabia que precisava tirar as duas para que ele fosse liberado do akuma. "Eu estou falando sério! Que imagem apareceu na sua cabeça!?"

Maremarvin via assustado a luva no meio da tesoura. "Que diferença faz? Se eu falar ele vai tirar meus poderes de qualquer forma!"

"Mas pelo menos ele não vai fazer isso." Ladybug cortou os dedos da luva um por um, deixando-os cair na água abaixo deles. Seus brincos brilharam pela segunda vez. O vilão se debateu.

"Pare! Não! Não jogue lixo na água!" a força que ele fazia era tanta que seus pulsos começavam a ficar vermelhos. Chat Noir via a cena em choque.

"Ladybug, chega!" O gato preto correu até os dois e segurou o pulso da joaninha, impedindo-a de usar a tesoura novamente. Quando ela se virou para ele, foi como se não o reconhecesse.

"Me larga! Isso é entre eu e ele!" Ladybug estendeu a mão esquerda até a outra luva que Maremarvin ainda usava, ignorando o terceiro bipe dos brincos "Diga! O que você viu?"

Chat Noir não sabia mais o que fazer. Seu coração saltava no peito enlouquecidamente, cheio de preocupação. Não fazia ideia do que estava acontecendo com a sua parceira, mas tinha certeza de uma coisa: Ela estava com medo. E ele também.

"Uma janela" Maremarvin falou tão baixo que Ladybug teve que se abaixar para ouvir. Instintivamente, Chat soltou o pulso dela. "Grande, redonda, e a torre Eiffel à esquerda, muito perto, quase em frente, com..." Maremarvin começou a gritar. Não conseguiu terminar a frase. Seu corpo se debatia. Ladybug e Chat Noir viram o homem perder a consciência e voltar a forma normal, humana, e o akuma se soltar sozinho da luva que ainda estava em sua mão. Mas a borboleta não alçou voo para longe. O pequeno animal pousou no ombro de Ladybug com delicadeza, ali ficando como se a olhasse. Observando. Esperando. Chamando. O mensageiro da crueldade. Negro. Roxo. Abominável.

Os dois heróis viram o dilúvio retornar ao Rio Senna como se fosse um filme sendo rebobinado, deixando uma Paris seca e pessoas confusas para trás.

Ladybug soltou o homem enquanto Chat Noir o segurava, apoiado sobre o bastão que foi encolhido até o chão já seco, deitando-o lá. A heroína então recuperou o seu iôiô e capturou o akuma, neutralizando-o e soltando a borboleta branca de volta a natureza, ouvindo o último bipe do Miraculous. Tudo voltara ao normal, mas ela só tinha mais um minuto. E a exaustão tomou conta de seu corpo.

Chat Noir viu a garota cambalear ao tentar caminhar, e arregalou os olhos. Ela parecia desorientada. Esgotada. Doente. Tinha muitas pessoas em volta. Muita atenção. Sabia que a transformação dela ia terminar a qualquer momento, mas ele ainda tinha alguns minutos. Precisava protegê-la.

Segurou-a da cintura e impulsionou o bastão para o mais longe que conseguiu. Encontrou um beco escuro em um canto vazio da cidade e sentou-a no chão. Ela respirava ofegante por cansaço, e ele por preocupação e esforço, mas Chat sabia que ela não estava pronta para se revelar para ele. Não ali. Não naquelas condições.

Sentou-se atrás de Ladybug e apoiou suas costas nas dela, ajudando-a a manter-se firme. Sentia o coração na boca. Respirou fundo uma, duas, três vezes, e as paredes escuras do beco brilharam em rosa, e alguns segundos depois, em verde.


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Notas finais do capítulo

A verdade está começando a aparecer!
Contagem regressiva pro confronto final!