Entre Irmãs escrita por Cristabel Fraser, Paty Everllark


Capítulo 18
Gostei de você


Notas iniciais do capítulo

Boa noite queridos leitores, a demora foi por minha inteira culpa, minhas semanas não tem sido fáceis, vocês nada têm a ver com isso, mas depois de engolir uma lagoa inteira de sapos, ter perdido meu word e quase certas configurações do mesmo, cá estou – estamos – de volta com mais um capítulo, já estamos encaminhando para um final, mas calma muitas águas ainda irão rolar. Agradecemos o carinho de cada um, o comentário de vocês é importante. Sem mais delongas... aproveitem a leitura e por favor, leiam as notas finais.



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Pov. Katniss

 

— Peeta? Peeta acorda!

Acordei no meio da madrugada, e ao meu lado o loiro apresentava sinais visíveis de estar sendo atormentado por um pesadelo. Sua respiração era pesada, suava muito e aparentava sofrer em meio ao sono conturbado.

— Peeta, por favor, acorda! – tentei novamente, dessa vez acariciando de maneira leve seu rosto, não queria assusta-lo. Vagaroso e ainda ofegante o Mellark foi abrindo as pálpebras e notando minha presença.

— Eu estou aqui meu...

O que eu estava prestes a dizer? A palavra formou-se em meu pensamento de uma maneira tão natural que me assustou. Amor? O que estava sentindo de fato por Peeta? Calei-me, amedrontada diante do que estava sentindo, o coração começou a acelerar em meu peito. 

— Katniss? – Desorientado sentou-se na cama, por conseguinte levantei e segurei suas mãos. O loiro encontrava-se tenso e suas mãos tremiam consideravelmente.

— Sou eu! – exclamei num tom baixo, ainda sob o efeito de toda a emoção que havia tomado conta de meu corpo há poucos minutos. Notei que seus olhos se enchiam de lágrimas, porém em um súbito, Peeta soltou minhas mãos e encolheu as pernas abraçando-as por instinto, e escondendo o rosto. Sua atitude lembrava a de uma criança pequena. 

— Peeta, o que foi? – Afastei os lençóis que cobriam minha nudez e ajoelhada à sua frente ergui seu rosto para que pudesse encara-lo. Ele aparentava tanta fragilidade naquele instante.

 – Eu estou aqui. – Após uma eternidade analisando-me, num gesto delicado tocou minha face, ao que fechei meus olhos sentindo a intensidade da caricia. Coloquei minha mão sobre a dele e virando a face beijei sua palma. 

— Estou feliz que tenha ficado. – Sorri ainda de olhos cerrados. 

— Eu também. – Ele juntou nossos lábios num beijo calmo e repleto de sentimentos, lentamente foi deitando-se, outra vez na cama, trazendo meu corpo junto ao seu.  Não dissemos mais nada somente nos amamos novamente.

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

— Tia Kat qual dos dois?

— Hã?

— Qual dos dois vestidos? A mamãe gosta mais do vermelho e você?

Olhei para minha irmã sentada na poltrona ao lado da cama da filha, e esta me lançou um sorriso fraco. Becky estava se arrumando para ir para a cidade encontrar algumas amiguinhas da escola, era a primeira vez que saía com meninas da sua idade e estava radiante com a ansiedade da nova experiência.

— O vermelho está bem bonito.

— Obrigada tia, também gosto mais do vermelho. – A loirinha colocou o vestido defronte ao corpo e rodopiou segurando a saia do mesmo.

— Minha filhinha está crescendo, e virando uma linda moça.

 A voz de Primrose soou cansada, contudo minha irmã externava muita alegria em sua fala. Pudera, tiramos parte da tarde para arrumar Becky para o passeio. Pintamos suas unhas, escovamos seus cabelos e a maquiamos. Minha sobrinha estava uma princesa de tão linda.

— Mamãe são seus olhos.

— E modesta também. – Prim jogou uma almofada que descansava em seu colo sobre a menina que saiu do quarto correndo em direção ao banheiro do corredor.  Há poucos minutos Haymitch havia nos avisado que sua carona logo chegaria, e que ela se apressasse. Fiquei parada vendo minha sobrinha sumindo no corredor e quando percebi estava sendo observada com afinco.

— O que é?

— Não pensa que não vi a hora que chegou esta manhã... O que anda escondendo Katniss? 

— Não estou escondendo nada, apenas acho que ainda é cedo para contar.

Aproximei-me da poltrona onde Prim estava e acariciei seus braços. Há dias já vinha notando que ela não estava se sentido bem, embora tentasse se manter forte. Os efeitos colaterais da radioterapia cobravam o preço em seu corpo.  Minha irmã havia emagrecido bastante, e sempre se achava muito cansada.

— Me promete que tentará se permitir dessa vez? 

— Do que está falando Prim?

— Você sabe do que eu estou falando, Katniss. A vida é muito curta para perder tempo com medos e traumas do passado. Promete-me?

 Acenei um "sim" com a cabeça.

— Isso. – Prim  abriu os braços me convidando a um abraço. Antes de abraça-la vi que minha irmã tentava me esconder seu real estado de espírito atrás de um sorriso miúdo.  Tomei uma decisão. Mesmo que ela jamais me perdoasse eu iria contraria-la e ligaria para Cato. Ele tinha o direito de saber o que estava acontecendo com sua esposa. 

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

Assim que retornamos para Seattle, Prim ficava mais debilitada a cada dia que passava.

Sem pensar duas vezes liguei para Cato, e fiquei surpresa com sua atitude depois que lhe contei a real situação. Ele imediatamente desligou o telefone dizendo que pegaria o próximo voo.

— Fiz salmão para o jantar – disse ao entrar no quarto que tinha separado para minha irmã.

— Não estou com fome... – Sua voz saiu fraca e me aproximei um pouco mais dela.

— Prim tem que comer, pensa que não estou notando sua falta de apetite - observo passando a mão sobre seus cabelos e alguns fios grudam facilmente entre meus dedos. – Prim...

— Eu sei está caindo ainda mais... olhe aqui. – Ela se virou e vi uma falha enorme de cabelo do outro lado.

— Oh, sinto muito, Prim. – A tomei em meus braços quando os soluços surgiram.

— Quero que cuide da Becky quando chegar a hora, ela vai precisar de uma figura materna.

— Não quero que diga besteiras, pare já com isso! – adverti a afastando e encarando seus olhos banhados pelas lágrimas. – Primrose Everdeen Ludwig, você ainda viverá mais do que eu...

— Grande novidade...

— Xiu... nunca mais, repito, nunca mais diga algo assim. – Escutei a campainha e pedi que aguardasse. Quando abri a porta Cato tinha os olhos arregalados.

— Cadê ela?

— No quarto... – Nem precisei dizer mais nada, ele com rapidez seguiu para dentro de meu apartamento como se estivesse acostumado a estar ali sempre.

Ouvi um choro sonoro de Prim, mas não quis intervir, os dois precisavam desse momento.

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

Acho que se minha irmã tivesse saudável me bateria até eu cair no chão, mas sua raiva por eu ter ligado para Cato sessou rapidamente. Ele não saía um minuto sequer do lado dela e ver os dois tão unidos me fez sentir um incomodo no peito.

Todas as noites o escutava cantando para ela e de certa forma comecei a me simpatizar ainda mais por ele.

Estávamos prontos para mais uma consulta e desta vez era Cato que amparava minha irmã enquanto nos aproximávamos do consultório.

— Primrose Everdeen Ludwig. – Uma recepcionista surge a chamando.

Nós três entramos na sala e havia quatro médicos. E um deles nos indicou as cadeiras, logo que sentamos outro médico dirigiu a atenção para minha irmã.

— Boa tarde Sra. Ludwig, sou o Dr. Michell Chrest, neuronconlogista. Estamos estudando seu quadro e montamos uma equipe. O Dr. Shepherd lhe dirá mais informações.

— O tumor reagiu à radioterapia. Está 13% menor – informou Shepherd.

— Nossa que bom! – disse eu entusiasmada.

Eles se encararam.

— A redução de tamanho vai lhe dar mais um tempo de vida. Mas, infelizmente, o tumor ainda é inoperável. Sinto muito.

Ao escutar aquilo senti meu corpo se anestesiar.

— Quanto tempo eu tenho, doutor?

Shepherd tinha a voz suave.

— Infelizmente os índices não são bons. Depende de cada paciente. Alguns chegam a viver um ano. Às vezes um pouco mais.

Prim olhou para sua mão de casada. E não pude deixar de notar que seus pensamentos bagunçavam-se ainda mais. Puxei a mão que ela analisava e tentei ser otimista.

— Ei, lembra que comprei livros e revistas pela amazon? Em um dos arquivos...

— Por favor, pare! – pediu Prim, negando com a cabeça e lágrimas escorreram em seu rosto. No mesmo instante enxugou sua bochecha e encarou o médico. – O que tenho que fazer a partir de agora?

Bruscamente levantei da cadeira e passei a andar de um lado para o outro. De repente, as paredes pareciam que iriam me sufocar, todavia ao erguer meus olhos notei uma fotografia dentre alguns diplomas. Fixamente aproximei, e meu corpo já tenso, senti que a qualquer momento desabaria.

— Bem, temos algumas opções. Nenhuma tão boa, mas...

— Quem é esse homem?

Retirei a fotografia da parede e com as mãos tremulando me aproximei do médico que acabara de falar com minha irmã e apontei a pessoa.

Ele franziu a testa.

— É só o grupo de residentes.

Sem relevar o que perguntei, voltou a atenção para Prim e minha raiva fez eu jogar bruscamente o retrato sobre a mesa.

Ele, eu quero saber quem é ele – apontei o loiro na fotografia.

— Peeta Mellark.

— Peeta é médico? - perguntei mais para mim, entretanto minha irmã me encarou atordoada.

— Katniss, conhece o Peeta?

— Você também o conhece? – questionei um tanto surpresa.

— Na realidade, ele era um dos melhores neurocirurgiões deste hospital. – Shepherd que respondeu minha dúvida. – Um expert em enxergar a solução onde, ninguém mais enxergava.

— Katniss, nem pense em pedir a ajuda dele. Estou precisando é de um milagre.

— Não entendi uma coisa, por que ele era?

— Peeta abandonou a medicina. Aliás, desapareceu do mapa.

— Mas por quê? - Minha mente trabalhava a mil. Como ele poderia estar jogando fora seu talento em uma oficina mecânica, desperdiçando seu dom com carros?

— Porque ele se culpa pela morte da esposa, na verdade, ele fez eutanásia nela.

Eutanásia?

Ao saber do passado de Peeta Mellark, não tive mais consciência de nada. O loiro havia realizado a eutanásia na esposa? Foi impossível evitar a decepção que tomou conta do meu ser. Por que ele omitiu seu passado quando lhe contei da doença de Primrose?

Eu tinha que confrontá-lo, mesmo aos protestos de minha irmã, tinha que lhe perguntar o porquê de tudo.

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

No dia seguinte nós três partirmos para Belleville. Mal cheguei à pequena cidade e fui direto ao destino que pretendia. Sem a menor delicadeza bati várias vezes na porta que logo foi aberta. Peeta, com aqueles olhos magnificamente azuis e o sorriso, que indicava estar feliz em me ver,  recepcionou-me dando um passo à frente.

— Kat... - Com as mãos espalmadas sobre seu peito o empurrei antes que pudesse me tocar, isso o fez quase cair.

— Qual é o seu problema? – gritei sentindo a raiva me dominar. – Por que mentiu pra mim, aliás, por que ocultou a verdade, Peeta?

— Que verdade? – inqueriu atordoado.

— Que verdade, Dr. Mellark? Como tem coragem de me perguntar. Eu gostei de você... - senti meus olhos se encherem de lágrimas, mais uma vez eu era enganada. - Eu... eu estava me apaixonando cada vez mais por você. - Ele não disse uma palavra, parecia estar em choque. - Chorei nos teus braços. Ficamos várias vezes junto e não me ofereceu nenhuma ajuda. Que tipo de homem é você?

Peeta tentou se aproximar de novo, talvez para me abraçar, mas me esquivei.

— Sou o tipo que reconhece, que seus dias de super-herói estão no passado. Se você descobriu quem sou, sabe que...

— Matou sua mulher. Pois é fiquei sabendo. - Mantive meus braços cruzados na altura dos seios, pensando assim me proteger.

— O termo mais "bonitinho" para um homicídio culposo seria a eutanásia, não? - sorriu acidamente e passando por mim sentou-se no sofá.

 Peeta pôs-se a encarar a parede, a expressão demonstrando fadiga, como se carregasse todo o peso do mundo em suas costas. Observei-o por alguns minutos em total silêncio. Em minha cabeça uma enxurrada de lembranças me tomou de assalto.

Como podia ter me esquecido do seu julgamento? Na época, devido à complexidade do feito não se falava de outro assunto em todo o meio jurídico, quiçá no país. Por sorte, o homem à minha frente, teve como defensora uma das melhores advogadas criminais de estado.

— Agora me lembro do seu caso, foi uma agitação em Seattle... 

Peeta nada acrescentou, porém de um jeito estranho permaneceu  analisando as próprias mãos como se estivesse começando a entrar em transe.

 


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que tenham gostado... Paty tem um recadinho. Ela entrou em contato comigo e pediu que avisasse vocês pelas fics dela estarem em off, por conta de um pequeno incidente que aconteceu com a mão dela, mas ela retornará assim que der. Provavelmente nesse domingo terá PA. Um forte abraço a todas e nos digam o que estão achando de EI. Byeeeeeee.



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