We must be killers escrita por Heda


Capítulo 7
Velhos Ciúmes


Notas iniciais do capítulo

gente eu sei que tem tipo uns mil anos que eu não posto aqui, mas eu tenho como explicar. Primeiro que eu fiquei sem internet por quase um mês inteiro, então é claro aproveitei para escrever vários capítulos lindos pra vocês. Acontece que quando eu fui postar o capitulo alguma coisa aconteceu e eu meio que apaguei metade dele: tipo 1500 palavras e eu fiquei tão fucking sad. Sem nenhuma vontade de escrever de novo, mas ontem eu tomei coragem e reescrevi a parte que faltava e aqui estamos nós. Sorry.

Vou colocar umas duas musicas aqui como trilha sonora: Heathens - Twenty One Pilots.
Dead To Me - Melanie Martinez.



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Percy Jackson apertou o copo quente contra o rosto.
— Você não pode ter certeza - Silena Beauregard aproximou o rosto do de Percy. Um breve sinal de intimidação. - Ele não deixa de ser um suspeito.
— Ele não fez aquilo com Rachel, Silena. - Percy olhou ao redor procurando apoio - Olha, eu saberia se ele estivesse mentindo. 
— Ele simplesmente foi encontrar Rachel? - Piper perguntou - Por que isso não me parece algo que colegas de escola fazem.
— Já imaginou que talvez estejamos tão paranoicos em culpar alguém pelo que esta acontecendo que não enxergamos o que esta realmente a nossa frente? - Percy levantou os olhos.
— O que quer dizer? - Leo Valdez perguntou enquanto brincava com as chaves do carro. 
— Quero dizer que Nico nunca foi uma má pessoa. Nós não sabemos porque ele se confessou para a polícia. - Ele olhou rapidamente para Annabeth - Mas sabemos que ele não foi o culpado.
— E é por isso que ele quer vingança - Silena se levantou - Por que não se conforma. 
— Ele me levou alguns livros de Biologia de Rachel que estavam com ele - Percy ignorou Silena - São colegas de laboratório. 
— E...? Isso não significa nada, ele simplesmente foi ate lá...
— Meu celular apitou na hora - ele tirou o aparelho do bolso e digitou alguma coisa - Era uma mensagem nova. De um numero desconhecido.
Percy virou a tela para que todos pudessem enxergar. Era uma foto de Bianca sentada em uma cadeira, sorrindo.
— Mas essa foi a foto que nós vimos na casa. - Leo tomou o celular das mãos de Percy e o virou para Reyna.
— Nico estava na minha frente, não poderia ter mandado.
— A menos que ele tivesse planejado tudo isso.
— Por que você acredita tanto que Nico esta mentindo? - Thalia tragou o cigarro em suas mãos calmamente enquanto balançava os pés encostada-se à parede ao lado de Reyna. 
Annabeth havia insistido para que todos estivessem presentes então obrigou as duas a entrarem na casa de Silena. 
— Por que ele é - Silena revirou os olhos.
— Nico me olhou nos olhos e disse que não tinha nada a ver com o que aconteceu com Rachel - Percy se levantou e escorou as mãos sobre a mesa - Ninguém me olharia nos olhos e mentiria assim.
— A não ser que ele seja um psicopata egoísta e manipulador - Silena revidou.
— Disso você entende bem, não é? - Thalia perguntou.
— FORA DA MINHA CASA!

●●

Annabeth apertou o botão da máquina de chicletes no Fresh Gates. Era mais um dia comum em Half-Blood e ela havia parado para comprar chicletes na esquina da escola. Ela olhou para o chiclete na palma da mão. Era verde.
— Oi - alguém havia se aproximado dela.
Annabeth olhou para cima.
— Percy. Oi.
Como sempre, Percy aparecia em momentos desnecessários e Annabeth se virou novamente apertando mais um botão da máquina de chicletes. Próximo chiclete: verde. Ótimo. Verde definitivamente não era seu numero da sorte.
Percy chegou mais perto.
— Esta tudo bem com você? 
— Está. E você? 
Percy deu de ombros. Ela lançou um olhar discreto para a rua que estava cheia de alunos andando em círculos para fugir da escola.
— você não recebeu mais nenhuma...
— Não - Annabeth evitou os olhos de Percy. Ela havia apagado todas as mensagens que recebeu incluindo a ligação telefônica, e era quase como se nada tivesse acontecido - E você? 
— Nada - ele deu de ombros e colocou as mãos no bolso da calça jeans - Acho que estamos a salvo.
Não, não estamos Annabeth quis dizer. Ela mordeu as bochechas por dentro e se virou para Percy.
— Bem você pode me ligar a qualquer hora. - Percy começou a andar em direção às máquinas de refrigerante.
Annabeth enfiou os chicletes na boca.
— Então você não esta mais bravo comigo? - ela perguntou.
— O que? - ele virou.
— Nada.
●●●
Leo Valdez fechou o armário quando o sino para as aulas tocou novamente. Os alunos do corredor se dispersaram para suas respectivas salas e Leo pode ver Reyna entrando na aula de Biologia aplicada. Ele vinha reparando muito nela ultimamente. Um chiado foi ouvido dos microfones espalhados pelo corredor e logo a voz do diretor estava invadindo todo o ambiente.
Firme e autoritária.

Os alunos: Leo Valdez, Reyna Avilla e Annabeth Chase, dirijam-se a diretoria. Agora.


       Leo engoliu em seco e escorou seu corpo contra a parede. Aquilo não estava acontecendo.

Annabeth apertou a mochila contra os ombros e olhou para Reyna sentada ao seu lado esquerdo. 
— A gente não devia estar falando nada - ela disse - Não sem um advogado.
— É, mas falarão com a gente do mesmo jeito. Se nos negarmos agora vamos parecer suspeitos. - Leo sussurrou.
— Nós somos suspeitos - Annabeth enfatizou.
— Isso não é justo, por que estão nos tratando como criminosos? - Reyna apertou os braços com força.
— Porque ela quase morreu - Leo olhou pela janela de vidro discretamente - E nós estávamos lá.
— Nós não fizemos nada de qualquer jeito - Annabeth confirmou - Não falem nada que nos prejudique. Já repassamos a historia.
— Não acho que devemos mentir - Reyna sussurrou - Essa é a hora de falar a verdade, Annie.
— Se falarmos a verdade agora - Annabeth a olhou nos olhos - É melhor gostar da cor laranja.
A porta se abriu e o diretor saiu da sala. Seu olhar pousou em Annabeth. 
— Você primeiro. 
Annabeth se levantou e olhou para Reyna e Leo antes de fechar a porta atrás de si.
A sala estava completamente gelada. O casaco fino de Annabeth não fazia nada além de enriquecer seu visual, mas ela se perguntou por que a sala estava tão fria. Era como um necrotério. 
— Annabeth - um homem alto a cumprimentou e ela o olhou de cima a baixo.
Suas feições eram bem parecidas com as dela. Olhos claros, cabelo loiro, pele bronzeada. Mas havia algo a mais. 
Ele parecia bem mais intimidador.
— Oi - ela disse se sentando no sofá de couro marrom que escorava uma parede bege. 
— Sou o detetive Apolo e gostaria de algumas informações suas. 
Annabeth cutucou uma ponta solta de seu cabelo e o colocou atrás da orelha.
— O que você quiser saber.
— Por que exatamente você compareceu naquela festa? Você sabe, naquela noite.
— É uma festa escolar! - ela sorriu - Todos estavam lá. 
— Algo suspeito aconteceu no dia? Ou no dia anterior? 
— Nada que eu tivesse percebido.
Apolo franziu a testa.
— E como é a sua relação com Rachel E'Dare? 
— Nada mais que profissional - ela o olhou nos olhos - Quero dizer, somos da mesma escola a anos e ela sempre estava por aí. Mas nunca fomos mais que breves conhecidas.
— Nem por causa dos irmãos Jackson's? 
Annabeth franziu a testa e apertou os olhos.
— Não estou entendendo...
— Pelo que me consta, você e o irmão mais velho do atual namorado de Rachel tiveram algum tipo de relacionamento no passado. Isso é verdade?
— Sim, mas no que isso ajudaria? São perguntas sem nexo. Meus relacionamentos não são o ponto aqui.
Ele apertou os olhos e se escorou na mesa.
— O que estava fazendo nas arquibancadas e no gramado aquela noite?
Annabeth coçou o canto das unhas com o polegar.
— Eu queria ficar um pouco sozinha.
Ele a encarou, desconfiado.
— Por que exatamente?
— Tinha acabado de brigar com meu namorado, e então eu pensei que ficaria sozinha lá. 
Ele pareceu aceitar e Annabeth observou a sala. Era fechada e tinha uma mesa cheia de papéis e canetas.
— E por que vocês brigaram?
— Isso é mesmo necessário? - ela perguntou - Quero dizer, isso são perguntas extremamente pessoais. Não pode fazê-las sem autorização - ele franziu as sombrancelhas - Você tem uma?
— Desculpe, uma o quê? 
— Uma autorização. 
Apolo franziu a testa e retirou o telefone do bolso da calça jeans. 
— Pode pedir para que eles entrem, por favor?
Um minuto depois Leo e Reyna passaram pela porta, confusos, olhando para Apolo e depois para Annabeth, respectivamente.
— Sentem-se - ele pediu.
Annabeth começou a ficar desconfortável. Ela não esperava que ficassem juntos na mesma sala. 
— Já que estamos todos aqui... - Apolo encarou Leo - Leo Valdez, Reyna Avilla e Annabeth Chase. Sabia que se não fosse por vocês, Rachel E'Dare provavelmente estaria morta? - ele perguntou - É serio talvez ninguém os tenha agradecido, mas tudo que vocês fizeram foi ajudar segundo os depoimentos.
Leo engoliu em seco.
— Então por que estamos aqui? - Reyna questionou. 
— Vocês sabem de alguém que poderia ter feito isso a Rachel? Talvez um ex-namorado?
Annabeth pressionou os dedos contra a têmpora esquerda.
— Olha a gente já disse tudo que sabia.
— Eu sei, mas é quase como se fosse ensaiado.

E era.
●●●

— Você tem idade suficiente? - a garçonete olhou com cuidado para a garota sentada a sua frente - Só vendo para maiores, desculpa são regras.
Piper Mclean retirou dos bolsos da calça jeans um pedaço de papel amassado e uma nota de 20 dólares.
— Estou te dando 20 dólares por uma garrafa estúpida de cerveja. - ela sorriu - Vai mesmo perguntar qual a minha idade?
A garçonete sorriu educadamente e pegou o dinheiro das mãos de Piper. 
Enquanto os bares que costumava ir cheiravam corpos mortos, comida estragada e tapete molhado, o Pub em que se encontrava sentada cheirava a madeira antiga, perfume de criança e cigarros de boa qualidade. Aquele Pub, como em todos os lugares daquela cidade, traziam lembranças inesquecíveis: numa sexta-feira à noite, Thalia Grace havia desafiado Piper a ir ate lá e pedir o drinque mais potente que eles tinham. Ela esperou na fila atrás de uns garotos da faculdade e quando o segurança não a deixou entrar ela gritou: 
— Meu drinque potente esta ai dentro! 
E então quando voltou para onde suas amigas estavam se acabou de rir junto com elas.
— Obrigada - ela forçou um sorriso quando a garçonete trouxe sua garrafa de cerveja. Piper deu um grande gole. Tinha um gosto forte e aguado e passou raspando pela sua garganta 
— Tudo bem com você? 
Piper se virou. A três bancos de distância havia um cara de cabelo louro, e com olhos azuis. Ele estava bebendo alguma coisa preta em um copo pequeno. 
Piper franziu a testa. 
— Sim, tudo, eu não me lembrava do gosto dessa coisa sabe? Cerveja não é o meu forte.
— Qual é o seu forte? - o cara sorriu.
— Cigarros.
Piper sorriu de volta.
— Então - ele sustentou seu olhar no dela - Dia ruim?
— Mais ou menos - ela olhou para o copo dele - O que você esta bebendo?
— Café - ele disse, chamando a garçonete - Quer um?
Piper não discordou. O cara se mudou para perto dela. Usava uma camisa verde escura.
— Então, você mora por aqui? - ele sorriu de novo.
— Bem, não - respondeu Piper. O barman colocou um copo de café na frente dela. Ela deu um gole como se fosse cerveja. - Eu moro mais para o centro... - ela se interrompeu - Você mora por aqui?
— Vim passar um tempo na casa dos meus pais.
Ela deu de ombros.
— Hum, aqui em Queens - ela sorriu e acrescentou - Não seria um lugar para onde eu viria se tivesse escolha.
— Eu fiquei muito deprimido de ter que voltar para os Estados Unidos. 
— Eu choraria todo o caminho de volta - Piper sorriu. Não só ela estava falando com um cara bonito, mas também este poderia ser o único cara em Queens que não a conhecera como a Piper de Queens: a garota esquisita, irmã da popular Silena Beauregard.
— Então você estuda por aqui? - perguntou ele.
— Um pouco longe - ela limpou a boca com o guardanapo - Mas lá é um porre.
O cara deu outro gole em seu café e viu que tinha acabado. 
— Desculpe - ele falou - Meu nome é Jason. 
— Piper. - De repente, seu nome pareceu engraçadíssimo. Ela riu, perdendo o equilíbrio. Talvez aquele gole de cerveja tenha feito efeito. 
— Opa! - Jason a segurou pelo braço.
Depois de pedir um uísque, Piper e Jason haviam conversado sobre como as pessoas ali cheiravam a cigarros baratos e cervejas vencidas. Os olhos dele ficavam mais azuis a cada instante. Piper quis perguntar se ele tinha namorada.
— Eu tenho que ir ao banheiro - disse ela.
— Posso ir junto?
Ele sorriu. Isso meio que respondia a pergunta sobre a namorada.
A cabeça dela rodopiou. Piper se levantou e o puxou pela mão. Eles se olharam por todo o caminho ate o banheiro feminino. Quando Jason a ergueu na pia e passou as pernas dela em volta de sua cintura, o único cheiro que ela conseguia sentir era o dele. 
●●●

Já estava quase anoitecendo quando Annabeth saiu da delegacia. Leo havia oferecido uma carona a ela, mas ela disse que precisava de um tempo sozinha, então ele foi embora, desaparecendo nas ruas vazias. Quer dizer, ali era Queens. Nada de ruim acontecia ali desde que Bianca Di Ângelo havia morrido e nada de ruim havia acontecido antes. Com o possível quase assassinato de Rachel, os moradores haviam ficado tão assustados que não saiam nas ruas depois das 18h30min. Ela passou pela sorveteria onde costumava ir com suas amigas aos 11 anos. Era uma das mais antigas dali. Quando virou a esquina pode ver a rua. A rua vazia e margeada por árvores onde Bianca Di Ângelo costumava morar. Quando passou por lá, Annabeth deu uma olhada e pôde vê-la, a segunda casa da esquina. Estava escura e não havia nenhum carro por perto. 
Lentamente Annabeth se recostou em uma árvore de frente para a casa. Nada. Nenhuma luz. Nenhum sinal de vida. Será que os Di Ângelo não moravam mais lá? Talvez não. Era difícil ficar ali quando sua filha morre e seu outro filho é o responsável por isso. 
Annabeth seguiu pela rua vazia. As luzes dos postes estavam ligadas, mas não era o suficiente para que ela pudesse ver mais de meio metro a frente. De repente seu celular começou a tocar seguidamente. Ela o retirou da bolsa que tinha alguns livros que havia pego na biblioteca. Eram duas mensagens: uma de Atena e uma de um número desconhecido.

Onde você esta??

 

Ela virou a esquina e seguiu reto. Faltavam mais três quarteirões para chegar à rua de sua casa.

Eu vejo você onde quer que esteja 29 dias e nada mais.

Seu coração palpitou. Será que leu direito? Ela aproximou o telefone mais perto do rosto e lá estava a mensagem, enviada há dois minutos. Aquilo só podia ser brincadeira. Um cara em uma moto passou por ela rápido demais e uma rajada de vento fez seu cabelo voar para todos os lados. A blusa amarela que usava balançou. 
— Droga - murmurou andando mais rápido. 
Ela escutou o motor de um carro por perto e se virou. Estava com os faróis desligados e Annabeth soltou um grito quando o carro avançou em sua direção. De primeiro ela pensou em correr, mas nunca fora boa nisso, e além do mais quem quer que estivesse ali poderia muito bem a atropelar e ela não ficaria bem em uma cadeira de rodas. Maldita hora que não aceitou a carona de Leo.
Aquilo seria algum tipo de carma?
Annabeth se encolheu e se se encostou a uma árvore esperando que o carro passasse reto. 
— Annabeth - chamou uma voz. 
Ela nem percebeu que seus olhos estavam fechados, mas eles estavam. Lentamente, ela os abriu e viu o motorista do carro. Era Percy. Ótimo. 
— Ah - seu pescoço estava suado e alguns fios de cabelo grudavam em sua testa - Oi, Percy. 
Ele apontou para a rua e depois olhou para Annabeth. 
— Entra aqui. - Ela olhou receosa para aquela rua deserta e depois abriu a porta do carro de Percy. Lá dentro estava bem mais quente. - O que esta havendo com você? - ele quis saber.
Annabeth percebeu os livros atrás, no banco de trás. Talvez ele também estivesse vindo da escola.                                                   Ali, seus olhos pareciam ainda mais claros que os dela. 
— Nada - Annabeth olhou pela janela - Estou bem. 
Percy olhou para o celular nas mãos dela.
— Não, não esta. Você parece... Sei lá... Uma morta-viva. Esta me assustando.
— Obrigada - Annabeth brincou com uma pulseira em seu braço - Eu não quero sei lá, aborrecer você. É uma besteira.
— Por quê?
Ela deu de ombros.
— Por que você não quer ouvir isso. Você vai pensar que eu sou completamente doida. Tipo, sinistramente obcecada por alguma série de televisão. 
— Bem - ele sorriu - Você é bem louca as vezes.
Ele deu partida no carro e seguiu pela rua lentamente. 
— Você não tinha uma moto? 
— Eu tenho uma moto - ele respondeu.
Eles ficaram em silêncio.
— Como esta Rachel? - ela perguntou tentando parecer normal - Ela vai ter alta?
Percy ficou sério. Droga! Talvez não fosse um bom assunto.
— Ela esta melhor - ele disse - E como estão as coisas com Luke? 
Annabeth suspirou. 
— Estão bem - mentiu. 
Percy a olhou pelo canto do olho.
— Olha - ele disse - Se você esta com algum problema, eu posso ajudar você. Não vou deixar que nada de ruim te aconteça.
Ela nem percebeu quando Percy estacionou na frente da casa dele. Eles ficaram ali por alguns minutos parados sem falar um com o outro. Annabeth abriu a porta, deslizando para fora com cuidado. 
— Obrigada pela carona - ela disse - Te devo essa.
Percy balançou a cabeça concordando. 
Annabeth se virou para ir embora, mas alguém chamou pelo seu nome.
— Annabeth! 
Ela reconheceria essa voz ate se estivesse no canto mais remoto do mundo. 
Tyson ainda tinha o mesmo corte de cabelo, mas ele parecia bem diferente. Seu olhar parecia mais sedutor ainda e Annabeth observou ele caminhar ate onde ela e Percy estavam.
— Quanto tempo, Annie - ele envolveu Annabeth em um abraço - Você esta bem melhor. 
Annabeth sorriu.
— Algumas pessoas mudam.
— Annabeth você tem que ir não tem? - Os olhos de Percy se tornaram mais frios e Annabeth se amaldiçoou por pensar que talvez eles pudessem se tornar amigos - Te vejo amanhã.
— Por que não fica para o jantar Annabeth? - Tyson sorriu. - Com certeza temos muito o que conversar.

Annabeth deu uma olhada em Percy.

Poseidon e Sally estavam na sala de estar. Annabeth não os via de perto há alguns dias e mesmo sendo vizinhos eles nunca tiveram uma relação muito próxima. A não ser é claro, no verão do nono ano, quando Annabeth e Tyson passaram um tempo especial juntos. Ele era dois anos mais velho e estava no colegial quando se conheceram. Annabeth viu nele tudo que não tinha nos garotos de Half-Blood: espiritualidade, personalidade diferente e coisas que ela não sabia como explicar.
— Pai, mãe - Tyson anunciou – Trouxe uma visita.
Poseidon estava usando uma bermuda e uma camisa tropical, ele se virou com um copo na mão e sorriu para Annabeth.
— Annabeth - Sally sorriu - Você esta tão maior! Venha cá querida. 
Percy torceu o nariz para a cena que se estendeu em seguida. Tyson sorrindo e contando sobre a faculdade, Poseidon dizendo como tinha orgulho do filho, Sally dizendo e repetindo o quanto Annabeth estava bonita-e Tyson concordando. Mas que diabos! Ela nem era tão bonita assim. Ou era? Talvez fosse o cabelo ou talvez aqueles olhos cinza, mas nada justificava o porquê dos pais e Tyson ficarem tão fascinados com ela. 
— Então, Annabeth - Poseidon tomou um gole de vinho - Como anda o colegial?
Annabeth sorriu.
— Muito bom - ele concordou como se já esperasse - Quase nada de ruim acontece. 
Percy limitou sorrir. "Quase nada de ruim". Ok.
— Annie, você esta tão diferente - Tyson disse - Eu me lembro de quando passamos a noite no quintal da sua casa olhando os aviões passarem. Nós adorávamos fazer isso. - ele sorriu - Lembra-se daquele seu colar de avião?
Annabeth concordou.
— Annabeth - Percy pela primeira vez desde que se sentaram conseguiu atrair sua atenção - Como vão as coisas com Luke? 
O sorriso de Annabeth se desfez e ela quase se engasgou com o vinho que bebia. Mas que diabos! 
— Quem é Luke? - Tyson também não sorria tanto.
— O namorado dela - Percy respondeu. 
— Seu namorado? - Tyson bebeu um pouco de vinho - Você não me disse que tinha um namorado.
— É - Annabeth concordou fuzilando Percy - Eu não contei.
Tyson voltou sua atenção para a comida a sua frente. Annabeth continuou fuzilando Percy, mesmo quando ele deu um sorriso debochado de lado indicando que sempre fora o velho Percy de sempre. 
Dizem que velhos hábitos são difíceis de largar. Mas quando se trata de Percy e Annabeth, velhos ciúmes são piores.

●●

— Eu só queria passar um tempo sem ter todos esses problemas sabe? - Reyna bebericou da garrafa de cerveja - Eu simplesmente não entendo. Eu nem falava com Rachel! Por que eles têm que nos tratar como criminosos? 
— A garota quase morreu e a gente fazia parte da cena do crime.
Leo olhou em volta. 
— Isso é besteira! 
Eles estavam sentados dentro do carro de Leo, em uma rua deserta. Havia um pequeno lago do lado esquerdo da estrada, onde alguns jovens costumavam ir para fumar maconha. Não havia ninguém hoje.
— Eu acho que devíamos ir para casa não? - ele murmurou olhando pelas janelas de vidro - Aqui pode ser perigoso.
— Qual é Leo! - Reyna jogou fora o que sobrou da garrafa - Eu sei que você não quer contar.
— Contar o quê? - ele sorriu - Você esta bêbada demais. Vamos para casa
Reyna murmurou um não e acendeu um cigarro com dificuldade. 
— Eu não entendo por que Silena odeia todo mundo - ela olhou para fora enquanto Leo seguia pela estrada de volta para casa - Quer dizer, quem devia odiar ela, era Thalia.
Leo acelerou. 
— Por que acha isso?
— Porque a maioria das amigas não aceitam que suas amigas fiquem com seus ex.
Reyna sorriu radiante jogando o cigarro ainda aceso pela janela.
— Espera, o quê?
— Você não pode contar para ninguém - ela levou o dedo ate a boca pedindo para que o garoto guardasse o segredo - Mas Silena dormiu com Nico.

●●

Annabeth abriu a porta da casa dos Jackson's. 
— Tem certeza de que não quer que eu te acompanhe? 
— Você já fez o bastante, Percy - ela disse furiosa - Será que não podia deixar de ser um babaca por uma só noite?

— Qual é! – ele revirou os olhos – Você e Tyson estavam se olhando como se ainda estivessem juntos. Eu só te lembrei de que você tem um namorado.

— Você me expos ao ridículo na frente dos seus pais!
Ela ignorou quando Percy fez menção de responder e se virou para ir embora. As luzes estavam acesas e assim que avistou a casa, pode ver Atena pela janela de vidro, com os braços cruzados e a expressão séria. Droga, ela levaria uma bronca daquelas.
Atena se limitou a um sorriso quando viu a filha chegar, mas depois de alguns segundos seu rosto se transformou em uma coisa completamente sombria e ela descruzou os braços. Alguma coisa estava atrás de Annabeth. 
— Annie! - ela gritou, mas era tarde demais.

Annabeth sentiu uma pancada na cabeça e ouviu o estalo de algo caindo contra o chão. Ela não conseguiu respirar e sua cabeça latejava. Sua visão havia ficado turva, e de repente ela não estava mais em si.


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Notas finais do capítulo

gente eu prometo que o outro sai daqui no máximo dois dias. Comentem o que acharam ♥



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