Entre Irmãs escrita por Cristabel Fraser, Paty Everllark


Capítulo 21
Inerte ao Passado


Notas iniciais do capítulo

Aquela passada rápida pra atualizar a fic. Pedir mil desculpas pela demora em postar, não foi culpa de ninguém kkkkk e continuar agradecendo o carinho enorme de cada um... boa leitura.



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Pov. Katniss

 

Como sempre mamãe nunca estava disponível para suas filhas, passaríamos aquela sexta-feira no resort da vovó Rebecca.

Eu tinha onze anos na época e Prim sete. E por sua insistência peguei o carrinho que vovó Becky carregava a lenha para a lareira, e fomos até a campina para brincar.

Coloquei minha irmã no carrinho e começamos a descer ladeira a baixo. Em um dado momento acabei perdendo o controle e me desesperei no mesmo instante, pois logo a nossa frente havia um riacho cheio de pedras. Tentei frear com os pés e inutilmente não consegui. Mesmo assim não soltava o carrinho por nada e consequentemente fui batendo o bumbum no chão, passando por cima de formigueiros, pedras e capim. Infelizmente o carrinho se soltou das minhas mãos e ambas caímos no riacho que naquela época se encontrava gelado devido ao inverno que se aproximava.

Consequentemente fiquei com a perna presa e me desesperei quando olhei minha irmã de ponta-cabeça quase se afogando. Então, puxei a perna que se encontrava presa pelo carrinho sentindo uma fisgada, sabia que havia algo de errado por conta da dor que senti, mas naquele momento o que mais importava era Prim.

— Prim... Prim, você está bem? – perguntei com meus batimentos cardíacos alterados.

Ela chorava inconsoladamente enquanto eu lhe apalpava o corpo inteiro a procura de ferimentos, e por um milagre nada encontrei. Havia sido apenas o susto.

— Me desculpa Kat... não deveria ter insistido para você me carregar no carrinho.

— Tudo bem, vai ficar tudo bem. Sente dor em alguma parte do seu corpo? – ela negou com a cabeça. – Então, está tudo bem. Vou te levar para a casa da vovó e te dar um banho bem quentinho e preparar um lanche.

Contudo Prim continuava a chorar copiosamente e apontava para um ponto especifico em minha perna. Sangue escorria misturando-se com a água. O riacho não era fundo, a água dava em minhas coxas. Segurei Prim pela mão e saímos dali. Um vizinho que passava por perto parou e nos perguntou se estava tudo bem. Ele nos ajudou a retornar para o resort. O carrinho ficou no mesmo lugar, o estrago dele foi perda total.

— Kat, por minha culpa você se machucou – lamentou Prim ao notar a manqueira da minha perna.

— Não foi sua culpa, para de se preocupar comigo. – Parei por um momento e abaixei com certa dificuldade para conseguir ficar à altura de Prim. – Só vou te pedir uma coisa. Não conte para a vovó o que aconteceu. Promete para mim? – Mesmo sem entender assentiu.

Naquele dia não havia me importado com a dor latejante que vinha da minha perna, sabia que uma cicatriz iria ficar tatuada naquele ponto, mas o que mais temia era que Prim morresse.

 

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

 

Às vezes, em algum episódio de sua vida passam vários flashes. Aqueles  pequenos momentos em que acabam deixando passar por alto, quando você acha que não precisará relembra-los, e foi assim que me senti quando achei que Prim me deixaria. Todos os momentos, bons e ruins, que passamos juntos na infância atravessavam minha mente como fragmentos de um jarro que um dia foi bonito e precioso, mas que acabou se quebrando.

Depois do susto que Prim havia dado meu corpo parecia ter sido esmagado por um elefante. Minha irmã descansava e eu encontrava-me sentada numa cadeira próxima a sua cama. Eu a encarava de uma maneira compenetrada, não queria que ela passasse mal novamente.

— Você não tem ideia do susto que me deu. – Percebi que algumas lágrimas vertiam de meus olhos quando essas caíram nas costas da minha mão. – Do que adiante eu ter criado um muro intransponível, do tipo que até afastou minha única irmã, se posso me sentir culpada pelo resto da minha vida caso você vier a me deixar?

E ali me desabafei. Confessei a ela que foi a coisa mais difícil deixa-la, mas que eu precisava fazer aquilo, mesmo assim os fins não justificavam os meios, eu não só tinha a abandonado como a afastei de mim por longos anos.

— Prim, será que um dia conseguirei seu perdão? Não posso continuar vivendo e saber que parti mais de uma vez seu coração. Este mundo sem você fica vazio e sem graça. Eu te amo irmã... – Eu já me debulhava em lágrimas quando me debrucei sobre a cama e logo senti um toque suave afagar meus cabelos. Por um mísero instante pensei que fosse minha irmã, mas ao levantar minha cabeça dei de cara com Peeta Mellark.

Meu primeiro impulso foi agredi-lo e afasta-lo bruscamente de perto de mim, mas me sentia tão derrotada que só queria saber o que ele estava fazendo ali. Mesmo contra minha vontade - que era a de ficar e velar o sono de Prim - fiz um sinal com a cabeça para irmos até o lado de fora.

— O que você quer? – perguntei tentando parecer forte novamente e colocando a máscara do desprezo, mas seus olhos ternos e caídos de forma ingênua e depressiva fez com que as míseras barreiras se desabassem de vez. Estar perto dele significava “perigo”, eu já me encontrava completamente apaixonada e não tinha como negar ao meu coração, mesmo querendo lutar contra tais sentimentos.

— Por favor, me perdoe por não dar atenção ao que me pediu em nosso último encontro. Sei que sou um covarde, mas algo fez com que eu tomasse coragem para analisar os exames que deixou em minha casa...

Descruzei os braços, os quais mantinha firmes ao meu corpo como uma forma defensiva.

— Acha que pode ajuda-la?

— Talvez sim...

Me lancei para frente e sem pensar muito em meus atos o empurrei até a parede mais próxima e o beijei impetuosamente.

— Serei eternamente grata se poder ajudar minha irmã. Ela é tudo que tenho de mais importante. Uma vez enterrei o que era terno entre nós, mas vê-la nesse estado só me faz sentir a pior pessoa da face da Terra.

— O tumor não é sua culpa.

— Mas eu tê-la afastado de mim é sim minha culpa.

— Katniss, não quero parecer precipitado, mas acredito que com uma boa análise e uma mão delicada, o que sua irmã tem pode sim, ser operável. – Arregalei meus olhos perplexa com suas palavras.

— Acha mesmo? – Definitivamente chorar em sua presença era a última coisa que eu queria, mas foi o que fiz e seus braços estavam lá me puxando para si, e suas cálidas mãos acalentavam meus cabelos.

— Acho sim, e não só acho, mas é possível, apenas possível, que a sombra estreita que analisei na radiografia não seja o tumor, mas sim tecido reagindo ao tumor.

— Será que os médicos estavam errados?

 Me afastei dele atordoada com a ideia. Será possível que nós fomos enganadas?

— Não Katniss, e pelo amor de Deus não comente com ninguém o que acabei de dizer. Ninguém enganou ninguém. Quando exercia meu posto neste hospital, eu era tido como o que via possibilidades onde não tinha. Meus superiores diziam que meu olhar clínico era o melhor, mesmo para alguém tão jovem, como eu era na época – ele suspirou cansado. – Em outras palavras, somente alguém louco para realizar uma cirurgia assim, por isso, liguei para uma amiga neurocirurgiã que trabalha na UCLA. Enviei as radiografias de sua irmã e ela está vindo para cá. Cancelou a agenda dela e pegou o primeiro voo disponível. Vamos ter uma pequena reunião com o doutor Shepherd para vermos se é possível minha amiga realizar tal operação.

— Mais uma vez obrigada, pelo o que está fazendo por ela – disse eu lhe lançando um sorriso cansado e o vi franzindo a testa e sua mão vir de encontro ao meu rosto.

— Não estou fazendo isso apenas por ela.

Palavras não foram mais proferidas apenas sentidas. Desta vez passei meus braços entorno de seu pescoço e o beijei com candura. Ele correspondeu de imediato abraçando-me pela cintura.

— Você ficará por aqui durante alguns dias? – perguntei encostando minha cabeça em seu peito.

— Provavelmente.

— Fique comigo – pedi e logo senti as frenéticas batidas de seu coração.

— Não sei se devo. Não quero ser inconveniente.

— Você não é, acredite. Pode ficar no meu quarto sem problema algum. Vou adorar sua companhia. E tem mais você precisa descansar...

— Eu vou ficar bem – assegurou ele.

— Sei que vai, só aceite o meu convite.

— Está bem, vou ficar.

Consegui sorrir de verdade e o apertei mais contra mim, e o senti me apertar contra ele.

Já estava amanhecendo e acabei dizendo para Peeta ir pra minha casa, tomar um banho e descansar um pouco, entretanto preferiu ficar e ir adiante com seus planos. Agradeci por ele ter comprado meu café da manhã. Prim estava sorrindo assim que acordou e o viu em seu campo de visão.

— Ei, Peeta... quanto tempo, hein? – Sua voz era rouca, talvez porque acabara de acordar.

— Você está linda, Prim. – Elogiou ele com os olhos cheios de ternura e sinceridade.

— Diz isso só para conquistar minha irmã?

— Prim! – Acabei por ficar sem graça.

— Não por isso, mas realmente parece que não envelheceu um dia sequer.

— Ah, pare vai. Estou tão moribunda que tenho de me esforçar para falar.

— Então descanse um pouco mais, que mais tarde volto a falar com você. – Ele passou a mão sobre seu rosto e ela esboçou um sorriso.

Peeta me chamou do lado de fora me avisando que iria se encontrar com a amiga que me falara. Nos despedimos com a promessa de que nos veríamos logo mais, e observei até que entrou no elevador e me lançou um último sorriso antes das portas de metal se fecharem.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostao. Nos vemos no próximo que não irá demorar pra sair... os comentários serão respondidos assim que possível, obrigada mais vez e até.



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