Entre Irmãs escrita por Cristabel Fraser, Paty Everllark


Capítulo 16
Meu Lar


Notas iniciais do capítulo

Boa noite galerinha linda do Nyah!

Sábado à noite, friozinho gostoso (ao menos aqui no Rio) e um capítulo emocionante de EI para os leitores mais ‘maravilindos do mundo. Rsrs.

Eu e a Bel estamos super felizes com a interação de vocês, por isso agradecemos de coração os comentários no capitulo passado e também os favoritos.

Ah! E, também não posso esquecer-me de desejar boas vindas aos novos acompanhamentos.
Nós esperamos de verdade que apreciem o capítulo que editamos com muito carinho especialmente para vocês.

Boa leitura.




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Pov Prim

 

A cada palavra proferida, por meu marido do outro lado da linha, crescia em meu peito a certeza de que minha decisão de poupá-lo sobre meu diagnóstico havia sido a mais acertada.

Mesmo  tendo-o comigo há pouquíssimo  tempo, visto a forma intempestiva como nossa relação se deu. Em meu peito as dúvidas – ao contrário do que Katniss pensava – eram inexistentes quanto aos seus sentimentos por mim. Tinha total convicção que, caso tomasse ciência do tumor, Cato não pensaria duas vezes em retornar para casa e cumprir seus votos de estarmos juntos na saúde e na doença. Mas seria justo contar tudo a ele?

Se fechasse os olhos, seria capaz de sentir seu entusiasmo através das ondas magnéticas que faziam sua voz chegar a meus ouvidos, mesmo que estivéssemos a quilômetros de distância um do outro. 

Meu marido, estava feliz, como nunca estivera em toda a sua vida. E, isso era a única coisa que me bastava para estar feliz também. Jamais me perdoaria se lhe privasse disso, tendo em vista seu passado. Não agora, estando tão próximo de concretizar seus anseios, mesmo que o que mais desejasse era poder sentir-me segura em seus braços.

Finalmente fechei os olhos, e recostei a cabeça na corda amarrada ao balanço, onde há alguns minutos me refugiara para atender sua ligação. A voz suave de Cato invadindo e acalmando minha mente agitada. Respirei fundo, era como se pudesse vê-lo sorrindo do outro lado. Seus olhos azuis se apertando enquanto sua expressão se iluminava, e seus dentes perfeitamente alinhados se revelavam, sem que o mesmo pudesse os conter.

— Amor?

— Hum? Estou ouvindo, amor!

— Me perdoe, você deve estar extremamente cansada da viagem e eu aqui tagarelando sem parar, sobre como foi meu encontro com Alan Mayer na gravadora. Mas é que, eu estou tão contente, que às vezes nem acredito que tudo isso está de fato acontecendo comigo. São tantas coisas boas, advindo ao mesmo tempo. Nós dois, nosso casamento, e agora a possibilidade de lançar um Cd com o selo da Asher Music Records. Fico imaginando se mereço realmente tamanha graça.

— Você merece tudo isso, e muito mais, meu querido. É a sua chance de conquistar o que sempre almejou... – engoli em seco, a garganta arranhando devido o esforço empregado em manter a voz firme. Graças a Deus o loiro não se alongou mais na ligação, visando meus bem estar, e propondo-me que fosse descansar da viagem o quanto antes. Mal sabendo ele que, meu corpo realmente clamava por tal descanso.

— ... Prim, eu te amo e estou contando as horas para ir pra casa e matar toda essa saudade.  

— Eu também te amo – declarei o mais rápido que consegui logo apertei na tecla verde dando fim a ligação. Se não o fizesse decerto choraria entregando meu real estado de espírito. A seguir, apoie meu cotovelo nas coxas e enterrei meu rosto entre as mãos, liberando assim as lágrimas que segurei desde que coloquei os pés no resort.

— Não acha que ele tem direito de saber?

Só me dei conta da presença silenciosa de meu pai, ao sentir suas mãos firmes, envolvendo as cordas do balanço. De maneira lenta, ele pôs-se a balançar o brinquedo como fazia quando era pequena, emudeci e pude dessa forma ouvir os barulhos da noite.  Talvez fosse imprudência minha, estar ao relento após a tempestade de verão que há pouco se dissipara. Contudo, precisava pensar e não existia lugar melhor que aquele parque esquecido aos fundos do resort.

Observei ao meu redor. Ainda estavam presentes em minha mente os dois momentos que o brinquedo, em questão havia sido meu refúgio, num passado não tão distante. O primeiro, quando vi minha irmã partindo para longe de nossa casa e de nossa vida, e o segundo quando descobri estar esperando um filho. Nos dois momentos me senti sozinha, amedrontada, totalmente sem rumo.  Não via luz ao final do túnel, nem um caminho tranquilo que pudesse seguir. No entanto, meu pai estava ali, chegara sorrateiramente do nada como fizera agora. Me fazendo perguntas, como esta, que acabara de me fazer. Valendo-se de sua didática inconfundível, arrancando-me as respostas que nem eu mesma sabia ter. 

— Sim... Acho que ele tem o direito, mas não direi nada a ele. E peço que você e Katniss, respeitem minha decisão. Por ora, quero apenas me concentrar em como irei contar a minha filha sobre o tumor.

— Filha, um relacionamento entre duas pessoas que se amam  deve ser pautado no amor, alicerçado na verdade, na cumplicidade e no companheirismo. Desse jeito, não está dando chances a seu marido de escolher estar, ou não ao seu lado. Como acha que ele se sentirá quando souber que escondeu isso dele.  

— Vocês não entendem. Cato, está tendo uma oportunidade única de realizar tudo que sempre sonhou na vida, pai.

— Outras oportunidades ainda virão para ele. Seja sincera Primrose. Do que tem medo? Tem medo que ele...

— Não pai! – Me exaltei sabendo qual seria sua pergunta. – Eu não tenho medo que um dia, me culpar por ter perdido a oportunidade de sua vida... pois, creio em seu talento, sei que outros convites acontecerão... – Calei-me. Externar meus sentimentos doía.

— Então, qual é o seu temor filha? – O questionamento soou apreensivo, e pude nota-lo parar de mover o balanço, sua atenção voltada para a resposta.

— Eu tenho medo que ele adie seus sonhos, por mim e que tudo seja em vão.

— Você não precisa se preocupar, as coisas darão certo... nós faremos o que for preciso para que dê certo. Prim, você é nova, é forte... – coloquei-me de pé e me preparei para encara-lo. Percebi nervosismo em sua voz, a mesma falhando consideravelmente. Entendi que, o peso da informação recebida por ele assim que Becky, se recolhera a seu quarto, por fim estava sendo assimilada.  

— Pai... – Me virei em sua direção. Pela primeira vez na vida o vi tão frágil. Meu pai, meu herói sempre tão sarcástico e em muitas ocasiões, perito em esconde sua dor de um jeito brilhante detrás de garrafa de uísque, parecia um menino que acabara de perder algo de sua maior estima.

— Me desculpa filha... não consigo sequer imaginar isso, não é a ordem natural das coisas.

Puxei-o para junto de meu corpo e o abracei com toda força que consegui, acolhendo sua tristeza em saber que sua menininha estava doente, mas também recebendo dele todo o amor e fortaleza que precisava para prosseguir na luta que estava por vir.

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

— Mamãe, por que a tia Kat não vai com a gente? E, por que ela ainda não desceu para tomar café?

— Filha, sua tia chegou tarde, deixe-a descansar um pouco, fora que eu gostaria que fizéssemos um programinha de mãe e filha.

Naquela manhã ensolarada de verão, acordei bem cedo e preparei uma cesta de piquenique, com diversas guloseimas que bem sabia que Becky adorava. Alguns metros de nossa casa ficava um extenso lago, onde em épocas como essas, corríamos pelo deque e saltávamos, fazendo diversas acrobacias no ar e assim pulando na água amena.

Nossas mãos se encontravam entrelaçadas, vez em quando ela me encarava e sorria.

Ao chegarmos no deque, estendi a toalha xadrez avermelhada, e depositei a cesta sobre ela. Nem parecia que tinha chovido forte na noite anterior.

— O que vai ser primeiro? Uma fruta, ou a torta holandesa da Sra. Margot?

— Mamãe, você sempre me obriga a comer primeiro o saudável para depois as gulodices, está tudo bem? – Seus olhos, tão azuis quanto os meus, me encaravam enigmaticamente. Minha garotinha estava crescendo, era sensível com as coisas que aconteciam a sua volta.

— Sente-se aqui com a mamãe – bati em meu colo e logo descansou a cabeça. Vagarosamente fui desfazendo sua trança. – Becky... preciso que seja forte, por mim e pelo seu avô...

— Por quê?

— Acalme-se, deixe eu te contar primeiro e depois você pode me perguntar o que quiser, tudo bem? – Ela assentiu e pude prosseguir. – Becky, nessa viagem que fiz com o Cato, comecei a sentir alguns sintomas que eu não sentia antes. Quando fui pra casa da Kat, esqueci para onde estava indo e naquele momento me senti tão inútil... sua tia me levou ao hospital, e corre daqui e corre dali, encontrarão uma massa na minha cabeça do tamanho de uma bola de ping pong... – As lágrimas que tentei segurar rolaram pelo meu rosto sem permissão e caiu sobre a testa de minha filha que num impulso se sentou de frente para mim.

— O que isso significa, mamãe?

— É um tumor, filha... vou ter que ser medicada, mas a medicação é um tanto especial e terá que ser feita em Seattle.

— Está me contando isso, por que vai ter de ficar com a tia Kat e eu não poderei estar junto?

Se fosse tão simples assim essa nossa situação, estaria mais do que feliz, mas Becky e nem mesmo eu, sabíamos o que o destino estava reservando, com tudo procurei lhe passar segurança.

—Isso, filha... – Eu tentei permanecer firme, mas cada vez mais, meu choro aumentava.

— Não chore, mamãe... – Becky se lançou para frente e enlaçou seus braços entorno do meu pescoço. Sentir seu cheiro só me fazia ter um pensamento, lar. Estar com ela ali era tudo. Becky era meu mundo. Não sei o que seria de mim agora, se não a tivesse. – Com certeza, pediu para o vovô cuidar de mim, mas se quer saber, eu é que tenho que cuidar dele.

Acabei rindo. Ela estava certa. Por mais que meu pai teve um passado triste de muita bebedeira, ele guardava uma garrafa de uísque para “espairecer” essa era sua versão quando o enfrentava dizendo-lhe para não beber.

— Eu te amo, Becky.

—Também te amo, mamãe. Saiba que estarei pedindo ao meu anjo da guarda para cuidar de você, enquanto estiver cuidando do tumor.

—Você é esse anjo, querida, e tenho certeza que já está cuidando de mim. Eu posso sentir aqui. – Pousei minha mão em meu peito. Mais tarde já com minhas coisas prontas, para voltarmos à Seattle, tive uma surpresa. – O que significa isso? – perguntei vendo meu pai com uma pequena mala e minha filha com sua mochila.

— Katniss me disse que sua primeira sessão de radioterapia é amanhã, então, achei que seria bom Becky e eu estarmos lá para te passar boas energias. – Meus olhos se encheram de lágrimas ao escutar meu pai dizer aquilo.

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

No dia seguinte, na parte da tarde, lá estava eu sentada aguardando minha primeira sessão, antes de entrar na sala recebi um forte abraço do meu pai, um beijo de minha filha com a seguinte frase “estamos com você, mamãe”.

Assim que saí me senti zonza e tive que segurar na parede para não desabar, logo Katniss surgiu para me amparar.

— Como se sente?

— Como se um trator tivesse passado por cima.

— Haymitch levou a Becky para fazer um lanche, mas já devem estar voltando.

Chegamos ao corredor e sentamos nas cadeiras dispostas para esperarmos meu pai e minha filha.

— Obrigada por estar aqui – disse eu segurando as mãos de Katniss que se encontravam suadas.

— É o mínimo que posso fazer depois de tudo... – Ela piscou repetidas vezes e logo se levantou. – Vou deixar a próxima sessão agendada.

— Mamãe!!!! – Minha loirinha de doze anos surge quase que patinando pelo corredor meticulosamente limpo. Quando se aproximou de mim disse animada: - É impressão minha, ou você parece mais loira e mais linda?

— São seus olhos, Becky, querida. – Ela se sentou ao meu lado enquanto meu pai se aproximava cautelosamente.

— Sente-se bem?

— Sim – afirmei, mesmo sendo uma meia verdade.

— Que tal jantarmos no Space Needle, para comemorarmos a primeira radioterapia da Prim e por vocês estarem aqui?

— Adoraríamos – respondeu meu pai.

Dali seguimos em direção ao restaurante, pudemos desfrutar uma maravilhosa refeição e passar um tempinho em família, como nos velhos tempos.

 


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Notas finais do capítulo

Ufa! Por hoje é só meus queridos, esperamos por vocês nos comentários.

Semana que vem se Deus quiser e tudo correr bem a Belrapunzel vem trazendo mais um capítulo novinho, então até lá.

Ps; Gente já estava me esquecendo (ô cabecinha de vento) a coletânea de ones, “Encontros, Acasos e Amores” foi atualizada ontem e nossa querida Belzinha foi quem assinou o conto. ‘ Bora dar uma passadinha lá para conferir? Vou deixar o link, caso queiram checar;) Beijos bom fim de semana.

https://fanfiction.com.br/historia/731702/Encontros_Acasos_e_Amores/



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