Big Daddy escrita por Danny Stan


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos.
Boa leitura!



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Beacon Hills, Califórnia

POV’s Lydia Martin


    Um mês, treze dias e sete horas. Este foi o tempo em que me mantive trancada dentro de casa, ouvindo Alanis Morissette, comendo besteira e lendo os livros de Nicolas Sparks. Sim, eu estava na foça, melhor, eu estava na parte mais profunda do poço. Ser traída uma vez acontece — segundo os especialistas é uma questão facilmente superável — , mas ser traída pela segunda vez, aí é sacanagem. Eu não queria me deixar abater, como quando me divorciei, estava tentando me reerguer, viver um dia de cada vez, só que é sempre mais fácil falar do que fazer.

Como se o fato de ser mãe, estar perto dos trinta, ser divorciada e novamente ter de ver mais um relacionamento se acabar por conta de traição, eu ainda tinha que lidar com o desprazer de ter minha mãe jogando tudo isso na minha cara.

— Mamãe, eu vou querer um deste. Poxa! O que eu tinha desse lá em casa acabou, posso pegar mais uma caixa, mãe? — ela saltitava de um lado para o outro pelo corredor, com toda a sua atenção voltada para a grande prateleira de doces. Os cachos vermelhos saltavam por debaixo do gorro cor de rosa, aquela era a única prova de que May realmente era a minha filha. Pois de resto era o pai por inteiro.

— Claro, amor, pegue o que quiser. — bocejei, enquanto me escorava sobre o carrinho de compras, ver toda aquela disposição só me deixava ainda mais exausta. Se eu tivesse tido a liberdade de escolher continuaria em casa, comendo guloseimas, mas lá estava Natalie Martin cortando minhas asinhas e me obrigando a ir num supermercado.

— Lydia, isso está errado. — nem lhe dei atenção, era o que ela sempre dizia a respeito de tudo o que eu fazia — May é só uma criança não pode fazer todas as suas vontades, lembre-se que ela tem problemas com a balança.

Mas já estava demorando, minha mãe não perdia a oportunidade de falar sobre seu assunto preferido: O peso da minha filha. Há três anos, quando eu e Stiles nos separamos eu fiquei péssima, não cuidei como devia dela e a deixei livre demais. Desde que aprendeu a falar May demonstrou a capacidade de saber cuidar de si mesma, só que eu esqueci que ela tinha apenas cinco anos.

Como consequência ela desenvolveu um distúrbio alimentar e engordou vinte quilos. Foi uma época terrível, porém atualmente ela estava no peso certo e era uma menina saudável, ainda assim minha mãe dizia que cedo ou tarde ela engordaria tudo de novo.

— Têm de vigia-la. Ela é muito travessa, herdou o gênio ruim do pai. Aquele Stilinski era tão elétrico e desordeiro. May é idêntica a ele, devíamos colocá-la logo em uma escola de boas maneiras. — Não adianta, pensei, no último verão acabei cedendo a insistência da minha mãe e coloquei May em uma destas escolas, o resultado foi catastrófico. Digno de uma Stilinski. Apenas assenti, sem lhe dar ouvidos.

— Eu acho que você ainda tem uma queda pelo xerife Stilinski. — sussurrei, a fazendo corar de raiva.

— Não me fale deste homem. Essa raça não presta, mas até que Stiles sentia algo por você... Jackson parecia tão apaixonado. Não entendo o que você fez de errado. — refletiu Natalie, tão estupidamente que automaticamente me veio o desejo de cortar os pulsos.

— Devo ter errado na parte de ter me mantido fiel. — coloquei o carrinho em movimento, aceitando todas as besteiras que May jogava dentro dele.

— É sempre assim, você se decepciona, emagrece e é a Mayte que engorda. — comentou, examinando May, que caminhava alegremente atrás de nós — Se romper de novo com alguém, ela acabará obesa antes dos dez anos. — aquela foi a gota d’agua.

— E daí? Se ela ficará obesa ou não isso não te importa, seu verdadeiro medo é que suas amigas a ridicularizem. Imagine que tragédia! Uma Martin gorda e outra divorciada... Ah é mesmo e restará a Martin velha. — aqueles aguados olhos azuis me fuzilaram furiosamente e eu me dei conta de que já era hora de voltar a manter distância.

— Lydia! — chamou ao me ver seguir em direção a um dos caixas.

— Desculpe. Tenho que voltar para a casa. Sentir mais pena de mim mesma e é claro entupir minha filha de comida até que ela exploda. Foi ótimo te ver, até semana que vem, mãe!


   De uma hora pra outra comecei a detestar o calor daquela manhã de quarta feira, o vento, as pessoas andando de uma lado para o outro e os diversos carros parados no estacionamento me atrapalhando em encontrar o meu próprio carro. Sem falar que eu começava a dar razão a minha mãe, eu carregava umas três sacolas só com biscoitos e salgadinhos, May acabaria virando uma orca, e pior estavam pesadas demais.

— Isso é tudo culpa daquele babaca. Eu era a mulher perfeita para ele. Miserável! Infeliz! — xinguei, só então me dando conta do quão atrás May estava, naquele ritmo levaríamos uma vida para chegar em casa — May, ande logo.

— Eu tô tentando. — resmungou, ouvi algumas das sacolas que ela carregava rasparem no chão, sua respiração começava a se tornar ofegante — Minhas pernas são muito curtas.

Sua explicação me fez sentir dó dela e me virei em sua direção, disposta a ajudá-la. Contudo o que surgiu diante dos meus olhos, fez com que meu coração pulasse pela boca. Fiquei completamente perdida, não sabia o que fazer. Jackson e a outra, caminhavam abraçados, olhando um para o outro, eles vinham em nossa direção.

Eu tinha duas opções: Permanecer no mesmo lugar e enfrentá-los ou fugir o mais rápido possível. Foi o que eu fiz.

Corri até May e a arrastei pelos braços finos, ela tinha razão, suas pernas eram curtas demais e as sacolas atrapalhavam. Precisava me esconder. Nós pulamos para trás do carro mais próximo. Ali ninguém nos veria. Por outro lado, eu era capaz de vê-los perfeitamente, antes fosse isso uma coisa boa. Que merda! Ela era a mulher mais bonita que eu já vi.

— Vadia magricela! — praguejei, eu a conhecia desde o ensino médio, ela era a prima bonitona de um dos amigos do Stiles.

Malia Hale foi o sonho de consumo de todos, alta, loira, engraçada, espontânea e naturalmente sensual. Em uma fração de minutos a examinei por completo. Na minha opinião ela deveria ser mantida em uma prisão, era uma humilhação para o resto das mulheres ter que encarar um monumento ambulante como aquele

— Você está vendo isso, May? Com certeza aqueles seios são de mentira, ela jamais conseguiria amamentar uma criança naquilo. Prefiro nem comentar sobre a cintura, nunca teve um filho. Se eu também fosse uma destruidora de lares sem vergonha também andaria por aí mostrando a barriga. Droga! Se a gravidez não tivesse arrasado com o meu corpo iria esfregar a minha beleza na cara daquela vaca.

— Mamãe, por acaso você está me culpando por não ser mais tão bonita? — a voz miúda e curiosa de May soou as minhas costas.

— Jamais, meu anjo. Só que acho que você merece saber que destruiu eternamente a minha silhueta. — desviei o olhar deles e me peguei observando meu reflexo no retrovisor de um dos carros.

Olheiras, cansaço e.... Ah! Meu deus, uma ruguinha tentando aparecer. Eu preciso voltar a ser adepta do renew. Meus cabelos sofriam com a minha greve de pente e se emaranhavam em um coque mal feito, não havia o que dizer das minhas roupas, uma camisa branca e uma legging e tênis, numa vibe de academia. Nada sensual.

— Mamãe. — sussurrou May, mas eu estava ocupada demais pensando em mim mesma — Oi, tio Jack, estava morrendo de saudades! — ela praticamente gritou no meu ouvido, por um momento pensei que ela tinha enlouquecido, depois me dei conta de que eu estava ferrada.

Em menos de um minuto May deixou de estar ao meu lado para pular nos braços de Jackson, ele a abraçou e a levantou no alto e depois a manteve em seus braços. Seria uma ótima hora para fingir um desmaio, eu até fugiria, mas não seria certo deixar a minha filha para trás. Tive de ser forte e encará-los, a top model estava lá, com aquele sorrisinho que dizia: Roubei o seu namorado e deixei sua filha órfã mais uma vez, mas ainda podemos ser melhores amigas.

Jackson estava um deus, como normalmente. Camisa xadrez, calça jeans, cabelos castanhos alinhados, sorriso de comercial e vibrantes olhos azuis. Talvez fosse a saudade, só que ele me pareceu ainda mais sarado do que há um mês atrás. Eu começava a refletir sobre aqueles cartazes nos postes, falando sobre trazer a pessoa amada em dois dias. Eu preciso ter o Jackson de volta, tipo agora.

— Olá, Jackson. — cumprimentei, sentindo minhas bochechas arderem. Levantei o mais elegantemente que pude — Como vai?

— Eu estou bem, muito bem. — respondeu seguro de suas palavras, mas ainda surpreso com a minha aparente calma — Se lembra da Malia? — indagou, olhando em sua direção como se só então notara a sua presença.

— Sim, eu me lembro. — respondi secamente, evitando qualquer contato com ela, o que a fez desmanchar seu sorriso falso.

— O que fazem aqui? — pensei que a resposta era obvia, já que estávamos em um mercado. Ele levantou uma sobrancelha, indicando o canto em que antes eu me escondia.

— Isso... Bem, você conhece a May. Ela adora se esconder. — tive a sensação de que meu sorriso foi tão falso quanto o da minha rival.

— Eu não gosto de me esconder. — reclamou May, fazendo uma careta para mim — Isso é coisa de criança.

— Mas, meu bem, você é uma criança. — Malia fez uma estranha voz infantil e apertou uma das bochechas da minha garota, qualquer um que a conhecia sabia que ela detestava aquilo.

— Não, eu não sou. Deixe de ser boba, magricela. — aquele foi o incentivo que eu precisava para encerrar o encontro bizarro. Para uma anã descabelada, Mayte era rude demais. Eis mais um motivo para me orgulhar dela.

— Já está na hora de irmos. — apanhei as sacolas e Jackson a colocou no chão, recebendo um demorado beijo na bochecha, que foi retribuído. De repente ele deu um passo a frente e envolveu um braço ao meu redor, me dando um ligeiro abraço.

— Foi bom te ver. — suspirou ao meu ouvido.

— Eu gostaria de poder dizer o mesmo. — murmurei, dando um sorriso fraco para a manequim — Tchau, Malia.

Nem sequer lhe dei tempo para responder, puxei May pela mão e partimos a procura de nosso carro. Ele não se encontrava muito longe dali, abri o porta malas e joguei todas as sacolas, enquanto May sentava no banco do passageiro com uma cara emburrada.

— O que foi dessa vez? — perguntei, sentando ao seu lado.

— Tio Jackson nos traiu. Eu detestei a Malia e você não fez nada. — me acusou como se eu fosse alguma criminosa. Aí estava o gênio ruim do pai.

— É assim no mundo dos adultos, não podemos fazer nada além de superar.

— Se o papai estivesse aqui as coisas seriam diferentes, ele quebraria a cara daquele babaca e vocês ficariam juntos de novo. — eu devia, mas não consegui segurar a risada diante daquele conto de fadas imaginário.

— Sem chance, não existe mais nada entre nós. Além do mais, seu pai está do outro lado do mundo e jurou nunca mais voltar a Beacon Hills.

— Quem sabe, as coisas sempre podem mudar. — ela ligou o radio e começou a cantar junto, como de costume  — Stop there and let me correct it...I wanna live a life from a new perspective...You come along because I love your face — um sorriso travesso surgiu em seus lábios e eu desconfiava que ela iria aprontar uma. 


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