–Tudo bem! - disse meu padrinho, depois de horas.

Sorri triunfante.

–E como ela será selecionada? - perguntou minha tia.

–No próprio dia, ela será a primeira selecionada - explicou.

–É bom estar em casa, novamente – abracei Dumblendore, e senti ele me apertar, sim ele tinha sentido minha falta.

–Incrível como alguém tão pequeno, pode ser tão persuasivo – minha tia olhou para mim, e senti que conversaríamos seriamente em breve.

Apenas sorri de canto, e me retirei, andando pelos terrenos de Hogwarts, me senti bem novamente, eu estava em casa não é? Lembrei-me dos tombos que levei ao correr de Fred e Jorge, lembrei-me de me encostar-se a uma árvore perto do lago, e conversar por horas com Cedrico. E então, finalmente ele, Harry Potter, meu querido irmãozinho, que nem ao menos sabe da minha existência. Preocupante talvez, maior o nível da preocupação, ao lembrar um breve aviso da minha tia, a querida professora de Runas Antigas, Heloisa.

‘Ele não está recebendo das cartas, isso soa preocupante, ele é apenas um garoto que deve vir para Hogwarts, muitas vezes não entendo Dumblendore, muito problemático, sempre age certo na medida do possível, mas problemático, Harry devia estar por meus cuidados, pouparia tanto trabalho’, as palavras de minha tia tilintavam em minha mente, me fazendo pensar numa saída para tudo aquilo.

–Sophia? - a voz de meu padrinho me despertou.

–Sim?

–Creio que Heloisa já explicou que Harry não está recebendo as cartas...

–Sim, ela me explicou a situação – falei, esperando o que estava por vir.

–Quero que acompanhe Hagrid, ele irá buscar Harry sob minhas ordens, achei que você gostaria de ir – ele já se virava, quando olhou para mim e lembrou – Ele não sabe quem você é, acho que você também lembra esse detalhe.

–Eu lembro – respondi com amargura, caminhando até o Saguão de Entrada.

Hagrid já se encontrava lá, me esperando.

–Quando Dumblendore disse que você iria comigo, fiquei mais ansioso – contou ele.

Apenas assenti, estava tão ansiosa quanto ele, porém não iria demonstrar, eu era expert em não me importar tanto quando o assunto se tratava de Harry Potter. Infelizmente eu me importava, e isso doía, talvez por isso eu me mostrava tão indiferente em relação a isso.

–Espero que ele saiba de algo ou será que aqueles trouxas não se encarregaram disso? –Harry morava com a família da minha mãe, sua irmã Petúnia, que pelo que sei, não suporta bruxaria, mas vamos ser francos, isso me parece inveja.

–Não sei te dizer isso, Dumblendore disse que tem chances dele não saber nada... Temos que esperar de tudo – Hagrid me alertou, com um ar pensativo.

Chegamos à entrada de Hogsmeade, peguei a chave de portal do bolso, era um pequeno pente de cabelo.

–Acho melhor segurarmos, Dumblendore disse que tínhamos apenas alguns minutos – lembrou Hagrid.

Seguramos o pente, e então senti aquela sensação horrível de ser puxada, e quando abri os olhos, não dei dois minutos para estar completamente encharcada, Hagrid já estava um pouco mais a frente.

–É ali - aprontou para o ridículo casebre.

–Eu não acredito que eu vim parar neste fim de mundo! –exclamei, talvez Hagrid fosse maior que eu, e não sentisse a chuva, por conta de sua roupa extremamente grossa, mas a minha era muito fina, devo lembrar que as vestes de Beauxbatons é pura seda.

–Pelo seu irmão - disse Hagrid tentando me acalmar enquanto chegávamos perto do casebre.

Descontei minha raiva chutando a porta, e aquilo me rendeu uma grande decepção, da próxima vez eu deixava a parte bruta para Hagrid.

Bati novamente.

–Hagrid, acho que precisamos de uma força extra – falei, saindo de perto da porta.

–Ah claro, deixa comigo - disse dando um empurro, a porta caiu do outro lado.

Entrei, não aguentava mais a chuva, que caia sobre mim sem piedade, e logo percebi que não estávamos sozinhos.