Never Stop escrita por Ellen Freitas


Capítulo 21
"I will never stop choosing you, babe"


Notas iniciais do capítulo

Já faz 84 anos...
Minha conta não foi hackeada, vocês leram certo, sou euzinha mesma, postando depois de mais de 2 ANOS!! Alguns já tinham desistido, confessem... Sabe aquele bloqueio criativo? Nunca tive um tão longo, sério. Mas aqui estou eu, com o capítulo final de Never Stop.

Esse capítulo vai especialmente para uma pessoa: minha amiga, beta, designer de capas e cobradora particular de capítulos, Ciin Smoak. Dizer que ela é especial é muito genérico, dizer que é incrível também, então vou dizer apenas maravilhosa por falta de palavras melhor, e hoje ela faz aniversário!! Fiz mistério e guardei esse capítulo pra postar hoje para você, amiga, espero que goste.

E não podia deixar de dedicar também para todas as lindas que acompanham essa história há tanto tempo, que favoritaram, comentaram, recomendaram e não desistiram de mim, desse Oliver e dessa Felicity. Muito obrigada mesmo, a fic voltou por causa de vocês.

Como faz muito tempo desde a última atualização, vou relembrar aqui o que estava rolando. Insiram a voz do Stephen Amell aqui...
“Anteriormente, em Never Stop...
Oliver finalmente pediu Felicity em casamento na festa do reencontro da escola e eles estão mais felizes do que nunca. Tommy e Laurel assumidíssimos, Thea beijou Roy, Sara e Ray, Barry e Caitlin a caminho de um relacionamento. E foi basicamente isso.”

Deixando de enrolar aqui, vamos ao capítulo. Dedos cruzados para que gostem...
Até as notas finais!! Bjs*



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Nunca pareceu tão certo o modo como minha mão ficou enlaçada na de Oliver quando entramos no prédio das Consolidações Queen naquela manhã de segunda. Eu podia ouvir o burburinho, provavelmente a notícia do pedido de casamento já havia chegado aqui. E se não foi isso, com certeza a pedra gigante no meu dedo não passou despercebida dos olhares mais atentos.

E eu não podia me importar menos com as fofocas, afinal, nunca estive tão feliz.

— Essa coisa na sua cara... — Thea surgiu do nada, chegando perto de nós dois e apontando para a boca de Oliver. — Estranho.

— HA HA. Engraçada — ele ironizou. — O que faz aqui tão cedo, Speedy?

— Eu vim à sua procura, é claro. — Deu de ombros. — Você acha justo que eu saiba que vou ser madrinha do seu casamento por Tommy? O fofoqueiro Tommy Merlyn? — Abri a boca para dizer algo, mas eu não tinha uma justificativa muito boa. Na real, havíamos mesmo esquecido de avisar a ela. Liguei para Barry e Cait, apenas.

— Thea, me desculpe — pedi.

— Não peça desculpas a ela — Oliver falou sorrindo. — E Tommy disse que você vai ser a madrinha? Não se iluda, irmãzinha.

— E quem vai ser? Todas as mulheres que Felicity conhece são suas ex-namoradas, mano. Talvez eu tenha que brigar com Caitlin pelo cargo, mas acho que ganho, ela é um pouco nerd demais para a função, a despedida de solteira seria um saco — falou pensativa quando alcançamos o elevador.

— Ei, eu sou nerd também! — reclamei apertando o botão no andar da presidência.

— Por isso Sara será minha madrinha e não você — respondeu simplesmente e eu não tive outra reação a não ser rir. Queenzinha maluca. — Enfim, podemos falar disso depois. — Ela começou o assunto e ela mesma o encerrou com um gesto de mãos. — Ollie, por onde você andava?

— Onde você acha?

— Nem casaram ainda e você já roubou meu irmão, Felicity — reclamou.

— Boa sorte em tirá-lo da minha casa. Eu mesma tentei chutá-lo de lá, mas já viu o tamanho desse homem? Quer dizer, não que você fique pensando nos tamanhos dele... Ou melhor, não que eu fique pensando também! — Apertei as pálpebras com força. — 3... 2... 1...

— Entre ficar na casa da minha noiva e na mansão dos infernos, o que acha que eu escolheria, Thea? ― Eu nunca me acostumaria com ele me chamando assim. Sorri.

— É justo — assumiu a contragosto. — Mas me deixou sozinha com os dois, traidor! Todo dia eu aprendo novos xingamentos chiques com a mamãe e o papai! Você tem que voltar, Ollie! — suplicou fazendo drama.

— Nem pensar. — Saímos do elevador, Laurel ainda não havia chegado. Eu iria sentar em minha mesa e deixar os dois continuarem a discutir a relação, mas Oliver me arrastou junto de si para a sua sala.

— Você que sabe. Mas eles estão te procurando.

— Problema deles.

— Só vim te avisar, e avisar você, Felicity. Nossos pais já sabem do noivado e não ficaram felizes do Oliver ter feito sem falar com eles antes, devem estar preparados.

— Obrigada, Thea — agradeci, mas meu pensamento já estava em esconderijos viáveis para o caso da imponente família Queen resolver pipocar no escritório.

— E você como a ótima irmã que é, acordou cedo e veio aqui só me avisar? — A desconfiança de Oliver despertou em mim curiosidade. Todo mundo sabe como os Queens não são matinais, e para ela ter vindo aqui falar algo que poderia fazer por ligação, deveria ter algum motivo escondido.

— Ótima é um pouco fraco, usaria incrível. Maravilhosa. Espetacular.

— Nem vem! Ainda não esqueci de você agarrando meu segurança aquele dia lá em casa. — Bingo! Oliver percebeu também no momento que falou, e Thea abriu um sorrisão daqueles.

— Já que tocou no assunto, onde ele está? — perguntou com malícia, olhando ao redor.

— Eu vou te prender em um lugar para deixar de ser tão espevitada!

— Querido, princesas presas em torres é tão antigo.

— Vou trabalhar. — Usei minha deixa para sair antes que a briga aumentasse, deixando um beijo no rosto de Oliver. — Boa sorte — falei a Thea, juntando meu indicador e polegar em um gesto amistoso e lhe dando uma piscadela.

— Não a incentive, Felicity! — ouvi a reclamação dele quando já me afastava.

Eu mal havia me sentado quando Laurel chegou com aquela cara de segunda feira, sentando em seu lugar na mesa ao lado.

― Bom dia, vareta.

― Bom dia, nerd. O que é aquilo ali? ― Segui seu olhar até a sala de Oliver, onde ele ainda discutia com a irmã.

― Queens e seus dramas. ― Dei de ombros, levantando para ficar em frente à sua mesa e poder abaixar meu tom de voz. ― Ei, posso falar com você?

― Já está falando, lindinha ― respondeu casualmente, ligando o computador. Não retruque, Felicity, presentei Laurel com sua onda de bom humor.

― Como está Tommy? Soube que ele anda espalhando meu novo status por toda Star City ― comecei dando voltas para onde queria chegar.

― Por que você está enrolando?

― Ah, ok, direto ao ponto, gosto disso. Mentira, não gosto. — Rolei olhos para mim mesma. — Enfim... Acabei de saber que os Queen já sabem do pedido e não estão felizes com isso. ― Pela primeira vez, Laurel ergueu os olhos para mim.

― Ih, nerd...

― Qual é, estou nervosa aqui, e você me vem apenas com um “ih, nerd”? Não tem nenhum conselho ou meio de fuga? Minha relação com Moira não é das melhores e o Robert só conheço pelas lamentações da Thea.

― Quer um conselho sobre os Queen? Não os enfrente, são tubarões e você, no máximo, uma peixinha de aquário. Ele precisa enfrentar os pais, ou nunca nada vai dar certo. A coisa do filhinho de papai e herdeiro só é charmosa no início. ― Franzi meu nariz em desgosto.

― Não quero que Oliver lute minhas batalhas, Laurel.

― Aí é que está, querida, não é sua batalha. Apenas faça Oliver conseguir logo um lugar novo para vocês morarem e finalmente sair daquela mansão.

― Foi agir assim que fez eles gostarem de você? ― O sorriso dela abriu de um modo quase maléfico.

― Eles não gostavam de mim no início, assim como o pai de Tommy não gosta agora, mas você não me vê lamentando por isso. ― Quase fiz beicinho diante daquilo. ― Ah, não vai me dizer que queria que os Queen fossem seus novos papais? Bonitinho.

― Não é isso ― retruquei voltando à minha mesa. ― Só queria uma relação pacífica com eles.

― Eles acham qualquer um inferior demais para os filhos. Apenas deixe pra lá, o que importa é que Oliver gosta de você, e, para sua sorte, Thea também. Foi mais do que eu consegui.

― Valeu, Laurel. E sinto muito por sua relação com seu sogro também não ser das melhores.

― Sobre isso, nem me importo. Tommy gosta mais de mim porque o pai dele não gosta, e acho que Oliver pensa o mesmo. Ponto para nós. ― Ela piscou e voltou sua atenção ao trabalho, dando a conversa por encerrado.

~

― Onde está Laurel? ― Oliver perguntou com as mãos nos bolsos na porta da sua sala.

― Foi levar uns contratos para serem assinados no novo Centro de Ciências Aplicadas, deve estar chegando. Ela ia direto para a reunião que teremos daqui a pouco ― expliquei. ― Ei, que cara é essa? ― perguntei diante do pequeno vinco de preocupação entre suas sobrancelhas. ― Você é jovem demais para ter rugas. Espera, eu já tenho rugas? ― Toquei meu rosto com as duas mãos o fazendo rir e chegar perto, encostando o tronco ao meu lado na mesa.

― Essa história de Thea ainda vai me dar cabelos brancos.

― Você é preocupado demais, Oliver. Ela já é maior de idade! ― Entrelacei nossos dedos, fazendo carinho em sua mão com a minha livre.

― Mas ainda se comporta como uma criança. Pode se machucar...

― E como um bom irmão mais velho, você vai estar lá para socorrê-la. Mas se ficar com ciúmes, só vai ser o irmão chato e de quem ela vai esconder coisas.

― Você é incrível, sabia?

― Querido, se vamos mesmo casar, preciso preservar a vida da nossa futura filha quando ela decidir que não quer ser mais virgem. ― Ele fez uma careta e começou a encenar que passava mal, enquanto eu apenas ria.

― Acho que vou vomitar. Ai, preciso tirar isso da minha cabeça agora.

― Você é dramático, sabia? ― Fiquei de pé e me ajustei entre suas pernas. ― Só precisamos protegê-la dos mini-Olivers e mini-Tommys e ficaremos bem.

― Oh, mais imagens mentais, mais imagens mentais!

― Quer uma distração, baby? ― Minhas mãos deixaram a dele e subiram por sua lapela, e no mesmo momento um sorriso desenhou-se em seus lábios.

― Precisa perguntar?

Em um segundo estávamos imaginando nossa futura filha, e agora já começando o maior amasso, ele sentou na mesa e me puxou para si, nossas línguas trabalhando sincronizadas em se dar prazer e tirar estresse. Se tinha coisa que ele era bom, era nisso.

― Eu te falei que era isso que ele fazia por aqui. ― Moira e Robert estavam parados na porta do elevador, as portas se fechando atrás deles. ― Com ela.

Foi ainda pior que última vez. Se antes Moira me desprezava por ser a namorada da vez de Oliver, agora parecia que ela queria me matar por te me tornado a noiva.  E eu posso estar sendo precipitada, mas esse não era nem de longe o melhor modo de conhecer seu futuro sogro. Enfiei meu rosto no terno de Oliver, mas o que eu queria mesmo era um buraco. Bem fundo. Até a China.

― Merda! ― Oliver resmungou baixinho, soltando um suspiro e ficando de frente aos pais, e me colocando para trás dele. ― Mãe, pai. A que devo a honra?

― Preciso falar com você em meu escritório.

Meu escritório ― Oliver corrigiu o pai.

― Peça para sua secretária trazer um café para nós, querido ― Moira falou apenas para me provocar, mas eu decidi que não me deixaria abalar. Se ela queria manter nossa relação baseada no cinismo, eu também poderia.

― Com açúcar e creme, senhora Queen?

― Você não vai levar café nenhum! ― Oliver grunhiu para mim e seguiu os pais para o escritório.

Eu até tentei parecer discreta e não a namorada louca que fica espiando pelas paredes de vidro, mas eu estava mesmo preocupada com meu noivo e não pude evitar. Os três discutiam como se não fossem sequer amigos, quanto mais família, só que fora Oliver que estava um pouco fora de controle, os outros dois falavam baixo e compassadamente, como se estivessem ali resolvendo uma questão de negócios com um cliente difícil.

― Eu não vou ficar aqui discutindo isso com vocês! ― Sem dar aviso ou esperar permissão alguma Oliver se levantou de sua cadeira e deixou os pais falando sozinhos em seu escritório. ― Vamos, Felicity. ― Ele pegou minha mão e meu casaco e já foi quase me arrastando em direção aos elevadores.

― Oliver, você tem uma reunião ― apelei, firmando meus pés no chão para não ser mais arrastada e vendo os outros Queen também deixarem a sala da presidência.

― Eu não me importo!

― Deveria, já que é o fechamento de uma aquisição enorme e já foi desmarcada duas vezes — retruquei. — O cliente pode desistir e...

― Você está certa ― assumiu em voz baixa, parecendo se dar conta de algo. ― Ela está certa! Querem saber? Eu não vou sair do meu escritório, vocês dois vão.

― Filho, pense melhor... ― Robert apelou. ― Isso não é o que você queria?

― Pai, mãe... Por favor, me deixem em paz.

― Apenas considere ― Moira apelou. ― Pense nisso essa noite, amanhã você...

― Eu já pensei, já dei uma resposta. Então se puderem nos dar licença, temos trabalho. — O loiro indicou a porta, e mesmo com a relutância de Moira, Robert a convenceu aos sussurros a ir embora.

Oliver tentava disfarçar para mim como estava abalado pela visita dos pais, tentou levar a reunião com bom humor e carisma, mas seus olhos não brilhavam ou sorriam como sempre faziam quando estava animado com algo, como essa manhã. Deveríamos mesmo não ter ignorado o aviso de Thea e corrido para as montanhas quando tínhamos tempo.

— Pensei que esse dia não fosse acabar — falou cansado se jogando em sua cadeira e segurando minha mão. — Vamos para casa, amor?

— Oliver, eu sei que ignorar problemas é seu modus operanti preferido quando se trata dos seus pais, mas acho que você deveria mesmo resolver isso logo. Aliás, sobre o que eles falavam quando pediram que pensasse melhor?

— Não importa, eu não vou fazer. — Beijou os nós dos meus dedos.

— E não quer me contar sobre?

— É irrelevante, mas você tem razão sobre resolver. — Deu de ombros. — Ei, você vai ficar chateada se eu te deixar em casa e voltar para a mansão?

 — Não vá tentar resolver aos gritos com eles, já viu que não funciona.

— Estou cansado demais para gritar — tentou me tranquilizar, mas acabou me deixando mais nervosa. — E não vou deixar minha irmã sozinha, por mais impertinente que ela seja.

— Eu juro que se pudesse fazer algo que ajudasse, faria, mas pelo que Thea disse, sinto que minha presença pioraria as coisas.

— Eu não te colocaria nessa furada, eu te amo.

— E se alguém consegue dobrar eles, é você, querido. — Deixei um selinho em seus lábios. — Amanhã será um novo dia, as coisas estarão melhores. E eu também te amo.

~

— Nossa isso foi rápido — falei para as batidas na porta do meu apartamento. Só fazia meia hora que Oliver havia me deixado, o que me fazia acreditar que ele poderia ter dado meia volta da metade do caminho. — Mas podia ter me avisado, eu teria colocado algo mais sexy... Eita, caralho. — Levei minha mão à boca para o palavrão soltado sem querer ao me deparar com ninguém menos que Robert Queen.

— Senhorita Smoak. Posso entrar?

— Cl-claro, senhor Queen. — gaguejei. — Por favor, entra.

— A cada segundo acho mais peculiar a escolha do meu filho — comentou casualmente olhando ao redor. — É aqui que ele fica quando foge de casa?

Lembrei na hora do conselho de Laurel: você é uma peixinha, não discuta com tubarões. Respirei fundo diante da clara ofensa ao meu apartamento ou à minha pessoa, e tentei deixar para lá. Não me deixaria afetar pelas palavras desse homem que sequer me conhecia ou conhecia meu relacionamento com Oliver.

— Posso lhe ajudar em algo, senhor Queen?

— Claro. — Assentiu, deixando de olhar para cada detalhe dos meus móveis e sentou no sofá maior comigo. — O que preciso fazer para que termine esse relacionamento com meu filho? — Engoli seco. — Quanto? — Nunca pensei que ele fosse ser tão direto.

— Eu preciso que saia da minha casa, senhor. — Fiquei de pé e caminhei até a porta.

— Eu compreendo — continuou condescendente, sem mover um músculo do lugar. — Minha esposa deve ter assustado você, Moira consegue ser uma megera quando quer. Eu, ao contrário, quero ser seu amigo.

— Meus amigos não me oferecem dinheiro para cancelar meu casamento. Eu amo Oliver, nenhum dinheiro fará com que eu me afaste dele — mantive minha voz o mais firme e calma possível. — Então, senhor Queen, não me faça repetir, saia.

— Eu vejo agora o apelo. — Estreitou os olhos para mim. — Mas ainda não é bastante para ser a próxima senhora Queen.

— Eu não estou com ele por esse maldito sobrenome! — elevei minha voz.

— Você sabe o que propus a ele essa manhã? — Como neguei, ele continuou. — Ofereci a Oliver a vida dele de volta. Os cartões ilimitados, as viagens extravagantes, a oportunidade de voltar a ser o playboy irresponsável que criei. E ele negou.

— Seu filho é uma pessoa melhor, e não serei eu a pedir que ele regrida.

— Acontece que a mãe dele o colocou na presidência para me provocar, me fazer voltar para Star City. Pronto, estou aqui, e agora preciso da minha empresa de volta antes que ela afunde de vez.

— Oliver não está afundando a empresa.

— Mas você consegue ficar na minha frente e dizer que ele é a melhor escolha para presidência?

— Sim, eu posso — falei sem me abalar. — Ele pode não ser a pessoa com a melhor formação para isso, mas ele tem um bom coração e se importa com as pessoas. Não vejo ninguém melhor para o cargo.

— Querida, você o conhece há um ano, eu há quase trinta. Só estou lhe dando uma oportunidade de sair disso com algum lucro.

— Por favor, senhor Queen, se não parar de falar isso vou chamar um dos seguranças que seu filho me obriga a ter, ou então esquecer toda a educação que minha mãe me deu e dar uns bons tabefes! Sai da minha casa agora.

— Eu já vou, já falei o que precisava. — Ficou de pé sem se abalar nem um pouco com minhas ameaças. — Mas pense sobre. Quanto tempo você acha que esse noivado vai aguentar depois que eu restaurar todos os privilégios de Oliver e ele voltar à sua vida boêmia? Faça um bem para si mesma e para Oliver, o liberando da culpa quando for traída.

— Adeus, senhor Queen.

Eu pensei que conseguiria respirar aliviada quando aquele homem estivesse fora da minha casa, mas o contrário aconteceu. Suas últimas palavras puseram um peso gigante em meu peito. Robert Queen estaria certo e eu perderia Oliver assim?

Não conseguia pensar direito sobre, minhas certezas estavam jogadas por terra e por mais que meu desejo fosse ligar para Oliver pedir que ele dissesse que me amava e nunca me deixaria, mas não poderia fazer isso com ele.

Eu estava errada, as coisas não estariam melhores amanhã.

~

— Tomou Red Bull demais, nerd? — Laurel questionou, olhei para minhas pernas, que balançavam em movimentos rápidos, pelo jeito, há muito tempo.

— Oliver já devia estar aqui desde as oito, são oito e quarenta.

— O que significa que ainda faltam vinte minutos para ele começar a se considerar atrasado, relaxe — falou sem me dar importância alguma. Comecei um andar nervoso por nossa sala. — Tá bom, o que foi? — Ela colocou seus papeis de lado.

— Eu acho que ele não vai voltar aqui, Laurel. — Finalmente expressei em voz alta o pesadelo que havia me assombrado a noite toda.

— Por que diz isso?

— Os Queen deram de volta para ele a vida que tinha antes disso tudo, com luxo, dinheiro, sem precisar trabalhar para isso. Ele não vai voltar. — Não consegui esconder como minha voz ficou embargada.

— Droga, quando eu comecei a gostar desse emprego. — Ela largou a caneta de qualquer jeito, me olhando com pena.

— Então você também acha que ele vai escolher a vida antiga? — Laurel soltou um suspiro pesado.

— Não sei. Talvez. — Deu de ombros. — Mas até que ele te diga isso, não tem motivos para ficar assim, Felicity. E outra, se ele largar tudo isso, não quer dizer que vai terminar com você.

— Mas o senhor Queen disse que...

— Qual é, Felicity, você está toda deprê por causa de uma coisa que Robert Queen te disse? Ele é pior que a esposa! — exclamou. — Então acalma a piriquita e espera Ollie chegar para conversarem. Ponto.

Só que ele não chegou. Já era metade da tarde e ele já tinha perdido duas reuniões e sequer atendia ao celular, um sinal claro que eu estava certa. Oliver nunca foi o mais adepto a falar sobre os próprios sentimentos, talvez ele só tenha aceitado a proposta dos pais e ficou com pena de terminar tudo na minha cara.

— Vai pra casa, Felicity — Laurel falou compassiva, e minha atenção foi do meu anel de noivado para ela. — Você não está produzindo e parece que vai chorar a qualquer momento.

— Estou bem. — Cocei o nariz, fungando um pouco.

— Sabia que poderia dizer isso, por isso... — ela apontou para elevador, e como um gesto sincronizado, Tommy saiu dele. — Ele.

— Aqui que está rolando o clube das garotas? — cumprimentou animado, mas Laurel apenas negou levemente com a cabeça o mandando parar e aceitando um beijo rápido do namorado. — Ei, baby. Felicity. — Apenas acenei com a cabeça para ele.

— Tira ela daqui. — Laurel lhe deu mais um beijo e o empurrou na direção da minha mesa.

— Parabéns, Felzinha, o trem da alegria chegou na sua mesa. Vamos?

— Eu não vou deixar meu trabalho no meio da tarde, Tommy.

— Oh, querida, melhor não negar nada pra mim, você não sabe como eu posso ser insistente. Pergunta pra Laurel, sou um chato.

— O pior. — Ela fez uma careta.

— Amor, não precisava falar com tanta ênfase, mas... — Fingiu ofensa. — Vamos, vai ser divertido!

— Eu não quero ir.

— E quer o quê? Ficar lamentando aqui na sua mesa? Não no meu turno, vamos — falou resoluto, parando ao meu lado e me estendendo o braço em um gesto de cavalheirismo. Dei um sorriso fraco, mas peguei minha bolsa e aceitei a gentileza. Eu não estava produzindo nada mesmo aquele dia inteiro. — Tchau, baby.

— Tchau, querido... E nerd.

— Então, loirinha... — começou quando já estávamos dentro do elevador. — Acredita que nunca vi nenhum filme do Star Wars, por que, óbvio, eu sou bonito demais para isso, mas você deve adorar. Não que você não seja gata, mas direto ao ponto. Eu tenho uma sala de cinema na minha casa com pipoca, sorvete e um moreno lindo com um abraço quentinho. Eu, se não ficou claro antes. — Apontou os dois polegares para si.

— E em que isso vai ajudar?

— Não sei se vai, mas vai passar o tempo e quando terminar, as coisas estarão melhores e resolvidas, se Deus quiser. Chama procrastinação e eu sou especialista.

— Eu não faço isso, prefiro resolver as coisas logo.

— Mas só por hoje, vai usar minha tática — falou sem cogitar me dar opções, me fazendo concordar no fim das contas. O que eu tinha a perder além do que já tinha perdido?

~

— Tem certeza que chegou bem? Devia ter aceitado minha carona.

— Estou bem — falei a Tommy procurando minhas chaves na bolsa. — Só minha orelha que está quente por você não parar de me ligar desde que deixei sua casa. — Ele riu do outro lado da linha.

Agora sou culpado por ser um amigo incrível? — Meu sorriso foi pequeno. Eu ainda não estava feliz, mas tinha que confessar que Tommy me fez esquecer, pelo menos parcialmente por algumas horas, meus problemas com os Queen.

— Obrigada por tudo, boa noite, Tommy.

Boa noite, Fel. — E desligou.

Guardei o celular na bolsa, finalmente entrando no apartamento. Eu estava cansada, exausta, na verdade, era como se o dia de hoje tivesse tido o dobro de horas. E era como se a presença de Robert Queen ainda estivesse naquela sala, me sufocando com todas aquelas certezas sobre o fracasso que seria meu relacionamento, e Oliver ainda não ter aparecido não estava ajudando em nada.

— Graças a Deus, meu amor — Oliver saiu do meu quarto. — Não consegui falar com você o dia tod... — O interrompi quando larguei tudo que tinha nas mãos e corri até seus braços, o beijando em seguida.

— Você está aqui.

— Onde mais eu estaria, amor? — falou sorrindo e fazendo carinho no meu rosto. Em dois segundos, ele apagou quase todas as inseguranças que me preencheram durante todo o dia. — Você tá bem? Parece tensa.

— Você não foi trabalhar, e não atendia ao celular...

— É, eu sei, uma merda isso. — Segurou minha mão, me direcionado a sentar no sofá com ele. — Meu celular simplesmente não ligou, e meus pais me prenderam em casa com as desculpas mais idiotas do mundo, como se... Você está chorando? — questionou com um meio sorriso.

Eu não chorei quando fui intimidada por Robert. Não chorei quando falei sobre isso com a Laurel. Não chorei diante dos discretos conselhos de Tommy. Mas agora ao vê-lo ali, na minha frente, como se um segundo sequer houvesse passado desde que nos vimos pela última vez, não consegui segurar.

Era difícil para uma pessoa como eu, que sempre tentou ser o mais independente possível, que admitir o amava mais do que devia ser saudável e apenas a ideia de perdê-lo era tão doída que eu não conseguia lidar.

— Felicity, o que houve? — Agora ele estava preocupado.

— Você não atendeu o telefone, e eu achei não fosse mais... — Respirei fundo, passando a mão por todo o meu rosto. — Olha, Oliver, eu sei o que seus pais propuseram a você, e até entendo que ficou tentado a aceitar, já que foi o que sempre quis desde que assumiu a QC, e eu e Laurel...

— Ok, ok, para aí um minuto. — Apontou as palmas na minha direção. — Quem te disse isso?

— Não importa. — Desviei meu olhar do seu.

— Claro que importa. Ei. — Segurou meu rosto, atraindo meu olhar para si. — Quem te disse isso? — Neguei com a cabeça. Falar talvez pioraria a relação dele com o pai em dez vezes, e eu não queria mais aquilo para ele. — Minha mãe? Oh, meu Deus, foi meu pai? Filho da puta. — Ele perdeu totalmente a compostura, ficando de pé e andando pela sala.

— Oliver...

— Não, Felicity, nem vem amortecer as coisas pra ele! Merda, eu sabia que ele chegaria em você em algum momento, eu devia ter te preparado, e quando ele não estava quando cheguei noite passada e praticamente me prendeu em casa com as piores desculpas, eu deveria saber! — Ele se agachou aos meus pés, segurando firme minhas mãos. — Amor, eu não vou deixar a QC.

— E sobre mim? — falei a pergunta que mais me atormentava.

— Felicity... Se eu não vou deixar a QC, por que deixaria você? — Uma de suas mãos emoldurou meu rosto, fazendo carinho em minha bochecha com o polegar. — Eu te amo.

— Eu também te amo. Tanto! — Beijei a palma de sua mão. — Mas ele vai te dar sua vida de volta, Oliver, e eu quero que seja feliz.

— E por que isso não incluiria você, meu amor?

— Seus pais propõem isso e você some no dia seguinte. O que queria que eu pensasse, Oliver? A gente convive há pouco tempo, mas eu te conheci há anos no colégio, lembra? Conheci o Oliver playboy, e eu tenho medo que ele volte quando tiver tudo que sempre esteve acostumado a ter. Eu não estava incluída naquela época, como poderia estar agora?

— Deus, é como se estivesse ouvindo meu pai falar — falou com um sorriso incrédulo. — Sabe o que te garante que vai estar incluída na minha vida para sempre? Isso. — Pegou minha mão esquerda, levantando à altura dos nossos olhos, o anel de noivado brilhando diante de nós. — Sim, você está certa, eu posso não ter sido o cara mais legal ou monogâmico no colégio, mas não mais. Desde que me apaixonei por você, nunca mais pensei em outra pessoa primeiro, nem em mim mesmo, Felicity. E sim, eu gosto do luxo, da vida boa e do dinheiro fácil, não vou mentir pra você sobre isso, mas gosto ainda mais do que temos. Do nosso trabalho, do nosso noivado, dos nossos amigos, da vida que temos juntos. — Senti meus olhos marejarem, mas não era de tristeza como foi durante todo o dia. Cada palavra era dita com tanto amor e honestidade, que ninguém duvidaria, muito menos eu. — Meus pais não podem me tirar a QC e por favor, não deixe que me tirem você. Não importa o que eles me ofereçam, não importa a outra opção que me mostrem, eu nunca vou parar de escolher você, meu amor.

Perfeita. Oliver tinha acabado de fazer a declaração perfeita, e eu, que sempre tinha algo a falar só conseguia olhar para ele chorar pelos minutos seguintes, ele aguardando pacientemente minha crise acabar.

— Então não vai deixar de ser meu chefinho? — questionei sorrindo quando consegui falar, enxugando minhas lágrimas. Oliver também riu, voltando a sentar ao meu lado e passando um braço por meus ombros, eu me aconchegando nele. Só o seu cheiro já me deixava tão melhor.

— Uau, era com isso que você estava preocupada? — perguntou de volta, entrando na brincadeira. — Matei a pau na declaração agora e você só quer me usar, eu estou devastado.

— Diminua o drama, Queen.

— Talvez eu precise de um pouco de consolo da minha linda noiva para diminuir o drama — argumentou, passando o nariz por meu pescoço, o calor de sua respiração me fazendo cócegas. — Estou com saudades.

— Você pensa em sexo o tempo todo?

— Não o tempo todo.

Oliver abriu um daqueles sorrisos que sempre me conquistava.

Agora eu me sentia uma idiota por ter tido todas aquelas dúvidas e ter duvidado que nosso amor não era forte o bastante para aguentar toda a pressão, mas eu estava feliz em estar errada. Eu também sempre o escolheria, ele era o amor da minha vida e não importava o quão nossa vida poderia ficar difícil, nos aguentaríamos. Juntos.

— Eu te amo. — Ele ficou de pé segurando minha mão e me puxando para ficar também, e no segundo seguinte, eu já estava em seu colo.

— Eu também te amo, Felicity. — Meu noivo me beijou, varrendo de vez para longe todas as inseguranças que eu tinha. — Agora podemos comemorar nossa reconciliação no quarto? Ou pode ser na sala, pra mim realmente não tem problema. — Estreitei os olhos para ele, julgamento no olhar. — Ok, estou pensando naquilo agora — confessou com aquela irresistível cara de safado. Desmanchei minha falsa expressão de brava e sorri.

— Eu realmente te amo, Oliver.

— E eu realmente te amo.


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Notas finais do capítulo

Então foi isso, meus amores!! Final clichê sim, porque amo!!
Obrigada mesmo por não desistirem de mim. Espero que tenham gostado...
Nos vemos pelos reviews e já já posto o epílogo.
Bjs*

p.s: Esse ano eu estou participando com autoras maravilhosas de uma coletânea Olicity de Natal. Uma sequência de histórias tão lindas que vão te fazer chorar, sorrir, ficar com sorriso bobo e acima de tudo, valorizar essa época tão incrível do ano. Vão lá dar uma olhadinha, não é porque são das minhas amigas não, mas tá massa!!
https://fanfiction.com.br/historia/785033/Christmas_Week_2_Olicity_Version/



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